\ A VOZ PORTALEGRENSE: setembro 2006

sábado, setembro 30, 2006

GRUPO DESPORTIVO PORTALEGRENSE

CF "Os Belenenses" no Alto Alentejo

A FSantos e Pedro Guedes
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Decorre desde ontem o denominado “V Torneio dos Campeões” em Basquetebol, no qual estão presentes seis equipas, respectivamente Casino Figueira Ginásio, CF “Os Belenenses” Hyundai Lusifor, FC Porto Ferpinta, Lusitânia Angra PM, Ovarense Aerosoles e SL Benfica.

Ontem disputaram-se os Quartos de Final:
Ginásio - Lusitânia (68 - 86)
Benfica – Belenenses (81 - 72)

Hoje disputou-se:
Jogo de Atribuição do 5º e 6º Lugar
Ginásio – Belenenses (57 – 58)
Meias – Finais
Lusitânia – Ovarense (68 – 86)
Benfica – Porto (65 – 59)

Amanhã disputam-se:
Jogo de Atribuição do 3º e 4º Lugar
Lusitânia - Porto
Final
Ovarense – Benfica
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Refira-se que em Portalegre, depois de SL Benfica e Sporting CP, segue-se CF "Os Belenenses" em termos de adeptos.
Uma das razões das simpatias portalegrenses para com o Emblema da Cruz de Cristo, terá a ver com o facto de um dos clubes da cidade, o Club Desportivo Portalegrense (sucessor do GDP, e o outro é o Sport Clube Estrela) equipar de azul, e em tempos passados terem existido excelentes relações entre Direcções, e também ex-futebolistas de Belém, como o guarda-redes Figueiredo e o defesa-central Fernando Catinana, terem servido com Honra e Glória o Bi-Campeão da III Divisão Nacional nas épocas de 1975/76 e 1987/88, o Grupo Desportivo Portalegrense!
Mário Casa Nova Martins

Feira de Velharias

No último sábado do mês, decorre no Mercado Municipal a chamada “Feira de Velharias”. Há muito que deixámos de a visitar, dada a ausência de livros, ou qualquer outro objecto de interesse. Por mero acaso, hoje fomos, e encontrámos uma obra que há muito procurávamos, uma biografia de Guilherme II, “O Kaiser Guilherme II” (Ilustrado com 20 gravuras fora do Texto), de 1934.
A edição original, em alemão, é “Wilhelm der Zweit”, datada de 1926.
A História oficial não é favorável ao último Kaiser, culpando-o, inclusive, de responsável pela Guerra Civil Europeia, entre 1914 e 1945.
Emil Ludwig [pseudónimo de Emil Cohn (25 de Janeiro de 1881 - 17 de Setembro de 1948)], autor de, entre outros, “Mussolinis Gesprache mit Emil Ludwig” (Berlim, 1932, 231pp), divide o livro em três partes, “Vocação”, “Poder” e “Desforra”.
Veremos que surpresas nos reservará a leitura. [mj]

sexta-feira, setembro 29, 2006

O Regresso do Rei

Página da TIME
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Capa da primeira edição portuguesa de The Hobbit
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Noticia a TIME desta semana a edição de uma nova parte da obra de J.R.R. Tolkien, a sair na próxima primavera.
Diz a revista que o filho do Autor, Christopher, planeia editor o conto "Children of Hurin", na íntegra, porque até agora só foram publicados fragmentos.
Segundo a TIME, «This version, however, is a definitive, coherent text». Acrescenta que Christopher Tolkien «spent the last 30 years collecting and synthesizing the fragments and binding them into a seamless narrative, one that will make Hurin accessible both to causal readers and to those who speak Elvish in their sleep». (TIME, OCTOBER 2, 2006 – pg. 57)
Na
Amazon é possível a 'pre-order', o que já fizemos.
Mário Casa Nova Martins
Product details
Hardcover: 320 pages
Publisher: HarperCollins (16 April 2007)
Language English
ISBN: 0007246226
Children of Hurin, The (Hardcover) by J.R.R. Tolkien, Christopher Tolkien (Editor), Alan Lee (Illustrator)
Our Price: £18.99

quinta-feira, setembro 28, 2006

Crónica de Nenhures

Tempo de Renascer
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Amanheceu chuvoso e triste este 28 de Setembro de 2006. Simbolicamente, assim teria que acontecer. Passam hoje tinta e dois anos sobre o denominado “28 de Setembro”, dia nefasto para a Direita Portuguesa.
Tiveram lugar, naquele horribili dictu de 1974, acontecimentos cuja influência perdura até hoje, e que se traduziram na decapitação dos Partidos de Direita, surgidos após o golpe pretoriano de 25 de Abril desse ano.
Tudo começara com a incapacidade política de António de Spínola e a hipocrisia do seu «amigo» Francisco da Costa Gomes.
Inábil, Spínola não conseguia controlar a situação política pós-abrilina. Em desespero de causa, en tour de force, tenta a realização de uma manifestação de apoio, mobilizando o que denominava de «maioria silenciosa».
Entretanto, a esquerda antidemocrática liderada pelo PCP e seus apêndices (realce para o papel do MDP/CDE neste famigerado processo), junto com a ala esquerdista do MFA, cerra fileiras para impedir a dita manifestação. Vão para a rua, constroem barricadas, assaltam e destroem as sedes dos Partido de Direita que apoiavam Spínola, fomentam o caos, intimidam e agridem, em suma, criam um clima de pré-insurreição que leva Spínola, fraco e incapaz de resistir, a capitular.
No rescaldo da quartelada esquerdoide, os então principais Partidos de Direita, coligados na Frente Democrática Unida, liderada pelo Partido do Progresso – Movimento Federalista Português de Fernando Pacheco de Amorim, junto com o Partido Liberal de Manuel Ferreira dos Anjos, e o Partido Trabalhista Democrático Português de Fernando Correia Ribeiro, são proibidos, restando nesta área política o PDC e o CDS, que, principalmente o segundo, não se assumia como tal, vade retro, Satana!
Desde então, a Direita numa mais conseguiu recuperar das sevícias impostas. Mais tarde, em 11 de Março do ano seguinte, novo golpe sofreria, com o impedimento do PDC concorrer às eleições constituintes de 25 de Abril de 1975, ele que era o Partido mais importante da Direita, à época.
Ficou o CDS e o então PPD. No Partido do então Largo do Caldas, recusando definir-se de Direita, acolheu-se parte da Direita. O Partido de Sá Carneiro, onde se acoitava a maioria do aparelho caetanista, absorveu outra parte. A restante manteve-se fora deste jogo partidário, enveredando por novos Futuros.
Nesta Terceira República, a Direita tem sido usada e abusada em termos eleitorais, por gente e Partidos, que de seguida a renegam e desprezam.
Triste sina a da Direita neste Portugal, cujo drama começou precisamente naquela fatídica madrugada de princípios de Outono. Tudo pela fraqueza de uns, cobardia de outros e oportunismo de muitos.
MM

quarta-feira, setembro 27, 2006

Consciências

No passado 22 de Setembro formulámos a pergunta:
- Teriam os responsáveis do Teatro Nacional de São João, ou de um outro Teatro Nacional, coragem cultural para levarem à cena “La Reine morte”, de Henry de Montherlant?
Com ela queríamos colocar a situação no plano ideológico, que se traduzia pelo facto de estar em cena uma peça de teatro de cariz racista, “Os Negros” de Jean Genet, e ser Henry de Montherlant um escritor de direita
Sabendo-se que há racismo “bom” e racismo “mau”, o primeiro de qualquer raça contra a raça branca, o segundo da raça branca para com uma outra qualquer, a situação do Teatro Nacional de São João configura uma violação da Constituição da República Portuguesa, Artigo 13.º/2.
Por outro lado, é o próprio Estado que financia um espectáculo racista.
As “boas consciências” continuam a dormir descansadas.
Será que o TIR as irá acordar? [mj]

terça-feira, setembro 26, 2006

Aventuras de Tim-Tim e Rom-Rom

Chegou-nos um curioso caderno encadernado à mão, onde na capa é apresentada uma aventura de Tintin e Milou.
Lá dentro está a aventura incompleta, que, cotejada com a original, é cerca de quarenta por cento.
Refere-se a “Le Sceptre d’Ottokar”, e, embora não se conheça a data de publicação, é identificada como sendo publicada pelo «Diabrete», porventura, a primeira vez que tal acontece.
A duas cores e sem o título da aventura, a par da curiosidade de Tintin ‘ser’ Tim-Tim e de se conhecer a sua idade, e Milou ser tratado por Rom-Rom, está a apresentação, que transcrevemos:
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AVENTURAS DE TIM-TIM E ROM-ROM
Tim-Tim, o famoso jornalista de treze anos, a cujo espírito observador e audacioso se deve a descoberta de vários mistérios, entra para o serviço do «Diabrete». Uma manhã destas subia ele a Avenida, na companhia do inseparável e astuto Rom-Rom…
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Certamente que este é um documento importante para a história destas personagens em Portugal. Quem poderá acrescentar mais elementos a esta ‘história’? [mj]
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Hergé em discurso directo

