Dia Mundial da Poesia
LÍRICA
.
Sonho. E o sonhar me consola!
Canto. E o cantar me embala!
Escutando-me, oiço a minha fala,
Que vai e vem como uma bola.
O mais és Tu, meu outro eu,
Onde me espelho em tamanho natural
- Nosso destino… nós dois. Era fatal:
Por isso todo o outro passado morreu.
Nem um eco ou roçar de aragem
Que levante cinzas, frias, queimadas:
Somos nós dois e o resto são nadas,
Perdidos, dispersos, em nossa viagem.
Canto. E o cantar me embala!
Escutando-me, oiço a minha fala,
Que vai e vem como uma bola.
O mais és Tu, meu outro eu,
Onde me espelho em tamanho natural
- Nosso destino… nós dois. Era fatal:
Por isso todo o outro passado morreu.
Nem um eco ou roçar de aragem
Que levante cinzas, frias, queimadas:
Somos nós dois e o resto são nadas,
Perdidos, dispersos, em nossa viagem.
in, AMANDIO CÉSAR, As Margens da Memória, p.10
§
SIBILINA
SIBILINA
.
De repente Luz fluente
Rompe uma fonte secreta
Dentre o silêncio estridente
Da tarde quente e quieta.
Música ausente Vertente
Monte a monte ressurrecta
Horizonte transparente
Seta em frente Linha recta
Cântico lânguido Semente
Que latente lateja encoberta
Ponte do poeta ao poente
Sonho ambiente sem meta
Nem vislumbre alvinitente
Sou profeta Penitente
Etecétera
Sempre sempre
Além álerta
Rompe uma fonte secreta
Dentre o silêncio estridente
Da tarde quente e quieta.
Música ausente Vertente
Monte a monte ressurrecta
Horizonte transparente
Seta em frente Linha recta
Cântico lânguido Semente
Que latente lateja encoberta
Ponte do poeta ao poente
Sonho ambiente sem meta
Nem vislumbre alvinitente
Sou profeta Penitente
Etecétera
Sempre sempre
Além álerta
in, RODRIGO EMÍLIO, Mote Para Motim, p.87
§
FUTURO
FUTURO
.
Veríssima cidade sobre as ondas.
Banquete desenhado nos outeiros.
Teu instante de paz. Os meus primeiros
Tapetes voadores de noites longas
E nunca mais houve caminhos firmes.
Nunca mais soube o espaço onde eu ficava.
Uma espécie de lava.
Uma haste de vime.
Este mundo acabava.
Se era clara a manhã
O teu rosto era a noite.
E depois, e depois era a treva do Dia.
Meu amor, meu amor, tão secreto desejo
Numa nova cidade, mas no ano três mil.
Sem idade, meu bem, nós os dois sem idade,
Ou então a estação que chamamos Abril.
Ou então o clarão que nos foi pensamento,
Esta paz tão antiga, de morrer nos teus braços
E saber que este leito vai connosco no vento
Para o ano dez mil, no Juízo Final.
Banquete desenhado nos outeiros.
Teu instante de paz. Os meus primeiros
Tapetes voadores de noites longas
E nunca mais houve caminhos firmes.
Nunca mais soube o espaço onde eu ficava.
Uma espécie de lava.
Uma haste de vime.
Este mundo acabava.
Se era clara a manhã
O teu rosto era a noite.
E depois, e depois era a treva do Dia.
Meu amor, meu amor, tão secreto desejo
Numa nova cidade, mas no ano três mil.
Sem idade, meu bem, nós os dois sem idade,
Ou então a estação que chamamos Abril.
Ou então o clarão que nos foi pensamento,
Esta paz tão antiga, de morrer nos teus braços
E saber que este leito vai connosco no vento
Para o ano dez mil, no Juízo Final.
in, NATÉRCIA FREIRE, A Segunda Imagem, p.35/36
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