\ A VOZ PORTALEGRENSE: dezembro 2006

domingo, dezembro 31, 2006

2007

2007
*
Feliz Ano Novo
*
Salvador Dali
(a persistência da memória – 1931)
*
O Ano-Novo é um evento que acontece quando uma cultura celebra o fim de um ano e o começo do próximo. Todas culturas que têm calendários anuais celebram o "Ano-Novo".
A celebração do evento é também chamada réveillon, termo oriundo do verbo réveiller, que em francês significa "despertar".
A comemoração ocidental tem origem num decreto do governador romano Júlio César, que fixou o 1º de Janeiro como o Dia do Ano-Novo em 46 a.C..
Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. O mês de Janeiro, deriva do nome de Jano, que tinha duas faces - uma voltada para frente e a outra para trás.

Nonas na Blogosfera

VIVA!!!

O
NONAS ESTÁ (FINALMENTE!!!) ONLINE.

Será desta, ou será mais uma “febre de fim de semana”?!...


PS - O Postal está em azul em homenagem às preferências clubistas do Ilustre Nonas…
MM

Vida

Ano Velho, Ano Novo. Um ciclo que se fecha e outro se abre.
Muitos desafios irão acontecer no próximo ano de 2007. Que todos estejamos ao melhor nível para os enfrentar.
Tudo será mais fácil se a coerência e a verdade prevalecerem sobre os interesses, sejam eles materiais ou de classe. Frontalidade e seriedade são atributos que os tempos sombrios que nos cercam vilipendiam. A ignorância e a mesquinhez são males que à mais pequena oportunidade afloram na sociedade. O servilismo e um prato de lentilhas são manjares para quem não tem verticalidade. A inveja e a cupidez minam as relações pessoais e de grupo. A inversão dos valores como a honradez ou a confiança fragiliza a sociedade.
Nada de novo traz o Ano Novo?
Só a nova Vida que nasce do útero materno!

Essa Vida representa o principio de Tudo.

Mário

Futuro

O Futuro é o intervalo de tempo que se inicia
após o presente e não tem um fim definido.

sábado, dezembro 30, 2006

What A Wonderful World

Nacionalistas

+
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
(Tikrit, 28 de Abril de 1937 - Bagdad, 30 de Dezembro de 2006)
+
Jonas Malheiro Savimbi
(3 de Agosto de 1934 - 22 de Fevereiro de 2002)
+
Mohammed Mossadegh
(19 de Maio de 1882 - 5 de Março de 1967)
§
Nacionalistas vítimas do Capitalismo Imperialista dos Estados Unidos da América.
MM

Tempo


Tempo
.
Tempo de estar e permanecer
Tempo de sonhar e de esquecer
Tempo de projectar e crescer
Tempo de viver.

O tempo só é tempo
Quando o tempo passa
Viver aquele momento
De tristeza ou graça
A graça que o tempo
Leva como o vento
Numa ameaça
Ou na esperança de um advento.

Mas quando o tempo deixa
A saudade de perda
Um lamento ou queixa
Uma angustia lerda
E o pensamento diga
Que é o tempo que corre
Atrás dele se siga
E a vida morre!

Saudai o tempo
Que o tempo voa
Deixando o lamento
Que em nós soa.

Feira de Velharias

Em Novembro não pudemos visitar a Feira de Velharias. Mas, neste último sábado do mês lá fomos dar “uma vista de olhos”. Sem ser tão entusiasmante como há dois meses, foi possível encontrar três peças que reputamos de interesse.
Em primeiro lugar falamos da 4.ª edição da «Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa», de José Régio. Temos as três anteriores, a primeira de 1941, a segunda s/data, ambas da Editorial Inquérito, a terceira de 1974 com introdução de Fernando Guimarães e agora a quarta de 1976 com introdução por João Gaspar Simões, também ambas da Brasília Editora.
.
Segundo o Catálogo de Edições, Maio de 2006, da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, as Actas do colóquio internacional, seguida de uma antologia de textos intitulada «Anastácio da Cunha, 1744 - 1787, o matemático e o poeta» estão esgotadas. Encontrámo-las, e na altura em que Anastácio da Cunha vê a sua Obra re-descoberta, é um contributo importante conhecê-la por intermédio da leitura destas Actas.
.
Por fim, são de 1958 os dez fascículos da obra editada pelos Estúdios Cor intitulada «Panorama das Ideias contemporâneas». Este tipo de obras são sempre datadas, porém não deixam de ter o maior interesse para o estudo da época em que foram dadas à estampa. Nomes como Sigmund Freud, Martin Heidegger, ou Oswald Spengler, Georg Lukacs, ainda Teilhard de Chardin, Benedetto Croce, são alvo de análise.
Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Desabafos

O futebol em Portalegre está de parabéns.
Um jovem nado e criado nesta terra de “fim do mundo”, e formado para o desporto-rei nas Escolinhas do Grupo Desportivo Portalegrense, é motivo de orgulho pela sua chamada à Selecção Nacional de Futebol na categoria de sub-18.
Cristiano Araújo, de seu nome, jogou nas Escolas e nos Infantis do Desportivo, tendo depois rumado a Lisboa para representar o Sporting Clube de Portugal. Mas, fundamentalmente as saudades da Família levaram a que o clube da Segunda Circular entendesse que para o seu crescimento humano e desportivo seria melhor regressar às origens.
Assim, eis Cristiano Araújo de novo em Portalegre e a representar o Clube Desportivo Portalegrense, legítimo herdeiro do bicampeão nacional da III Divisão, o saudoso e de boa memória Grupo Desportivo Portalegrense.
Não tem sido fértil esta terra em jogadores de primeiro plano no futebol nacional, contando-se pelos dedos de uma mão os seus nomes. Mas muito têm feito todos os clubes que desde os primórdios desta modalidade têm construído a história do futebol em Portalegre.
Se hoje o Sport Clube Estrela caminha com todo o mérito para o regresso na próxima época ao terceiro escalão do futebol nacional, o Clube Desportivo Portalegrense vê reconhecido o seu papel de formador de jovens, quando pela voz do seu Presidente, em entrevista ao semanário de Portalegre “Alto Alentejo”, se afirma ser o clube com mais atletas inscritos em Portalegre, feito notável quando se sabe a falta de apoio que as instituições dão à formação dos jovens que no futebol procuram crescer como Cidadãos.
MCNM
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 29/12/06

quinta-feira, dezembro 28, 2006

A Mais Bela História de Amor


A Mais Bela História de Amor

Of all the gin joints in all the...