A obra de Georges Remi responde pela aceitação que desde a sua origem tem tido, daí, não nos alongarmos em comentários.
Apenas, queremos referir o livro de Numa Sadoul, “Tintin et Moi – Entretiens avec Hergé”, e reproduzir a parte de uma das conservas, que se relaciona com “Le Sceptre d’Ottokar”.

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- Le Sceptre d’Ottokar?...
- C’est un ami qui m’a donné l’idée de cette histoire. Elle raconte un Anschluss avorté, au grand dépit du malfaisant Müsstler. On y trouve aussi, avec la dualité des jumeaux Halambique, le thème des frères ennemis. Et c’est encore la naissance du colonel Boris Jorgens, aide de camp du roi de Syldavie.

- Un homme d’envergure, ce Jorgen.
- Indéniablement. Et paix à son âme, puisqu’il a disparu dans l’espace !... On a reproché à Tintin d’avoir, dans Le Sceptre, joué au défenseur du Trône et de l’Autel, d’être touhours du côté du manche !

- Ce qui est assez vrai, non ?
- Dans se cas-là, oui. Mais aurait-il été préférable qu’il se mette du côté des États totalitaires ?... c’était un peu un conte de fées que je racontais là : un brave petit peuple qui vivait heureux et qui aurait cessé de l’être s’il était tombé sous la coupe d’un Müsstler…

- La Castafiore commence ici à se manifester.
- Ah! oui, elle s’annonce !... Mais elle ne fait que passer. J’étais loin d’imaginer, alors, qu’elle prendrait tant d’importance par suite. Sa carrière s’est bien affirmé, depuis lors !... Durant la publication du Sceptre dans Le Petit Vingtième, le petit jeu-enquête s’est poursuivi avec lecteurs : il fallait découvrir comment le sceptre avait pu être volé. J’avais déjà mis au point mon système de vol – l’appareil photographique truqué – mais, suivant les réponses des lecteurs, je pouvais à loisir infléchir mon histoire dans une direction nouvelle. Il m´était d’autant plus facile de dérouter le public que je n’avais pas de scénario bien arrêté mais un simple fil conducteur.
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ON A RETROUVÉ LE SCEPTRE D’OTTOKAR !
Le sceptre d’Ottokar existe, et Hergé ne le savait pas. En 1976, des travaux de restauration entrepris dans la cathédrale Saint-Vitus, au château de Prague, ont permis la mise au jour des attributs royaux d’Ottokar II, roi de Bohême (1230-1278) et membre de la dynastie des Premyslides. Le sceptre se trouvait parmi ces attributs : un trésor vieux de cinq siècles…
.............
(páginas 180 e 181)
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segunda-feira, setembro 25, 2006

Mais Céline

Vale mais tarde que nunca. Este fim-de-semana, Louis-Ferdinand Céline agitou, no melhor sentido, os lugares da blogosfera que frequentamos.
Só hoje demos conta da referência ao caso no ‘
Horizonte’. Nele, tão importante como os dois posts, estão os comentários de verdadeiros Celinianos, a começar por FSantos, o seu Blogger. [mj]

João XXI e A Divina Comédia

Durante degli Alighieri
(Maio ou Junho de 1265 - 13 ou 14 de Setembro de 1321)
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(Dante no exílio, autor desconhecido)
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(A Divina Comédia)

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O Papa português João XXI, Pedro Julião ou Pedro Hispano, foi celebrado por Dante na sua obra maior, “A Divina Comédia”.
Como escrevemos no passado dia 20 de Setembro, data que celebrava os 730 anos da sua entronização, era tido como homem de grande saber em matérias tão diversas como a medicina, a filosofia e a teologia.
A referência na obra encontra-se no Canto XII, do Paraíso, local onde Dante coloca Pedro Hispano, como nele o denomina.
Do segundo volume de “A Divina Comédia”, página 204, numa Edição dos Amigos do Livro, na colecção Grandes Clássicos da Literatura Mundial, s/d, e com tradução do Prof. Marques Braga transcrevemos:

§

O Paraíso

.............

Canto XII

.............

01 Eu admito que quem examinasse, folha a folha,
02 o nosso volume, ainda encontraria uma página,
03 onde se leria: - “Eu sou o que sempre fui”;

04 mas não é de Casal, nem de Acquasparta,
05 que vieram tais servidores à Regra da Ordem,
06 que um a ilude e o outro a restringe.

07 Eu sou a alma de Boaventura e Bagnoregio,
08 que, no exercício dos mais altos ofícios eclesiásticos,
09 propôs sempre as coisas mundanas às espirituais.

10 Aqui estão Iluminato e Agostinho,
11 que foram dos primeiros descalços pobres,
12 que humilde cordão franciscano tornou amigos de Deus.

13 Vêm em seguida Hugo de S. Vítor
14 e Pedro Mangiadore e Pedro Hispano,
15 cujo espírito, na Terra, brilha nos seus doze livros:

16 o profeta Natan, e o metropolitano
17 Crisóstomo, e Anselmo, e o famoso Donato,
18 que, à primeira arte, se dignou pôr mão.

19 Rabano também aqui está, a ao meu lado brilha
20 o calabrês Abade Jacinto,
21 dotado de espírito profético.

22 A celebrar um tão grande paladino, eu, Boaventura,
23 fui levado pela inflamada cortesia de S. Tomás,
24 que fez o elogio de S. Francisco;

25 e moveu comigo esta companhia
26 de bem aventurados.
»

Fim do Canto XII

............

MM

domingo, setembro 24, 2006

Sobre Céline

Céline é homenageado por Manuel Azinhal. Fá-lo da melhor maneira, mostrando a obra publicada em português, referindo que «abre-se uma excepção (este lugar é normalmente parco em bonecada)».
Este trabalho de Alain de Benoist, publicado pela Hugin é fundamental para conhecer Céline.
A recepção da sua obra na Alemanha, não foi, ao contrário do que se poderia pensar, positiva, daí, e por aqui nos ficamos, o conselho para a sua leitura. [mj]

sábado, setembro 23, 2006

A última entrevista de Louis-Ferdinand Céline

Desde as 04:03:00 PM de hoje que está no Dragoscópio, disponível para toda a Comunidade Blogosférica, «A Derradeira Estação – A última entrevista de Céline»!
César Augusto Dragão prometera, e cumpriu. [mj]

Olivença é Portugal

Território português de Olivença usurpado, em 1801, pela Espanha
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O Primeiro Caderno do “Expresso” de hoje traz na página 37 a seguinte notícia, acompanhada de fotografia alusiva:

Encontro a três por Gibraltar
HISTÓRICO Pela primeira vez, Espanha sentou-se à mesa com as autoridades de Gibraltar, reconhecendo-lhes um lugar nas negociações sobre o território. Em boa hora o fez. Acompanhados pela representação britânica, firmaram um acordo para a utilização conjunta do aeroporto.

