\ A VOZ PORTALEGRENSE: maio 2018

terça-feira, maio 22, 2018

Desabafos 2017/2018 - XVII

Ai dos vencidos! Dizia-se na Roma Antiga, que do Capitólio à Rocha Tarpeia ia um passo, frase que se utilizava quando um político caia em desgraça perante a opinião pública.
A Rocha Tarpeia era o local onde tinham lugar as execuções, sendo as vítimas lançadas desta rocha para a morte.
É ténue a linha que vai do estado de graça ao estado de “desgraça”. Que o diga o ex-primeiro ministro José Sócrates Pinto de Sousa.
Os políticos que ontem negavam as evidências são os mesmos que hoje atiram as pedras.
O mesmo se pode dizer da mediática amante, que se banqueteou à grande e à francesa, e agora cospe no prato onde comeu.
A seu lado, resta a Mãe dos seus Filhos.
Há muito que a opinião pública condenara Sócrates. A classe política não-alinhada com o partido de Sócrates também o condenara. Era triste o espectáculo, face às evidências, dos apoiantes políticos de Sócrates, a quererem justificar o injustificável.
Hoje é fácil atirar pedras a Sócrates. Mas Sócrates merece o calvário por que passa, ele cavou a própria sepultura.
Mas será que Sócrates, o político, está sozinho no processo de corrupção? Será o único político envolvido? Só o tempo dirá quais os braços ocultos.
Até se chegar a José Sócrates, longo e sombrio caminho se percorreu dentro do partido que se confunde com o regime da Terceira República. Tal como foi a vida do Partido Democrático na Primeira República.
Como a História se repete!
Menos sorte teve José Sócrates do que os pedófilos do Processo da Casa Pia. Os pedófilos foram recebidos e levados em ombros. Sócrates, mais do que ostracizado, sofreu a traição dos seus pares.
Rádio Portalegre, 21 de Maio de 2018

terça-feira, maio 08, 2018

Desabafos 2017/2018 - XVI

Os escândalos sucedem-se no Palácio de São Bento, onde está o Parlamento português. Não havia necessidade.
Por um punhado de euros, presidentes de partidos políticos, secretários-gerais de partidos políticos, deputados, gente que se julgava que estava acima de qualquer suspeita, afinal não passam de meros oportunistas, para quem o ser-se político, ser-se deputado da nação, é somente uma forma de usar o cargo em benefício, em proveito próprio, e, claro, familiar.
Num país com cultura cívica, com valores democráticos, estas situações tornadas públicas só tinham um desfecho, um final, que era a imediata demissão dos cargos que ocupavam.
Contudo, em Portugal há um ditado popular que diz que «a culpa morreu solteira», significando que o pequeno delito, a pequena criminalidade quando praticada por quem tem poder na sociedade, seja a forma de poder que for, fica sempre impune.
A impunidade daqueles políticos, que por um punhado de euros têm a sua carreira política suja, é uma evidência. Tornados públicos estes casos de pequena corrupção, os visados dizem-se inocentes, escudam-se em argumentos baseados em leis que eles próprios fizeram e aprovaram, para se justificarem perante a sociedade.
Uma sociedade assim é uma sociedade doente, uma sociedade putrefacta, sem futuro, e que arrasta o país para o opróbrio.
Mas esses políticos há muito que perderam o sentido do servir a causa pública, e nada se importam com o que a sociedade deles pensa, o importante é continuar a ocupar os cargos para deles obterem o maior proveito para si e família. Tudo por um punhado de euros!
Rádio Portalegre, 7 de Maio de 2018