Excelentíssimo Senhor Presidente do IPP,
Professor Doutor Joaquim Mourato
Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente do IPP,
Professor Doutor Albano Silva
Excelentíssimo Senhor Presidente da ESTG,
Professor Doutor Artur Romão
Excelentíssimo Senhor Professor da ESE,
Professor Doutor Avelino Bento
Excelentíssimo Senhor Governador Civil,
Senhor Jaime Estorninho
Excelentíssimo Senhor Professor Doutor Adriano Moreira
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Começo por agradecer o convite que me foi feito para aqui estar, convite que muito me honra.
Remonta ao tempo do luto pela morte do Desejado, a primeira notícia sobre a arte dos lanifícios em Portalegre. Escreveu-se que em Portalegre foram feitos panos para o luto do rei D. Sebastião.
Com o apoio do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, e dadas as condições geográficas, a serra com forte abundância de água, Portalegre transformou-se num importante centro de lanifícios, juntamente com a cidade da Covilhã.
Entretanto, circunstâncias conjunturais, a par com a inovação tecnológica, fizeram com que os lanifícios se deslocalizassem destas duas cidades e fossem para outras terras.
Então, a cidade da Covilhã delineou e fez uma aposta estratégica na área da educação, conseguindo que nela fosse instalada uma Universidade. E hoje o produto de excelência de toda uma região, a denominada Cova da Beira, assenta na sua Universidade, a Universidade da Beira Interior.
Situação geográfica e condicionantes da História, a proximidade de Portalegre a Évora e a existência no passado de uma Universidade eborense, fizeram com que em Portalegre não fosse possível a existência de uma Universidade, tendo em contrapartida sido criado um Instituto Politécnico.
Com fortes debilidades no tecido económico, social e cultural, Portalegre apenas pode contar com o seu Instituto Politécnico para perspectivar o Futuro.
E hoje Portalegre tem no Instituto Politécnico uma, se não mesmo a sua principal mais-valia.
Uma nova geração está hoje à frente dos destinos do Instituto Politécnico de Portalegre. Desde o primeiro momento, e conscientes do forte desafio que tinham pela frente, encetaram um programa de afirmação pública, no qual se insere este Ciclo de Conferências de Senadores.
Todos os Conferencistas deixarão uma Mensagem, que Quem a ouve não deixará de interpretar e transmitir.
António Arnaut, José Veiga Simão, João Bosco Mota Amaral, António Almeida Santos que aqui estiveram presentes, José Loureiro dos Santos que virá, e o prof. Adriano Moreira que hoje está connosco, são Personalidades da vida portuguesa e Personagens da História presente de Portugal.
Num final de noite, após mais uma Batalha em que se envolveu, uma Batalha da Esperança que viveu de forma intensa quanto convicta, mas à qual os deuses não foram favoráveis, perguntando-se ao prof. Adriano Moreira o que iria fazer no dia seguinte, respondeu:
_ Amanhã vou plantar macieiras!
E deste então o prof. Adriano Moreira tem deixado sementes, e uma dessas sementes vai ficar a partir de hoje em Portalegre. Saibamos plantá-la, fazê-la crescer para vir a dar fruto!
O prof. Adriano Moreira é uma Figura Pública, cujo estatuto há muito ultrapassou as fronteiras de Portugal. Brilhante advogado, político, professor e académico. Respeitado pela sua inteligência, cultura, coerência, verticalidade e independência. Com uma obra publicada em vários domínios do Saber, é pioneiro em Portugal na introdução do estudo de novas áreas do conhecimento científico.
O prof. Adriano Moreira é um visionário, não no sentido messiânico do padre António Vieira, mas no sentido em que as suas análises como que prevêem o futuro da Nação portuguesa e do espaço na qual ela se integra, a União Europeia. Mas tal como disse Guilherme d’Oliveira Martins (1) de António Vieira, também se deve dizer que o prof. Adriano Moreira sempre ‘combateu pela liberdade e pela dignidade humana com todas as suas forças e para além daquilo que o seu tempo ajudava’. E que ‘nunca fugiu das dificuldades nem da denúncia dos erros e atropelos’.
O Futuro, como disse Frederico Nietzsche, é dos Povos que tiverem maior Memória, e os ensaios académicos do prof. Adriano Moreira, ajudam a consolidar a nossa Identidade Nacional e a nossa Memória Colectiva como Povo e como Nação, e ao mesmo tempo dão as pistas para melhor escolhermos o caminho para o Futuro.
Manuel Braga da Cruz (2) apresentou o livro de Memórias do prof. Adriano Moreira na Sociedade de Geografia, e intitulou o Texto: _ ‘Adriano Moreira – Uma maneira portuguesa de estar no mundo’. Disse que em «A Espuma do Tempo – Memórias do Tempo de Vésperas», ‘o prof. Adriano Moreira dá, a quantos se interessam pelo estudo e compreensão da história contemporânea, a oportunidade de conhecer por dentro uma das maiores figuras que Portugal conheceu neste último século, cuja vida pública marcou profunda e decisivamente não apenas o curso político, mas também a vida universitária portuguesa, num raro exemplo de empenhamento cívico e patriótico’.
A Lição que o prof. Adriano Moreira aqui irá proferir, deixará certezas e criará dúvidas, mas abrirá e alertará espíritos inquietos face aos desafios dos tempos vindouros.
Hoje está em Portalegre o Presidente da Academia das Ciência de Lisboa. Fundada por rainha e apoiada por reis, vetusta e nobre Casa, é um dos grandes pólos da Cultura em Portugal. Os mais ilustres portugueses a ela pertenceram e pertencem. E não podia haver Instituição mais nobre e importante para o prof. Adriano Moreira liderar com a sua vasta experiência de Homem de Pensamento e de Acção.
Vejo no prof. Adriano Moreira o exemplo maior da arte de ser Português. Em Carregal do Sal, nos finais de Setembro de 1985, tive oportunidade de lho dizer pessoalmente. Então, estava junto de Sílvio Lima, o republicano e professor da Universidade de Coimbra, um Homem Livre tal como o é o prof. Adriano Moreira.
Neste ano do Centenário da República, Portalegre sentir-se-á mais rica, mais forte, mais culta, porque hoje nela está o prof. doutor Adriano José Alves Moreira.
Mário Casa Nova Martins
Notas:
(1) Martins, Guilherme d'Oliveira – Os combates de Vieira, Nova Cidadania, n.º 36, Julho.Setembro 2008, pg.52
(2) Cruz, Manuel Braga – Adriano Moreira - Uma maneira portuguesa de estar no mundo, Nova Cidadania, n.º 38, Janeiro.Março 2009, pg.11
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