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Para quando o Estado português terá a coragem política de abrir com Espanha o Dossier sobre Olivença? [mj]

Recordar António Lopes Ribeiro



















Capa & Contracapa
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Tudo começou lá no Horizonte, deteve-se n’ A Torre de Ramires, seguiu para O Sexo dos Anjos, e chegou, por fim, à Aliança Nacional.
Dito de outra forma, FSantos edita um post na passada quinta-feira dia 21 intitulado
«Os documentários de António Lopes Ribeiro».
Mendo Ramires sintetiza, referindo o trabalho daquele «no Cinema» e «na Arquitectura» de Lisboa divulgada através do documentário, e titula que o Autor representa a «Direita (que) dura».
Reconhecendo oportunidade e rigor, Manuel Azinhal, no segundo ponto de «Breves e Leves», acrescenta mais-valia ao trabalho de FSantos.
E, com uma prosa queiroziana, António da Cruz Rodrigues, pegando nas palavras de Manuel Azinhal, ontem, faz o In Memoriam., com o título «António Lopes Ribeiro - O “grande esquecido”».
Em primeiro lugar, recorda-se a carreira no cinema de António Lopes Ribeiro, como realizador de filmes e documentários. Em segundo lugar, numa frase homenageia-se António Lopes Ribeiro. Em terceiro lugar, é o testemunho de quem conheceu e conviveu com aquele que apelida de «o "senhor cinema português"», e afirma que ele «era uma personalidade extraordinária». Termina-se com o elogio formal e sentido, escrevendo-se que António Lopes Ribeiro «era um sublime artista plástico da palavra e do pensamento», para se acrescentar que «espalhava talento às mãos cheias por tudo em que tocava, sem preocupação nenhuma de guardar ou poupar para si e para a sua obra, tal era a superabundância de recursos da sua inesquecível personalidade».
*
Que acrescentar a tão fortes contributos?
Apenas que a Cinemateca Portuguesa em 1983 editou um Catálogo em honra de António Lopes Ribeiro.
Nele, na Introdução, a finalizar, José de Matos-Cruz escreve:
_ Para nós, fica o respeito pela obra e a estima pelo homem que, durante décadas, desempenhou um papel fundamental na aventura do cinema português – a cuja revisita e salvaguarda estamos devotados.
Maior destaque para a autobiografia de António Lopes Ribeiro, que intitula «Um Filme em Episódios», com subtítulo «Tentativa de um esboço autobiográfico», num total de 10 episódios (pg. 15 a 68).
O capítulo termina com este poema de António Lopes Ribeiro (pg. 69):
§
As ilusões antigas que embalaram
Quarenta anos da vida que vivi,
Como a Fénix lendária, remoçaram
No preciso momento em que as perdi.

Morrem?... Renascem; não me desamparam.
Como viver, ó Ilusão, sem ti,
Se aquelas que eu amei também amaram
As ilusões que eu próprio construí?

Vivendo de ilusões nunca me iludo,
Pois sem elas a vida é um Entrudo,
Carnaval de mentiras e traições.

Quando uma ilusão morre às mãos do tédio,
Só se conhece um único remédio:
Ir à procura doutras ilusões.


António Lopes Ribeiro
§
MM

sexta-feira, setembro 22, 2006

Teatro











Lembrou ontem O Misantropo Enjaulado, o suicídio de Henry de Montherlant, ocorrido em 21 de Setembro de 1972.
Formulamos a pergunta:
- Teriam os responsáveis do Teatro Nacional de São João, ou de um outro Teatro Nacional, coragem cultural para levarem à cena “La Reine morte”, de Henry de Montherlant?
Recorde-se que a “Cidadela” levou à cena esta peça teatral no Teatro Gil Vicente, em Coimbra. [mj]

Crónica de Nenhures

Subsidiodependência cultural
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É possível a cultura passar sem depender de subsídios? Esta é uma pergunta, à qual não conseguimos dar uma resposta definitiva.
No passado mês de Julho, levantou-se uma polémica em torno do Teatro Rivoli e do Teatro do Campo Alegre, ambos portuenses e municipais, que tinha a ver com a proposta da Câmara Municipal daquela cidade em privatizar aqueles espaços culturais.
As ditas forças cívicas e culturas da cidade saíram a terreiro, vociferar contra a ideia, defendendo que a autarquia tinha a obrigação de continuar a subsidiar aquelas estruturas.
Contrapôs o edil, dizendo que o esforço financeiro era excessivo, em relação ao número de utentes que os usufruíam.
Portanto, a questão não era de subsidiar ou não subsidiar, mas sim uma relação de custos e benefícios.
Agora, na mesma cidade, mas no Teatro Nacional de São João, está em cena a peça de Jean Genet, “Os Negros”. O seu conteúdo é de cariz racista, assumido, aliás, pelo próprio autor.
Sem querer trazer à liça a Constituição da República Portuguesa, e o artigo ou parágrafos que proíbem tais manifestações, somente pretendemos questionar se o Estado deve ou não subsidiar este tipo de espectáculo, visto ele ter lugar num teatro nacional.
Uma vez mais, não temos uma resposta conclusiva. Contudo, não deixaríamos de dizer que a resposta será dada pelo número de espectadores presentes ao longo da exibição.
Agora, no caso concreto, a entidade que tutela este Teatro Nacional tem que ser responsabilizada pela decisão na escolha do reportório da temporada, e dar conta disso a quem de direito. Mas, estamos em Portugal!
Em termos culturais, o país vive numa verdadeira ditadura de esquerda, que se traduz na mais feroz censura a tudo o que escape às normas que ela própria instituiu, com a conivência de todos os governos da Terceira República. E a comunicação social é outra cúmplice desta situação absurda.
O Estado central e as Autarquias, vivem tementes do que os agentes culturais ligados à ditadura reinante possam dizer ou fazer, se lhes é cortado o subsídio. Esse medo permite a chantagem, o círculo fecha-se, e a subsidiodependência campeia despudoradamente!
MM

quinta-feira, setembro 21, 2006

Alma Pátria - Pátria Alma

Ao Vitor Ramalho

O VERDADEIRO PATRIOTISMO
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O verdadeiro patriotismo não é o amor dos negócios rendosos que no seio da pátria podem dar a riqueza e a independência; não é a interessada gratidão pelas honrarias que dentro dela se podem granjear; não é também o embevecido êxtase, ingénuo e fútil, diante da beleza das suas paisagens, do esplendor do seu céu, da uberdade do seu solo. É, sim, um amor elevado e austero, que reconhece os defeitos da pátria, não para amaldiçoá-los ou para se rir deles, mas sara perdoá-los, estudá-los, corrigi-los; é um amor que se enraíza mais no meio moral do que no meio físico, e vai procurar a sua seiva nutritiva no âmago longínquo do passado, no sacrossanto húmus das origens da raça, da língua, da história, e no padecimento obscuro, apagado, anónimo das gerações que antes da nossa viveram, suaram e penaram na terra que servimos e adoramos!
OLAVO BILAC (brasileiro)
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Com este Texto, abre o Livro da disciplina de Português, do então 3.º Ano do Liceu.
“Alma Pátria - Pátria Alma” é da autoria de Domingos Romão Pechincha e José Nunes de Figueiredo, então Professores-metodólogos do Liceu Normal de Coimbra. É editado pela Porto Editora, L.da. Em ‘Nota’, na página 6, está a data, Porto, 20-5-1965.
[mj]

