A VOZ PORTALEGRENSE
sábado, março 31, 2007
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Auteur : Paul Ariès
Présentation de l'éditeur
Le sarkozysme n'est pas que Sarkozy, ni tout Sarkozy. Courant politique largement importé, il est la version française de la contre-révolution néo-conservatrice qui a déjà triomphé dans de nombreux pays.
En rupture avec la tradition républicaine, il réalise une synthèse entre la vieille droite orléaniste, ralliée à la république faute de mieux, et le néo-conservatisme, étranger à toutes les traditions politiques et philosophiques libérales françaises : la droite française ne serait jamais assez à droite car notre tradition libérale serait un faux libéralisme.
Sorte de revanche par procuration de la France de l'Ancien Régime, le sarkozysme ne cesse de rêver que la nation se brouille avec Marianne pour se jeter dans les bras de Marie. Le jeu dangereux de Sarkozy envers un certain islam n'aurait-il d'autre but que de remplir les églises, d'importer en France la thèse du " choc des civilisations " et de revoir nos alliances stratégiques? Sarko l'Américain et Sarko l'Israélien ont un seul but : s'en prendre à la " grandeur " de la France.
Le sarkozysme n'est pas seulement une " droite décomplexée ", mais une droite qui n'aime pas la France telle qu'elle résulte de son histoire. Véritable machine de guerre contre nos valeurs, il n'aurait de cesse, au pouvoir, de virtualiser encore davantage la Liberté, l'Egalité et la Fraternité pour les remplacer par sa propre devise : Travail, Respect, Patrie.
Le sarkozysme emportera tout sur son passage : notre modèle social, construit au cours du XXe siècle, mais aussi la République née de 1789 et, avec elle, l'histoire presque millénaire de notre Etat-nation.
La droite française doit se ressaisir pour que Nicolas Sarkozy perde dans son camp.
Il faut aussi que la gauche redevienne enfin capable de vivifier ses propres valeurs pour lui opposer, avec une autre mémoire, un autre futur.
Le sarkozysme n'est pas que Sarkozy, ni tout Sarkozy. Courant politique largement importé, il est la version française de la contre-révolution néo-conservatrice qui a déjà triomphé dans de nombreux pays.
En rupture avec la tradition républicaine, il réalise une synthèse entre la vieille droite orléaniste, ralliée à la république faute de mieux, et le néo-conservatisme, étranger à toutes les traditions politiques et philosophiques libérales françaises : la droite française ne serait jamais assez à droite car notre tradition libérale serait un faux libéralisme.
Sorte de revanche par procuration de la France de l'Ancien Régime, le sarkozysme ne cesse de rêver que la nation se brouille avec Marianne pour se jeter dans les bras de Marie. Le jeu dangereux de Sarkozy envers un certain islam n'aurait-il d'autre but que de remplir les églises, d'importer en France la thèse du " choc des civilisations " et de revoir nos alliances stratégiques? Sarko l'Américain et Sarko l'Israélien ont un seul but : s'en prendre à la " grandeur " de la France.
Le sarkozysme n'est pas seulement une " droite décomplexée ", mais une droite qui n'aime pas la France telle qu'elle résulte de son histoire. Véritable machine de guerre contre nos valeurs, il n'aurait de cesse, au pouvoir, de virtualiser encore davantage la Liberté, l'Egalité et la Fraternité pour les remplacer par sa propre devise : Travail, Respect, Patrie.
Le sarkozysme emportera tout sur son passage : notre modèle social, construit au cours du XXe siècle, mais aussi la République née de 1789 et, avec elle, l'histoire presque millénaire de notre Etat-nation.
La droite française doit se ressaisir pour que Nicolas Sarkozy perde dans son camp.
Il faut aussi que la gauche redevienne enfin capable de vivifier ses propres valeurs pour lui opposer, avec une autre mémoire, un autre futur.
Pontuar
Amanhã em jogo da 23.ª jornada da Liga, o Sport Lisboa e Benfica recebe o líder da competição.
Dos três resultados possíveis, o SL Benfica ou passa para a frente com dois pontos de avanço, ou mantém o ponto que tem de atraso, ou fica para traz a uma distância de quatro pontos. E em relação ao terceiro classificado, pressupondo que vence o seu jogo, ou manterá o avanço de cinco pontos, ou reduzi-lo-á para três, ou apenas para dois.
Perante estes cenários, e dado o valor do adversário e o que é mais importante para o SLB, pontuar no jogo é o mal menor, sendo ainda assim positivo.
Com um começo de época péssimo, e com um plantel curto e desgastado, sem dúvida que o objectivo mais racional é o Glorioso entrar directamente na Liga dos Campeões sem precisar de pré-eliminatórias. Assim acontecendo, e o segundo lugar é suficiente, a nova época poderá ser planificada com outro sossego, e então tudo ser diferente.
Em resumo, amanhã à noite, pontuar é preciso!
Dos três resultados possíveis, o SL Benfica ou passa para a frente com dois pontos de avanço, ou mantém o ponto que tem de atraso, ou fica para traz a uma distância de quatro pontos. E em relação ao terceiro classificado, pressupondo que vence o seu jogo, ou manterá o avanço de cinco pontos, ou reduzi-lo-á para três, ou apenas para dois.
Perante estes cenários, e dado o valor do adversário e o que é mais importante para o SLB, pontuar no jogo é o mal menor, sendo ainda assim positivo.
Com um começo de época péssimo, e com um plantel curto e desgastado, sem dúvida que o objectivo mais racional é o Glorioso entrar directamente na Liga dos Campeões sem precisar de pré-eliminatórias. Assim acontecendo, e o segundo lugar é suficiente, a nova época poderá ser planificada com outro sossego, e então tudo ser diferente.
Em resumo, amanhã à noite, pontuar é preciso!
MM
Notícia
(Foto - Revista Visão)
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Odete Santos, ilustre filha de Pega, vai abandonar a Assembleia da República.
De facto, a mediática deputada do PCP vai renunciar ao mandato e deixar o Parlamento no próximo dia 13 de Abril, anunciou o grupo parlamentar do PCP.
Fica mais pobre o Palácio de São Bento e ganha o Parque Mayer?
Uma coisa é certa, agora Odete Santos terá mais tempo para escrever as suas memórias de anti-fascistae anti-salazarista.
E quem sabe dedicar-se à poesia e escrever uma Ode a Álvaro Barrerinhas Cunhal. Então o poeta-maior Eugénio de Andrade não a escreveu ao Vasco Gonçalves?
De facto, a mediática deputada do PCP vai renunciar ao mandato e deixar o Parlamento no próximo dia 13 de Abril, anunciou o grupo parlamentar do PCP.
Fica mais pobre o Palácio de São Bento e ganha o Parque Mayer?
Uma coisa é certa, agora Odete Santos terá mais tempo para escrever as suas memórias de anti-fascistae anti-salazarista.
E quem sabe dedicar-se à poesia e escrever uma Ode a Álvaro Barrerinhas Cunhal. Então o poeta-maior Eugénio de Andrade não a escreveu ao Vasco Gonçalves?
MM
Comentário no DN
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Fernando Madaíl
Fernando Madaíl
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Ao bater àquela porta de uma quinta de família no Campo Grande o jovem intelectual nacionalista ainda não sabia que iria despertar a paixão naquela sua colega de Direito, loura como as suas divas Catherine Deneuve (Os Chapéus de Chuva de Cherbourg, de Jacques Demy,) e Julie Christie (Doutor Jivago, de David Lean, e Fahrenneit 451, de François Truffaut), que encantaram o cinéfilo na agitada década de 60.
Afinal, em 1969, Jaime Nogueira Pinto, uma figura central da direita universitária antes do 25 de Abril, estava "apenas" a reunir assinaturas para a reabertura da Faculdade de Direito de Lisboa quando foi ter com Maria José Pinto da Cunha Avilez (depois de casada, Maria José Nogueira Pinto), que tinha "furado" uma greve aos exames e viu nele "uma pessoa fascinante, com quem nunca [se] iria maçar".
Em 1972, casavam, iniciando assim uma cumplicidade de 35 anos e que podia ser assinalada com três filhos e casas em três continentes - afinal, o número da sorte da ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (a instituição que tem a lotaria e o euromilhões, o totobola e o totoloto) é precisamente o três, como a trindade católica da Fé, Esperança e Caridade, simbolizadas na cruz, na âncora e no coração que tinha num fio de prata com que chegaria ao campo de refugiados da Namíbia.
O casal ganhou a ribalta nas últimas semanas por motivos diferentes. No concurso da RTP, Grandes Portugueses, Jaime assumiu a defesa de Salazar - que ganhou. No último Conselho Nacional do CDS/PP, Maria José presidiu à reunião - que correu tão mal que vai abandonar o partido para onde entrou no tempo de Manuel Monteiro, sendo a primeira mulher à frente de uma bancada parlamentar e a disputar a liderança de um grande partido (perdeu para Paulo Portas, acerca do qual dissera que nem ganhava ao Rato Mickey).
No fundo, mais uma etapa de uma vida comum que passou por Angola com o intuito de combater pela defesa de um Portugal "pluricontinental", pela fuga após os mandatos de captura na sequência do 28 de Setembro de 1974 (manifestação da "maioria silenciosa", alegadamente de direita, que teria como consequência a prisão de figuras do regime anterior), pelo exílio na África do Sul, no Brasil e em Espanha.
Representantes ideológicos de uma direita tradicionalista, que destaca valores com a nação ou a ordem e que contrapõe o puro liberalismo económico à solidariedade social inspirada no catolicismo, apesar das cumplicidades, têm formas de estar na vida distintas.
Um amigo do casal, Miguel Freitas da Cruz - que acompanha Jaime Nogueira Pinto desde a década de 60, quando ambos frequentavam a Faculdade de Direito, defendiam a guerra para manter o império e até foram redactores da RTP -, considera que estamos perante "um homem de pensamento" e "uma mulher de acção".
Nada como as declarações de ambos para melhor entender as diferentes perspectivas. Enquanto Jaime Nogueira Pinto considera que, "em Portugal, talvez valha mais a pena ter influência do que poder" (Euronotícias, 18/02/2000), já Maria José Nogueira Pinto não hesita em reconhecer que "gosta" do poder, pois "sem poder não se pode fazer nada e eu não vou para lado nenhum para não fazer nada" (Visão, 12/03/1998).