Crónica de Nenhures


Está a chegar ao fim o ano de 2006. Nestes sete meses de blogosfera, muitas coisas boas aconteceram, e outras tantas coisas más também, como seria de esperar.
Das más, não vamos falar. Das boas, dois acontecimentos marcam a segunda metade do ano, já que quanto à primeira não estávamos aqui para agora dela podermos falar.
A Revoluções fazem-se nos Salões e só depois de neles terem “amadurecido”, é que vão para a Rua. Sempre assim foi e será. Por esse facto é que António Gramsci teorizou que o poder cultural antecede o poder político. Sem se deter a cultura não há hipótese de uma Revolução vingar.
O aparecimento de uma revista e a organização de uma conferência são factos de uma grandeza que ultrapassam em muito o que vinha sendo feito nos últimos anos. Um grupo de cibernautas e uma organização cívica mostraram que é possível fazer a Revolução.
A “Alameda Digital” e a conferência “A Nova Reconquista: da Ibéria à Sibéria” são dois marcos culturais no ano de 2006. Se a revista, segundo os seus promotores, vai continuar em 2007, e de certeza com mais intervenção cultural e cívica, a Causa Identitária criou justas expectativas quanto ao futuro. Se da primeira há uma garantia de qualidade, a ponto de ombrear já com a institucional “Futuro Presente” e competir no sentido nobre da palavra com a novel “Atlântico”, da segunda deseja-se que se torne mais interventiva na sociedade.
O Futuro corre a favor de quem não tem responsabilidades morais e executivas da crise económica e de Identidade que Portugal atravessa. Mas, só esse facto não é suficiente para que o sentido da História reverta. Há que trabalhar para que os ventos mudem de feição. E este espaço de Liberdade que é a Blogosfera, pese embora a cobardia do anonimato, risco a correr, é um caminho para, mas não solução de.
MM

Explicação necessária

A Mensagem de HNO.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

A América ao fundo

Estaline e os Judeus

Corpos embalsamados de Estaline e de Lenine no Mausoléu de Moscovo
*
Stalin's Jews
We mustn't forget that some of greatest murderers of modern times were Jewish.
Here's a particularly forlorn historical date: Almost 90 years ago, between the 19th and 20th of December 1917, in the midst of the Bolshevik revolution and civil war, Lenin signed a decree calling for the establishment of The All-Russian Extraordinary Commission for Combating Counter-Revolution and Sabotage, also known as Cheka.
Within a short period of time, Cheka became the largest and cruelest state security organization. Its organizational structure was changed every few years, as were its names: From Cheka to GPU, later to NKVD, and later to KGB.
We cannot know with certainty the number of deaths Cheka was responsible for in its various manifestations, but the number is surely at least 20 million, including victims of the forced collectivization, the hunger, large purges, expulsions, banishments, executions, and mass death at Gulags.
Whole population strata were eliminated: Independent farmers, ethnic minorities, members of the bourgeoisie, senior officers, intellectuals, artists, labor movement activists, "opposition members" who were defined completely randomly, and countless members of the Communist party itself.
In his new, highly praised book "The War of the World, "Historian Niall Ferguson writes that no revolution in the history of mankind devoured its children with the same unrestrained appetite as did the Soviet revolution. In his book on the Stalinist purges, Tel Aviv University's Dr. Igal Halfin writes that Stalinist violence was unique in that it was directed internally.
Lenin, Stalin, and their successors could not have carried out their deeds without wide-scale cooperation of disciplined "terror officials," cruel interrogators, snitches, executioners, guards, judges, perverts, and many bleeding hearts who were members of the progressive Western Left and were deceived by the Soviet regime of horror and even provided it with a kosher certificate.
All these things are well-known to some extent or another, even though the former Soviet Union's archives have not yet been fully opened to the public. But who knows about this? Within Russia itself, very few people have been brought to justice for their crimes in the NKVD's and KGB's service. The Russian public discourse today completely ignores the question of "How could it have happened to us?" As opposed to Eastern European nations, the Russians did not settle the score with their Stalinist past.
And us, the Jews? An Israeli student finishes high school without ever hearing the name "Genrikh Yagoda," the greatest Jewish murderer of the 20th Century, the GPU's deputy commander and the founder and commander of the NKVD. Yagoda diligently implemented Stalin's collectivization orders and is responsible for the deaths of at least 10 million people. His Jewish deputies established and managed the Gulag system. After Stalin no longer viewed him favorably, Yagoda was demoted and executed, and was replaced as chief hangman in 1936 by Yezhov, the "bloodthirsty dwarf."
Yezhov was not Jewish but was blessed with an active Jewish wife. In his Book "Stalin: Court of the Red Star", Jewish historian Sebag Montefiore writes that during the darkest period of terror, when the Communist killing machine worked in full force, Stalin was surrounded by beautiful, young Jewish women.
Stalin's close associates and loyalists included member of the Central Committee and Politburo Lazar Kaganovich. Montefiore characterizes him as the "first Stalinist" and adds that those starving to death in Ukraine, an unparalleled tragedy in the history of human kind aside from the Nazi horrors and Mao's terror in China, did not move Kaganovich.
Many Jews sold their soul to the devil of the Communist revolution and have blood on their hands for eternity. We'll mention just one more: Leonid Reichman, head of the NKVD's special department and the organization's chief interrogator, who was a particularly cruel sadist.
In 1934, according to published statistics, 38.5 percent of those holding the most senior posts in the Soviet security apparatuses were of Jewish origin. They too, of course, were gradually eliminated in the next purges. In a fascinating lecture at a Tel Aviv University convention this week, Dr. Halfin described the waves of soviet terror as a "carnival of mass murder," "fantasy of purges", and "essianism of evil." Turns out that Jews too, when they become captivated by messianic ideology, can become great murderers, among the greatest known by modern history.
The Jews active in official communist terror apparatuses (In the Soviet Union and abroad) and who at times led them, did not do this, obviously, as Jews, but rather, as Stalinists, communists, and "Soviet people." Therefore, we find it easy to ignore their origin and "play dumb": What do we have to do with them? But let's not forget them. My own view is different. I find it unacceptable that a person will be considered a member of the Jewish people when he does great things, but not considered part of our people when he does amazingly despicable things.
Even if we deny it, we cannot escape the Jewishness of "our hangmen," who served the Red Terror with loyalty and dedication from its establishment. After all, others will always remind us of their origin.

