\ A VOZ PORTALEGRENSE: Mário Silva Freire

sábado, fevereiro 19, 2011

Mário Silva Freire

PARA UM DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO

A presença da Igreja no combate à pobreza

A Igreja Católica, tentando aplicar os ensinamentos de Jesus foi, ao longo da sua história, praticando a caridade e criando serviços de apoio aos que mais precisavam. É certo que nem sempre esses ensinamentos foram aplicados como deviam e, por vezes, até caíram na desvirtuação. Mas a Igreja é constituída por homens e mulheres com limitações que nem sempre estão disponíveis para ouvir a voz do Espírito.
Se a Igreja moldou a civilização ocidental em todos os seus campos, foi na caridade que a sua acção se tornou mais saliente. Esse “amar ao próximo como a si mesmo” é um lema que a Igreja, durante todos esses vinte séculos de cristianismo, tem levado à prática. São incontáveis os hospitais, escolas para crianças pobres, lares, creches, etc… que os cristãos têm mantido por esse mundo fora.
De entre as múltiplas actividades que a Igreja tem desenvolvido no domínio da caridade, há que destacar a da luta contra a pobreza. E esta luta, segundo foi referido na Semana da Pastoral Social, tem que assumir uma acção de urgência para suprir as necessidades básicas (alimentação, residência…) mas, igualmente, dotar o pobre de meios próprios, de modo a prescindir de ajuda. Ora, a nossa pobreza é persistente. Se, até agora, os que dela iam saindo igualavam os que nela iam entrando, está a assistir-se, mercê do desemprego crescente e do aumento da desagregação familiar, a um agravamento da situação.
Há intervenções de natureza política e económica que deveriam ser levadas a cabo, a nível global, europeu e nacional para combater a pobreza. Não é objectivo desta crónica tratar delas. Um aspecto parece ser inquestionável: esse combate ganhará eficiência se ele se efectuar tanto a nível regional como local, uma vez que, assim, há um melhor conhecimento das necessidades sentidas pelos pobres.
Ora, é a esses níveis, junto das comunidades, muito especialmente através dos Centros Sociais Paroquiais, mas também das Caritas Diocesanas e outras instituições, que a Igreja tem exercido a sua acção de natureza socio-caritativa. Mas esta acção pode assumir uma feição mais ampla situando-se, também, no desenvolvimento de intervenções culturais e educativas com crianças, pais, adolescentes, jovens, e no apoio a doentes, idosos, migrantes, presos…
Enfim, a Igreja, cada vez mais, sente que o seu papel é fundamental na sociedade contemporânea, não só nos serviços que presta às comunidades mas, igualmente, nas propostas que faz de uma visão do homem mais conforme com a sua dignidade e com o ambiente em que habita.
Com este artigo termina-se a série de crónicas em que se tentou colocar a solidariedade como elemento fulcral na construção de um desenvolvimento económico e social mais humanizado.
Mário Freire