\ A VOZ PORTALEGRENSE: fevereiro 2024

segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Desabafos 2023/24 - X

O tempo corre célere e o próximo dia 10 de Março, data das eleições legislativas antecipadas, ‘está à porta’.

Contudo, até lá, muita coisa será dita, milhentas promessas irrealizáveis serão apresentadas pelos partidos políticos concorrentes a este acto eleitoral de suprema importância para os Portugueses.

Não há ‘portugueses de primeira’, nem ‘portugueses de segunda’, mas a verdade é que hoje em Portugal as desigualdades económicas e sociais nunca foram tão acentuadas.

A propaganda dos partidos que têm governado o país neste quase meio século pretende dizer o contrário, mas a realidade mostra que em comparação com os países da União Europeia, Portugal caminha para a cauda da Europa.

Os responsáveis governativos são PS e PSD, que em décadas sucessivas têm alternado na governação, criando não riqueza para o país e para os portugueses, mas sim clientelas tentaculares, geradoras de corrupção e enriquecimento próprio, enquanto os portugueses sofrem a debacle do sistema público de saúde, da escola pública e dos serviços públicos.

A permanência de PSD e PS à frente dos governos de Portugal acontece porque os portugueses assim o têm querido, votando maioritariamente neste dois partidos.

Porém, muitas das maiorias alcançadas por PS e PSD deve-se ao ‘voto útil’, que é útil para quem o recebe, mas inútil para quem o dá, porque é dado não por convicção, certeza, mas sim pela negativa.

Em 10 de Março há alternativas, à Esquerda e à Direita, a PSD e PS. Se os portugueses querem realmente sair deste ‘Centrão’, só têm que renegar o famigerado ‘voto útil’ e votar nessas alternativas, sejam à Esquerda do PS, sejam à Direita do PSD.

Basta de Centrão!

Chega deste ‘Centrão’, protagonizado alternadamente por PS e PSD.

Mário Casa Nova Martins

19 de Fevereiro de 2024

Rádio Portalegre

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

AA - Ortodoxias

Ortodoxias

A Guerra dos Trinta Anos estendeu-se de 1618 a 1648, sendo um dos maiores conflitos da História europeia. Compreendeu uma série de conflitos que envolveram boa parte dos países da Europa Ocidental.

A ‘segunda’ Guerra dos Trinta Anos, também conhecida por Guerra Civil Europeia, decorreu entre 1914 e 1945. O seu palco principal voltou a ser a Europa Central, e ainda hoje há na Europa resquícios das suas consequências.

O actual conflito entre uma certa Europa e a Rússia, que decorre em solo ucraniano, não deixa de ser uma das consequências da partilha desta mesma Europa pelos vencedores de 1945, a então União Soviética, os EUA e a Inglaterra.

Países retalhados, novas fronteiras, deslocações de populações inteiras. Em suma, a Europa Central viu-se redefinida humana e geograficamente.

E o conflito na Ucrânia retracta o que foi então feito.

Hoje cerca de um terço da Ucrânia está controlada pela Rússia, que anexou esses territórios e que continua a avançar para oeste.

Por outro lado, a Ucrânia está ameaçada por vizinhos dispostos a recuperarem territórios que Estaline entregou no pós-1945 a Kiev. A Polónia revindica os territórios da Galícia, a Hungria quer de volta a Transcarpácia, a Roménia reclama os territórios da Bessarabia, Bukovina do Norte, Hertsa e a Transcarpácia.

E se tal viesse a acontecer, a Ucrânia ficaria reduzida a metade do seu território.

Estas temáticas, num ‘Portugal com as fronteiras mais antigas do mundo’, como é dito, não têm sido debatidas, continuando a ser veiculada apenas parte do problema.

A Europa de Lisboa a Vladivostok, a Europa do Atlântico aos Urais, é a Europa primeva que urge preservar na sua História, nos seus usos e costumes, na sua Matriz Greco-Cristã. As guerras que a têm flagelado, o sangue derramado dos Europeus, têm forjado a razão de ser de uma Europa una, livre, face a todos os inimigos, internos e externos, que a querem dividir para a controlar e dominar.

O solo ucraniano e os Balcãs são hoje, como já o foram no passado, o ‘calcanhar de Aquiles’ da Europa. E a Europa tem que ser forte para conseguir um tempo de Paz.

A Europa no tempo presente necessita de líderes como no passado recente teve, tais como Konrad Adenauer, Alcidi de Gasperi, Charles de Gaulle, Helmut Khol, Margaret Thatcher, e em Roma gente d’algo como João Paulo II e Bento XVI.

Mas os tempos não estão a ser propícios a que a Europa renasça desta tão grave crise em que mergulhou.

Mário Casa Nova Martins

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quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Guerra na Ucrânia - O Nascimento do Mundo Multipolar

Em Portugal, a verdade sobre as razões da guerra por procuração entre os EUA e a Rússia em solo ucraniano está limitada à verdade de um dos lados. O outro lado foi ‘democraticamente silenciado’ a mando dos eurocratas de Bruxelas, ao proibir canais e agencias noticiosas que tratam os factos de maneira diferente da ‘verdade ocidental’.

