\ A VOZ PORTALEGRENSE: Os Clubes e a AFP

quinta-feira, novembro 10, 2011

Os Clubes e a AFP

No Centenário da Associação de Futebol de Portalegre
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Os Clubes e a AFP
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Ora, esta prática não é nova. E mais ainda, é usual os empréstimos a clubes por parte da Associação de Futebol de Portalegre.
Sabe-se que em tempo algum os clubes de futebol dão lucro. Aliás, não é essa a sua função.
Os clubes de futebol subsistem à custa da quotização, mais-valias na venda de jogadores e subsídios. Quando a despesa é superior à receita, os clubes recorrem ao empréstimo.
No caso concreto do distrito de Portalegre, há muito que a maior receita dos clubes é o subsídio autárquico. A quotização é residual, as receitas dos jogos são nulas, já não há mecenas e muito menos proveitos pela venda de jogadores.
A profunda crise económica por que passam as autarquias, e o exemplo maior no distrito de Portalegre é a dívida que tem a Câmara Municipal de Portalegre que se encontra numa situação financeira de pré-falência, obrigou a que o subsídio dado aos clubes se retraísse de tal forma que alguns desses clubes extinguiram-se mesmo, e outros a bem curto prazo se extinguirão.
Neste cenário negro tem papel de relevo a Associação de Futebol de Portalegre, que permite que clubes que não reúnem as condições estatutárias da própria AFP para competir, o façam.
Tal prática seria de todo louvável, se a mesma não trouxesse contrapartidas. As contrapartidas são o perpetuar do status quo!
  E esta situação é recorrente. Há dezenas de anos que sempre que um clube não pode cumprir obrigações que a AFP contorna os seus estatutos e auxilia o clube. Mas, como se sabe, «não há almoços grátis»...
É esta a razão dos clubes temerem a AFP e quem a dirige, eles que votam sempre na lista que lhes é apresentada sem explicações ou razões de ser, e sempre com um cariz autocrático de quem manda e pode. E aqui está a razão da longevidade dirigente de quem usufrui das mordomias que tal poder, discricionário, dá, e a quem o futebol nada deve.
Não acreditamos em ‘milagres’. Só um acidente afastará o mal de que sofre o futebol no distrito de Portalegre.
Porém, como nada é eterno, é quase certo que então, quando novas gentes e novas mentalidades estiveram à frente da Associação de Futebol de Portalegre, será tarde para que o futebol volte a ser uma modalidade desportiva livre e saudável, disputada com lealdade e mérito.
Mas, como diz o ditado popular, ‘a esperança é a última coisa a morrer’. Que um dia, o mais breve que seja possível, o Clube Desportivo Portalegrense e o Sport Clube Estrela, clubes que fazem parte da História do Desporto em Portalegre e da própria História de Portalegre, voltem a ser os lídimos representantes desta Região nas competições distritais e nacionais, seja na modalidade que for!
Mário Casa Nova Martins