\ A VOZ PORTALEGRENSE: fevereiro 2011

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

António Martinó de Azevedo Coutinho

Começámos, e convém não perder isso de vista, com a contestação francesa à cadeia McDonald’s, por via do “indevido” uso de Astérix como seu agente publicitário.
Entretidos por aqui com mil e um outros pretextos, até a política -imagine-se!- teremos perdido de vista o irredutível gaulês?
De modo algum. Os tempos lusos mais modernos, estas últimas décadas, não deixaram esquecer os ídolos mais populares do universo BD. Deles aqui fica um singelo punhado de curiosos exemplos soltos, limitando a selecção à dupla Tintin/Astérix.
Porém, se ultrapassarmos as nossas limitadas fronteiras e nos projectarmos no universo aos quadradinhos, talvez escolhesse pessoalmente um outro exemplo, quase absoluto, sobre a profunda influência da BD, dos seus mitos e heróis nos domínios da publicidade.
Teremos de recuar umas largas décadas, aos tempos em que o acto de fumar era publicamente incentivado e em que a imagem do fumador era associada à própria virilidade, coragem e afirmação pessoal. Foi assim que ficou célebre, como autêntica imagem de marca, o cowboy da Marlboro.

Lucky Luke, o mais influente cowboy dos quadradinhos, integra a série europeia mais popular e mais vendida depois de Tintin e Astérix. Ele surgiu másculo, sempre com o cigarro ao canto da boca, na imagem que Morris (Maurice de Bévère) dele criou em 1946. Porém, em 1983, sensível a inúmeras críticas e a sensatas sugestões, Morris substituiu-lhe o cigarro por uma inocente palha. A Organização Mundial de Saúde, reconhecendo o enorme significado publicitário deste gesto, atribuiu ao desenhador belga uma sua condecoração, em 1988. O actor Terence Hill, nas mais recentes adaptações cinematográficas de Lucky Luke, protagonizou a radical mudança...
Muito recentemente, esta questão da publicidade ou promoção do tabaco por intermédio de personagens da BD viveu mais um inesperado episódio. Foi em Fevereiro deste ano que as agências noticiosas trouxeram ao mundo a informação de que o Alto Conselho Turco para os Meios Audiovisuais tinha imposto uma multa de cerca de 24 000 euros à cadeia privada TV8, por esta ter mostrado, numa cena de um filme de animação da série Tintin, o capitão Haddock fumando cachimbo. No entanto, a aplicação da coima não terá sido consensual porque um membro do Alto Conselho terá considerado que as crianças são perfeitamente capazes de distinguir as personagens reais das fictícias. Em vão...
O lado hipócrita deste episódio consiste em que a Turquia, que decretou recentemente esta lei censória, é o 10.º produtor mundial de tabaco enquanto as estatísticas oficiais mostram que um terço dos turcos adultos fuma...
António Martinó de Azevedo Coutinho

domingo, fevereiro 27, 2011

Mário Silva Freire

PELOS CAMINHOS DA PAZ - I

A paz em tempo de guerra

O século XXI, com as novas tecnologias que colocou à disposição da humanidade, parecia que iria tornar mais unida a humanidade. Na verdade, vivemos num mundo sem fronteiras; podemos ver e falar com alguém sem que a distância seja um obstáculo para comunicarmos. As fronteiras físicas, praticamente, não existem. Mas são, afinal, essas mesmas fronteiras que continuam a gerar a maior parte das guerras que hoje, ainda, continuam a atormentar a humanidade. Iraque, Israel, Líbano, Sudão, Afeganistão são bem os exemplos que o homem de hoje continua a matar os seus semelhantes.
Mais recentemente, com o começo da queda de alguns regimes ditatoriais, o mundo muçulmano está, também, em convulsão.
Ora, a paz é algo que cada um pode ajudar a construir.
A curta série de artigos que agora se inicia, sob o título Pelos caminhos da Paz, resulta de alguma reflexão pessoal sobre estes temas candentes, o da guerra e o da paz, que têm acompanhado a humanidade desde o seu alvorecer.
Mas, afinal, o que é a paz? Será apenas a ausência de guerra? Ora, a paz não se define pela negativa. A paz é algo de positivo que decorre da relação humana. É um processo que nunca acaba, que se encontra em constante construção e resulta da relação que a pessoa tem, quer consigo própria, quer com as outras com que quotidianamente se encontra, quer com os povos uns com os outros, quer com os diferentes grupos dentro de cada povo.
Por outro lado, associada à paz encontra-se a justiça. Os conflitos têm, quase sempre, na sua base, problemas de injustiça, muito especialmente, a injustiça social. A miséria, decorrente desta, gera o desespero e este gera a violência. Logo, uma das maneiras de acabar com grande parte da violência seria acabar com a miséria.
Nesta época, em que tanto se fala de globalização, é imperioso, antes de mais, globalizar a paz, isto é, expandi-la, fazê-la alastrar por todo o globo. Mas esta expansão tem um pressuposto: haver uma maior justiça social. Utilizando termos bélicos, a luta contra a guerra e o terrorismo têm que passar pela luta contra a miséria, contra as desigualdades escandalosas em que alguns têm muito e outros, a maior parte, nada têm.
A guerra e a paz não têm a ver, apenas, com os políticos; a guerra e a paz não passam só pelos Estados e pelos governos. Elas implicam-nos a todos e a cada um de nós, nos diferentes espaços em que nos movemos.
Mário Freire