quarta-feira, setembro 20, 2006

A natureza da tolerância no Islão

A primeira sura do Alcorão, intitulada Al-Fatiha ("A Abertura")
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Os actos de violência que os muçulmanos têm cometido na Europa e nos Estados Unidos, são geralmente atribuídos a uma minoria "fundamentalista", mas na verdade todo o Islão se fundamenta em princípios de intolerância e beligerância, especialmente contra o mundo Cristão ocidental. Conheça alguns pormenores bem esclarecedores...
Roberto de Mattei
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Nas terras conquistadas pelo Islão, a opção deixada aos vencidos é a conversão ou a morte. Para os adeptos da religião dos "Livros Santos", cristãos e hebreus, mas também sabeítas e zoroastristas, definidos como "gente do Livro" (ahl el-Kitab) ou "gente do Pacto" (ahl el-dhimma), está previsto um estatuto privilegiado desde que aceitem submeter-se ao Islão. Tal estatuto jurídico de inferioridade, chamado dhimma, é simbolizado pelo pagamento de uma taxa pessoal que indica o reconhecimento público da subordinação ao Islão.
O pacto de Omar, primeiro sucessor do profeta, introduziu o distintivo para os protegidos: castanho para os madeístas, azul para os cristãos, amarelo para os hebreus e, confinando os dhimmos em bairros especiais, antecipa assim o aparecimento da prática dos guetos.
Os dhimmos, desde que aceitem submeter-se ao Islão, são integrados na comunidade islâmica, mas na condição de uma pesada sujeição jurídica. São excluídos dos cargos públicos e obrigados a cumprir os imperativos sociais da charia; o proselitismo religioso é punido com a pena de morte, mas os dhimmos devem aceitar o proselitismo dos muçulmanos, mesmo nas suas igrejas ou sinagogas. Por outro lado, os dhimmos não podem construir edifícios mais altos do que os dos muçulmanos, devem proceder aos funerais dos seus mortos em segredo, sem prantos nem lamentos; é-lhes vedado tocar sinos, expor qualquer objecto de culto e proclamar, diante de um muçulmano, as crenças cristãs. Um muçulmano pode casar-se com uma mulher dhimma, mas um dhimmo não pode casar-se com uma muçulmana; a criança nascida de um casamento misto é sempre muçulmana. A sanção que pune os muçulmanos culpados de delitos é atenuada se a vítima for um dhimmo. Os não-muçulmanos nunca podem ser testemunhas contra muçulmanos, sendo o seu juramento inaceitável. Tal rejeição funda-se, segundo os hadith, sobre a natureza perversa e mentirosa dos "infiéis" que insistem deliberadamente em negar a superioridade do Islão. Pela mesma razão, um muçulmano, mesmo que seja culpado, não pode ser condenado à morte, se for acusado por um infiel. Pelo contrário, aconteceu diversas vezes que houve dhimmos condenados à morte no lugar de muçulmanos culpados.
A rejeição das testemunhas dhimmas é particularmente grave quando elas, caso não raro, são acusadas de ter "blasfemado" contra Maomé, delito punido com a pena de morte. Os dhimmos, incapacitados de refutar em juízo as acusações dos muçulmanos, encontram-se, muitas vezes constrangidos a aceitar o Islão, para conseguirem salvar a vida.
O pagamento do tributo a que estão sujeitos os dhimmos, chamado kharadj, é justificado pelo princípio segundo o qual a terra subtraída pelo Islão aos "infiéis" é considerada como pertencente, por direito, à comunidade muçulmana. Por força deste princípio, qualquer proprietário é reduzido à condição de um tributário que detém a sua terra na qualidade de mero usufrutuário por concessão da umma. A taxa vem carregada de um simbolismo sagrado e bélico: é o direito inalienável atribuído por Alá aos vencedores sobre o solo inimigo. Além da kharadj, os dhimmos são obrigados a pagar outro imposto, a djizya, que lhes é imposta no decurso de uma cerimónia humilhante: enquanto paga, o dhimmo é golpeado na cabeça ou na nuca.
É esta a natureza da tolerância no Islão.

_Fonte: Roberto de Mattei, "Guerra Justa, Guerra Santa - Ensaio sobre as Cruzadas, a Jihad islâmica e a tolerância moderna ", Livraria Civilização Editora, Porto, 2002, Capítulo II, págs. 65-68. Transcrição autorizada pelo Autor.
Roberto de Mattei é Professor Catedrático de História Moderna na Universidade de Cassino, Itália.
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Este texto foi-nos enviado via mail (entaoeassim@oninet.pt), com link para Arautos d’El Rei.
Pela sua oportunidade, transcrevemo-lo.
Mário

Nos 730 anos da coroação do Papa português

Passam hoje, 20 de Setembro, os setecentos e trinta anos da coroação do único Papa português.
Sobre João XXI, nota para a Dissertação de Doutoramento em Filosofia, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, por J. M. da Cruz Pontes, intitulada «Pedro Hispano Portugalense e as controvérsias doutrinais do século XIII - A Origem da Alma» (1964), Instituto de Estudos Filosóficos.
Também, de Karl Sudhoff, «Pedro Hispano ou, melhor, Pedro Lusitano, professor de medicina e filosofia e, finalmente, Papa João XXI.» (1935), Publicações do Instituto Alemão da Universidade de Coimbra. [mj]

Nos 730 anos da coroação do Papa português










João XXI
(1215 - 20 de Maio de 1277)
*
João XXI, nascido Pedro Julião, mais conhecido como Pedro Hispano, foi papa entre 20 de Setembro de 1276 ate a data da sua morte, tendo sido também um famoso médico, professor e matemático português do Século XIII.
Pedro Julião nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Julião, no ano de 1215, filho do médico Julião Rebelo (pessoa nobre e de conhecida família, como mostra o apelido já por aqueles tempos ilustre, e se vê no Nobiliário do conde D. Pedro título 68, e de que trata em particular no título 42) e de Teresa Gil.
Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde entrado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) onde estudou medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialéctica, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles.
Entre 1245 e 1250 ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca as Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias. Referência, também, ao tratado Thesaurus pauperum, muitas vezes impresso e traduzido em várias línguas, e outro intitulado De tuenda valetudine, que se não imprimiu, e dedicou em Paris à rainha D. Branca, filha de Afonso IX, de Castela, e mulher de Luís VIII, de França.
Segundo Jorge Cardoso, no tom. III do Agiologio Lusitano, Pedro Julião estudou na Universidade de Paris, mas D. Rodrigo da Cunha diz que foi na de Montpellier. Seguiu o estudo eclesiástico pela fama dos seus merecimentos, e sem que ele o solicitasse, D. Afonso III lhe deu o priorado da igreja de Santo André, de Mafra, a 20 de Julho de 1263, e depois o fez cónego e deão da sé de Lisboa, tesoureiro-mor na do Porto; arcediago de Vermoim, que era a quinta dignidade na de Braga, e D. Prior na colegiada real de Guimarães. Vagando o arcebispado de Braga por morte do arcebispo D. Martinho Geraldes, foi promovido em 1272. No fim do ano seguinte passou a Leão, de França, sendo mandado ao concílio geral, que então se havia publicado para o ano de 1274; nesse concílio o papa Gregório X criou-o cardeal, bispo Fusculano, dito vulgarmente Frascati, que era um dos sete principais cardinalados, em domingo do Espírito Santo do mesmo ano de 1274, conservando-se ainda no arcebispado de Braga até Julho ou Agosto, em que então foi nomeado para lhe suceder D. Sancho, que assistia ao mesmo concilio.
Por morte de Adriano V, que falecera em Viterbo no mês de Agosto de 1276 antes de ser sagrado, ficou Pedro Julião eleito papa no conclave dos cardeais a 13 de Setembro com universal aprovação, e foi coroado no seguinte dia 20 tomando o nome de João. O novo papa revogou a constituição do conclave, feita no concilio de Leão por Gregório X, por bula datada de Viterbo; determinou por outra bula, que todos, que haviam feito violência aos cardeais na sua eleição, comparecessem perante um tribunal de justiça, que de novo criara, e mandou publicar censuras eclesiásticas contra os que faltassem à justiça deste tribunal. A 7 de Outubro do mesmo ano de 1276 mandou-lhe Carlos, rei de Sicília, prestar homenagem pelo seu reino, com as mesmas condições da investidura, que lhe dera Clemente IV, tanto pela ordem da sucessão, como pela incompatibilidade com o império. João XXI provia sempre nos benefícios os que mais se distinguiam por virtudes e letras, que ele tanto amava, que sustentava com abundantes pensões todos os moços aplicados em que reconhecia talento e davam esperanças de aproveitar no estado eclesiástico. Contava pouco mais de oito meses de pontificado, quando foi vitima dum desastre, em Viterbo, onde então residia a corte. Entrando só para ver um quarto do palácio, que mandara ali edificar, e fora acabado recentemente, o edifício desabou, deixando-o tão mal ferido, que faleceu seis dias depois. Ficou sepultado na igreja catedral de S. Lourenço, em monumento de pórfiro.

terça-feira, setembro 19, 2006

Ahmadinejad e o Holocausto

TIME: You have been quoted as saying Israel should be wiped off the map. Was that merely rhetoric, or do you mean it?
AHMADINEJAD: People in the world are free to think the way they wish. We do not insist they should change their views. Our position toward the Palestinian question is clear: we say that a nation has been displaced from its own land. Palestinian people are killed in their own lands, by those who are not original inhabitants, and they have come from far areas of the world and have occupied those homes. Our suggestion is that the 5 million Palestinian refugees come back to their homes, and then the entire people on those lands hold a referendum and choose their own system of government. This is a democratic and popular way. Do you have any other suggestions?