O Presidente-Rei

Sidónio Pais é recordado num excelente texto de Paulo Cunha Porto

Existe abundante bibliografia sobre o Sidonismo, pelo que apenas referimos o livro dos «Exames Periciais no Cadáver do Presidenta da República Dr. Sidónio Paes» (1921), pela sua importância técnica, e o livro-panfleto de António de Albuquerque «Sidónio na lenda» (1922), do qual o Instituto Superior Politécnico de Viseu publicou uma segunda edição em Outubro de 2002.
MM

Harry Potter e a Ordem de Fénix

Está prevista a estreia do filme “Harry Potter e a Ordem de Fénix” para 13 de Julho de 2007.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Harry Potter and the Deathly Hallows

Harry Potter and the Deathly Hallows (Book 7) [Children's Edition] (Hardcover)
by J. K. Rowling (Author)
Price: £13.99
Availability: Not yet published: you may still order this title.
We will dispatch it to you when we receive it from the publisher.
Dispatched from and sold by Amazon.co.uk.

Recorde nas vendas online

Segunda-feira, dia 18 de Dezembro de 2006, foi batido um recorde na Amazon, o maior sítio de vendas na Internet: foram encaixotadas nos armazéns de Londres, que podemos ver na foto*, e enviadas 600 mil encomendas, numa média se sete por segundo.
Além dos livros – a especialidade da
Amazon – o grande sucesso este ano foram os brinquedos sexuais.
O aumento de vendas online contrasta com as quebras que foram sentidas em Inglaterra. Os comerciantes de Londres esperam o pior Natal dos últimos 25 anos.
FOTO: Bruno Vicent/Getty Images
in, SÁBADO – N.º 138 – 21 a 27 DE DEZEMBRO DE 2006 - p.12/13
*

Pelos vistos, não é só em Portugal a crise económica. Contudo, não há semelhança entre o nível de vida nos dois países da UE. Portugal vive um período difícil, e para 2007 não se vislumbra melhorias.
*A fotografia da revista é em A3, e aparece editada no postal dividida em duas, em A4. [mj]

Crónica de Nenhures

Falência a prazo
*
Ainda não terminou a primeira volta da Liga de Futebol indígena, e já está tudo praticamente “resolvido”. O FCP será o campeão, enquanto o segundo lugar, com entrada directa na Liga dos Campeões é o “campeonato” da «Segunda Circular», enquanto a norte, Boavista e Braga disputam os lugares na Taça UEFA.
A moribunda, porque desinteressante e financeira desastrosa, Taça de Portugal servirá somente para um clube de menor dimensão ir à também economicamente negativa Taça UEFA.
Com assistência médias aos jogos de pequenos milhares de adeptos, em que há prejuízo na organização dos jogos para os visitados, porque os custos fixos sempre mais do que duplicam em relação à receita de bilheteira, o futuro dos clubes portugueses, à excepção dos três “grandes” é mais do que duvidoso.
Além da falta de credibilidade, o futebol português vive acima das suas possibilidades económicas, aumentando cada mês que passa o não pagamento de salários a jogadores, equipa técnica e médica. Um descalabro!
E, em doze meses do ano, apenas em sete há competição. Que fazer?
Passando para a II Liga, outro problema, não de dimensões económicas tão elevadas, mas à escala, mais graves.
E a nível das camadas jovens, Juniores, Juvenis, Iniciados, Infantis e Escolas? Dramático! Só a carolice de «meia dúzia» de adeptos mais entusiastas conseguem manter em funcionamento estes campeonatos, nacionais e distritais.
E os campeonatos distritais? Só quem conhece este universo pode dizer do amadorismo em que se realizam.
Mas, a Liga de Futebol Profissional, a Federação Portuguesa de Futebol e as Associações Distritais de Futebol, não têm problemas financeiros. E esta?!...
MM

Nuno Narciso esmagador de espelhos

Grilo Falante
(Grilo Falante é um personagem do desenho animado criado pela Disney
para o conto infantil chamado Pinóquio, escrito por Carlo Collodi)
*
Aquilo não podia estar a acontecer. Mas o que é que se estava a passar, que já não compreendia nada? Nunca falhara desde que o trouxera lá do duque de Saldanha, de um rés-do-chão onde também se jogavam jogos de guerra em computador, em que ele, claro, ganhava sempre graças à sua capacidade de estratégia em cenários de conflito. Nem o major Alvega fazia melhor!
Será que tinha ultrapassado o prazo de validade? Seria ele um humanóide? Mas ao comprá-lo, bem, não o comprara, levara-o e pronto!, ele tinha esse direito porque ganhava sempre. Mas, mesmo assim, deveria ter pedido um documento de garantia?
É bem verdade. Quando se pensa que se tem tudo resolvido, não é que aparece sempre qualquer areiazinha na “engrenagem”? E tudo já estava outra vez nos carris…
Bem, tudo, mas tudo, não. Ainda havia que limar umas arestas. Mas o principal estava sob controlo. O gordo já não chateava muito.
Quem acredita que EU não fui lá a convite do Governo, EU que sou tão mediático, astro fulgurante da rádio e da televisão, cultíssimo, inteligentíssimo e belíssimo (irra!, agora não quero pensar naquele ingrato que de certeza anda a mentir-me). Claro que fui eu que me inscrevi para que o Planeta falasse de mim, ia lá perder esta oportunidade!
Já agora, quem é que tem GPS ou se vai dar ao trabalho de verificar que o edifício do IPIS não fica ao lado do palácio do antigo Xá, mas a cerca de uma hora de automóvel? Pois é, como se isso fosse importante. Qual é o problema de dizer que o Bica do Sapato é ao pé do Galeto ou a Mexicana junto ao Maxime? Parolos! O que interessa é que nem lá perto chegara…, quanto mais ter lá entrado. Era o que faltava! EU misturar-me com aquela gentalha? Haja paciência!
E mesmo que o embaixador confirmasse a inscrição e não o convite, quem é que iria acreditar nele? Coitado, presunção e água-benta cada um toma a que quer…
Mas aquele ingrato é que o estava a apoquentar. Agora também era um negacionista? Da primeira vez ele corara, também da segunda, mas depois começou a afirmar com toda a convicção. O que é que se passaria?
Será que teria, desta vez, que ir contratar o esmagador-mor de ovos de serpente? Não lhe apetecia nada, é tão presunçoso e convencido. Que chatice!
Bem, vamos lá perguntar-lhe pela enésima vez:
_ Espelho meu, há alguém mais belo e inteligente do que EU?
_ Sim, Tomás Noronha.
MM
*
Toda e qualquer semelhança com a realidade, é pura ficção