A cumplicidade que se estende, por exemplo, às leituras - para lá dos romancistas clássicos e modernos, são apreciadores de banda desenhada e de ficção científica, mas ela gosta de ter poesia mais à mão, isto é, no lugar dos livros dele de Filosofia ou de Ciência Política - não os impede de discutir sobre os destinos das viagens ou os filmes que vão ver.
Mas a diferença na forma de encarar a vida pública, em que ambos se mantiveram sempre empenhados, pode ser melhor compreendida pela maneira como, numa conversa com outras pessoas, cada um analisa o mesmo tema. Martim Avilez de Figueiredo, director do Diário Económico e primo em segundo grau da "Zezinha", conta que num jantar em que um dos convivas tinha regressado de Moçambique, Maria José fazia perguntas sobre a "África humana" (do género de querer saber como é que estavam a viver as pessoas) e Jaime acerca da "África política" (afinal, desde a defesa da manutenção do Ultramar até às relações actuais com políticos dos PALOP, este foi sempre um dos seus temas predilectos).
Após o jantar, se forem ver um filme, o cinéfilo Jaime, que é capaz de descrever um visita ao Forte de Santa Luzia "num dia de Sol encoberto pelo nevoeiro, que todo o tempo me lembrou o Felini e o Kurosawa", pode escolher uma obra que se adeque a um dos seus actuais interesses, "a ligação da arte da escrita e da arte do filme", de que é paradigma O Leopardo, "uma dessas fitas excepcionais [de Visconti] a partir de um livro excepcional [de Lampedusa]". Já Maria José optaria por um filme que a "levasse às lágrimas".
Mas ninguém se zangaria naquelas salas do palacete onde, em 1969, ele bateu à porta.
Ao bater àquela porta de uma quinta de família no Campo Grande o jovem intelectual nacionalista ainda não sabia que iria despertar a paixão naquela sua colega de Direito, loura como as suas divas Catherine Deneuve (Os Chapéus de Chuva de Cherbourg, de Jacques Demy,) e Julie Christie (Doutor Jivago, de David Lean, e Fahrenneit 451, de François Truffaut), que encantaram o cinéfilo na agitada década de 60.
Afinal, em 1969, Jaime Nogueira Pinto, uma figura central da direita universitária antes do 25 de Abril, estava "apenas" a reunir assinaturas para a reabertura da Faculdade de Direito de Lisboa quando foi ter com Maria José Pinto da Cunha Avilez (depois de casada, Maria José Nogueira Pinto), que tinha "furado" uma greve aos exames e viu nele "uma pessoa fascinante, com quem nunca [se] iria maçar".
Em 1972, casavam, iniciando assim uma cumplicidade de 35 anos e que podia ser assinalada com três filhos e casas em três continentes - afinal, o número da sorte da ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (a instituição que tem a lotaria e o euromilhões, o totobola e o totoloto) é precisamente o três, como a trindade católica da Fé, Esperança e Caridade, simbolizadas na cruz, na âncora e no coração que tinha num fio de prata com que chegaria ao campo de refugiados da Namíbia.
O casal ganhou a ribalta nas últimas semanas por motivos diferentes. No concurso da RTP, Grandes Portugueses, Jaime assumiu a defesa de Salazar - que ganhou. No último Conselho Nacional do CDS/PP, Maria José presidiu à reunião - que correu tão mal que vai abandonar o partido para onde entrou no tempo de Manuel Monteiro, sendo a primeira mulher à frente de uma bancada parlamentar e a disputar a liderança de um grande partido (perdeu para Paulo Portas, acerca do qual dissera que nem ganhava ao Rato Mickey).
No fundo, mais uma etapa de uma vida comum que passou por Angola com o intuito de combater pela defesa de um Portugal "pluricontinental", pela fuga após os mandatos de captura na sequência do 28 de Setembro de 1974 (manifestação da "maioria silenciosa", alegadamente de direita, que teria como consequência a prisão de figuras do regime anterior), pelo exílio na África do Sul, no Brasil e em Espanha.
Representantes ideológicos de uma direita tradicionalista, que destaca valores com a nação ou a ordem e que contrapõe o puro liberalismo económico à solidariedade social inspirada no catolicismo, apesar das cumplicidades, têm formas de estar na vida distintas.
Um amigo do casal, Miguel Freitas da Cruz - que acompanha Jaime Nogueira Pinto desde a década de 60, quando ambos frequentavam a Faculdade de Direito, defendiam a guerra para manter o império e até foram redactores da RTP -, considera que estamos perante "um homem de pensamento" e "uma mulher de acção".
Nada como as declarações de ambos para melhor entender as diferentes perspectivas. Enquanto Jaime Nogueira Pinto considera que, "em Portugal, talvez valha mais a pena ter influência do que poder" (Euronotícias, 18/02/2000), já Maria José Nogueira Pinto não hesita em reconhecer que "gosta" do poder, pois "sem poder não se pode fazer nada e eu não vou para lado nenhum para não fazer nada" (Visão, 12/03/1998).
A cumplicidade que se estende, por exemplo, às leituras - para lá dos romancistas clássicos e modernos, são apreciadores de banda desenhada e de ficção científica, mas ela gosta de ter poesia mais à mão, isto é, no lugar dos livros dele de Filosofia ou de Ciência Política - não os impede de discutir sobre os destinos das viagens ou os filmes que vão ver.
Mas a diferença na forma de encarar a vida pública, em que ambos se mantiveram sempre empenhados, pode ser melhor compreendida pela maneira como, numa conversa com outras pessoas, cada um analisa o mesmo tema. Martim Avilez de Figueiredo, director do Diário Económico e primo em segundo grau da "Zezinha", conta que num jantar em que um dos convivas tinha regressado de Moçambique, Maria José fazia perguntas sobre a "África humana" (do género de querer saber como é que estavam a viver as pessoas) e Jaime acerca da "África política" (afinal, desde a defesa da manutenção do Ultramar até às relações actuais com políticos dos PALOP, este foi sempre um dos seus temas predilectos).
Após o jantar, se forem ver um filme, o cinéfilo Jaime, que é capaz de descrever um visita ao Forte de Santa Luzia "num dia de Sol encoberto pelo nevoeiro, que todo o tempo me lembrou o Felini e o Kurosawa", pode escolher uma obra que se adeque a um dos seus actuais interesses, "a ligação da arte da escrita e da arte do filme", de que é paradigma O Leopardo, "uma dessas fitas excepcionais [de Visconti] a partir de um livro excepcional [de Lampedusa]". Já Maria José optaria por um filme que a "levasse às lágrimas".
Mas ninguém se zangaria naquelas salas do palacete onde, em 1969, ele bateu à porta.
sexta-feira, março 30, 2007
Oportunidade(s)
A crise porque passa o CDS-PP pode ser uma “segunda oportunidade” para Manuel Monteiro e o seu Partido da Nova Democracia. Se “estiver à altura”, desta vez!…
Depois do erro político da saída em massa dos monteiristas do CDS-PP, esta é a primeira vez que circunstâncias favoráveis estão em cima da mesa. Será com muito dificuldade que o Partido do Largo do Caldas sairá da crise em que Paulo Sacadura Cabral Portas o mergulhou, dando razão ao ditado popular que diz que “a mesma água não passa duas vezes por debaixo da ponte”. E Paulo Portas tinha obrigação de ter dado ouvidos à sabedoria popular. Mas, a “vontade do Poder” falou mais alto, a par de compromissos com os seus apoiantes, isto é, a feitura das listas de deputados às próximas eleições legislativas e europeias…
O PND tem que saber gerir “a crise dos outros”, ocupando o espaço que aqueles vão deixando pelo país. O CDS-PP vai centrar a sua actuação política em meia dúzia de distritos e seus concelhos mais importantes. O PND que aproveite o vazio deixado e crie estruturas locais, como Monteiro e Helena Santo tão bem souberam fizer, de forma que o Partido se implante e venha progressivamente a criar o próprio espaço em todo o país. Mas há que ter cuidado com as escolhas, e aí o passado tem muitos exemplos das más escolhas de Manuel Monteiro, pese embora os conselhos e avisos em contrário de Helena Santo…
Mas estar representado por todo o Portugal não chega. O discurso político também é, se não ainda mais importante. E Manuel Monteiro tem que “actualizar” o discurso às novas realidades do país e ir ao encontro dos problemas do seu potencial eleitorado, sem vacilações, ou dito de outra maneira, sem se preocupar com o politicamente correcto.
Será Manuel Monteiro capaz de transformar o grupelho político que “eternamente” lidera numa força política de sucesso?
Ver-se-á.
Depois do erro político da saída em massa dos monteiristas do CDS-PP, esta é a primeira vez que circunstâncias favoráveis estão em cima da mesa. Será com muito dificuldade que o Partido do Largo do Caldas sairá da crise em que Paulo Sacadura Cabral Portas o mergulhou, dando razão ao ditado popular que diz que “a mesma água não passa duas vezes por debaixo da ponte”. E Paulo Portas tinha obrigação de ter dado ouvidos à sabedoria popular. Mas, a “vontade do Poder” falou mais alto, a par de compromissos com os seus apoiantes, isto é, a feitura das listas de deputados às próximas eleições legislativas e europeias…
O PND tem que saber gerir “a crise dos outros”, ocupando o espaço que aqueles vão deixando pelo país. O CDS-PP vai centrar a sua actuação política em meia dúzia de distritos e seus concelhos mais importantes. O PND que aproveite o vazio deixado e crie estruturas locais, como Monteiro e Helena Santo tão bem souberam fizer, de forma que o Partido se implante e venha progressivamente a criar o próprio espaço em todo o país. Mas há que ter cuidado com as escolhas, e aí o passado tem muitos exemplos das más escolhas de Manuel Monteiro, pese embora os conselhos e avisos em contrário de Helena Santo…
Mas estar representado por todo o Portugal não chega. O discurso político também é, se não ainda mais importante. E Manuel Monteiro tem que “actualizar” o discurso às novas realidades do país e ir ao encontro dos problemas do seu potencial eleitorado, sem vacilações, ou dito de outra maneira, sem se preocupar com o politicamente correcto.
Será Manuel Monteiro capaz de transformar o grupelho político que “eternamente” lidera numa força política de sucesso?
Ver-se-á.