sábado, fevereiro 26, 2011

O Futuro do CDS em Portalegre

O Futuro do CDS em Portalegre


Antes do mais, será importante recordar dois factos. O primeiro é lembrar que nas últimas eleições legislativas o CDS ficou no distrito em quinto lugar em número de votos, depois de PS, PSD, PCP e BE. O segundo é que o CDS obteve então o seu segundo melhor resultado da sua história no distrito.
Se para os optimistas o futuro próximo parece sorrir ao CDS, porque nas próximas eleições legislativas junto com o PSD obterá maioria absoluta e irá para o Governo, para os menos optimistas o futuro do partido é um caminho árduo de percorrer, como, aliás sempre foi, dada a ‘apetência’ do PSD em ‘esvaziar’ o CDS do seu eleitorado através da política do ‘voto útil’.
Em ocasião não muito recente, o actual presidente do PSD disse que o seu partido se coligaria com o CDS no Governo, mesmo que o PSD tivesse maioria absoluta.
Se assim fosse, e dado que o PSD sempre teria mais votos que o CDS, não seria necessário votar CDS, porque estava garantido que este iria fazer Governo de coligação com o PSD.
Ora, esta ‘teoria’ do presidente do PSD é um encapotado convite ao eleitorado do CDS, e de toda a Direita, para votar, ‘utilmente’…, PSD.
E só assim se compreende que o CDS tenha ‘respondido’ ao PSD, que a melhor estratégia eleitoral seria a coligação pré-eleitoral CDS/PSD.
Claro que a resposta do PSD a esta proposta de coligação pré-eleitoral do CDS, foi, como teria que ser, negativa. É que se a coligação pré-eleitoral fosse por diante, a ‘quota inicial’ do CDS seria idêntica ao valor percentual das últimas eleições legislativas. E o PSD quer fazê-la diminuir!
Concorrendo em separado, o PSD acha que vai subir em termos percentuais, enquanto o CDS descerá. Assim o CDS ficará mais fragilizado face a negociações pós-eleitorais para a formação do Governo de coligação.
Até agora nada de novo.
Mesmo sabendo que não elegerá nenhum deputado no distrito de Portalegre, será um do PS e um do PSD, o CDS tem que lutar para obter o maior número de sufrágios, para que a nível nacional o resultado seja o melhor possível. Para tal, Princípios e Valores são fundamentais.
Este ano ainda haverá eleições legislativas. O tempo urge. Há que o saber aproveitar.
Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Dose ‘nacional’ de Laranja com Vodka

Dose ‘nacional’ de Laranja com Vodka

Quando no passado dia 11 de Janeiro de 2011 escrevemos um texto intitulado «Laranja com Vodka», no qual fizemos notícia do acordo entre o PSD e o PCP para viabilizar os Orçamentos e Planos de Actividades nas Autarquias de Crato, Nisa e Portalegre, não mais recordámos uma prática corrente entre os dois partidos.
Evidentemente que o PCP apenas tem ‘importância’ autárquica a sul do rio Tejo e acima da serra do Caldeirão, daí que estes acordos entre PCP e PSD passam despercebidos a nível nacional.
E no que concerne ao concelho de Portalegre, o facto político está consumado. O PCP, junto com o PSD, aprovou o Orçamento e Plano de Actividades para o ano de 2011. A coligação contra-natura uma vez mais ‘funcionou’!
Perante tal, o PCP é conivente com o descalabro económico-financeira da Câmara Municipal de Portalegre, ao contrário de CDS e PS, que em todo o processo estiveram sempre ao lado dos Munícipes contra a política ruinosa levada a cabo pela actual minoria do PSD na Autarquia portalegrense.
A comunicação social de Portalegre fez-se eco das justificações do PCP para a aprovação junto com o PSD do Orçamento e Plano de Actividades. Porém, foi notória a falta de argumentação, podendo-se dizer que a mesma foi demagógica e desadequada aos factos.
Das cinco forças políticas concorrentes às últimas eleições autárquicas no concelho de Portalegre, BE, CDS, PCP, PS e PSD, duas estão coligadas, PSD e PCP, e nas próximas eleições ‘responderão’ perante os Eleitores do concelho de Portalegre por tudo o que fizerem à frente da CMP.
Agora, a mesma coligação PCP-PSD prepara a Moção de Censura que derrubará o actual Governo. O semanário Expresso de dia 10 de Fevereiro de 2011, PRIMEIRO CADERNO, página 10, lembra “a primeira vez que PSD e PCP se concertaram” para derrubar um Governo Constitucional. Pelos vistos, na próxima Primavera voltam a unir esforços para, em tenaz, voltarem a derrubar um Governo do PS.
Mário Casa Nova Martins