Batalhas do Passado

Num dado momento temos que escolher entre D. Pedro e o D. Henrique, entre Cromwell e Carlos l, entre o Marquês e os Távoras, entre Jacobinos e Chouans, entre D. Pedro e D. Miguel; ou entre os 'brancos' e os 'vermelhos'
Uma série de episódios recentes - a morte de Pinochet, a revisionista “Lei da Memória” de Zapatero sobre a Guerra Civil espanhola, a inclusão de Salazar em lugar cimeiro no concurso dos Grandes Portugueses - trouxeram o passado outra vez para o debate quotidiano. Que, diga-se, é mais interessante que discutir os méritos e «flops» do dr. Marques Mendes, ou "as reformas" inadiáveis.
O passado, "país estranho" de onde acabamos por vir, pessoal ou colectivamente; porque somos todos de lá, mesmo os mais progressistas ou futuristas; temos lá os nossos predecessores, os nossos irmãos de armas ou letras, os nossos mártires, os nossos heróis, os nossos inimigos, os nossos fantasmas, os nossos algozes. Num dado momento temos que escolher entre o D. Pedro e o D. Henrique, entre Cromwell e Carlos I, entre o Marquês e os Távoras, entre os Jacobinos e os Chouans, entre D. Pedro e D. Miguel; ou entre os 'brancos' e os 'vermelhos', os Nacionalistas e a Frente Popular, Pinochet e Allende. É assim. A "vida do espírito" é também essa continuidade e essa comunidade com as guerras desse "estranho país".
Curiosamente a esquerda - a tal "eterna" e politicamente correcta, convencida, arrogante, jacobina, "antifascista", dona da verdade e da democracia - mostra-se aqui empedernidamente igual a si mesma, escamoteando factos, cobrindo razões com gritos de indignação e insultos, não dando o braço a torcer.
É um maniqueísmo que recusa a realidade e a natureza dos homens e das coisas e a ideia - talvez por ser cristã, talvez por ser antropologicamente pessimista (logo "de direita") - que o homem é igual desde que há memória e história como crónica dos homens; capaz de tudo, do melhor e do pior, de paixão, de cálculo, de generosidade, de crueldade, de dedicação incontida, como de traição calculada. Actuando por medo, interesse ou honra. Um maniqueísmo que distribui essas qualidades humanas segundo ideologias e partidos: do género - os comunistas são sempre "coerentes e corajosos" mas os fascistas são, nas mesmíssimas atitudes, "fanáticos e brutais"; as direitas são egoístas e exploradoras; as esquerdas generosas e amigas dos pobrezinhos. Como se isto tivesse alguma coisa a ver com a realidade.
O tempo, que é um grande mestre (perdoem-me o «cliché», mas é mesmo...) ensina o contrário: que na política, "remo do mal, como aprendemos com Santo Agostinho e Maquiavel, a razão de Estado, quando se trata da sobrevivência das comunidades e pessoas em situações limite - «mors tua vita mea» - leva os protagonistas a fazer as mesmas coisas: no Chile em 73, ou na Espanha em 36, fatalmente ia haver confronto, guerra, vítimas de guerra, vítimas colaterais, vencedores e vencidos. Como na Rússia em 1917, na China em 1949, ou em Cuba em 1959. Como em França na Revolução ou nas Guerras Religiosas. Os vencedores sempre reprimem e punem mais que os vencidos e, nos casos citados, pode dizer-se que, a avaliar pêlos exemplos dos correligionários, temos legítimas dúvidas de qual teria sido o resultado da vitória dos «rojos» no Chile em 73 e em Espanha em 1936. A avaliar pelo que fizeram em Espanha nas áreas que controlaram em 36 e o que fizeram em Cuba, desde que tomaram o poder e pelo modo como o exerceram quando não tiveram os Francos e Pinochets para os parar.

JAIME NOGUEIRA PINTO (Professor Universitário)
in, Expresso, 23 de Dezembro de 2006 – PRIMEIRO CADERNO – P. 26

sábado, dezembro 23, 2006

Natividade

Menino Jesus
(colecção particular)
*

Alegrem-se os céus e a Terra
Cantemos com alegria
Já nasceu o Deus-Menino
Filho da Virgem Maria!
(memória da nossa infância)

Um Santo Natal para todos Vós.
Mário

Ave Azul

martim said...
"Ave-Azul" une-se à "Voz Portalegrense" neste Natal.
Sáb Dez 23, 03:46:00 AM 2006
_______

Caro Martim Lourenço

E o recíproco é Verdadeiro!

Mário

O Restaurador da Independência

Terminou ontem a votação para a I Edição dos Conjurados, os prémios que os amigos do Restaurador da Independência irão atribuir através de votação pela primeira vez este ano. Participaram 34 blogues na votação e irei apresentar os 10 primeiros classificados por cada categoria. Os três primeiros, terão o direito de usar até à próxima edição (2007) o Conjurado de Ouro, Prata ou Bronze. Irei enviar a todos o troféu por e-mail.
Resta-me agradecer a todos pela participação e também por algumas propostas que irei por em prática no próximo ano para melhorar o funcionamento dos Prémios Conjurados.

O Restaurador da Independência levou a efeito um acontecimento blogosférico que intitulou “I Edição dos Conjurados”.
Por duas vezes aparece o nosso nome. Contudo, mais importante que posições ou lugares é termos o prazer de saber que Alguém nos visita, compreende e respeita o que fazemos.
A Voz Portalegrense “nasceu” em Portalegre, mas não é o que se possa chamar um blogue Alentejano. Contam-se pelos dedos das mãos as vezes que falou de Portalegre, e ainda menos do concelho, distrito e região a que geograficamente pertence.
Escolheu o nome que ostenta em homenagem a um semanário que marcou uma época em Portalegre, cujos valores que defendeu são idênticos aos que hoje defendemos.
Contudo, não renegamos o torrão que nos viu nascer, daí a honra que sentimos em sermos citados numa Casa de Vila Viçosa que tão prestígio tem neste universo.
Bem-Haja por isso.
Longa Vida para o Restaurador da Independência!
Viva o Alentejo!
Mário