MM
Desabafos
É na pior altura para o actual regime, que a RTP se lembra de “importar” um concurso televisivo, que em Portugal tomou o nome de «Os Grandes Portugueses».
A verdade é que em termos de audiências ele terá sido um sucesso televisivo. Mas o que os organizadores não esperavam foi o resultado intermédio, já que depois de se conhecer os dez finalistas se adivinhasse o resultado final.
Entre outras “esperanças”, esperavam os ditos que a figura do «Pai da Pátria», ou «Pai da III República», adjectivos vulgarmente atribuídos a Mário Soares, figurasse destacado nos primeiros lugares e que depois em apoteose fosse o vencedor. Mas Mário Soares caminha de derrota em derrota. Já não lhe bastara o fracasso da última campanha eleitoral para a Presidência da República, ultrapassado nas urnas pelo arqui-inimigo político externo Aníbal Cavaco Silva e pelo arqui-inimigo interno Manuel Alegre.
Agora nem a um modesto décimo lugar conseguiu chegar! E foi ultrapassado por outros dois arqui-inimigos, os defuntos Álvaro Barreirinhas Cunhal e António de Oliveira Salazar.
Estes dois disputaram a vitória no concurso, com vantagem para o último.
Não deixa de ser curioso que Cunhal e Salazar alcançasse os dois primeiros lugares. Mas há uma explicação. A profunda crise de valores por que passa a sociedade portuguesa, aliada à crise económica que país atravessa, criaram no Povo um clima de insegurança a todos os níveis. Os políticos dão cada vez mais a ideia de se “servirem” em vez de servirem a Causa Pública. Instituições como a Escola ou a Igreja vivem momentos de turbulência, perdendo credibilidade e peso social.
Perguntar-se-á: Como ultrapassar esta situação? Começar por credibilizar as Instituições do Estado, substituindo a actual classe política. O resto virá por acréscimo.
A verdade é que em termos de audiências ele terá sido um sucesso televisivo. Mas o que os organizadores não esperavam foi o resultado intermédio, já que depois de se conhecer os dez finalistas se adivinhasse o resultado final.
Entre outras “esperanças”, esperavam os ditos que a figura do «Pai da Pátria», ou «Pai da III República», adjectivos vulgarmente atribuídos a Mário Soares, figurasse destacado nos primeiros lugares e que depois em apoteose fosse o vencedor. Mas Mário Soares caminha de derrota em derrota. Já não lhe bastara o fracasso da última campanha eleitoral para a Presidência da República, ultrapassado nas urnas pelo arqui-inimigo político externo Aníbal Cavaco Silva e pelo arqui-inimigo interno Manuel Alegre.
Agora nem a um modesto décimo lugar conseguiu chegar! E foi ultrapassado por outros dois arqui-inimigos, os defuntos Álvaro Barreirinhas Cunhal e António de Oliveira Salazar.
Estes dois disputaram a vitória no concurso, com vantagem para o último.
Não deixa de ser curioso que Cunhal e Salazar alcançasse os dois primeiros lugares. Mas há uma explicação. A profunda crise de valores por que passa a sociedade portuguesa, aliada à crise económica que país atravessa, criaram no Povo um clima de insegurança a todos os níveis. Os políticos dão cada vez mais a ideia de se “servirem” em vez de servirem a Causa Pública. Instituições como a Escola ou a Igreja vivem momentos de turbulência, perdendo credibilidade e peso social.
Perguntar-se-á: Como ultrapassar esta situação? Começar por credibilizar as Instituições do Estado, substituindo a actual classe política. O resto virá por acréscimo.
MCNM
Rádio Portalegre, Desabafos, 30/03/07
Rádio Portalegre, Desabafos, 30/03/07
quinta-feira, março 29, 2007
Aniversário
Com o número 25, a Atlântico inicia o seu terceiro ano de vida.
Veio preencher uma lacuna no espaço cultural da direita.
Definindo-se como liberal, tem tiques de politicamente correcto e uma certa vontade de agradar à esquerda intelectual, os “famosos” complexos…
Mas tem cumprindo a sua missão.
“Hoje” é dia de festa, pelo que são justos os parabéns à Atlântico.
Veio preencher uma lacuna no espaço cultural da direita.
Definindo-se como liberal, tem tiques de politicamente correcto e uma certa vontade de agradar à esquerda intelectual, os “famosos” complexos…
Mas tem cumprindo a sua missão.
“Hoje” é dia de festa, pelo que são justos os parabéns à Atlântico.
MM
Relatório minoritário
Em estado novo
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Noventa mil portugueses com telefone, num domingo à noite, votaram em Salazar como o melhor conterrâneo “de sempre”. Nenhum partido de “extrema-direita” teve tantos votos, em qualquer eleição nacional.
Por outro lado, é evidente que bastaria ao PCP mobilizar uma pequena parte do seu apoio urbano para que Cunhal saísse do pálido segundo lugar, rumo à vitória. Para isso, porém, teria de evacuar da cena uma personagem patética (que chegou a ofender as suas bases, mais sinceras e mais modestas), e haver alguém que tirasse o “líder por osmose” do pedestal, e o explicasse, na luz e na penumbra.
Quanto a Salazar, a nova ladainha é a de que se trata de um “voto de protesto”. Mas “de protesto” face a quê? Ao equilíbrio orçamental suado, ensaiado pelo Socratismo? À disciplina na gestão do Estado, e ao alegado “quero, posso e mando”, que até a “direita” contesta?
Ou seja, é o “salazarismo” residual de Sócrates que provoca... o regresso do professor do Vimieiro?
Ou trata-se de um fenómeno mais fundo, menos imediatamente “político”, que ataca, sim, o enriquecimento sem causa, a ostentação “democrática” (que vai até à “extrema-esquerda”), a propalada corrupção, ou o tráfico de influências, que se alega a cada canto?
Ou recupera-se o que, independentemente dos rótulos, parecem ter sido os valores políticos que mais arrastaram os portugueses do século XX: autoridade e justiça social (alguns dirão “socialismo”, outros “Estado”)?
Como é que num país sem “direita”, depois de 32 anos de exposição, condenação, dissecação, legislação contra o seu regime, António de Oliveira Salazar ganha um concurso de televisão (aquele media que, verdadeiramente, nunca conheceu, nem nunca dominou)?
Pode não se levar a sério nada disto. Mas, a tirarem-se “lições”, volta-se a um velho tema destas crónicas: Salazar não é, desprendido do círculo imediato de nostálgicos, ou dos beatos por mediação, um homem “de direita”. E aquilo que simboliza é algo que, despido das vulgarizações, atravessa vários grupos sociais, “classes” e “ideologias”. O mesmo, mutatis mutandis, para Cunhal.
Por fim, o que é um “grande português”?
No caricatural programa da RTP, pode lamentar-se a inexistência de cientistas, de grandes capitães de África, de Eça de Queiroz. Mas estava lá quase tudo: o Condado Portucalense e o Império, a glória e a decadência, a aventura e o realismo, a pena e a espada, a cidade e as serras.
Não sendo salazarista (nem marcelista), e tendo sempre achado que o nacionalismo português precisa de sacudir as capelas do século XX, ou imbecilidades que se lhe pretendem colar (como o racismo), tenho no entanto que dizer algo sobre os “finalistas”. Com PIDE e Aljube, torturas e desaparecimentos, Salazar tinha Portugal (cuja História, como disse, o “esmagava”), de forma certa ou errada, como o valor máximo. Álvaro Cunhal, no seu sonho de uma “revolução” em todo o mundo, punha outras convicções no topo.
E como decidiria, se um Portugal “capitalista”, ou “fascista”, tivesse de se defender contra uma invasão da URSS, o “sol da Terra”?
Por outro lado, é evidente que bastaria ao PCP mobilizar uma pequena parte do seu apoio urbano para que Cunhal saísse do pálido segundo lugar, rumo à vitória. Para isso, porém, teria de evacuar da cena uma personagem patética (que chegou a ofender as suas bases, mais sinceras e mais modestas), e haver alguém que tirasse o “líder por osmose” do pedestal, e o explicasse, na luz e na penumbra.
Quanto a Salazar, a nova ladainha é a de que se trata de um “voto de protesto”. Mas “de protesto” face a quê? Ao equilíbrio orçamental suado, ensaiado pelo Socratismo? À disciplina na gestão do Estado, e ao alegado “quero, posso e mando”, que até a “direita” contesta?
Ou seja, é o “salazarismo” residual de Sócrates que provoca... o regresso do professor do Vimieiro?
Ou trata-se de um fenómeno mais fundo, menos imediatamente “político”, que ataca, sim, o enriquecimento sem causa, a ostentação “democrática” (que vai até à “extrema-esquerda”), a propalada corrupção, ou o tráfico de influências, que se alega a cada canto?
Ou recupera-se o que, independentemente dos rótulos, parecem ter sido os valores políticos que mais arrastaram os portugueses do século XX: autoridade e justiça social (alguns dirão “socialismo”, outros “Estado”)?
Como é que num país sem “direita”, depois de 32 anos de exposição, condenação, dissecação, legislação contra o seu regime, António de Oliveira Salazar ganha um concurso de televisão (aquele media que, verdadeiramente, nunca conheceu, nem nunca dominou)?
Pode não se levar a sério nada disto. Mas, a tirarem-se “lições”, volta-se a um velho tema destas crónicas: Salazar não é, desprendido do círculo imediato de nostálgicos, ou dos beatos por mediação, um homem “de direita”. E aquilo que simboliza é algo que, despido das vulgarizações, atravessa vários grupos sociais, “classes” e “ideologias”. O mesmo, mutatis mutandis, para Cunhal.
Por fim, o que é um “grande português”?
No caricatural programa da RTP, pode lamentar-se a inexistência de cientistas, de grandes capitães de África, de Eça de Queiroz. Mas estava lá quase tudo: o Condado Portucalense e o Império, a glória e a decadência, a aventura e o realismo, a pena e a espada, a cidade e as serras.
Não sendo salazarista (nem marcelista), e tendo sempre achado que o nacionalismo português precisa de sacudir as capelas do século XX, ou imbecilidades que se lhe pretendem colar (como o racismo), tenho no entanto que dizer algo sobre os “finalistas”. Com PIDE e Aljube, torturas e desaparecimentos, Salazar tinha Portugal (cuja História, como disse, o “esmagava”), de forma certa ou errada, como o valor máximo. Álvaro Cunhal, no seu sonho de uma “revolução” em todo o mundo, punha outras convicções no topo.