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Mário Silva Freire

CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO – XXXVI

Dar tempo para começar a conhecer

Há uma certa tendência, no nosso sistema de ensino, de fazer programas extensos, que abranjam muitas matérias. Ora, raramente, a quantidade é compatível com a qualidade. Um ensino que vise abarcar muita matéria fica-se, normalmente, pela superficialidade. E o que é superficial, facilmente desaparece. A muita quantidade de matéria implica um aceleramento nas respectivas aprendizagens. Será que aprender bem e depressa são realidades compatíveis? Só as aprendizagens bem conseguidas conseguem ser duradoiras. O facto de haver muita informação para ser aprendida não significa que ela se transforme, necessariamente, em conhecimento. Então, quando é que há um autêntico conhecimento?
No conhecimento podem estabelecer-se diferentes níveis. Quando, simplesmente, enumero datas, evoco acontecimentos, reconheço pessoas ou situações, enuncio regras, etc., estou a utilizar uma maneira primária de conhecer e ela baseia-se, essencialmente, na memória. Tal não significa que este modo primário do conhecimento tenha menor importância; pelo contrário, ele constitui a base onde irão assentar outros aspectos mais elaborados do conhecimento.
A título exemplificativo, porque é que uma significativa parte dos nossos alunos tem dificuldades em Matemática? Simplesmente, porque eles nem sequer atingiram esse estádio primordial do conhecimento que se baseia, essencialmente, na memória. Eles, não tendo exercitado a memória através da prática do cálculo mental, da memorização da tabuada… ficam impedidos de acederem a aprendizagens posteriores mais complexas que requerem múltiplos automatismos inscritos na memória.
Ora, este primeiro nível do conhecimento requer tempo. Há necessidade de fazer repetições, mostrar um tema segundo vários aspectos para que ele possa ser devidamente evocado em todas as suas características. A partir daqui, começa, então, a construir-se um novo nível de conhecimento. Dele se tratará na próxima crónica.
Mário Freire

CDS/PP - Portalegre

A Comissão Política Distrital do CDS/PP realiza no próximo sábado dia 26 de Fevereiro o seu jantar de tomada de posse no restaurante "O Carlos", em Vale de Cavalos.
O encontro está aberto a todos os militantes e simpatizantes do CDS/PP, e contará com as presenças de Paulo Portas, do secretário-geral Lino Ramos e dos deputados Pedro Mota Soares e João Almeida entre outros.
As marcações podem ser feitas através das estruturas locais ou do telemóvel 962 710 077
António José Baptista

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Política e Sociedades Secretas


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Mário Casa Nova Martins

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Programa de Mário Crespo e Medina Carreira suspenso


O ‘preço’ da Liberdade!

Hoje que tanto se protesta, eis uma Causa Nobre.
Qual?
Todo o apoio ao prof. Henrique Medina Carreira.
A sua denúncia sobre o ‘pântano’ em que Portugal hoje vive, obstou a que a classe política afundasse o País ainda mais.
A SIC priva os Portugueses de ouvirem uma ‘voz incómoda’ para os poderes estabelecidos.
Mário Casa Nova Martins

Segurança Social aumenta 52 %

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Segurança Social aumenta 52 %!

«Uma imagem vale mais do que mil palavras.»
No caso presente, duas imagens provam que de Dezembro de 2010 para Janeiro de 2011, a compartição para a Segurança Social, no mais baixo escalão, 30 horas de serviço doméstico, passou de 13,54 € para 20,55 €, um aumento de 7,01 €, que dá o aumento de 51, 77%.
Sabe-se que em tempo de crise os sacrifícios têm que ser repartidos por todos. Mas será que presentemente em Portugal é mesmo assim?
Quando PSD e PS recusam fixar um tecto salarial para os gestores de empresas públicas, entre tantos exemplos de cariz de não contenção da despesa pública, nada pode o Cidadão fazer face à partidocracia em que Portugal está mergulhado.
‘É pagar e calar’, como diz o Povo.
Mário Casa Nova Martins
facebook.com/Mario.Casa.Nova.Martins

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

António Martinó de Azevedo Coutinho

A incidência da BD nos fenómenos comunicacionais relacionados com a publicidade ganhou um particular destaque nos complexos universos da política. Foi aqui que se verificou uma verdadeira explosão criativa, quer sob a forma de folhetos, brochuras, álbuns, desdobráveis e outras folhas avulsas com histórias desenhadas, quer na forma mais sintética do cartaz ou poster, da simples tira ou do cartoon. Muitos jornais e semanários dos primeiros anos após a Revolução tornaram-se célebres pelas saborosas críticas político-partidárias que publicaram. Algumas personagens e certos criadores ganharam uma aura que fez, de certo modo, evocar os tempos da Primeira República.
A propaganda política foi a tónica que informou uma boa parte destas sátiras. Quem não se lembra do Guarda Ricardo e de Sam (Samuel Torres de Carvalho), que guardaram presença e memória no Diário de Notícias e no Público, por exemplo?
 
Naturalmente, os partidos políticos usaram e ainda usam bandas desenhadas entre os seus materiais de propaganda, sobretudo em publicações mais específicas. Dada a criatividade inerente, aliada a um certo espírito descontraído, são os partidos da denominada esquerda que mais usam esta forma de comunicação. De notar, o caso curioso da convocatória pública de uma greve da Função Pública ser divulgada através de uma BD inserida nos jornais diários...
A descrição do 25 de Abril e a preservação da memória das suas figuras mais nobres, como o castelovidense Salgueiro Maia, encontraram na BD uma das formas mais populares e mais funcionais. Em “folhetins” com tiras diárias publicadas em jornais ou em álbuns mais elaborados, a saga dos militares de Abril encontrou assim uma publicitação bastante acessível.
As eleições democráticas, sobretudo as primeiras, foram objecto de muitos cuidados prévios, dada a inexperiência da maioria dos eleitores. Um acto cívico que hoje assume uma absoluta naturalidade exigiu, durante alguns anos, um conjunto de apoios, onde a banda desenhada, como excelente meio publicitário, desempenhou um apreciável e reconhecido papel. Os próprios partidos políticos não dispensaram o recurso à sua linguagem na respectiva propaganda. De notar, no exemplo junto, à direita, o traço inconfundível de “mestre” Fernando Bento nas páginas d’A Capital.
Este país é uma história aos quadradinhos... Assim fomos definidos, de forma irónica, pelo saudoso semanário O Jornal. Aliás, numa espécie de metalinguagem digna de mais profundas análises, o “fabulário” da BD fornece(u) abundante material de impossível enumeração completa. Aqui se evocam, por exemplo, diversas personagens da série Tintin, assim como Superman. Mas também Al Capone e o nosso “clássico” Zé Povinho serviram de inspiração ou modelo...
A publicidade, a propaganda e o serviço cívico - em qualquer destas modalidades, a banda desenhada surge integrada nos meios gráficos que comunicaram, comunicam e comunicarão os conteúdos essenciais de Abril em Portugal.
António Martinó de Azevedo Coutinho