O amigo dos pobrezinhos

A FESA, Fundação Eduardo dos Santos, é uma entidade de carácter privado que tem como objectivo primordial auxiliar os poderes públicos na solução dos problemas que afligem o país.
Idealizada pelo Presidente de Angola, Eng. José Eduardo dos Santos, seu Patrono, a FESA surgiu em 1966 e tem contribuído não só para amenizar o sofrimento das populações menos desfavorecidas, mas, principalmente, empenhando-se em proporcionar acesso à educação e ao trabalho.
Os seus
Órgãos Directivos são presididos por Ismael Diogo da Silva.
*
José Eduardo dos Santos (28 de agosto de 1942 - ), natural de Luanda, Angola é o segundo presidente da Republica de Angola.
O presidente José Eduardo dos Santos assumiu a presidência de Angola após a morte do seu antecessor, Agostinho Neto.
Presidente da República de Angola, comandante em chefe das F.A.A (Forças Armadas Angolanas), presidente do M.P.L.A. (Movimento Popular de Libertação de Angola) o maior partido e que sustenta o governo angolano.
É por muitos considerado, o homem mais rico do país, a sua família controla algumas empresas do sector de construção, petrolífero, telefonia, de recolha de lixo na cidade capital, Luanda, do ramo diamantífero, bancário e no sector hoteleiro com a gestão do famoso restaurante Miami Beach em Luanda e acções em alguns hotéis badalados da cidade capital.
Governa o seu país desde 1979, tendo sido o mais votado nas eleições gerais de 1992 em que teve como concorrente principal o falecido Jonas Savimbi, numas eleições consideradas como justas pela opinião pública internacional, mas que nunca chegou a ter o segundo turno.
Os resultados não foram aceites pelo último que reiniciou uma guerra civil que terminou em 2002 com a sua morte e a assinatura dos acordos de paz no dia 4 de Abril do mesmo ano.
A presidência de José Eduardo dos Santos é marcada por uma contestação popular silenciosa caracterizada por murmúrios, com várias remodelações ministeriais a conhecida “dança das cadeiras” e por uma ditadura algo subtil.
_______
Não se esperaria de tão “democrata” personagem esta faceta altruísta. E já desde 1966!!!
Curiosamente, os seus “amigos” velhos e principalmente os “novos”, nas tribunas que têm ao seu dispor, não alardeiam a filantropia deste ditador, hoje grande amigo dos EUA…
MM

Olivença é Portugal

Semanário "O SOL", 23-DEZEMBRO-2006 (OLIVENÇA!)
"OLIVENÇA LUTOU EM 1640-1668!"
Li, com muita atenção, como é lógico, a carta de Theresa Schedel de Castello Branco, de Lisboa, no "Sol" de 16 de Dezembro de 2006, sob o título "Olivença agradecerá o esforço?"
Não sei o que me impressionou mais. Talvez a incapacidade da autora em compreender que há quem lute por causas apenas por as considerar justas, mesmo quando parecem "perdidas". Nem ouso especular sobre o que terá pensado esta senhora sobre os quixotescos que acreditaram, nas décadas de 80 e 90, que ainda valia a pena acreditar num Timor Livre.
Também não vou entrar em pormenores sobre o "quixotismo", no qual há um aspecto que me apaixona: o Cavaleiro da Triste Figura lutava obstinadamente pelos seus ideais, a maioria dos quais bem generosos. Para mim, prefiro-o aos seus adversários, frios, calculistas, interesseiros.
O que eu não perdoo (enfim, é uma maneira de dizer...) é o desconhecimento Histórico. A autora, de entre os documentos da época de 1640-1668, escolheu um dos mais pessimistas, quando poderia ter optado por muitos outros com outras opiniões. Desconhece dois casos que deveriam ser um exemplo: em 1641, a 17 de Setembro, ante um ataque surpresa de espanhóis, os populares oliventinos, enquanto esperavam tropas regulares, defenderam a sua terra com sacrifício das vidas de muitos de entre eles, junto à Porta do Calvário, o que deu origem a que o feriado municipal, até 1801, fosse celebrado a 17 de Setembro (onde estavam então as ligações a "Castela", matrimoniais e outras?); o outro caso, mais significativo, ocorre em 1657/8, quando as tropas espanholas se apoderaram de Olivença, e os seus seis mil habitantes, salvo 30, não aceitaram as propostas do ocupante, e abandonaram a povoação, dispersando-se por Elvas, Juromenha, Estremoz, Vila Viçosa, Alandroal, etc. Só regressaram a Olivença com a Paz de 1668 e a reentrega de Olivença a Portugal. Entretanto, espanhóis de Cheles, Alconchel, e Badajoz, tinham ido para a Terra das Oliveiras, principalmente para fazer uma recepção entusiástica ao Rei de Espanha... uma farsa abominável!
O facto (o exílio auto-imposto dos oliventinos) foi bastante comentado, mesmo por toda a Europa. Fontes francesas, inglesas, e alemãs, apontam estes acontecimentos como demonstrativos da fidelidade de um povo ao seu rei (Afonso VI, então). (...)
Carlos Eduardo da Cruz Luna
_______
A CARTA DA SENHORA (16 de Dezembro de 2006)
OLIVENÇA AGRADECERÁ O ESFORÇO?
CONCORDO com Marcelo Rebelo de Sousa, na sua coluna no "SOL", que é de admirar o esforço de Carlos Luna em prol de Olivença. Mas parece-me ligeiramente quixotesco. Será que os habitantes de Olivença lhe agradecem o esforço?
Em 1640, quando foram libertados do jugo espanhol, acolheram a coisa com pouco entusiasmo. Francisco de Melo Torres (futuro Conde da Ponte e Marquês de Sande), recém-nomeado governador da Praça, lamentava, a 5 de Março de 1641, em carta para D. João IV, a atitude pouco patriótica da população.
A gente da terra tinha muita comunicação com o lado espanhol, quase não havia um morador que não fosse casado com uma castelhana, ou filho de castelhana. Os mais ricos, os mais disponíveis para servir, tinham gado, dinheiro, seara, em terra espanhola. A gente não se prestava ao serviço de Sua Majestade como devia, "havendo entre eles um modo de linguagem, que em suma é que com o que sofrem ao perder a comunicação com Espanha, já fizeram serviço de sobra a Vossa Majestade".
Quando Francisco de Melo Torres quer alojar os soldados que vieram com ele, o povo faz reclamações, quando faz um alarde para o treino da guarnição, ninguém aparece, há pelo menos quarenta cavalos na vila, mas quando convocou os donos com os seus animais só onze se apresentaram. E conclui: "Afirmo a Vossa Majestade, com a verdade que devo falar, que é uma lástima o que nesta vila se vê. Todos estes senhores se acham potentados livres e eu escusado na sua assistência. Todos cuidam que deram o reino a Vossa Majestade e que em Olivença consiste".
Vale a pena, então, repetir a pergunta: Será que os habitantes de Olivença agradecem o esforço?
Theresa Schedel de Castello Branco - LISBOA
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MINHA RESPOSTA, NO ORIGINAL, TINHA MAIS UM PARÁGRAFO NO FIM!:
(...)" O facto (o exílio auto-imposto dos oliventinos) foi bastante comentado, mesmo por toda a Europa. Fontes francesas, inglesas, e alemãs, apontam estes acontecimentos como demonstrativos da fidelidade de um povo ao seu rei (Afonso VI, então).
Um frade jesuíta compôs mesmo uma poesia em Latim, que reproduzo (seguindo-se a tradução):
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DE URBE OLIVENTIA CAPTA
"Quas tibi Palladias, Alfonse, Philippus olivas
abstulit incolumes has tibi Pallas alit.
Perfidae et fidei certatum est robore,portas
perfidia intravit, corda fides tenuit.
Omnibus in patria manendi est facta potestas:
nullum captivum mansit in orbe caput.
Victrices Aquilas defixit in arce Philipus;
Lusiadum, Alfonse, in pectore fixus ades.
Victor uterque fuit, victoria dividit urbem:
Alfonsus cives; saxa Philippus habet."
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Tradução:
A TOMADA DA CIDADE (VILA) DE OLIVENÇA
"As oliveiras de Palas, Afonso, que Filipe te arrebatou,
guarda-as Palas para ti, intactas.
Combateu-se com as forças da traição e da lealdade:
a traição cruzou as portas, mas a lealdade manteve os corações fiéis.
A todos se lhes deu a possibilidade de ficar na pátria (cidade, vila),
mas nenhum permaneceu cativo no recinto urbano.
Filipe cravou no torreão as suas águias vitoriosas;
mas tu, Afonso (IV), estás cravado no peito dos portugueses.
Cada um ficou vencedor, a vitória fez a divisão da cidade:
Afonso obtém os cidadãos, Filipe os muros de pedra."
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Curioso, não é? Veja-se como a verdade histórica contraria a lógica da D. Theresa Castello Branco!
Acredito que a autora não tivesse má intenção. Na verdade, há tanta desinformação sobre o tema Olivença, em Portugal, que é vulgar surgirem textos deste teor.
Claro, em Espanha (e Olivença) é pior. O oliventino quase nada sabe sobre a sua História, o que é lamentável, principalmente numa democracia.
Só para dar um exemplo: Olivença perdeu gente e importância no século XIX (nos primeiros 100 anos de administração espanhola). Em 1801, segundo a "História da Extremadura" (de Maecelino Cardalliaguet, 1993, Bibl. Pop Extrem., Badajoz), Olivença era tão grande com, por exemplo, Badajoz (!!!). Era tão grande como uma cidade como Estremoz. Hoje, tem 11 000 Habitantes, enquanto Estremoz tem 16 000.
Espero ter contribuído para, de alguma forma, esclarecer os leitores do "Sol" e a autora da carta de 16-Dezembro-2006 ao mesmo.
Carlos Eduardo da Cruz Luna
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Recebido via mail. [mj]