E como decidiria, se um Portugal “capitalista”, ou “fascista”, tivesse de se defender contra uma invasão da URSS, o “sol da Terra”?
Nuno Rogeiro
in, SÁBADO – 29 MARÇO 2007 – p.50
Vítor Luís e «Os Grandes Portugueses»
*
Vítor Luís said...
.
Jaime:
Jaime:
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Quero aproveitar para saudar a tua intervenção oportuna, depois de aceitar uma causa que muito poucos poderiam defender com a competência e o equilíbrio com que a defendeste. Foste eficaz, em nome da verdade histórica, que nesta época ainda é, e cada vez mais, revolucionária. Como se vê. Se a tua defesa foi realizada segundo a "arte do possível" parece-me que o Destino se sentiu desafiado e usou os homens, as circunstâncias e a Televisão, para fazer acontecer o impossível.
É admissível tentar compreender com alguma tolerância e explicar aos mais surpreendidos as reacções dos "intelectuais d'esquerda" subitamente transfigurados em "aparatchiques" zelotas, "antifascistas primários", militantes básicos naturalmente inimigos do contraditório, numa espécie de metamorfose regressiva. Não sei é se vale a pena.
Também alguns 'progressistas independentes', mais moderados, reagiram de forma não menos 'rigorosa' perante as consequências dramáticas da "má" votação, inesperadamente contrária aos dados do seu relativo conhecimento. Se a manipulação ideológica e o reduccionismo metodológico que medram pela Universidade não fossem irmãos da mediocridade, da ignorância e do oportunismo que dominam o Portugal contemporâneo, poderíamos estranhar. Verem assim triunfar esmagadoramente pelo voto livre, inteiramente voluntário, aquele que tornaram o símbolo do 'Mal Absoluto Político' no Século XX português - há décadas permanentemente denunciado, condenado e moralmente 'executado', não só pela 'classe política - da direita neoliberal à extrema esquerda - como pela 'inteligência' e pela Comunicação social, num até agora "indiscutível" consenso alargado sobre o “obvio”, é mesmo demais!... Então a "Verdade do Mundo" não alimentou sempre essas cabeças?
De reter, pelo espectáculo que foi, a repulsiva insolência com que a megera estalinista invocou a Constituição e brandiu pateticamente um látego imaginário de ameaças, pragas e proibições. Esse «take» - que ficará para a (pequena) História - foi o necessário fogo de artifício que, digamos, "alindou" o desfecho... De um "Concurso e nada mais que um concurso"? Não creio.
«Magnânimo», foi o teu gesto de desdramatização. Mas Vicente Jorge Silva, que bem qualificou o gesto no DN de ontem, aí continuou agarrado ao "Nacionalismo ruralista e reaccionário" de Salazar, apesar do teu esforço pedagógico ao estabelecer, logo desde o início, os parâmetros da Grande Política e de um serviço coerente da Razão de Estado na Política externa de Salazar. Podias até recomendar como «texto de apoio» aquele livrinho "Portugal sem Salazar"(*), escrito por Mário Mesquita, para explicar à esquerda que, ao contrário: "provinciano manhoso" era precisamente o que Salazar não era...
A verdade é que as consequências do «simples concurso» ultrapassaram de longe os objectivos pedagógicos que fixaste - e que cumpriste perfeitamente, na minha opinião. Todavia, hoje não é impunemente que se suscita um ‘duelo eleitoral’ entre Cunhal e Salazar e a ‘polarização’ do "voto militante" era inevitável. Os tempos são outros. Houve até quem considerasse a presença de Cunhal um insulto para a memória dos grandes portugueses, como consagrado funcionário comunista do Komintern e agente objectivo que foi do aparelho e dos interesses soviéticos, em Portugal e na esfera internacional, segundo arquivos abertos em Moscovo. Talvez nos "Grandes Comunistas" a sua vitória fosse pacífica. Entre os portugueses nunca. Aceitei e defendi essa fronteira como uma homenagem histórica ao último grande Chanceler de Portugal. Razões pessoais e interiores que aliás, suponho que não serão muito diferentes das tuas. Por outro lado, creio que o saudosismo não relevou para a maioria – Foi um acto consciente de dissidência. Não uma manifestação voluntarista de ‘acção’. Por falar nisso, nem sequer estou na ‘acção política’.
No blog do ‘Futuro Presente’ devo ainda referir o zeitgeist – o "espírito do tempo" – que naturalmente te condicionou; ele é pouco compatível com uma revisão histórica isenta e ‘objectiva’ de um passado ainda tão recente. Mas foste realista. As supostas "concessões" que terias feito não as considero concessões – são descrições aceitáveis do sistema repressivo de um regime não democrático, como muito bem disseste. Acontece que muitos ‘salazaristas’ não assumem a existência dessa ‘natureza má», não democrática, do Regime, o "Lado Negro da Força", tão difícil de controlar. Talvez tenha sido por isso que muitos não fossem mesmo antidemocráticos o bastante para perceber a lógica do Poder em regime autoritário... Equívocos perigosos. Há até quem queira fazer um "salazarismo democrático". Paciência. As coisas são o que são e esse é ‘outro concurso’.
Entretanto, "et pour cause", a Assembleia da República prepara-se para convocar a Direcção da RTP... No mínimo vai ser acusada de "crimideia". Por isso, creio que vale a pena fazer a análise política do ‘Dia Seguinte’. Se te recordas ainda de uma conferência-debate em 1989, na Biblioteca Nacional, «Salazar - Memória e Revisão», que ainda à entrada já qualificavas como momento relevante da reabilitação histórica e da reposição da verdade sobre Salazar, atrevo-me a crer que não se justifica, sem outros motivos, ser tão ‘discreto’ sobre as consequências deste «simples concurso»...
Também alguns 'progressistas independentes', mais moderados, reagiram de forma não menos 'rigorosa' perante as consequências dramáticas da "má" votação, inesperadamente contrária aos dados do seu relativo conhecimento. Se a manipulação ideológica e o reduccionismo metodológico que medram pela Universidade não fossem irmãos da mediocridade, da ignorância e do oportunismo que dominam o Portugal contemporâneo, poderíamos estranhar. Verem assim triunfar esmagadoramente pelo voto livre, inteiramente voluntário, aquele que tornaram o símbolo do 'Mal Absoluto Político' no Século XX português - há décadas permanentemente denunciado, condenado e moralmente 'executado', não só pela 'classe política - da direita neoliberal à extrema esquerda - como pela 'inteligência' e pela Comunicação social, num até agora "indiscutível" consenso alargado sobre o “obvio”, é mesmo demais!... Então a "Verdade do Mundo" não alimentou sempre essas cabeças?
De reter, pelo espectáculo que foi, a repulsiva insolência com que a megera estalinista invocou a Constituição e brandiu pateticamente um látego imaginário de ameaças, pragas e proibições. Esse «take» - que ficará para a (pequena) História - foi o necessário fogo de artifício que, digamos, "alindou" o desfecho... De um "Concurso e nada mais que um concurso"? Não creio.
«Magnânimo», foi o teu gesto de desdramatização. Mas Vicente Jorge Silva, que bem qualificou o gesto no DN de ontem, aí continuou agarrado ao "Nacionalismo ruralista e reaccionário" de Salazar, apesar do teu esforço pedagógico ao estabelecer, logo desde o início, os parâmetros da Grande Política e de um serviço coerente da Razão de Estado na Política externa de Salazar. Podias até recomendar como «texto de apoio» aquele livrinho "Portugal sem Salazar"(*), escrito por Mário Mesquita, para explicar à esquerda que, ao contrário: "provinciano manhoso" era precisamente o que Salazar não era...
A verdade é que as consequências do «simples concurso» ultrapassaram de longe os objectivos pedagógicos que fixaste - e que cumpriste perfeitamente, na minha opinião. Todavia, hoje não é impunemente que se suscita um ‘duelo eleitoral’ entre Cunhal e Salazar e a ‘polarização’ do "voto militante" era inevitável. Os tempos são outros. Houve até quem considerasse a presença de Cunhal um insulto para a memória dos grandes portugueses, como consagrado funcionário comunista do Komintern e agente objectivo que foi do aparelho e dos interesses soviéticos, em Portugal e na esfera internacional, segundo arquivos abertos em Moscovo. Talvez nos "Grandes Comunistas" a sua vitória fosse pacífica. Entre os portugueses nunca. Aceitei e defendi essa fronteira como uma homenagem histórica ao último grande Chanceler de Portugal. Razões pessoais e interiores que aliás, suponho que não serão muito diferentes das tuas. Por outro lado, creio que o saudosismo não relevou para a maioria – Foi um acto consciente de dissidência. Não uma manifestação voluntarista de ‘acção’. Por falar nisso, nem sequer estou na ‘acção política’.
No blog do ‘Futuro Presente’ devo ainda referir o zeitgeist – o "espírito do tempo" – que naturalmente te condicionou; ele é pouco compatível com uma revisão histórica isenta e ‘objectiva’ de um passado ainda tão recente. Mas foste realista. As supostas "concessões" que terias feito não as considero concessões – são descrições aceitáveis do sistema repressivo de um regime não democrático, como muito bem disseste. Acontece que muitos ‘salazaristas’ não assumem a existência dessa ‘natureza má», não democrática, do Regime, o "Lado Negro da Força", tão difícil de controlar. Talvez tenha sido por isso que muitos não fossem mesmo antidemocráticos o bastante para perceber a lógica do Poder em regime autoritário... Equívocos perigosos. Há até quem queira fazer um "salazarismo democrático". Paciência. As coisas são o que são e esse é ‘outro concurso’.
Entretanto, "et pour cause", a Assembleia da República prepara-se para convocar a Direcção da RTP... No mínimo vai ser acusada de "crimideia". Por isso, creio que vale a pena fazer a análise política do ‘Dia Seguinte’. Se te recordas ainda de uma conferência-debate em 1989, na Biblioteca Nacional, «Salazar - Memória e Revisão», que ainda à entrada já qualificavas como momento relevante da reabilitação histórica e da reposição da verdade sobre Salazar, atrevo-me a crer que não se justifica, sem outros motivos, ser tão ‘discreto’ sobre as consequências deste «simples concurso»...