domingo, fevereiro 20, 2011

Jaime Crespo

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nunca é cedo para derrubar um mau governo...
... nem tarde.

O problema parece que se prende com uma questão de... oportunidade política.
No nosso sistema político, existem duas formas legais de derrubar um governo em exercício:
1. (sem espinhas) o presidente dissolve a Assembleia da República e o governo cai com ela, convocando-se o povo a novas eleições.
2. (a porca torce o rabo) um, ou vários, ou todos ao mesmo tempo, os partidos da oposição apresentam uma moção de censura que caso seja aprovada implica a queda do governo e da Assembleia e a convocação de novas eleições.
Quanto à 1ª opção, com Cavaco, estamos conversados, só quando tiver a certeza que aquele que ganhar as eleições dá mais garantias ao capital financeiro que o atual 1º ministro é que ele usará esse recurso. Como na atual situação não se vislumbra ninguém mais interessante que José Sócrates para efetivar as políticas da U.E. e do capital financeiro, Cavaco não mexerá uma palha para fazer cair Sócrates.
Restaria a 2ª opção, a qual, como se compreendeu pelo atabalhoamento que foi a apresentação da moção do Bloco de Esquerda, agravado pelas explicações dos seus dirigentes que se lhe seguiram, é um mero recurso de tapa olhos que os partidos usam para motivar os seus militantes.
Antes do Bloco, já o PCP anunciara a possibilidade de apresentar a sua moção, o Bloco que não achava oportuno, no dia seguinte avançou. O CDS/PP está aberto a ler as moções que venham a ser apresentadas e a decidir o seu sentido de voto. O PPD/PSD acha que como maior partido da oposição, deverá ser ele a escolher o "timing" certo para o fazer.
Ora, quando Sócrates diz: "Ninguém leva muito a sério a moção do Bloco de Esquerda", o que ele quer dizer é que nada do que se faça neste quadro político é para levar a sério porque a todas as forças políticas presentes na Assembleia interessa este estado de coisas, porque no fundo, todos estão bem integrados neste sistema político, gerido por Bruxelas e comandado pelo capital financeiro.
Os ditos "esquerdistas radicais", Bloco, dizem defender uma outra Europa, a Europa dos cidadãos, seja lá isso o que for.
Quanto ao PCP diz que foi contra a entrada de Portugal na U.E. mas agora que já lá estamos...
Quanto ao PSD e ao CDS, para quê preocuparem-se quando um partido que até tem "Socialista" no nome, faz o trabalho que normalmente lhes caberia a eles, partidos da direita, veros representantes do capital financeiro e dos fazedores da crise?
O que se passa é que no atual quadro, a Assembleia da República não passa de uma ópera bufa, tudo aquilo é falso, nada daquilo é fado. É tudo muito bem orquestrado para iludir o povo.
Lembro-me da canção de Zeca Afonso, "no comboio descendente". Eles vão todos no mesmo comboio. E o povinho está na estação a ver passar comboios.
Porque o que está em causa não é este 1º ministro e este governo. O ponto são as políticas que estão em prática e que continuarão a ser praticadas seja qual for o governo saído do atual quadro da Assembleia da República.
Vão-se por em prática novas políticas que defendam o povo português e os trabalhadores, o seu direito ao trabalho e a uma vida digna?
Se alguém está disposto a isto então vamos lá.
Caso contrário, mudar Sócrates por Coelho ou outro qualquer, nada resolve.
Jaime Crespo

sábado, fevereiro 19, 2011

Luísa Demétrio Raposo

Apresenta a obra de Luísa Demétrio Raposo, «Nu Âmbar da Minha Escrita», Fernando Correia Pina
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Fernando Correia Pina