TIME: Do you believe the Jewish people have a right to their own state?
AHMADINEJAD: We do not oppose it. In any country in which the people are ready to vote for the Jews to come to power, it is up to them. In our country, the Jews are living and they are represented in our Parliament.
But Zionists are different from Jews.

TIME: Have you considered that Iranian Jews are hurt by your comments denying that 6 million Jews were killed in the Holocaust?
AHMADINEJAD: As to the Holocaust, I just raised a few questions. And I didn’t receive any answers to my questions. I said that during World War II, around 60 million were killed. All were human beings and had their own dignities.
Why only 6 million?
And if it had happened, then it is a historical event. Then why do they not allow independent research?

TIME: But massive research has been done.
AHMADINEJAD: They put in prison those who try to do research. About historical events everybody should be free to conduct research. Let’s assume that it has taken place. Where did it take place? So what is the fault of the Palestinian people? These questions are quite clear. We are waiting for answers.
*
Excerto da entrevista do Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, à revista TIME, “September, 25, 2006”, pg. 25, realizada em Havana, Cuba, por Scott MacLeod.
Além desta entrevista, a TIME tem um trabalho intitulado "Nuclear Targets" (páginas 30 a 32) onde estão referenciados num mapa os locais identificados como relacionados com a produção nuclear iraniana, e, deveras importante, o local onde estão estacionadas forças militares dos EUA, que poderão desencadear uma eventual agressão militar contra o Irão. [mj]

António de Navarro

XIII
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A luz do farol do Sítio
É dos olhos de cada mulher…
Às vezes é uma praga
Sempre que a luz se apaga.

Foi a sua boca irreflectida
Que a atirou àquele seio
Que lhe guarde a morte e a vida!
A luz do farol do Sítio
Ofende à vossa estrela o signo
Pois é ele, eu sei, que vos guia…
E ele é da vossa estirpe,
Sois vós que lhe dais galhardia.

Ficai serenas, eu, o poeta que o entende,
Sei que desprezais o farol do Sítio,
E a luz que vos alumia
É a vossa voz a cantar
Na quilha do barco que o desafia,
Serenamente, naturalmente,
Discretamente, mas com ousadia:
Um brasão conquistado ao perigo
- Só com a própria audácia,
A juntar as tábuas de um barco,
Mais frágeis do que a vida.

in, Poema do Mar, António de Navarro, pg. 27/28

Do Alfarrabista

Chegou-nos do último catálogo da Livraria Alfarrabista Varadero, Porto, um livro de poesia de António de Navarro.
António de Albuquerque Labatt de Soutomaior Navarro de Andrade Navarro é um poeta português que nasceu em Vilar Seco, Nelas, em 1902, e faleceu em Lisboa em 1980.
Segundo Eugénio Lisboa, na Biblos, é um dos mais assíduos colaboradores da revista Presença, onde colaborou no primeiro número com o poema “O Braço do Arlequim”. O seu primeiro livro “Poemas de África” sai em 1941.
António de Navarro publica “Poema do Mar” em 1957. Sobre ele, escreve Martim de Gouveia e Sousa no seu ensaio «António Navarro: Desarqueologia & Cânone Literário», na Ave Azul 7-9:
-Poema Do Mar (1957) contém interessantíssimos ambientes poéticos, nomeadamente os habituais momentos de tonalidade marinha, que convocam os arcanos da própria poesia. Não obstante, confesse-se, nem sempre o voo é altaneiro, avultando alguma vulgaridades e imensíssimas gralhas, que, não embotando a qualidade poética, obscurecem o interessante influxo da acedia que muitas vezes, exuberante e eficazmente, reganha indenegável centralidade.
Mário

segunda-feira, setembro 18, 2006

Soljénitsyne, a Rússia e os Judeus

















O Dragoscópio, blog assinado por César Augusto Dragão, colocou em 14 de Setembro passado um post intitulado “O Tabu Excelentíssimo”, onde escreve:
- «Parece que Solzhenitsyn se atirou ao último Tabu da Revolução Soviética.
Adivinhem qual.
Apenas adianto que já está debaixo de bombardeamento intensivo. O escritor, entenda-se. Já que o Tabu, no seu altar e redoma, está sempre muito bem protegido.»
*
Nele, está uma hiperligação para o jornal Guardian, que elucida sobre o dito Tabu.
A obra referida, do escritor Alexandre Soljénitsyne, está traduzida em francês, em dois volumes.
São eles, «Deux siècles ensemble, 1795-1995, tome 1: Juifs et Russes avant la révolution» e «Deux siècles ensemble, 1917-1972, tome 2: Juifs et Russes pendant la période soviétique».
César Augusto Dragão refere-se ao segundo volume, mas toda a obra é de leitura indispensável para se conhecer a História daquele período entre os séculos XVIII e XX.
*
Este tema relacionado com a Rússia, antes, durante e depois do período soviético, pode ser enriquecido com o Editorial da revista “Portugueses” n.º 17, de Abril de 1991.
Da autoria do director, Mendo Castro Henriques, com o tempo não perdeu oportunidade. Recordamo-lo no post abaixo. [mj]