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VL
VL
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(*) MESQUITA, Mário - Portugal sem Salazar. Lisboa: Assírio & Alvim, 1973
Quinta-feira, Março 29, 2007 4:52:00 AM
_______
PS - Dada a importância histórico-documental deste Texto, reproduzimo-lo, com a devida vénia ao Autor.
Mário
Quinta-feira, Março 29, 2007 4:52:00 AM
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PS - Dada a importância histórico-documental deste Texto, reproduzimo-lo, com a devida vénia ao Autor.
Mário
Visibilidade política
A Antena 1 apresentou um trabalho que ouvimos nos noticiários das 8h e 9h de hoje. A peça jornalística dizia respeito a um cartaz em outdoor situado na Praça do Marquês de Pombal, em Lisboa.
O dito cartaz fazia referência a uma das bandeiras político-eleitorais do Partido Nacional Renovador.
Esta empresa pública fez deste caso como que um debate sobre o PNR e a emigração, chamando à antena várias personalidades, entre as quais o presidente deste Partido. Depois de os outros convidados terem feito afirmações que se resumem em considerar o carácter racista e xenófobo do cartaz, o presidente do Partido, com a maior serenidade, afirmou, também em resumo, que o cartaz visava a política de emigração de sucessivos governos da República e não os emigrantes em sim, tecendo inclusive rasgados elogios aos emigrantes que contribuem para o progresso e bem-estar de Portugal, cuja vinda é sempre de fomentar e acarinhar.
Dito de outra forma, “ a montanha pariu um rato”…
Mas o PNR teve com esta iniciativa a maior visibilidade mediática, desconhecendo-se ainda as mais que prováveis notícias que sairão em toda a comunicação social.
É caso para dizer que no momento de crise profunda por que passa o CDS-PP, o PNR marcou pontos…
O dito cartaz fazia referência a uma das bandeiras político-eleitorais do Partido Nacional Renovador.
Esta empresa pública fez deste caso como que um debate sobre o PNR e a emigração, chamando à antena várias personalidades, entre as quais o presidente deste Partido. Depois de os outros convidados terem feito afirmações que se resumem em considerar o carácter racista e xenófobo do cartaz, o presidente do Partido, com a maior serenidade, afirmou, também em resumo, que o cartaz visava a política de emigração de sucessivos governos da República e não os emigrantes em sim, tecendo inclusive rasgados elogios aos emigrantes que contribuem para o progresso e bem-estar de Portugal, cuja vinda é sempre de fomentar e acarinhar.
Dito de outra forma, “ a montanha pariu um rato”…
Mas o PNR teve com esta iniciativa a maior visibilidade mediática, desconhecendo-se ainda as mais que prováveis notícias que sairão em toda a comunicação social.
É caso para dizer que no momento de crise profunda por que passa o CDS-PP, o PNR marcou pontos…
MM
Post-Scriptum - Acrescente-se que o cartaz em questão já foi vandalizado.
Imprensa
É seu Director o sociólogo Mário de Oliveira Mendes. Quinzenário regionalista, é uma Voz plural no concelho que faz a fronteira geográfica entre a Beira e o Alentejo. [mj]
quarta-feira, março 28, 2007
Ponto Final
E cumpriu a promessa! Maria José Nogueira Pinto abandona o CDS-PP, após uma conturbada passagem de uma década como militante.
Nunca foi o que se pode chamar uma "militante de base", aliás tal nunca poderia ter acontecido. Ocupou lugares de responsabilidade no Partido e graças a ele desempenhou cargos de nomeação política.
Em suma, pode-se dizer que serviu o Partido e serviu-se do Partido, logo nada a dizer. As contas do "deve e haver" estão saldadas, dir-se-ia a contento de ambas as partes.
Nunca conseguiu criar empatia com as bases. Privilegiou o confronto ao diálogo, ao contrário do que afirmou na conferência de imprensa em que confirmou a saída do Partido. Mostrou sempre grande independência quanto a correntes de pensamento internas ou grupos internos. Teve a acompanhá-la a "nódoa" de ter sido cavaquista. Enfim, nunca se pondo em causa a sua inteligência e competência pessoal, não passou de "mal-amada" no Partido.
Não foi a primeira deserção nem será a última. Mas de certeza que a decisão foi um acto solitário.
Nunca foi o que se pode chamar uma "militante de base", aliás tal nunca poderia ter acontecido. Ocupou lugares de responsabilidade no Partido e graças a ele desempenhou cargos de nomeação política.
Em suma, pode-se dizer que serviu o Partido e serviu-se do Partido, logo nada a dizer. As contas do "deve e haver" estão saldadas, dir-se-ia a contento de ambas as partes.
Nunca conseguiu criar empatia com as bases. Privilegiou o confronto ao diálogo, ao contrário do que afirmou na conferência de imprensa em que confirmou a saída do Partido. Mostrou sempre grande independência quanto a correntes de pensamento internas ou grupos internos. Teve a acompanhá-la a "nódoa" de ter sido cavaquista. Enfim, nunca se pondo em causa a sua inteligência e competência pessoal, não passou de "mal-amada" no Partido.
Não foi a primeira deserção nem será a última. Mas de certeza que a decisão foi um acto solitário.
E actos como estes têm sempre consequências. A primeira é a saída de Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa. E de outros dos lugares em que estava porque neles directa ou indirectamente “preenchia” a quota do Partido, como, em concreto, colunista em jornais. Agora Maria José Nogueira Pinto representa-se a si própria.
Com esta tomada de posição, de coerência e verticalidade, mostrou que ainda há Valores em Política. O mesmo se pudesse dizer do Partido que deixou.
Com esta tomada de posição, de coerência e verticalidade, mostrou que ainda há Valores em Política. O mesmo se pudesse dizer do Partido que deixou.
MM
terça-feira, março 27, 2007
A força de um lóbi
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O concurso «Os Grandes Portugueses» não teve “história”. Os resultados finais assim o indicam. O vencedor obteve 41%, enquanto o segundo ficou com 19%, uma diferença de 22 pontos percentuais. É obra!
O terceiro ficou com 13% e o quarto com 12%. Aqui o “equilíbrio” foi notório. Contudo, há que tirar uma conclusão, não desta diferença de um ponto percentual entre ambos, mas sim pelo valor de 13% alcançado pelo “concorrente” Aristides de Sousa Mendes.
Este obscuro diplomata que nada diz à maioria dos portugueses conseguiu uma votação imprevista. E como tal foi possível?
Foi possível devido à qualidade do lobby que a promoveu.
Hoje sabe-se que António de Oliveira Salazar “venceu” em todas as faixas etárias, o que demonstra que ao contrário do que foi sendo afirmado por detractores não havia grupos a fazer lobbing. Também se sabe que Álvaro Barreirinhas Cunhal teve os votos apenas do sector ortodoxo do PCP, senão teria obtido um resultado muitíssimo superior.
Portanto, o lobbing apenas funcionou para o ex-cônsul de Bordéus.
Este resultado veio demonstrar, se ainda fosse possível fazê-lo, a força do lobby judaico em Portugal. Comunidade pequena em número, ela é determinante nos meios económicos e na comunicação social.
Há muito que se sabe da influência que detém junto dos meios de decisão nacionais, constituindo um estado dentro de outro estado. E este episódio de somenos serviu para que os portugueses “sentissem” a sua força.
O terceiro ficou com 13% e o quarto com 12%. Aqui o “equilíbrio” foi notório. Contudo, há que tirar uma conclusão, não desta diferença de um ponto percentual entre ambos, mas sim pelo valor de 13% alcançado pelo “concorrente” Aristides de Sousa Mendes.
Este obscuro diplomata que nada diz à maioria dos portugueses conseguiu uma votação imprevista. E como tal foi possível?
Foi possível devido à qualidade do lobby que a promoveu.
Hoje sabe-se que António de Oliveira Salazar “venceu” em todas as faixas etárias, o que demonstra que ao contrário do que foi sendo afirmado por detractores não havia grupos a fazer lobbing. Também se sabe que Álvaro Barreirinhas Cunhal teve os votos apenas do sector ortodoxo do PCP, senão teria obtido um resultado muitíssimo superior.
Portanto, o lobbing apenas funcionou para o ex-cônsul de Bordéus.
Este resultado veio demonstrar, se ainda fosse possível fazê-lo, a força do lobby judaico em Portugal. Comunidade pequena em número, ela é determinante nos meios económicos e na comunicação social.
Há muito que se sabe da influência que detém junto dos meios de decisão nacionais, constituindo um estado dentro de outro estado. E este episódio de somenos serviu para que os portugueses “sentissem” a sua força.
MM
Do Alfarrabista
Inaugurámos o novo site da Livraria Bizantina. Já a ele nos tínhamos referido, reafirmando agora a maneira simples e rápida com que se faz da busca até ao final do processo, a encomenda.
Recebemos a importante obra de Oliveira Lima «Dom Pedro e Dom Miguel – A Querela da Sucessão (1826-1828)».
Recebemos a importante obra de Oliveira Lima «Dom Pedro e Dom Miguel – A Querela da Sucessão (1826-1828)».
Tínhamos já há algum tempo a sua continuação, o livro póstumo do Autor «D. Miguel no Trono (1828-1833)».
Mas a obra de Oliveira Lima sobre esta época da História de Portugal só fica completa com o livro «D. João VI no Brasil», de 1908, o único que nos falta.
Mas a obra de Oliveira Lima sobre esta época da História de Portugal só fica completa com o livro «D. João VI no Brasil», de 1908, o único que nos falta.
MM
segunda-feira, março 26, 2007
Jogo
Sentimos toda a legitimidade para afirmar que «Os Grandes Portugueses» eram um jogo, e simultaneamente um programa televisivo de entretenimento. E escrevemo-lo porque desde a primeira vez que o fizemos sobre este tema, defendemos esta ideia.
Então escrevíamos que «Salazar já ganhou», aliás, frase que também era sempre o título do texto. Com ela queríamos dizer que o facto do nome de António de Oliveira Salazar estar a ser “votado” era já uma vitória, porque permitia que daquela figura da história do século XX português se falasse, coisa que era quase um tabu.
Portanto, Salazar ter “ganho”, e com 41% dos votos, não nos diz nada, já “ganhara”...
Agora há que tirar conclusões do programa «Os Grandes Portugueses». Se «as coisas já não ficam como dantes», o que é um dado adquirido, a maneira como Oliveira Salazar será “tratado” daqui para diante, mostrará a verdadeira dimensão do Estadista.