Luísa Demétrio Raposo

Mário Silva Freire

PARA UM DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO

A presença da Igreja no combate à pobreza

A Igreja Católica, tentando aplicar os ensinamentos de Jesus foi, ao longo da sua história, praticando a caridade e criando serviços de apoio aos que mais precisavam. É certo que nem sempre esses ensinamentos foram aplicados como deviam e, por vezes, até caíram na desvirtuação. Mas a Igreja é constituída por homens e mulheres com limitações que nem sempre estão disponíveis para ouvir a voz do Espírito.
Se a Igreja moldou a civilização ocidental em todos os seus campos, foi na caridade que a sua acção se tornou mais saliente. Esse “amar ao próximo como a si mesmo” é um lema que a Igreja, durante todos esses vinte séculos de cristianismo, tem levado à prática. São incontáveis os hospitais, escolas para crianças pobres, lares, creches, etc… que os cristãos têm mantido por esse mundo fora.
De entre as múltiplas actividades que a Igreja tem desenvolvido no domínio da caridade, há que destacar a da luta contra a pobreza. E esta luta, segundo foi referido na Semana da Pastoral Social, tem que assumir uma acção de urgência para suprir as necessidades básicas (alimentação, residência…) mas, igualmente, dotar o pobre de meios próprios, de modo a prescindir de ajuda. Ora, a nossa pobreza é persistente. Se, até agora, os que dela iam saindo igualavam os que nela iam entrando, está a assistir-se, mercê do desemprego crescente e do aumento da desagregação familiar, a um agravamento da situação.
Há intervenções de natureza política e económica que deveriam ser levadas a cabo, a nível global, europeu e nacional para combater a pobreza. Não é objectivo desta crónica tratar delas. Um aspecto parece ser inquestionável: esse combate ganhará eficiência se ele se efectuar tanto a nível regional como local, uma vez que, assim, há um melhor conhecimento das necessidades sentidas pelos pobres.
Ora, é a esses níveis, junto das comunidades, muito especialmente através dos Centros Sociais Paroquiais, mas também das Caritas Diocesanas e outras instituições, que a Igreja tem exercido a sua acção de natureza socio-caritativa. Mas esta acção pode assumir uma feição mais ampla situando-se, também, no desenvolvimento de intervenções culturais e educativas com crianças, pais, adolescentes, jovens, e no apoio a doentes, idosos, migrantes, presos…
Enfim, a Igreja, cada vez mais, sente que o seu papel é fundamental na sociedade contemporânea, não só nos serviços que presta às comunidades mas, igualmente, nas propostas que faz de uma visão do homem mais conforme com a sua dignidade e com o ambiente em que habita.
Com este artigo termina-se a série de crónicas em que se tentou colocar a solidariedade como elemento fulcral na construção de um desenvolvimento económico e social mais humanizado.
Mário Freire

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Rodrigo Emílio

Rodrigo Emílio nasceu em Lisboa a 18 de Fevereiro de 1944, e vem a falecer na sua terra natal a 28 de Março de 2004.
Hoje, sexta-feira dia 18 de Fevereiro de 2011, celebra-se o seu sexagésimo sétimo aniversário do seu nascimento.
Em homenagem ao Poeta e ao Patriota, reproduzimos um autógrafo seu, inserido numa dedicatória a António de Oliveira Coelho, no livro “Reunião de Ruínas”.
Quando cada vez mais em Portugal a mediocridade vinga, quando os Valores são postos em causa, quando os Princípios são abastardados, é importante lembrar Gente d’Algo como Rodrigo Emílio.
É incómodo para gente menor lembrar Portugueses ilustres, porque para eles é lembrar-lhes quão pequenos são. Mas o Dever impõe que a Memória de Rodrigo Emílio diga Presente!

Como é bom navegar contra-a-corrente.
Mário Casa Nova Martins
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Rodrigo Emílio de Alarcão Ribeiro de Mello colaborou, assídua e activamente, como crítico, poeta, ficcionista e polemista em numerosas publicações. Foi por duas vezes premiado em concursos de Poesia e Ensaio, promovidos pelo Diário de Lisboa. Em 1963 foi Prémio de Poesia no Concurso de Manuscritos do então SNI, com o original “As Lágrimas Ancoradas à Sombra do Amor”. Premiado, também, nos Jogos Florais da Emissora Nacional, de 1969, na modalidade de Poesia Lírica. Produziu, para a RTP, os programas de Poesia “vestiram-se os Poetas de Soldados” e “Sobre a Terra e Sobre o Mar”.

Obras publicadas:
As Lágrimas Ancoradas à Sombra do Amor, 1963, S.N.I.
Mote Para Motim, 1971, Editora PAX
Paralelo 26 S às Audições do Índico, 1971, Agência Geral do Ultramar
Poemas Acenados a uma Criança Longe, 1972, Editora PAX
A Segunda Cegueira, 1973, Publicações Cidadela
Primeira Colheita, 1973, Editora PAX
Serenata a Meus Umbrais, 1976, Empresa do Diário do Minho
Reunião de Ruínas, 1978, Edições A Rua
Poemas de Braço ao Alto, 1982, Tipava Tipografia de Aveiro Lda.
Pequeno Presépio de Poemas de Natal, 2005, Antília Editora
Matando a Sede nas Fontes de Fátima, 2006, Antília Editora
Antologia Poética, 2009, Areias do Tempo
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quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Mário Silva Freire

CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO – XXXV

Uma medida (quase) sem custos mas de grande alcance social

Segundo um estudo do Eurostat, publicado há dias, com base nos dados do Pisa 2009, 35% dos alunos portugueses com 15 anos reprovam um ou mais anos, enquanto que a média de reprovações da OCDE é de 13%. Portugal regista uma taxa de retenção de 34,5%, apenas ultrapassada pela Bélgica (37,1%), França (36,5%), Luxemburgo (36,1%) e Espanha (35,3%). Por outro lado, diz-se que em Portugal está enraizada a ideia de que é melhor reprovar um aluno do que permitir que ele transite de ano, sem ter desenvolvido as competências necessárias.
Ora, nos últimos anos, o Ministério da Educação tem avançado com normas que limitam as reprovações, dizendo, mesmo, que elas são uma “medida de última instância”. Compreende-se que assim seja pois, em regra, o aluno, ao repetir um ano, com programas, métodos e ritmos idênticos aos do ano transacto, não o fará adquirir mais e melhores aprendizagens. Mas fazê-lo avançar para conteúdos programáticos mais complexos, sem que possua os pré-requisitos científicos e psicológicos adequados, não parece, igualmente, a melhor forma de o conduzir ao sucesso escolar e profissional. Que fazer, então?
Uma solução, principalmente para os casos de pré-adolescentes e adolescentes com significativos défices escolares, sociais e relacionais, será a de encaminhar o aluno para percursos alternativos, sob a forma de Cursos de Educação e Formação. Acontece, porém, que só aos 15 anos esse encaminhamento pode ser efectuado.
Ora, não será fazer esperar estes alunos demasiado tempo, sabendo que é até à pré-adolescência e adolescência que se aprendem a cumprir regras e se adquirem hábitos de trabalho? Fazê-los esperar até aquela idade para ingressarem em cursos mais compatíveis com as suas capacidades não é fomentar a aversão ao estudo, à indisciplina na escola e à desorganização nas suas próprias vidas?
Há, pois, que proporcionar aos pré-adolescentes portadores de défices escolares e sociais que, após o 1º ciclo da escolaridade básica, tenham a possibilidade de enveredarem por um ensino mais prático e profissionalizante. Tornar mais flexível o ingresso dos pré-adolescentes nesses percursos alternativos, de modo que eles possam, o mais cedo possível, dentro das contingências de vida que cada um sofreu, adquirir hábitos de trabalho e de cidadania, é contribuir para que cada pessoa tenha a oportunidade de ser um cidadão construtor do bem comum.
Mário Freire

Luísa Demétrio Raposo


«... A poesia é para ser comida, é para comer, na arte erótica de um verso onde a possa escrever...»

Luísa Demétrio Raposo

O ROSTO
É princípio, em várias formas. Toca-me sempre numa largada sensível . Na minha, cabeça, é o delírio, nos teus lábios docemente um animal. O espaço obtuso dentre o ar e a multidão carne. Os átomos o invandem, a unir a turbulência íntima do espasmar, que , por si fertil, escreve as multiplicidades de uma razão, seja ela excessiva ou quiça não... E, é neste baixos raios que se desmatam nus teatros, consumados, do dia a dia, na hora, do segundo. No agora. Por todos. Us lados que À minha voltejam. Mandam!
Comer um arrepio no silêncio, uma ventania [me] fode u imaginar. O Rosto, é, sempre solitário e varre totalmente a geometria, com olhos em confronto.
Na língua a devassidão, e, é, sempre preciso entrar nela. Alimentar-me, ela. Macia, como nua pluma . Atravessar. Lamber, ainda molhada, para poder roubar a vocação. O texto. A elegancia bruta das palavras. Cruas. Na língua. No rosto que abrasa o que pensam de mim. Que...Queima... Aquando da boca se desbocam como àguias ardentes. Letras. Vivas. Serpenteiam com prazer o espaço, o campo centrífugo, a verdade supostamente virgem, compacta.
O Deus, Rosto, é o enlace no poder , um gabinete que obedece à Deusa òrbita. a Mente severa. Vibrante. Sexual. Em cima. No topo. Ao cimo, na clarida de um orgão extremo, o Cerebro!
Não existe sangue maior que o pensar. Não existe imagem maior que circula no imaginar, que alcança murmurando concepção à volta de um nun delirio. Não existe mundo maior que a força difundida, desta máquina movida a fogo pela dor e pela paixão. Que busca claridade no movimento intrínseco , nas constelações da carne. Que busca na sexualidade. Energia Dentro. Em Astros. Puros. No sangue Astro, que martela, brilha num vermelho que solta as labaredas do abismo, contínuo, dentro, à cabeça, nas veias do meu ... Imaginar!

Luisa Demétrio Raposo

*14 de Fevereiro 2011
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quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Momento de ignomínia

Momento de ignomínia

17 de Fevereiro de 1975

Foi pela calada da noite de 16 para 17 de Fevereiro de 1975 que decapitaram a estátua de António de Oliveira Salazar em Santa Comba Dão.
Com tal acto, quem o praticou julgou, por certo, que a memória de Salazar seria apagada, decapitada da História de Portugal. Puro engano!
Tal acto, cuja bravura é mais do que discutível, está ao nível daqueles actos perpetrados após a invasão do Iraque pelos EUA e seus aliados, que se traduziram no roubo e na destruição de museus e principalmente na cidade da Babilónia. Ou mais recente ainda, nos actos de roubo e destruição ocorridos no Museu do Cairo, quando da crise política que levou à demissão de Hosni Mubarack.
O passado não se apaga por decreto, e muito menos por actos de vandalismo como foi a destruição da estátua de Salazar.
Anexamos um conjunto de quatro postais-ilustrados da época, nos quais se vê a estátua de Salazar.
São quatro documentos históricos. Não acreditamos que a estátua seja reconstruída. A mediocridade das gentes não o permitirá.
Numa região deprimida, a existência de um conjunto de elementos que lembrassem ‘o Filho da Terra’, seria uma mais-valia para o concelho de Santa Comba Dão. O Museu na casa paterna de Salazar, e outros elementos relativos ao Estadista trariam saudosistas, curiosos e adversários. Mas principalmente viria gente culta que saberia situar o Homem no seu Tempo.
Não há comparação possível, mas talvez por isso mesmo se deva dizer que na Alemanha foi recentemente inaugurado um Museu sobre as tropas especiais de Adolfo Hitler, as SS, no castelo de Wewelsburg. Também na Alemanha, em Berlim, ainda está a decorrer uma exposição sobre o Terceiro Reich, onde estão patentes peças de forte simbologia nacional-socialista. Em Moscovo, na Praça Vermelha, continua aberto aos visitantes o mausoléu de Lenine. Em Pequim, na Praça Tiananmen, continua aberto ao público o mausoleu de Mao Tsé-Tung.
E não há comparação possível entre Lenine, Mao e Hitler, e António de Oliveira Salazar. Mas em Portugal tudo é diferente!
Mário Casa Nova Martins
facebook.com/Mario.Casa.Nova.Martins
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João Ferreira Dias