Revista 'Portugueses' - Editorial

Gorbachev e o doutor Jivago
*
Nas grandes questões que hoje agitam o mundo, é preferível começar por escutar a voz de protagonistas grandiosos da história sem nos deixarmos enredar demasiado nas intermináveis informações com que a comunicação social nos brinda. Repare-se, por exemplo no que todos os dias ocorre na Rússia.
Afirmava Napoleão em 1802, com a sua demagógica tendência para simplificar as ideias, que apenas existiam duas nações no mundo: a Rússia e o Ocidente. O imperador via claramente que a escala geopolítica de ambos os conjuntos era idêntica. Restava acrescentar a América do Norte, como previu o seu compatriota Alexis de Tocqueville em 1852, para visionar os grandes poderes do mundo contemporâneo.
Um ponto da afirmação anterior passa habitualmente despercebido: a Rússia jamais constituiu uma nação no sentido ocidental. Foi sempre uma área de civilização, dominada pelo povo grão-Russo e mantida como sociedade política através de processos, ideias e instituições, que copiam o Império Bizantino e que a tornaram na Terceira Roma.
Após a queda de Bizâncio, conquistada pêlos turcos, a ideia de Moscovo como novo império ortodoxo e Terceira Roma, ganhou peso nos círculos eclesiásticos russos. Numa carta famosa, o monge Filofei de Pskov escreveu que «segundo os livros proféticos, todos os impérios cristãos têm um fim e convergirão para um único império, o do nosso gossudar (suzerano), isto é, o Império da Rússia».
Esta visão foi depois institucionalizada, em primeiro lugar por Ivan IV, o Terrível da dinastia Rurik, coroado em 1547 como Czar dos Ortodoxos. Em 1589 o patriarca de Constantinopla instituiu o primeiro Patriarca autónomo de Moscovo, reconhecendo oficialmente a Terceira Roma. Por sinal, o Credo ortodoxo apenas refere que o Espírito Santo é «consubstanciai ao Pai». Exclui a fórmula «e ao Filho» presente no Credo de Niceia. Este ponto muito especioso da exclusão do filioque sempre foi apresentado como uma prova do escasso individualismo do povo russo, e por consequência do seu comunitarismo predominante.
Este período de cristalização da sociedade russa imperial coincidiu com a consolidação das Nações-estado ocidentais, que se tinham a pouco e pouco emancipado do moribundo Império Romano-Germânico. Em 1576, o Imperador Maximiliano IV ofereceu a Ivan o Terrível, a coroa imperial do Oriente, a troco de auxílio na luta contra os turcos. Ivan IV não quis aceitar uma soberania espúria e herética; e estava ocupado em liquidar os boiardes, para os substituir por uma nova nobreza baseada na prestação de serviços, a oprichnína. Sob a direcção do czar, a Rússia desligou-se da evolução política do Ocidente.
O processo de ocidentalização iniciado nos começos do século XVIII por Pedro o Grande, da dinastia dos Romanov, e que se traduziu pitorescamente em mudar os fatos, a etiqueta, e mandar tosquiar as barbas à nobreza da Corte, não alterou muito o tecido social russo. A Nobreza e a incipiente classe média continuaram a dar corpo a uma sociedade hierática. A derrota dos revoltosos liberais de Dezembro de 1825 provou que tudo continuava a depender do czar, o que ajuda a explicar a particular devoção do povo russo pelo seu supremo representante.
Em confronto com as ideias pró-ocidentais dos zapadnicki seguiram-se as doutrinas eslavófilas e antiocidentais com que a inteiligentsia realçou a velha ideia religiosa da Terceira Roma, e a transformou na missão histórica de salvação da Humanidade. Quem lê os romances de Dostoievski poderá surpreender-se que o mesmo escritor tenha sido um dos grandes arautos deste messianismo: a Rússia deveria «libertar» o mundo, para depois criar a sociedade que reunisse todos os verdadeiros cristãos. A angústia do Raskoinikov (o cismático) de Crime e Castigo era afinal as dores do parto da «Santa Madre Rússia».
Com todos estes antecedentes, não surpreende que o proletariado russo tenha acabado por aderir, depois de esgotadas todas as soluções alternativas, ao «reino» de paz, pão, e liberdade que lhe foi prometido pêlos comunistas. O que normalmente não se refere é que os sovietes vieram interromper o processo político de ocidentalização da sociedade russa, empreendido pêlos últimos czares, e possibilitado pelas reformas económicas do Conde Witte e de Stolypin, que aproximaram a Rússia do Ocidente: por alguma razão a Rússia lutou ingloriamente pela França e Grã-Bretanha na 16 Grande Guerra. Mas quando em Ekaterinburg, os bolcheviques assassinaram o Czar e a família, estavam a pôr fim à única fonte de poder que poderia humanizar a Rússia. Como diz o doutor Jivago, «eles» queriam mostrar que não se poderia voltar atrás.
Com o triunfo de Lenine, a sociedade russa regrediu, e o povo uma vez mais se tornou servidor dos «czares vermelhos» e da sua nomenklatura. Os funcionários bolcheviques fizeram o seu trabalho e ressurgiu a oprichnína, agora baseada numa sociedade industrial. Não foi difícil a Eisenstein retratar o velho Ivan o Terrível como o modelo de que Staline era a sombra.
Neste quadro de uma evolução política com séculos.a perestroika de Gorbachev introduz novos elementos, mas não muda a figura principal. Como afirmou em 1989 Sakharov, o problema fundamental da sociedade russa é a união: um espaço imperial que poderá perder amanhã alguns territórios de fronteira, mas que não se pode dar ao luxo de se desintegrar em nações problemáticas. No recente referendo de Março, a maioria russa manifestou de forma difusa a vontade de permanência na união. Num ponto a situação de Gorbachev é semelhante à de Nicolau II; tem de reformar a conta-gotas uma sociedade onde as mentalidades já mudaram radicalmente.
No entanto, existe uma grande diferença: Nicolau II tinha atrás de si 200 anos de unificação e expansão imperial, em que as violências vinham progressivamente a diminuir; tanto diminuíram que o czar aceitou abdicar no irmão, quando podia escolher manter-se no trono. Pelo contrário, o corajoso Gorbachev transporta consigo setenta anos de violências e uma súbita contracção das fronteiras do império. Não tem outra escolha senão seguir em frente até que os adversários cedam, ou que alguém o mate.
Quanto ao doutor Jivago não tinha qualquer poder, não percebia nada de geopolítica, e nem sequer existia. Nem por isso a sua visão da paz deixa de ser a grande pergunta à qual nem a teoria nem a prática do comunismo souberam responder. Deus ajude a Santa Rússia!
Mendo Castro Henriques
PORTUGUESES - N.º 17 – Abril de 1991 - pg. 2

domingo, setembro 17, 2006

Joachim Fest, biógrafo de Adolf Hitler


Joachim Clemens Fest
(Berlim, 8/12/1926 - Kronberg im Taunus, 11/9/2006)
*
O historiador e jornalista alemão Joachim Fest, autor da biografia definitiva de Adolf Hitler, morreu aos 79 anos de idade.
Fest, que era visto como uma das maiores autoridades sobre o Nacional Socialismo, morreu na sua casa de Kronberg, perto de Frankfurt.
Visto como um conservador, Fest obteve a fama quando publicou o seu best-seller na Alemanha em 1973 como "Hitler. Eine Biografie" ("Hitler. Uma biografia"). No seu livro, Fest argumentava que as habilidades políticas e pessoais de Hitler foram o centro do sucesso de seu partido, distanciando-se dos historiadores que davam mais ênfase às circunstâncias interguerras na Alemanha quando falavam sobre a ascensão do partido nazi.
O livro de Fest "Inside Hitler's Bunker: The Last Days of the Third Reich" ("Dentro do bunker de Hitler: os últimos dias do Terceiro Reich") foi a base do filme alemão de 2004 "A queda", um retrato claustrofóbico dos últimas dias de Hitler.
Sobre outros livros de Fest, estão uma biografia lançada em 1999 do arquitecto de Hitler, Albert Speer, e um estudo da tentativa de assassinato de Hitler em 20 de Julho de 1944.
As suas memórias de infância serão publicadas brevemente, sob o título "Ich Nicht" ("Não eu").

sábado, setembro 16, 2006

PRG versus GOL

De uma leitura ligeira dos dois semanários de sábado, pouco de novo ou de novidade se encontra. Contudo, o ‘Sol’ trás uma notícia, que, claro, não se lê no ‘Expresso’.
Intitulada “Pinto Monteiro - Maçonaria complica escolha” (página 4 e assinada por Ana Paula Azevedo), a jornalista afirma: - As conversas entre Belém e S. Bento multiplicam-se. O nome do juiz Pinto Monteiro para PGR surgiu em Julho, mas uma alegada filiação maçónica pode comprometer a indigitação.
O ‘Expresso’, compreensivelmente, não fala destes temas. Mas, para o leitor comum, são sempre de leitura ‘apetecível’…
A temática sobre a Maçonaria sempre desperta interesse. A importância da Maçonaria na vida política nacional nunca foi despicienda. Hoje, esta sociedade é menos secreta que há relativamente poucos anos, mas tal facto não fez diminuir a sua influência em todos, mas todos os sectores nacionais (incluindo a igreja católica). Negá-lo, será uma infantilidade, pelo que quando se conhecem estas notícias, é sempre positivo, sabe-se lá porquê! [mj]

Fraude jornalístico-capitalista







Não se pretende discutir o aspecto ideológico da questão, isto é, do posicionamento do jornal em termos políticos, económicos e sociais. Mas, só por uma razão, o ‘Expresso’ merece ser castigado por todos os intervenientes que têm possibilitado a sua longevidade.
A inexistência de concorrência levou a que um modelo gráfico velho e fora de moda persistisse tanto tempo. E isto foi, ao longo de anos, uma falta de respeito para leitores e anunciantes.
Hoje, o ‘novo’ ‘Expresso’, surgido por força do aparecimento de um concorrente, já podia ter aparecido há muito tempo. Por isso, será castigado em termos de vendas e de publicidade.
Por outro lado, no novíssimo ‘Sol’, o arquitecto Saraiva, por ele próprio na terceira pessoa, ou por interposta pessoa, o texto não vem assinado, justifica a necessidade de concorrência para o ‘Expresso’, mas essa alternativa àquele jornal passava por criar um outro dentro do mesmo grupo económico!
Enfim, seria ‘dois em um’, para gozo financeiro do Grupo Impresa e fraude para pagadores anunciantes e consumidores leitores.
A ideia de José António Saraiva assentava que nem uma luva na lei do Monopólio. Enfim, Capitalismos.
[mj]

quinta-feira, setembro 14, 2006

Capitalismo(s)