Erro crasso, que o Ocidente irá pagar bem caro. Aliás, já está a pagar, uma vez que as sanções económicas do Ocidente à Rússia, viraram-se contra o próprio Ocidente, enquanto no campo militar adivinha-se mais uma derrota Ocidental, como muito recentemente aconteceu no Afeganistão.

Esta guerra em solo europeu marca o fim de um Mundo Unipolar. Os EUA, liderados pelos Democratas, belicistas ao contrário dos Republicanos, já não são a potência hegemónica do final da Guerra fria. As guerras que de então para cá fomentou, não as ganhou, e exauriu a sua capacidade de liderança, que hoje se resume aos países anglo-saxões e a uma Europa em decadência.

A NATO deixou de ter o papel para o qual foi criada, e é agora uma ‘testa-de-ponte’ americana, que defende os interesses dos EUA.

A real situação militar na Ucrânia é dia após dia mais difícil para os EUA. A Rússia, numa guerra de desgaste, físico, psicológico e militar, vai avançando no terreno, e quanto mais tempo demorarem as conversações para pôr fim ao conflito, pior para os Ucranianos.

O livro «Guerra na Ucrânia – O Nascimento do Mundo Multipolar», de Rui Amiguinho, vem preencher uma lacuna na análise e estudo de tudo o que se relaciona com este conflito EUA-Rússia.

A sua leitura, acompanhada de abundantes e complementares notas, face à cortina de silêncio em que Portugal se encontra, sendo vedado aos Portugueses acompanhar os factos a partir dos dois aldos da contenda, torna-se um exercício obrigatória para quem quer por si próprio pensar.

O livro é uma verdadeira lição de Geopolítica. Ao lê-lo fica-se a perceber a importância das potências emergentes no futuro próximo. Também a importância da Economia não é esquecida, mostrando quanto Geografia e Economia são determinantes no contexto das mudanças de paradigma das sociedades e do respectivo peso no Mundo.

Contudo, é de leitura fácil, o que o torna uma ferramenta útil para compreender os tempos que se vivem.

Mário Casa Nova Martins

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Autor: Rui Amiguinho

Título: Guerra na Ucrânia: O Nascimento do Mundo Multipolar

Nº páginas: 192 | Formato: 150x210mm

ISBN: 9798870523675 / DL: 525171/23

Preço: 12 €

https://editoracontracorrente.wordpress.com/2023/12/22/guerra-na-ucrania-o-nascimento-do-mundo-multipolar/

quarta-feira, fevereiro 07, 2024

Desabafos 203/24 - IX

Sim, a Madeira é um jardim, mas mais do que um jardim florido é um jardim de corrupção.

Se só agora o polvo da corrupção com os seus tentáculos gigantes veio ao de cima é porque só agora interessou que assim acontecesse. A política e a justiça têm destas coisas, que ao comum dos mortais lhe parece inexplicável. Ou talvez não.

Sabe-se que a corrupção na Madeira tem tantas décadas quanto as de governação do PSD, com a cumplicidade do CDS nos últimos anos. Tal como se sabe da existência do turismo sexual e do paraíso da droga. Quem não recorda o escandaloso caso do pedófilo padre Frederico, que graças a todas as cumplicidades, a começar pela do Teodoro de Faria bispo do Funchal, conseguiu fugir para o Brasil para não cumprir perna e abafar-se a existência da pedofilia na região.

Há décadas que se fala de défice democrático na Madeira, uma região que quem não é do PSD tem todo o tipo de entraves, de dificuldades em exercer a sua vida profissional e cívica. A Madeira de hoje e de ontem, fruto da governação do PSD, em termos de democracia é semelhante ao Alentejo entre 28 de Setembro de 1974 e 25 de Novembro de 1975, onde quem não era radical de Esquerda vivia com medo e sem esperança num espaço geográfico que se tornara concentracionário.

Nos tempos do anterior presidente do governo regional madeirense, a situação era tão crítica em termos de défice democrático, que o dito era comparado ao ditador centro-africano Bokassa. E tal era afirmado por gente de todos os outros quadrantes políticos.

Houve sempre um branqueamento do regime de Alberto João Jardim, como agora o da coligação PSD-CDS, liderado por Miguel Albuquerque e sua equipa. Até agora!

Mas tudo, mesmo tudo era dito e falado «à boca pequena» na Madeira e no continente. Sabia-se tudo e de tudo. Agora que o medo deixe de ser desculpa para que a Madeira, passado quase meio século após Abril de 1974, seja ‘igual’ aos Açores e ao Continente em termos de participação democrática e de cidadania.

E que os culpados sejam julgados e condenados!

Mário Casa Nova Martins

5 de Fevereiro de 2024

Rádio Portalegre