Voltaremos ao assunto.
Então escrevíamos que «Salazar já ganhou», aliás, frase que também era sempre o título do texto. Com ela queríamos dizer que o facto do nome de António de Oliveira Salazar estar a ser “votado” era já uma vitória, porque permitia que daquela figura da história do século XX português se falasse, coisa que era quase um tabu.
Portanto, Salazar ter “ganho”, e com 41% dos votos, não nos diz nada, já “ganhara”...
Agora há que tirar conclusões do programa «Os Grandes Portugueses». Se «as coisas já não ficam como dantes», o que é um dado adquirido, a maneira como Oliveira Salazar será “tratado” daqui para diante, mostrará a verdadeira dimensão do Estadista.
Voltaremos ao assunto.
MM
domingo, março 25, 2007
Alameda Digital
A alternativa da alternativa dos sites sobre cultura
Já vai na sétima edição e parece não parar de crescer. Nascido da «vontade de um grupo de bloggers com afinidades culturais», a Alameda Digital oferece cultural e actualidade «viradas para o futuro» e com «orientação alternativa»
O jornal on line Alameda Digital, que pretende informar e educar sem fins lucrativos, é actualizado com contribuições de diversos colaboradores, via net. Esta amálgama de contribuições por vezes anónimas, mas sempre de qualidade, confere-lhe a variedade e o interesse.
Definindo-se a si mesmo como «um espaço de liberdade», o site apresenta uma perspectiva «ensaística da cultura» e «actualidade, sob diferentes ideologias e vistas da sociedade», conforme declarou ao SOL o editor José Luís Andrade.
José Luís descreveu a publicação como sendo um veículo «para a afirmação de culturas alternativas», que, ao invés do que costuma ser considerado ‘alternativo’, incide sobretudo em indivíduos «católicos e filocatólicos», de pensamento «colectivista em vez de individualista», «nacionalista em vez de universalista» e «espiritualista em vez de materialista».
Ainda que as orientações políticas dos colaboradores sejam diversas, defendem «menos Estado e melhor Estado» e evitam certas temáticas que consideram avessas aos seus príncipios, como o racismo, saúde e segurança social.
Na presente edição, Cabinda, Fernando Pessoa ou as presidenciais francesas parecem as apostas mais fortes. Para ler, parar e usufruir.
Já vai na sétima edição e parece não parar de crescer. Nascido da «vontade de um grupo de bloggers com afinidades culturais», a Alameda Digital oferece cultural e actualidade «viradas para o futuro» e com «orientação alternativa»
O jornal on line Alameda Digital, que pretende informar e educar sem fins lucrativos, é actualizado com contribuições de diversos colaboradores, via net. Esta amálgama de contribuições por vezes anónimas, mas sempre de qualidade, confere-lhe a variedade e o interesse.
Definindo-se a si mesmo como «um espaço de liberdade», o site apresenta uma perspectiva «ensaística da cultura» e «actualidade, sob diferentes ideologias e vistas da sociedade», conforme declarou ao SOL o editor José Luís Andrade.
José Luís descreveu a publicação como sendo um veículo «para a afirmação de culturas alternativas», que, ao invés do que costuma ser considerado ‘alternativo’, incide sobretudo em indivíduos «católicos e filocatólicos», de pensamento «colectivista em vez de individualista», «nacionalista em vez de universalista» e «espiritualista em vez de materialista».
Ainda que as orientações políticas dos colaboradores sejam diversas, defendem «menos Estado e melhor Estado» e evitam certas temáticas que consideram avessas aos seus príncipios, como o racismo, saúde e segurança social.
Na presente edição, Cabinda, Fernando Pessoa ou as presidenciais francesas parecem as apostas mais fortes. Para ler, parar e usufruir.
sábado, março 24, 2007
Falta uma semana
A uma semana do Conselho Nacional do CDS, a 31 de Março, e com o actual conhecimento dos factos, será que Maria José Nogueira Pinto vai mesmo abandonar o CDS-PP?
É possível que sim e é possível que não.
Se abandonar o Partido, que faz com o mandato de Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, lugar para onde foi eleita na lista do CDS-PP?
Se abandonar o Partido, continuará a escrever em jornais onde está por ser militante do CDS-PP?
E ainda há outros “ses” que podem ser colocados.
Se sair de militante do CDS-PP, quem fará a ligação do Partido com a FRELIMO?
E com o MPLA?
A resposta ou as respostas em breve serão dadas. Mas uma coisa é certa, a presidente do Conselho Nacional nunca foi uma pessoal consensual ou de consensos.
Elitismo, não é adjectivo pejorativo, pelo contrário, em Maria José Nogueira Pinto fica-lhe bem ser elitista. Tomara gente que a atacou no passado domingo chegar-lhe aos calcanhares.
Prepotência é coisa que é fácil identificar nela. Mas em lugares de liderança, não é um mal em si.
Conflituosa, sempre o foi antes e desde que entrou no Partido. E sê-lo-á sempre.
Inteligente, característica que hoje em dia poucos se podem gabar no CDS-PP…
A sua saída nada acrescentará ou diminuirá o Partido. Mas se sair, politicamente acaba! E se ficar, poderá ser, quiçá até mais depressa que se pense, a sucessora do que aí vem, o “portismo justicialista”, em que Paulo Portas será a face de duas moedas, de dia Perón, à noite Evita, ou vice-versa…
É possível que sim e é possível que não.
Se abandonar o Partido, que faz com o mandato de Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, lugar para onde foi eleita na lista do CDS-PP?
Se abandonar o Partido, continuará a escrever em jornais onde está por ser militante do CDS-PP?
E ainda há outros “ses” que podem ser colocados.
Se sair de militante do CDS-PP, quem fará a ligação do Partido com a FRELIMO?
E com o MPLA?
A resposta ou as respostas em breve serão dadas. Mas uma coisa é certa, a presidente do Conselho Nacional nunca foi uma pessoal consensual ou de consensos.
Elitismo, não é adjectivo pejorativo, pelo contrário, em Maria José Nogueira Pinto fica-lhe bem ser elitista. Tomara gente que a atacou no passado domingo chegar-lhe aos calcanhares.
Prepotência é coisa que é fácil identificar nela. Mas em lugares de liderança, não é um mal em si.
Conflituosa, sempre o foi antes e desde que entrou no Partido. E sê-lo-á sempre.
Inteligente, característica que hoje em dia poucos se podem gabar no CDS-PP…
A sua saída nada acrescentará ou diminuirá o Partido. Mas se sair, politicamente acaba! E se ficar, poderá ser, quiçá até mais depressa que se pense, a sucessora do que aí vem, o “portismo justicialista”, em que Paulo Portas será a face de duas moedas, de dia Perón, à noite Evita, ou vice-versa…
MM
Cinema
Um Kitano não e um Kitano sim
Estás-te a Safar? Um Lugar...
Realizador: Takeshi Kitano
Midas
‘Estás-te a Safar?’:*
‘Um lugar à Beira-Mar’:***
Eurico de Barros
Esta caixa junta dois filmes inéditos em Portugal. ‘Estás-te a Safar?’, é dirigido ao público que o consagrou na TV. O outro, ‘Um lugar à Beira-Mar’, aos espectadores que o conhecem e admiram sobretudo do cinema
Aqui há alguns anos, ainda a SIC era pequenina, passava lá um concurso intitulado O Castelo de Takeshi, em que os participantes eram submetidos a uma série de provas e situações cómicas, umas mais humilhantes do que outras. O Castelo de Takeshi era apenas um dos muitos programas grosseiros que fizeram de Takeshi Kitano uma das figuras mais populares da televisão japonesa, e que não têm absolutamente a ver com os seus filmes. O Kitano da televisão e o Kitano do cinema são diferentes como a noite e o dia, como a TVI da Arte, como Jorge Gabriel de Clive James. Esta caixa dupla do realizador japonês agora editada pela Midas, mostra-nos esta sua personalidade dividida através de dois filmes: Estás-te a Safar? e Um Lugar à Beira-Mar.
Vamos ao pior Kitano primeiro. Rodado em 1995, logo após Sonatine, Estás-te a Safar? é um filme disparado como uma seta ao público televisivo do realizador, que prefere vê-lo a gozar com concorrentes atarantados ou com convidados estrangeiros embaraçados, do que a fazer de yakuza ameaçador ou policia taciturno.
Trata-se de uma colecção de gags quase todos primários ou grosseiros, cujo fio condutor é um sujeito obcecado por sexo - mais precisamente, por sexo em automóveis. Estás-te a Safar? Tem um tom surrealista rasca, que se vai acentuando gradualmente, para culminar numa sequência escatológica de virar o estômago do avesso, ligada directamente a uma paródia sem pinga de graça a A Mosca – entre outras incluídas no filme, cinéfilas ou não. No meio deste festival de comédia de baixíssimo QI, lá assoma uma ou outra piada divertida, estando as melhores concentradas na primeira parte de uma sequência de gozo aos filmes de gangsters que celebrizaram Kitano fora do Japão. Mesmo quando abraça deliberadamente a alarvidade, Takeshi Kitano consegue rir-se de si próprio, o que já não é mau. Embora não chegue para safar este Estás-te a Safar?
Passamos ao melhor Kitano, representado por Um Lugar à Beira-Mar (1991), e que apesar de não teryakuzas e polícias, está permeado daquela melancolia contemplativa que se manifesta até nos mais violentos filmes do realizador. Um Lugar à Beira-Mar é a história de um jovem surdo que trabalha na recolha do lixo e quer fazer surf, apesar da troça dos outros rapazes, e que namora uma rapariga surda-muda. Takeshi Kitano filma esta comédia triste sem esticar a corda nem para um lado nem para o outro, mantendo um admirável equilíbrio de tom. Um Lugar à Beira-Mar está o mais próximo de um filme mudo que uma produção dos nossos dias pode estar, no sentido de que o que nele se ouve, entre palavras e sons ambiente, é apenas o estritamente necessário, e a banda sonora só “entra” quando o realizador acha que ela faz sentido. Raras vezes no cinema a relação entre duas pessoas que não falam e não ouvem e gostam uma da outra, e vivem indiferentes a quase tudo que os rodeia, foi mostrada com tanta sensibilidade e uma simplicidade ião expressiva, através dos mais elementares recursos do cinema. Um Lugar à Beira-Mar é um dos melhores filmes de Kitano, e não há um yakuza ameaçador ou um polícia taciturno à vista.
in, 6ª - DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 23 MARÇO 2007 - p. 24
sexta-feira, março 23, 2007
Desabafos
Esta semana começou, politicamente falando, com o rescaldo do Conselho Nacional do CDS, onde se produziu o que de pior marcou o PREC, que aconteceu entre 11 de Março de 1975 e 25 de Novembro do mesmo ano.