A reunião das maiores empresas privadas do mundo vai ter como ‘companhia’ o TIR (Terra – Identidade - Resistência).
Lê-se na convocatória da manifestação: - «A escolha do local deve-se a que à mesma hora decorre nas instalações do mesmo hotel a reunião das 300 empresas mais ricas do mundo. Protestemos pois contra o capitalismo selvagem de cariz neo-liberal e a destruição que provoca nos povos e nos recursos naturais do planeta.»
O motivo para o protesto não podia estar mais explícito. E os tempos dão-lhe razão.
Desde os primórdios do Capitalismo que a exploração desenfreada dos recursos do Planeta é um facto. Aliado a ele, está a exploração do Homem, que as Encíclicas dos Papas Sociais combateram a partir do século XIX.
O século XX vê nascer dois tipos de Capitalismo, um de cariz liberal, com propriedade privada e liberdade económica, e outro de cariz totalitário, o Capitalismo de Estado, com a propriedade estatal e economia dirigida, por outras palavras, o Comunismo na sua praxis.
Diferentes na actuação, iguais nos métodos. A tragédia por que passa a Terra em termos de ambiente, resulta dos excessos do Capitalismo, principalmente do modelo Comunista, bastando lembrar os desastres ambientais encontrados nos antigos países de Leste, quase todos irrecuperáveis, e o que se passa actualmente na China. [mj]

Günter Grass e os Soviéticos

Günter Grass diz que “era jovem e no fundo estava de acordo”
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O escritor alemão afirma que das SS apenas sabia que eram as unidades melhor equipadas, e que nunca se viu envolvido em nenhum crime de guerra
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O sentimento de vergonha de Grass foi aumentando com o tempo, à medida que ia sabendo os crimes de que as SS eram responsáveis
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Após a edição da autobiografia Descascando a Cebola, em que reconhecia ter pertencido às Waffen SS, forças de elite alemãs, nos últimos meses da II Guerra Mundial, Günter Grass oscila entre o ataque dos críticos habituais, e de alguns amigos desiludidos, e o apoio dos leitores que compram o livro em grandes quantidades. Entre a necessidade de justificação e a defesa. Entre a aceitação do que fez e a necessidade de tempo para perceber por que o fez.
Ontem, o diário espanhol El País publicou uma entrevista com o escritor alemão, na sua casa isolada com vista para o mar Báltico, em que estes temas são panos de fundo. Primeiro, afirma que sempre teve “grandes reservas em escrever algo autobiográfico”, pois o autor tem que trabalhar com memória, as recordações, e “sabemos que a memória tende a embelezar situações, a apresentar questões muito complexas de uma forma suficientemente simples para as tomar narráveis”.
Sobre a sua estadia na Divisão Frundsberg das SS, tristemente famosas pelas suas atrocidades e crimes de guerra, Grass diz que quando as integrou apenas sabia que eram unidades de elite, melhor equipadas que as restantes, mas que também eram as que sofriam mais baixas.
“Era tudo o que sabia. Mas era novo, queria sair de casa. E no fundo estava de acordo.” E reafirma que apenas depois da guerra foi tendo conhecimento das atrocidades cometidas pelas SS. “Nunca acaba a vergonha de ter estado numa unidade como esta, embora graças a Deus nunca me tenha envolvido em nenhum crime de guerra”, declara o escritor.
Das acções das SS foi tendo consciência após a guerra, e o sentimento de vergonha, pela pertença à unidade e pela ocultação desse facto, foi aumentando com o tempo, à medida que ia vendo e sabendo de todos os crimes de que eram responsáveis as SS e “a culpa geral de todo aquele sistema alemão que recaía sobre nós”.
O intelectual de 78 anos, considerado a consciência moral do seu país, reflecte também sobre o seu não questionamento durante a guerra, enquanto iam desaparecendo o seu tio, que trabalhava nos Correios polacos e um amigo do colégio, um padre que ensinava latim. “Nunca me questionei. E isso sempre me perseguiu.”
O realizador Volker Schlondorff, que adaptou ao cinema o livro de Grass O Tambor, afirmou que continua a admirar e a ser amigo do escritor, mas já não o coloca num pedestal. Grass responde que pode ser criticado, e que é o primeiro a aceitá-lo, mas também reclama para si “o direito de ocultar as minhas questões até encontrar formas de expressar”.
E exemplifica com A Passo de Caranguejo, que trata da sorte dos alemães na zona ocupada pelo Exército Vermelho soviético. “Apenas ao escrever este livro pude falar da repetida violação da minha mãe soldados russos. É essa a complexidade do processo literário que se faz assim para trás, em passo de caranguejo.”
Por fim, e ainda respondendo às criticas de ter ocultado o seu passado, diz que “falar do passado não pode significar saldar contas presentes, é um abuso do passado tirado do contexto”. Os primeiros dias após a edição de Descascando a Cebola foram “muito difíceis”.
“Quiseram liquidar-me como pessoa e calar-me para sempre”, recorda, “mas depois chegou compreensão e apoio de escritores. Agora, com o livro à venda, chega-me o alento dos leitores. E é verdade este livro me modificou, pois através dele aproximei-me mais do meu pai e da minha mãe.”
in, PÚBLICO . SEGUNDA-FEIRA, 11 SET 2006, CULTURA 27
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A entrevista de Günter Grass ao jornal espanhol é importante. Dela, comprova-se a necessidade, que em 17 de Agosto aqui assinalámos, da leitura de ‘A Passo de Caranguejo’, ao então escrevermos: - «O livro de Günter Grass é de leitura obrigatória para quem quiser conhecer o sofrimento do Povo Alemão durante a Segunda Guerra Mundial.»
A sua autobiografia trará por certo outros motivos de interesse, e lê-la-emos quando existir tradução para inglês, francês ou espanhol, porque para português, dificilmente acontecerá
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Mário Casa Nova Martins

quarta-feira, setembro 13, 2006

Ser Benfiquista

Ser Benfiquista é ter na Alma a Chama imensa...

Ao Diogo Barrilaro Ruas
Ao Georgino Rebello Marques
Ao José Ceia da Silva

Ao José Manuel Canavarro
Ao Luís Filipe Meira
Ao Mac

Ao Mário de Oliveira Mendes
Ao Martim de Gouveia e Sousa

Ao Nelson Dias de Almeida
Ao Paulo Cunha Porto
Ao Ricardo Nunes

A Todos os Benfiquistas de Alma e, principalmente, de Coração!


do, Mário

Euro Milhões

A Liga dos Campeões é um autêntico Rei Midas. Esta época futebolística, Futebol Clube do Porto, Sport Lisboa e Benfica e Sporting Clube de Futebol recebem 4,4 milhões de euros por terem entrado na fase de grupos. Diga-se que o SL Benfica já tivera a receita e os direitos televisivos e publicitários por ter participado na terceira pré-eliminatória da prova.
Quanto aos resultados desportivos desta primeira fase, a vitória vale 600 mil euros e o empate 300 mil euros.
A presença nos oitavos de final vale 2,2 milhões de euros, nos quartos 2,5 milhões, e nas meias-finais 3 milhões.
O finalista vencido recebe 4 milhões de euros, e o vencedor 7 milhões.
E a todo este valor, acrescentam-se as receitas de bilheteira, e os direitos da publicidade e da televisão.
Recorde-se que a UEFA patrocina outra prova de clubes, a denominada Taça UEFA, que decorre em paralelo com a Liga dos Campeões, mas nela as equipas não recebem qualquer valor pela presença.
Em resumo, a Taça UEFA ‘dá’ prejuízo a qualquer clube que nela participe, enquanto a Liga dos Campeões é muito justamente conhecida pela ‘Liga Milionária’, verdadeiro euro-milhões.
Com a vitória sobre a equipa milanesa do Inter, o Sporting CP já facturou 5 milhões de euros só da UEFA (4,4+0,6), fora as outras fontes de receita associadas.
Hoje pelas 19 horas e 45 minutos, FC Porto (FCP - CSKA Moskva) e SL Benfica (København - SLB) começam a sua caminhada, pela conquista de prestígio e, muito principalmente, pelos milhões de euros em disputa. [mj]