Título: Candomblé em Português, História, Organização, Teologia, O Essencial Para a Compreensão da Crença Afro-Brasileira, em Português de Portugal.
Autor: João Ferreira Dias
Preço: 17 €
Formato: 21/15
Páginas: 224
ISBN: 9789898336132
SINOPSE:
Pensada para os portugueses, aberta a todos, esta obra constitui um manual sistemático acerca do Candomblé, desde as suas origens em África até à sua afirmação doutrinária e ortodoxa.
Abarcando os assuntos mais essenciais sobre esta religião afro-brasileira que se afirma cada vez mais em Portugal, o autor oferece-nos um guia e um compêndio de estudos para o interior da fé nos Orixás.
Tudo o que precisa saber sobre o Candomblé está aqui. Uma obra redigida a partir de dentro, com a seriedade da escrita de quem observa de fora.
BIOGRAFIA DO AUTOR:
João Ferreira Dias, Ọmọpẹ Ìwìntósìn Adétòkunbò (nome yorùbá em referência à tradição religiosa que professa). Escrever constituiu sempre a expressão mais sincera da sua essência e a poesia foi a primeira forma que abraçou, tendo publicado uma série de poemas na revista da escola onde fez toda a sua formação escolar, o Externato Marista de Lisboa. Licenciou-se em Comunicação Social e Cultural (vertente Cultural) pela Universidade Católica Portuguesa, em 2006, e em 2008 concluiu com distinção o Curso de Especialização em Inserção Internacional e Política Externa do Brasil, na Universidade Técnica de Lisboa. Neste momento encontra-se a terminar o mestrado em História e Cultura das Religiões na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ingressou em 2009.
Durante o seu estágio curricular no Museu Municipal de Benavente organizou o «I Ciclo de Atividades Afro-Brasileirando», numa parceira entre o Museu, a Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira (de que foi co-fundador) e a Embaixada do Brasil em Lisboa, em Fevereiro de 2007. Foi orador no «X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais» na Universidade do Minho em 2009, sobre as religiões afro-brasileiras em Portugal e no «Encontros e Diálogos» na Universidade Lusófona do Porto, sobre a Religião Yorùbá e o Candomblé, em Fevereiro de 2011.
A escrita compulsiva introduziu-o ao fenómeno dos blogues, onde habita desde 2005, em diferenciados projetos, entre eles as publicações eletrónicas «Vox Blogs Magazine», «Sem Correntes» e «Ìgbà Ábídí». Publicou no seu blogue mais popular, «Kontrastes», uma série de e-entrevistas chamadas "Conversas de Café", ao longo de um ano. Tem publicado alguns artigos particularmente em torno das temáticas da lusofonia e das tradições afro-descendentes.
Apesar da educação formal em instituições católicas, João Ferreira Dias, professa a fé neo-tradicional Yorùbá, sob a designação de Candomblé, de matriz Kétu. Pertence à tradição da Casa Branca do Engenho Velho, o mais tradicional templo do Candomblé no Ocidente, ocupando os postos de Ògán ti Ilù, Elémòsò e Ògòtún no Ilé Àse Ìyá Odò, templo de Portugal. É co-fundador e Àlagbà (Vice-Presidente) da Comunidade Portuguesa do Candomblé Yorùbá, pessoa coletiva religiosa e sede do Poder Religioso Yorùbá e do Candomblé em Portugal, desde Janeiro de 2010.
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terça-feira, fevereiro 15, 2011