Um Partido à deriva é o mínimo que se pode dizer dos incidentes que marcaram aquela reunião. O descontrolo emocional dos apoiantes de Paulo Portas só encontra justificação pelo facto de os provocadores, todos identificados, estarem dependentes do lugar de deputados, sendo não representantes eleitos do povo, mas mercenários políticos, que precisam da política para viverem.
A meio da semana, na madrugada de terça-feira, teve lugar a passagem do quarto aniversário da invasão do Iraque por uma coligação de países anglo-saxões, em busca do ouro negro. Ao longo dos anos todas as razões que justificavam a invasão foram liminarmente refutadas, sabendo-se hoje que tudo não passou de uma encenação para que principalmente os EUA controlassem a produção petrolífera do país, em mãos maioritariamente de companhias europeias.
Milhares de mortos, feridos e desalojados são o resultado mais visível desta guerra, a par do aumento do terrorismo no mundo.
Dois factos políticos, um de índole nacional e o outro internacional, mostram a que ponto chegou a política, outrora uma nobre arte, hoje uma área de pouca credibilidade. Se a estes dois factos se acrescentar os interesses de natureza económica que estão por detrás das principais decisões políticas, percebe-se o desencanto com que a política é vista nos dias que correm. E no horizonte, as nuvens negras acumulam-se!
Um Partido à deriva é o mínimo que se pode dizer dos incidentes que marcaram aquela reunião. O descontrolo emocional dos apoiantes de Paulo Portas só encontra justificação pelo facto de os provocadores, todos identificados, estarem dependentes do lugar de deputados, sendo não representantes eleitos do povo, mas mercenários políticos, que precisam da política para viverem.
A meio da semana, na madrugada de terça-feira, teve lugar a passagem do quarto aniversário da invasão do Iraque por uma coligação de países anglo-saxões, em busca do ouro negro. Ao longo dos anos todas as razões que justificavam a invasão foram liminarmente refutadas, sabendo-se hoje que tudo não passou de uma encenação para que principalmente os EUA controlassem a produção petrolífera do país, em mãos maioritariamente de companhias europeias.
Milhares de mortos, feridos e desalojados são o resultado mais visível desta guerra, a par do aumento do terrorismo no mundo.
Dois factos políticos, um de índole nacional e o outro internacional, mostram a que ponto chegou a política, outrora uma nobre arte, hoje uma área de pouca credibilidade. Se a estes dois factos se acrescentar os interesses de natureza económica que estão por detrás das principais decisões políticas, percebe-se o desencanto com que a política é vista nos dias que correm. E no horizonte, as nuvens negras acumulam-se!
MCNM
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 23/03/07
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 23/03/07
quinta-feira, março 22, 2007
Um regicida no Panteão Nacional
Os restos mortais de Aquilino Ribeiro vão ser trasladados para o Panteão Nacional.
A Assembleia da República vai criar uma comissão que determinará a data.
Bombista assumido, foi detido em 1907, está também implicado no Regicídio!
É este o homem que os deputados da República querem homenagear.
Tristes tempos.
A Assembleia da República vai criar uma comissão que determinará a data.
Bombista assumido, foi detido em 1907, está também implicado no Regicídio!
É este o homem que os deputados da República querem homenagear.
Tristes tempos.
Mário Casa Nova Martins
*
Carbonária
quarta-feira, março 21, 2007
Leituras
Da leitura de quatro artigos da «Lusíada – História/3», fica a ideia de uma revista plural nas temáticas e nas análises. Claro que a revista merece uma leitura total, mas começámos por autores e não por temas. Os seus nomes são conhecidos deste espaço da Blogosfera. Daí a preferência inicial.
Em «Portugueses no Campo de Concentração de Dachau (ps.71-85), o seu Autor, Humberto Nuno de Oliveira, começa por fazer sumariamente a história deste tipo de campos, situando-se depois no período entre 1933, ano da sua fundação, e 1945, relativamente a Dachau.
Identifica primeiro o nome de dezanove portugueses naquele campo ou em suas dependências, número que vai fazer baixar para dezasseis, quinze homens e uma mulher. Depois corrige nomes e locais de nascimento, de forma a tornar legíveis as informações recolhidas.
É um trabalho curto, mas de grande importância, sendo de interesse levar este estudo aos outros campos alemães daquele período, bem como, numa segunda fase, confirmar as origens portuguesas dos individuos.
«Guernica. O mito e os factos» (ps.149-164), é de grande oportunidade, dado ter-se celebrado em 2006 os setenta anos do início daquele conflito.
Em «Portugueses no Campo de Concentração de Dachau (ps.71-85), o seu Autor, Humberto Nuno de Oliveira, começa por fazer sumariamente a história deste tipo de campos, situando-se depois no período entre 1933, ano da sua fundação, e 1945, relativamente a Dachau.
Identifica primeiro o nome de dezanove portugueses naquele campo ou em suas dependências, número que vai fazer baixar para dezasseis, quinze homens e uma mulher. Depois corrige nomes e locais de nascimento, de forma a tornar legíveis as informações recolhidas.
É um trabalho curto, mas de grande importância, sendo de interesse levar este estudo aos outros campos alemães daquele período, bem como, numa segunda fase, confirmar as origens portuguesas dos individuos.
«Guernica. O mito e os factos» (ps.149-164), é de grande oportunidade, dado ter-se celebrado em 2006 os setenta anos do início daquele conflito.
José Luís Andrade actualiza a bibliografia sobre aquele acontecimento histórico, e vai ao longo do texto desmontando a mitologia que se criou à volta daquele episódio.
Da quantificação real do número das vítimas, até à confirmação da importância que aquela cidade tinha para os republicanos, justificando-se pela neutralização da passagem da ria de Mundaca, ponto estratégico de vital importância, passando pela descrição dos meios que realizaram o ataque, tudo está demonstrado.
O mito de Guernica perdurará, mas a verdade histórica está feita.
A historiografia oficial não faz referência às relações económico-militares entre Portugal e a Alemanha Nacional-Socialista.
Da quantificação real do número das vítimas, até à confirmação da importância que aquela cidade tinha para os republicanos, justificando-se pela neutralização da passagem da ria de Mundaca, ponto estratégico de vital importância, passando pela descrição dos meios que realizaram o ataque, tudo está demonstrado.
O mito de Guernica perdurará, mas a verdade histórica está feita.
A historiografia oficial não faz referência às relações económico-militares entre Portugal e a Alemanha Nacional-Socialista.
Duarte Branquinho debruça-se sobre o tema, e relata a viagem de uma comissão portuguesa à Alemanha, entre Agosto e Outubro de 1942, que incluiu uma visita à Frente Leste.
O texto «Uma missão militar portuguesa à Alemanha durante a II Guerra Mundial» (ps.213-227) mostra o interesse de Portugal em adquirir material bélico de origem alemã. E, durante uma demonstração, vários oficiais alemães e portugueses sofrem um acidente, do qual resulta a morte do capitão Lopes Pires.
Portugal veio, de facto, a adquirir vário material militar àquele país.
Por fim, referência a um trabalho de Humberto Nuno de Oliveira e Paulo Jorge Estrela, intitulado «A “Cruz de Valor e Mérito” de D. Miguel. Um decreto “apagado”» (ps.249-258).
A “Cruz de Valor e Mérito” foi uma condecoração instituída pelo rei D. Miguel no ano de 1832, ano de viragem na Guerra Civil.
O texto «Uma missão militar portuguesa à Alemanha durante a II Guerra Mundial» (ps.213-227) mostra o interesse de Portugal em adquirir material bélico de origem alemã. E, durante uma demonstração, vários oficiais alemães e portugueses sofrem um acidente, do qual resulta a morte do capitão Lopes Pires.
Portugal veio, de facto, a adquirir vário material militar àquele país.
Por fim, referência a um trabalho de Humberto Nuno de Oliveira e Paulo Jorge Estrela, intitulado «A “Cruz de Valor e Mérito” de D. Miguel. Um decreto “apagado”» (ps.249-258).
A “Cruz de Valor e Mérito” foi uma condecoração instituída pelo rei D. Miguel no ano de 1832, ano de viragem na Guerra Civil.
MM
O Bom, o Mau e o Vilão
O Bom…
«Hélder Amaral avançou pelas minhas costas e magoou-me nas costas e no ombro. Virei-me e identifiquei o senhor deputado. Vi nele duas coisas: um conselheiro e um deputado da Assembleia da República a agredir a presidente do Conselho Nacional e uma mulher que merece consideração e respeito.»
Maria José Nogueira Pinto afirma ter sido vítima de agressão no Conselho Nacional do CDS, no passado domingo. Dada a gravidade da acusação, de certeza que tem provas suficientes do que diz.
É inconcebível ao estado de coisas a que chegou o CDS! Por um punhado de euros, o que ganha um deputado, como é possível descer-se tão baixo. E que dirá o líder da oposição interna, Paulo Portas, sobre esta grave situação? Remeter-se-á ao silêncio cúmplice, ou terá a coragem pessoal e política de se demarcar do gravíssimo incidente?
O Mau…
«Para se fazer de vítima, a dra. Maria José Nogueira Pinto invocou a sua condição de mulher que um homem a teria agredido. Se isso fosse verdade, era a pior das cobardias. Mas é demagogia da mais barata, tal como seria eu vir aqui dizer que ela me está a atacar por não ser branco como ela. Não irei por aí.»
Com a rapidez que requeria, a Direcção do CDS-PP, pela voz de um histórico, membro da comissão executiva, o aveirense José Girão Pereira, veio denunciar o cariz racista da afirmação do deputado pelo círculo de Viseu.
O Vilão…
Agora, segundo a imprensa de hoje, Maria José Nogueira Pinto vai abandonar o CDS. Não deixa de ser curiosa esta notícia. Nogueira Pinto foi demitida por Aníbal Cavaco Silva do Governo, que este chefiava. “Refugiou-se” no então PP, por onde foi deputada. Veio a desempenhar cargos de nomeação política, por ser militante do CDS-PP, e não por competência.