terça-feira, setembro 12, 2006

O Dia Seguinte

No domingo 10 de Setembro passado, na ‘Democracia’, o seu ilustre responsável, Thoth, ao referir-se ao fatídico dia 11 de Setembro de 2001, em ‘A Verdade da Mentira’, põem em dúvida a tese oficial sobre o sucedido. Ao fazê-lo, compara esta tese oficial com a mesma em relação ao ataque do Japão a Pear Harbour em 7 de Dezembro de 1941, que marcou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Tal é legítimo, porque continua a não haver explicações para determinados factos que a física não consegue confirmar (vide Francisco Múrias em ‘O Povo’), ou que a razão humana não compreende que possam ter acontecido, mas aconteceram.
Todavia, em relação a Pearl Harbour, há muito que a Verdadeira História esta feita. Lembrando a revista ‘Resistência’ n.º 230/231, Setembro de 1982, lá encontra-se um trabalho intitulado ‘Nova História de Pearl Harbour’, páginas 41 a 46.
Nele é dito que os Serviços Secretos americanos sabiam que o Japão iria atacar, quando e onde, porque meses antes tinham decifrado o código que os japoneses utilizavam nas suas transmissões pela rádio.
Este facto foi ocultado ao Povo americano, porque se pretendia justificar a entrada na guerra com o ‘inesperado’ ataque a solo pátrio.
Desde 1982 que nova bibliografia surgiu, não a re-escrever esta página da história da América, mas a escrever a Verdade História da entrada dos EUA na Guerra do Pacífico. [mj]
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Ao falarmos deste número da Revista ‘Resistência’, queremos também prestar uma Homenagem ao seu Director, António da Cruz Rodrigues, e ao Director-Adjunto, António Marques Bessa.
MM

segunda-feira, setembro 11, 2006

Marcelo Rebelo de Sousa e o Chile

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O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Marcelo Rebelo de Sousa.


O Sr. Marcelo Rebelo de Sousa (PPD): - Srs. Deputados: Foi há dois anos! Foi há dois anos, no Palácio de La Moneda, que com a morte de Salvador Allende terminou, às mãos do fascismo e do imperialismo, a curta experiência do Governo de Unidade Popular Chileno. As últimas palavras do Presidente Allende calam fundo na lembrança de todos os democratas: «Tenho fé no Chile e no seu destino. Outros homens ultrapassarão este momento cinzento e amargo, onde a traição pretende impor-se. Fiquem sabendo que, muito mais cedo que tarde, se abrirão as grandes avenidas por onde passará o homem livre para construir uma sociedade melhor.» Dois anos depois, nós, os Deputados do PPD, queremos aqui manifestar o nosso testemunho de profundo respeito pelos ideais da construção do socialismo, da vivência da democracia pluralista e da defesa da independência nacional, que estiveram na base do governo de Allende. De um governo constitucional livremente eleito e legitimamente fundado na vontade do povo chileno.


Vozes: - Muito bem!


O Orador: - Cada um de nós poderá formular um juízo de valor próprio - mais ou menos positivo, mais ou menos negativo - acerca da prática política do Governo de Unidade Popular da fidelidade que revelou aos ideais que presidiram à sua criação. Mas todos estaremos de acordo no reconhecimento da inequívoca estatura moral de Salvador Allende, bem como da pureza dos ideais de transformação económica, social, política e cultural que animaram tantas das forças políticas e dos militantes democratas e progressistas componentes da Unidade Popular. Nós, Deputados do PPD, recordamos em particular os militantes dos Partidos Social-Democrático e Radical, que lutaram e continuam a lutar por um Chile socialista, democrático e livre do jugo dos imperialismos.


Vozes: - Muito bem!


O Orador: - No momento que vivemos em Portugal uma gravíssima crise político-militar, de que são sinais preocupantes tantos dos recentes acontecimentos ocorridos em Portugal, em Timor e em Angola, o exemplo do Chile de Allende, salvaguardadas as condições específicas de cada uma das experiências, dá-nos uma dupla lição. A lição da resistência tenaz e permanente contra o fascismo e os imperialismos, pelo socialismo, pela democracia pluralista, pela efectiva independência nacional. A lição da denúncia de quantos, afirmando-se embora democratas e progressistas, pelos 'seus actos e omissões, pelo seu golpismo doentio, pela sua estratégia de «quanto pior melhor», abrem voluntária ou involuntariamente caminho às forças da contra-revolução. Dois anos depois seria trágico que a democracia em Portugal viesse a perecer às mãos de um qualquer regime autocrático e antidemocrático, criador de novas ou velhas formas de exploração e opressão. O PPD está e estará sempre do lado dos que lutam pacífica e democraticamente contra as opressões económicas e sociais, contra as ditaduras políticas e os imperialismos sedentos de subjugação nacional. Sr. Presidente, Srs. Deputados: Termino como comecei com as últimas palavras de Salvador Allende: «Estas são as minhas últimas palavras, estando certo de que o sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, haverá uma sanção moral que castigará a felonia, a cobardia e a traição.»


Vozes: - Muito bem!


O Orador: - O Chile socialista, democrático e livre vencerá!
*
in, Diários da Assembleia Constituinte
Número 045
Data da Sessão 1975-09-11
Data do Diário 1975-09-12
Páginas do Diário 1271 a 1304
Página 1277
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Trabalho de pesquisa realizado por Francisco Múrias, e publicado no seu blog O Povo (http://wwwideia.blogspot.com/), na quinta-feira dia 24 de Agosto de 2006. Francisco Múrias intitulou-o ‘O Chile socialista, democrático e livre vencerá’.

Crónica de Nenhures

Chile
11 de Setembro de 1973

Celebram-se hoje três décadas e três anos sobre a primeira derrota da Internacional Comunista, desde o fim da Guerra Civil de Espanha em 1939.
A tomada de Poder pela Junta Militar naquela data, terminou um processo político, liderado pelo Partido Comunista do Chile e pelos movimentos de Extrema-Esquerda seus parceiros, que era a implantação naquele país andino de uma ditadura do proletariado.
A principal vítima do drama que se viveu no Chile é Salvador Allende Gossens, apelidado então de primeiro presidente marxista democraticamente eleito.
Candidato eleito pelo Partido Socialista do Chile, rapidamente perdeu o controlo da situação a todos os níveis, passando de principal actor a mero espectador comprometido.
O seu suicídio no Palácio de la Moneda, não é um acto altruísta. Com ele, recusou aceitar o Julgamento da História. Não quis enfrentar as consequências dos seus actos enquanto Presidente da República do Chile. E ao não enfrentar a Verdade, fugiu da responsabilidade política pela situação em que colocou o Chile. Quis transformar a sua fraqueza política em puro heroísmo. Mas, tudo não passou de burlesco.
Salvador Allende tem a oportunidade única de transformar o Chile num Estado moderno, desenvolvido e rico. Deixa como herança um País em total anarquia política, económica e social, e em somente três fatídicos anos, de 4 de Setembro de 1970, data da eleição, a 11 de Setembro de 1973.
Salvador Allende e o Governo de Unidade Popular por ele apoiado, representam a falência de um modelo político-ideológico. Dramaticamente, hoje em dia esse projecto de índole totalitária está a repetir-se na Bolívia, liderada por Juan Evo Morales Ayma, e na Venezuela, com Hugo Rafael Chávez Frias. As consequências, já visíveis, trarão àquela região a maior instabilidade política. O caos volta a estar instalado!
Mas, no fundo, Salvador Allende foi um idealista que se deixou ultrapassar pelos acontecimentos. O seu Partido Socialista e a Democracia Cristã de Frei são também cúmplices na tragédia que se abateu sobre o Chile.
A sociedade civil revoltou-se e os militares, compreendendo o sentir do Povo, sublevaram-se. Salvador Allende é, simultaneamente, autor e réu. Paz à sua Alma.
MM

sexta-feira, setembro 08, 2006

Paris in Honeymoon

Video-Verdade ou não Video-Verdade.
Que importa!

Ao João d’Athayde



do, Mário

Uma Paixão p'ra toda a Vida

Ao eternamente-sempre-jovem-apaixonado,
Gylherme de Britto



do, Mário

Além Tejo


Árvores do Alentejo

.

Horas mortas… Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido… e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis do horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não Chorais! Olhai e vede:
-Também ando gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

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‘Sonetos’, Florbela Espanca
Livraria Tavares Martins, 1974, página126,