\ A VOZ PORTALEGRENSE: António de Navarro

terça-feira, setembro 19, 2006

António de Navarro

XIII
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A luz do farol do Sítio
É dos olhos de cada mulher…
Às vezes é uma praga
Sempre que a luz se apaga.

Foi a sua boca irreflectida
Que a atirou àquele seio
Que lhe guarde a morte e a vida!
A luz do farol do Sítio
Ofende à vossa estrela o signo
Pois é ele, eu sei, que vos guia…
E ele é da vossa estirpe,
Sois vós que lhe dais galhardia.

Ficai serenas, eu, o poeta que o entende,
Sei que desprezais o farol do Sítio,
E a luz que vos alumia
É a vossa voz a cantar
Na quilha do barco que o desafia,
Serenamente, naturalmente,
Discretamente, mas com ousadia:
Um brasão conquistado ao perigo
- Só com a própria audácia,
A juntar as tábuas de um barco,
Mais frágeis do que a vida.

in, Poema do Mar, António de Navarro, pg. 27/28