Escolhas de Eurico de Barros

Costumo chegar ao final do ano com mais filmes de que gostei do que tenho dedos nas mãos para os contar. Este ano, ficou rés-vés-Campo de Ourique.
A tarefa de selecção dos "10 mais", que costuma ser demorada e torturada, foi rápida e quase indolor. Uma ou duas hesitações, dois ou três títulos riscados e já está. Sinal de que 2006 foi um ano de vacas bastante magras, apesar de todas as semanas se estrearem carradas de filmes.
Se nem Hollywood escapou a ter um ano atípico, como é que poderia ser diferente em Portugal?

Entretanto, e como já se tomou um hábito desagradável, vários bons filmes, americanos e não apenas, nem sequer tocaram nas telas, caindo directamente no mercado do DVD. E estou a falar de filmes que, profissionalmente trabalhados e acarinhados, até fariam figura decente nas salas. Adiante.
Quais são os melhores filmes de 2006?
São os filmes de que eu gostei mais, muito simplesmente. Vão desde Match Point, o grande e amoral regresso de Woody Allen, até ao irrotulável O Mundo ao Contrario, de Terry Gilliam, pelo qual ninguém deu em parte nenhuma; de O Mundo, ou a China em mudança a mata-cavalos, retratada por Zia Jhang Ke, até O Céu Gira, o documentário da espanhola Mercedes Álvarez, sobre pegadas de dinossauros, numa aldeola onde só resta um punhado de velhos e a passagem do tempo sobre tudo; de A Lula e a Baleia, de Noah Baumbach, retrato cómico-dolorido da desintegraçãode uma família americana urbana, até Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos, dos estreantes Jonathan Dayton e Valerie, sobre uma família de falhados que descobre que afinal é mais unida do que pensava. E mais os restantes da lista abaixo.
A ver se em 2007 as vacas cinematográficas engordam.
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1. 'Match Point'
Woody Allen

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2. “O Mundo”
Jia Zhang Ke
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3. “O Céu Gira”
Mercedes Álvarez
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4. “Voltar”
Pedro Almodóvar
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5. “O Segredo de Brokeback Mountain”
Ang Lee
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6. “Uma História de Violência”
David Cronenberg

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7. “A Lula e a Baleia”
Noah Baumbach

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8. “World Trade Center”
Oliver Stone

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9. “Uma Família à Beira de um Ataque...”
Jonathan Dayton/Valerie Faris

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10. “O Mundo ao Contrário”
Terry Gilliam

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in, DN - 6.ª - 22 DEZEMBRO 2006 - p. 23