Curta-metragem de Marco Laureano

A Chave - curta-metragem de Marco Laureano
Dissertação, breve, sobre cinema, tendo à mão "A Chave"
Há três géneros cinematográficos que não gosto!
A saber:
1. Gangster's e mafiosos. Não gosto destes filmes porque me perco ao fim de meia dúzia de minutos. São tantos tiros, tantas mortes que a cenas tantas já não sei quem é pelo Al Capone ou quem dispara em favor de Meyer Lansky. Muito menos pela polícia, porque estes são por todos.
Mais uma coisa que me aborrece, é que nesses tempos gloriosos dos filmes série B, os gangster's não passavam de testas de ferro a dar cobertura aos negócios de polícias, procuradores, juízes, políticos, gentes das finanças.
Hoje é precisamente o contrário.
2. Os western's tipo John Wayne de lencinho ao pescoço, armado em mariconço, atirando a torto e a direito contra os peles vermelhas, umas gentes cabeludas, com penas de peru ou pavão nas cabeças, parecidos com grupos de junkies dirigindo-se a wodstock mas sendo massacrados pelo tea party direitista republicano intolerante.
Aqui, o final é de previsibilidade absoluta, os tipos amaricados de lencinho ao pescoço ganham sempre por uma abada e os pobres peles vermelhas nem no cinema tem a sua hipótese de vitória.
3. Finalmente, o terceiro género de filme que suporto a custo, é o terror. É sangueira (tomatada) a mais. Violência indiscriminada e sempre praticada por pobres patetas atrasados mentais, pretos, estrangeiros em geral, deficientes, resumindo, por alguém portador de algo que o torna diferente do comum e do que é aceite.
Também aqui o mistério é facilmente resolúvel, o culpado é sempre a ovelha negra que se destaca de dentro do branco rebanho.
Depois há filmes que nem sim nem não, nem sei porquê.
Também não descortinando os porquês, há filmes dos quais gosto. Gosto alguma coisa, gosto um pouco mais ou menos ou gosto bastante.
Mas não sei porquê. Pode ser por tudo ou por nada. Ou o nada que é tudo, do Pessoa, ou do Campos, ou do Caeiro. Que chato era este gajo.
Nesta categoria dos remediados que eu gosto, encontro a curta do Marco Laureano "A Chave".
Depois de ver o filme, vi o óbvio: todos quando nascemos trazemos dentro de nós uma chave, a chave que nos permite ou não, abrir as portas da existência. E é esse motivo que nos mantém vivos, pois caso contrário, na primeira oportunidade matávamo-nos Isto é, se o sentido da vida fosse apenas a marcha para a morte. Andaríamos todos, o mais depressa possível, a caminho do mar para descobrirmos que não temos guelras nem barbatanas como os peixes, ou em alternativa, atirámo-nos das janelas, dos nossos apartamentos altos de citadinos apenas para descobrirmos que não somos dotados de asas como as aves.
A melhor maneira de admirar "A Chave" é pegar numa lata de coca-cola, daquela a sério cheia de calorias e açúcar como o caralho, um cachorro daqueles com salsichas enormes e grossas, a vazar mostarda e na outra mão um cartucho de pipocas. Pode-se equilibrar a lata num dos joelhos, and let's go to the trailer.
"A Chave", ouve-se o grito convicto do realizador "ação!", bem, a convicção é mais uma questão de fé. Mas também, como se sabe, tudo isto, nós, o governo da nação e até, imagine-se o filme, tudo, está dependente da termodinâmica dos fluidos.
Uma vassoura, o quanto baste à mão, aconselha-se vivamente, não iremos virar Mestre com a sua Marguerita. O que já não desejo nem aos piores inimigos é que se apaixonem pela Lolita, nos dias que correm sujeitavam-se a julgamento por pedofilia.
Não queria falar de sexo, mas já que a conversa / escrita, me trouxe para aqui, não poderia deixar de usar esta chave e abrir a porta.
Nunca conheci nenhum realizador, pessoalmente falando, e tenho esta chave por desvendar, isto que por aí se ouve de que os realizadores papam as atrizes, pelo menos as melhores é verdade? A sê-lo, eh pá. Isso é que é cá uma ganda chave. Eu, por mim, contentava-me com as figuras secundárias, mesmo algo feias, grandes e gordas.
A cada qual a sua psicose, ou com a unha coça a micose.
Já nos créditos, somos brindados com uma fantástica chave musical para fechar com chave d'ouro.
Mas entre o grito de ação e a espetacular música final, há uma chave para achar, para desvendar, ou para utilizar.
Essa é a tal chave que cada ser humano traz em si e tem que descobrir. Não só a chave mas como e onde utilizá-la: no amor, na vida ou na morte, no ramerrame dos dias comuns, numa inesperada e insólita onda de genialidade criativa.
Que o cinema dê a cada um a sua chave.
Jaime Crespo

Curta-metragem de Marco Laureano

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Teaser da curta-metragem "A Chave". Duração: 23 minutos. País: Portugal. Produção: 2010.

Задира для короткого фильма "A Чаве". Полное время: 23 минуты. Страна: Португалия. Выпуск: 2010.

Teaser for the short film "A Chave". Total time: 23 minutes. Country: Portugal. Release: 2010.

Personagens e Actores:
Matilde Aires.....................Cátia Tomé
Irina Tereshkova................Irina Mazeina
Padre................................Alexandre Ferreira
Sr. Machado......................Dinis Evangelista
Vítor Chaves......................Mário Branco
Carla Portas.......................Sandra Gonçalves
Homem.............................Daniel Ferreira
Amiga...............................Lucília Laureano
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Realizador.........................Marco A. Laureano
Ass. Realização..................Luís Esteves
Equipa Técnica:
Realização........................ Marco A. Laureano
Ass. Realização..................Luís Esteves
Director de Som.................João Santos
Ass. Som............................Daniel Alvares
Director de Fotografia........Teresa Sousa
Operador de Câmara..........Carlos Duarte
Ass. Imagem......................Marco Marques
Adereços............................Margarida Ivo Cruz
Director de Produção.........Marco A. Laureano
Chefe de Produção.............Luís Esteves
Ass. Produção....................Iuri Laureano
Ass. Produção....................Lucília Laureano
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Em ambiente suburbano, Marco Laureano desenvolve o seu filme "A Chave", entre dois mundos: o kafkiano e o surreal; mundos que ao cabo e ao resto são a nossa querida realidade. Alguém procura uma chave que abra uma porta qualquer. Outros, procuram portas, ou fechaduras, aberturas para o beco das suas vidas.
Difícil demanda quando a mor parte das vezes o objecto da nossa busca, ou salvação, se encontra dentro de nós, o que como se sabe, a própria individualidade, é o objecto de mais complicada compreensão.
Convite a que cada um encontre a saída para a sua realização humana, enquanto ser vivente e pensante. Coisa que não é tão fácil como parece, mesmo para os iluminados que de tudo isso, e mais algo, são sabedores.
23 minutos de puro prazer cinéfilo. A chave, cada qual que tenha a sua.
jaime crespo