Agora quer abandonar o Partido? São gravíssimos os incidentes provocados por um bando opositor à actual liderança. Mas não foi o Partido que a tratou mal! Essa gente está identificada, e o futuro encarregar-se-á de lhes dar o que merecem, negando-lhes o voto, seja dentro do Partido, seja, se voltaram a dominá-lo, em eleições de carácter nacional ou local. Os Portugueses não são estúpidos!
Será porque o CDS não terá condições de nos anos mais próximos voltar ao Governo, e portanto não ter mordomias para distribuir, que é tempo de “emalar a trouxa e zarpar”?
«Hélder Amaral avançou pelas minhas costas e magoou-me nas costas e no ombro. Virei-me e identifiquei o senhor deputado. Vi nele duas coisas: um conselheiro e um deputado da Assembleia da República a agredir a presidente do Conselho Nacional e uma mulher que merece consideração e respeito.»
Maria José Nogueira Pinto afirma ter sido vítima de agressão no Conselho Nacional do CDS, no passado domingo. Dada a gravidade da acusação, de certeza que tem provas suficientes do que diz.
É inconcebível ao estado de coisas a que chegou o CDS! Por um punhado de euros, o que ganha um deputado, como é possível descer-se tão baixo. E que dirá o líder da oposição interna, Paulo Portas, sobre esta grave situação? Remeter-se-á ao silêncio cúmplice, ou terá a coragem pessoal e política de se demarcar do gravíssimo incidente?
O Mau…
«Para se fazer de vítima, a dra. Maria José Nogueira Pinto invocou a sua condição de mulher que um homem a teria agredido. Se isso fosse verdade, era a pior das cobardias. Mas é demagogia da mais barata, tal como seria eu vir aqui dizer que ela me está a atacar por não ser branco como ela. Não irei por aí.»
Com a rapidez que requeria, a Direcção do CDS-PP, pela voz de um histórico, membro da comissão executiva, o aveirense José Girão Pereira, veio denunciar o cariz racista da afirmação do deputado pelo círculo de Viseu.
O Vilão…
Agora, segundo a imprensa de hoje, Maria José Nogueira Pinto vai abandonar o CDS. Não deixa de ser curiosa esta notícia. Nogueira Pinto foi demitida por Aníbal Cavaco Silva do Governo, que este chefiava. “Refugiou-se” no então PP, por onde foi deputada. Veio a desempenhar cargos de nomeação política, por ser militante do CDS-PP, e não por competência.
Agora quer abandonar o Partido? São gravíssimos os incidentes provocados por um bando opositor à actual liderança. Mas não foi o Partido que a tratou mal! Essa gente está identificada, e o futuro encarregar-se-á de lhes dar o que merecem, negando-lhes o voto, seja dentro do Partido, seja, se voltaram a dominá-lo, em eleições de carácter nacional ou local. Os Portugueses não são estúpidos!
Será porque o CDS não terá condições de nos anos mais próximos voltar ao Governo, e portanto não ter mordomias para distribuir, que é tempo de “emalar a trouxa e zarpar”?
MM
Dia Mundial da Poesia
LÍRICA
.
Sonho. E o sonhar me consola!
Canto. E o cantar me embala!
Escutando-me, oiço a minha fala,
Que vai e vem como uma bola.
O mais és Tu, meu outro eu,
Onde me espelho em tamanho natural
- Nosso destino… nós dois. Era fatal:
Por isso todo o outro passado morreu.
Nem um eco ou roçar de aragem
Que levante cinzas, frias, queimadas:
Somos nós dois e o resto são nadas,
Perdidos, dispersos, em nossa viagem.
Canto. E o cantar me embala!
Escutando-me, oiço a minha fala,
Que vai e vem como uma bola.
O mais és Tu, meu outro eu,
Onde me espelho em tamanho natural
- Nosso destino… nós dois. Era fatal:
Por isso todo o outro passado morreu.
Nem um eco ou roçar de aragem
Que levante cinzas, frias, queimadas:
Somos nós dois e o resto são nadas,
Perdidos, dispersos, em nossa viagem.
in, AMANDIO CÉSAR, As Margens da Memória, p.10
§
SIBILINA
SIBILINA
.
De repente Luz fluente
Rompe uma fonte secreta
Dentre o silêncio estridente
Da tarde quente e quieta.
Música ausente Vertente
Monte a monte ressurrecta
Horizonte transparente
Seta em frente Linha recta
Cântico lânguido Semente
Que latente lateja encoberta
Ponte do poeta ao poente
Sonho ambiente sem meta
Nem vislumbre alvinitente
Sou profeta Penitente
Etecétera
Sempre sempre
Além álerta
Rompe uma fonte secreta
Dentre o silêncio estridente
Da tarde quente e quieta.
Música ausente Vertente
Monte a monte ressurrecta
Horizonte transparente
Seta em frente Linha recta
Cântico lânguido Semente
Que latente lateja encoberta
Ponte do poeta ao poente
Sonho ambiente sem meta
Nem vislumbre alvinitente
Sou profeta Penitente
Etecétera
Sempre sempre
Além álerta
in, RODRIGO EMÍLIO, Mote Para Motim, p.87
§
FUTURO
FUTURO
.
Veríssima cidade sobre as ondas.
Banquete desenhado nos outeiros.
Teu instante de paz. Os meus primeiros
Tapetes voadores de noites longas
E nunca mais houve caminhos firmes.
Nunca mais soube o espaço onde eu ficava.
Uma espécie de lava.
Uma haste de vime.
Este mundo acabava.
Se era clara a manhã
O teu rosto era a noite.
E depois, e depois era a treva do Dia.
Meu amor, meu amor, tão secreto desejo
Numa nova cidade, mas no ano três mil.
Sem idade, meu bem, nós os dois sem idade,
Ou então a estação que chamamos Abril.
Ou então o clarão que nos foi pensamento,
Esta paz tão antiga, de morrer nos teus braços
E saber que este leito vai connosco no vento
Para o ano dez mil, no Juízo Final.
Banquete desenhado nos outeiros.
Teu instante de paz. Os meus primeiros
Tapetes voadores de noites longas
E nunca mais houve caminhos firmes.
Nunca mais soube o espaço onde eu ficava.
Uma espécie de lava.
Uma haste de vime.
Este mundo acabava.
Se era clara a manhã
O teu rosto era a noite.
E depois, e depois era a treva do Dia.
Meu amor, meu amor, tão secreto desejo
Numa nova cidade, mas no ano três mil.
Sem idade, meu bem, nós os dois sem idade,
Ou então a estação que chamamos Abril.
Ou então o clarão que nos foi pensamento,
Esta paz tão antiga, de morrer nos teus braços
E saber que este leito vai connosco no vento
Para o ano dez mil, no Juízo Final.
in, NATÉRCIA FREIRE, A Segunda Imagem, p.35/36
terça-feira, março 20, 2007
Guerra no Iraque
Há quatro anos por esta hora, já tombavam do ar bombas sobre gente indefesa por todo o Iraque. País com um exército de opereta, fácil foi o avanço da força invasora anglo-saxónica por terra e ar.
O derrube da estátua do presidente Saddan Hussein, ao contrário do que então foi dito, marcou o início do pesadelo ocidental, que não tem fim à vista.
Um país dividido entre sunitas e xiitas, curdos e iraquianos, que solução? A divisão em três estados. Arábia Saudita, Irão, e Síria lutam por interposta pessoa. Al- Qaeda faz o que pode para piorar a situação, estado ao lado dos sunitas. E os EUA não vêem maneira de sair do seu Vietname do século XXI!
Segundo dados oficiais, as baixas na coligação cifram-se em 3465 soldados estrangeiros, de 18 nacionalidades, 3207 dos quais são norte-americanos. Nestes números contabilizam-se 76 mulheres mortas em combate, 2,19% de baixas, sendo 72 norte-americanas, três britânicas e uma ucraniana.
Quanto a iraquianos, os números segundo a ONU são, apenas em 2006, de 34.500 civis mortos, dois milçhões deixaram o país e 1,7 milhões tornaram-se deslocados internos, em fuga à violência sectária.
Tendo-se provado que os motivos para a invasão do Iraque eram falsos, espera-se que um dia o líder da potência ocupante, George W. Bush e o seu principal aliado, Tony Blair, venha a ser julgados por crimes contra a Humanidade. Se tal vier a acontecer, estas guerras ditas preventivas, terminarão.
O derrube da estátua do presidente Saddan Hussein, ao contrário do que então foi dito, marcou o início do pesadelo ocidental, que não tem fim à vista.
Um país dividido entre sunitas e xiitas, curdos e iraquianos, que solução? A divisão em três estados. Arábia Saudita, Irão, e Síria lutam por interposta pessoa. Al- Qaeda faz o que pode para piorar a situação, estado ao lado dos sunitas. E os EUA não vêem maneira de sair do seu Vietname do século XXI!
Segundo dados oficiais, as baixas na coligação cifram-se em 3465 soldados estrangeiros, de 18 nacionalidades, 3207 dos quais são norte-americanos. Nestes números contabilizam-se 76 mulheres mortas em combate, 2,19% de baixas, sendo 72 norte-americanas, três britânicas e uma ucraniana.
Quanto a iraquianos, os números segundo a ONU são, apenas em 2006, de 34.500 civis mortos, dois milçhões deixaram o país e 1,7 milhões tornaram-se deslocados internos, em fuga à violência sectária.
Tendo-se provado que os motivos para a invasão do Iraque eram falsos, espera-se que um dia o líder da potência ocupante, George W. Bush e o seu principal aliado, Tony Blair, venha a ser julgados por crimes contra a Humanidade. Se tal vier a acontecer, estas guerras ditas preventivas, terminarão.
MM
Do Alfarrabista
É extremamente difícil encontrar obras de Frei Fortunato de São Boaventura (Alcobaça, 1778 - Itália 1844), pelo que foi com particular prazer, dada a categoria intelectual deste Homem da Cultura Portuguesa, que nos chegou esta Memória “Do começo, progresso, e decadencia da Litteratura Grega em Portugal desde o estabelecimento da Monarquia até ao reinado do Senhor D. José I», da Livraria Académica, Porto.
MM