Olivença é Portugal


"Diário de Notícias"
23-Dezembro-2006
(Tribuna Livre/Cartas)
IGNORADA OLIVENÇA
Estiveram reunidos, em Badajoz, os governos de Espanha e Portugal, nos passados dias 24 e 25 de Novembro de 2006. Tudo na maior das cordialidades.
A cobertura noticiosa, contudo, não foi tão ampla como de costume. Talvez porque estas cimeiras, actualmente, constituam, não um processo em si, mas o culminar formal de conversações prévias de bastidores. No fundo, trata-se essencialmente de assinar documentos elaborados nos bastidores.
Foi bonito. Ao que a imprensa noticiou, todavia, a cobertura informativa foi menor que o habitual. Na verdade, o centro de imprensa foi encerrado formalmente às 21 horas de sexta-feira pela que a Polícia Local de Badajoz, que impediu a chegada de transportes ao centro de comunicações mundial da cimeira. É que, explicou-se, "desaguou em Badajoz a tempestade que assolara Portugal".
A culpa foi do ciclone.
Talvez fosse o ciclone o culpado de ninguém ter colocado uma pequena questão: a vinte quilómetros a sudoeste de Badajoz, existe uma cidadezinha. Ela é razoavelmente falada... mas nunca nestas ocasiões, em que tudo é asséptico. Dir-se-ia que se fazem esforços para que "as relações peninsulares" não "tenham armadilhas e conflitos". Que, afinal, os há, ainda que não devessem ser esquecidos. "Curiosamente, em cada cimeira", negam-se. Ambas as partes o fazem.
Que me perdoe o jornalista de cujas palavras fiz três ou quatro citações. Mas não resisto, ao lembrar esta Cimeira de Badajoz, a recordar a cidadezinha que referi, a vinte quilómetros a sudoeste da urbe extremenha. Ela chama-se Olivença.
E discute-se a legalidade da sua posse há duzentos anos.
Vinte quilómetros somente! Como puderam os dirigentes "ibéricos" não reparar neste pormenor! Há um ano, em Évora, esqueceram também o assunto. Mas, aí, estavam a cinquenta quilómetros de distância. Sempre é diferente...
Mas, agora a vinte quilómetros... como explicar?
Só há uma explicação: o ciclone. A Natureza impediu os políticos reunidos em Badajoz de se debruçarem uns minutos sobre um tema que, decerto, actualmente, no clima de franca amizade que os irmana, doutra forma não poderia deixar de os ocupar. Ou... não é em ambientes fraternais que se expõem sem melindres todos os problemas?
Maldito ciclone!
É verdade que, no Sábado, dia 25, já o tempo estava mais de feição. O assunto, todavia, já perdera a oportunidade. À saída, é verdade, havia uns cartazes. Uma faixa, principalmente, onde se lia "Olivença é terra portuguesa". Ao lado, estava um grupo que tinha uma opinião contrária. Sem problemas, em democracia. Os dois "manifestos" até trocaram opiniões. Parece que começa a ser possível falar deste e doutros temas, livremente, na rua, até em Espanha, a nível público.
Todavia, para os políticos, isto não foi possível. Por causa do ciclone, evidentemente.
Ciclone que, como vimos, afastou muita da Imprensa. Deste modo, nem foram quase notícia os cartazes e a faixa.
Decididamente, há que dizê-lo mais uma vez, a terminar: "Maldito ciclone!"
Carlos Luna
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Chegado por mail. [mj]

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Desabafos

Cerca de 15 mil candidatos maiores de 23 anos foram aprovados para ingressar no ensino superior, tendo para o efeito realizado o denominado exame ah-hoc. O número total de candidatos ascendia a cerca de 19 mil, e na sua larga maioria não tinham o 12.º ano completo.
Estes expressivos números contrastam com o ano lectivo passado, no qual entraram somente 901 alunos através deste regime. O que distingue o regime antigo do actual é que as provas de acesso estão agora inteiramente a cargo de cada instituição.
Segundo o Ministério do Ensino Superior, o processo de admissão destes alunos ficou fora de controlo, com várias instituições a informarem os candidatos que as entradas eram «garantidas». Como mero dado estatístico, só o Politécnico de Bragança admitiu cerca de 600 alunos através deste regime.
Por sua vez, Mariano Gago, ministro do Ensino Superior, afirmou na Assembleia da República que está atento a esta situação, dizendo que ia avaliar a taxa de sucesso escolar destes alunos e compará-la com o resto do universo estudantil.
Com esta avalanche de última hora de alunos entrados para o Ensino Superior, ressentiram-se as escolas que ministravam os cursos do Ensino Recorrente, que de um momento para o outro viram esvaziar as suas turmas.
Mas, o lado positivo deste acontecimento, é que ao entrarem no Ensino Superior, estes alunos engrossam o número da frequência de um grau académico de nível superior, importante em termos estatísticos, além de, com o pagamento das propinas, irem ajudar os tão debilitados orçamentos daquelas instituições.
MCNM
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 22/12/06

David Irving

Expulso o historiador que negou o Holocausto
O historiador britânico
David Irving, que questiona o Holocausto, foi posto em liberdade condicional quarta-feira e expulso de Viena para Londres, esta quinta-feira. De acordo com as autoridades, citadas pela Lusa, ficou proibido de regressar à Áustria.
Irving, 68 anos, foi condenado em Fevereiro a três anos de prisão.
Hoje, foi expulso após decisão do Tribunal da Relação de Viena, que converteu dois terços da pena em liberdade condicional devido ao bom comportamento e alegado arrependimento do preso, com a justificação de terem passado cerca de duas décadas desde a sua negação pública da existência do Holocausto (1989).
O polémico historiador britânico foi detido ao chegar à Áustria em Novembro de 2005, para dar conferências a convite de associações de extrema-direita, para quem era um ícone.
A Comunidade de Culto Israelita da Áustria classificou de «errada» a decisão judicial.
Esta comunidade, actualmente com cerca de 10.000 membros, tinha 200.000 na II Guerra Mundial, dos quais 125.000 foram deportados e 65.000 pereceram gaseados nos campos de concentração nazis.
Irving anunciou que dará uma conferência de imprensa na sexta-feira, em Londres, para apelar ao «boicote internacional dos historiadores alemães e austríacos até os respectivos governos abandonarem a legislação absurda», punitiva para quem negue o Holocausto.
Autor de «A Guerra de Hitler» (1977), Irving minimizou as atrocidades nazis e ilibou o Fuhrer de responsabilidades nos campos de concentração, recusando aceitar a existência de câmaras de gás em Auschwitz. Neste momento, tem em preparação uma biografia de Heirich Himmler.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Um anti-nazi na Terra dos Arianos

