\ A VOZ PORTALEGRENSE: Mário Silva Freire

domingo, fevereiro 27, 2011

Mário Silva Freire

PELOS CAMINHOS DA PAZ - I

A paz em tempo de guerra

O século XXI, com as novas tecnologias que colocou à disposição da humanidade, parecia que iria tornar mais unida a humanidade. Na verdade, vivemos num mundo sem fronteiras; podemos ver e falar com alguém sem que a distância seja um obstáculo para comunicarmos. As fronteiras físicas, praticamente, não existem. Mas são, afinal, essas mesmas fronteiras que continuam a gerar a maior parte das guerras que hoje, ainda, continuam a atormentar a humanidade. Iraque, Israel, Líbano, Sudão, Afeganistão são bem os exemplos que o homem de hoje continua a matar os seus semelhantes.
Mais recentemente, com o começo da queda de alguns regimes ditatoriais, o mundo muçulmano está, também, em convulsão.
Ora, a paz é algo que cada um pode ajudar a construir.
A curta série de artigos que agora se inicia, sob o título Pelos caminhos da Paz, resulta de alguma reflexão pessoal sobre estes temas candentes, o da guerra e o da paz, que têm acompanhado a humanidade desde o seu alvorecer.
Mas, afinal, o que é a paz? Será apenas a ausência de guerra? Ora, a paz não se define pela negativa. A paz é algo de positivo que decorre da relação humana. É um processo que nunca acaba, que se encontra em constante construção e resulta da relação que a pessoa tem, quer consigo própria, quer com as outras com que quotidianamente se encontra, quer com os povos uns com os outros, quer com os diferentes grupos dentro de cada povo.
Por outro lado, associada à paz encontra-se a justiça. Os conflitos têm, quase sempre, na sua base, problemas de injustiça, muito especialmente, a injustiça social. A miséria, decorrente desta, gera o desespero e este gera a violência. Logo, uma das maneiras de acabar com grande parte da violência seria acabar com a miséria.
Nesta época, em que tanto se fala de globalização, é imperioso, antes de mais, globalizar a paz, isto é, expandi-la, fazê-la alastrar por todo o globo. Mas esta expansão tem um pressuposto: haver uma maior justiça social. Utilizando termos bélicos, a luta contra a guerra e o terrorismo têm que passar pela luta contra a miséria, contra as desigualdades escandalosas em que alguns têm muito e outros, a maior parte, nada têm.
A guerra e a paz não têm a ver, apenas, com os políticos; a guerra e a paz não passam só pelos Estados e pelos governos. Elas implicam-nos a todos e a cada um de nós, nos diferentes espaços em que nos movemos.
Mário Freire