Persas do puzzle
Na última semana, se bem se lembram, estava eu - literalmente - à beira do pavilhão do Instituto de Estudos de Política Internacional (IPIS), em Teerão, a Magnífica. Perto do imponente antigo palácio do Xá, a dois passos de um jardim das mil e uma noites, saí do manto de neve para uma antecâmara agitada. Agarrava, como se fossem Os Lusíadas, uma comunicação, ou declaração, sobre os genocídios do século XX. Aí explicava uma coisa que - para o tempo e lugar - alguns acham impossível, e outros arriscada: a minha amizade simultânea pelo Irão, pêlos EUA, pela Palestina e por Israel.
Acrescentava a minha convicção sobre a historicidade, realidade e tragicidade do(s) holocausto(s), a necessidade de os compreender como existiram, de os reprimir quando existirem, de os prever e de os antecipar, para que não existam.
O texto foi censurado, depois de haver sido admitido. Tenho ainda a esperança, porém, de o ver publicado no país que, oficiosamente, tão bem me recebeu (a história completa encontra-se em http://www.ofuturopresente.blogspot.com).
Assim como Teerão é muito mais do que o seu quarteirão nazi, a verdade é que o Irão verdadeiro não é esta reunião de esotéricos racistas, promovida por um sector (e só um sector) do Estado, onde se podiam encontrar, como num museu de cera infernal, inúmeras abencerragens “negacionistas”, ou o imenso talento, descentrado e violento, do “Hitierista Maoista” Cláudio Mutti.
“O problema do holocausto é, na origem, europeu. Porque é que havemos de ser nós a despertá-lo do seu sono turbulento?”, perguntava-me o jovem Parvis, pegando num argumento comum do presidente Ahamadinejad e voltando-o ao contrário. Levou-me depois a um grupo de estudo (ligado à Frente de Participação Islâmica), onde se discutia um tema candente: a crise da “governação” iraniana, que leva a que um governo inicialmente popular (guiado por uma segunda escolha, atrás do actual mayor de Teerão, o senhor Qalibaf) tenha perdido, em pouco tempo, a confiança das massas, e sobretudo dos homens e mulheres comuns.
Esta terra espantosa tem imensas reservas naturais, mas faltam estruturas de refinação de petróleo. Tem um potencial turístico imenso, mas escasseiam investimentos. É um superpoder regional evidente, mas por enquanto só “uma potência em potência”.
Randa explica-me que as mulheres iranianas preferem cada vez mais ficar solteiras, e seguir uma carreira profissional, em vez de casar e ter de pedir autorização de trabalho ao marido. “É daqui que vai nascer a próxima revolução”, jura-me, enquanto ajeita o lenço para cobrir melhor as fontes de pecado: o cabelo e o colo.
Os primeiros ordenados dos jovens vão para operações estéticas ao nariz. Nos cafés, inventam-se soluções cibernéticas, há namoros furtivos (entre não possuidores de autorizações de enlace), e mostram-me música de protesto, trazida do Ocidente: quantos conhecem, nas nossas metrópoles, os geniais Die Kapitalist Pig e o Aldous Orwell Project, ou a “ópera-rock” sobre o 11 de Setembro, de Athena Reich?
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“Interesses comuns”
O Centro de Pesquisa Estratégica depende do Conselho da Expediência (presidido por Rafsanjani), uma espécie de corpo de consulta do Líder Supremo. Há outras unidades de reflexão e análise, dentro das forças armadas, hoje ligadas aos guardas da revolução por um comando comum, e que também dependem directamente do ayatollah Khamenei. Este assegura, no topo, a continuidade do modelo político-religioso, há quase 20 anos.
Tive por aqui discussões profícuas, onde me salientaram sempre os “interesses comuns” entre o Irão e o Ocidente, em três áreas: o Iraque, o Afeganistão e o Golfo Pérsico. A segurança de países e rotas é tão vital para Teerão como para os EUA ou a Europa. Talvez não se saiba mas, no caso afegão, logo a seguir ao 11 de Setembro, o Irão abriu o espaço aéreo à aviação americana, enviou centenas de comandos para guiar a força internacional antitalibã, forneceu mapas e coordenadas, e manteve uma guerra secreta contra a Al Qaeda.
Muita água correu, entretanto, debaixo das pontes.
in, SÁBADO - N.º 138 - 21 a 27 DE DEZEMBRO DE 2006, p.48

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A Filosofia da Saudade

A FILOSOFIA DA SAUDADE
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Um livro recente de António Braz Teixeira
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Porto, 23 de Novembro de 2006
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Uma das novidades editoriais deste ano de 2006 deve-se à Editora Quidnovi, de Lisboa, que acaba de publicar a Filosofia da Saudade, da autoria de António Braz Teixeira, um volume de 175 páginas, de agradável apresentação e papel de bom gosto. O autor dedica o livro à memória de alguns dos mais famosos pesquisadores da saudade: Afonso Botelho, Antonio Dias de Magalhães e José Augusto Seabra, entre outros.
Com um índice detalhado, Braz Teixeira nos dá um mapa claro da exposição em três capítulos. Metodológica e didacticamente disposto, o primeiro capítulo é referente à Filosofia da Saudade em Portugal. O primeiro capítulo tem três sub-divisões: os fundadores, a metafísica da saudade e a consciência saudosa. Em cada item há uma relação e um texto especial para apresentar ao leitor a específica posição teórica ou crítica de cada um. Assim no artigo dos fundadores, encontramos: D. Duarte, D. Francisco Manuel de Melo, Silvestre Pinheiro Ferreira e Garrett. Entre os sustentadores da metafísica da saudade, apontam-se os nomes de Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, Antonio Dias de Magalhães, José Marinho, Afonso Botelho, Dalila Pereira a Costa, Pinharanda Gomes, Manuel Cândido Pimentel, Paulo Borges, António Cândido Franco. Como intérpretes da consciência saudosa, estão arrolados os nomes de Joaquim de Carvalho, Sílvio Lima, Eduardo Abranches de Soveral, Eduardo Lourenço, Vergílio Ferreira e João Ferreira. O segundo capítulo trata da Filosofia da Saudade na Galiza. Arrolam-se os nomes de Ramón Cabanillas, Rafael Dieste, Ramón Otero Pedrayo, Ramón Piñeiro, Daniel Cortesón, Rof Carballo, Domingo Garcia Sabell e Andrés Torres Queiruga. O terceiro capítulo do livro diz respeito à Filosofia da saudade no Brasil. Há uma introdução e um espaço específico dedicado a Miguel Reale. Como apêndice, um ensaio sobre a expressão e o sentido da saudade na Poesia Angolana e outro sobre Ortega y Gasset e a Saudade.
Cada capítulo tem sub-capítulos ou itens que apresentam as figuras teóricas do saudosismo que mais se destacaram teoricamente ou criticamente em relação à temática da saudade.
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António Braz Teixeira e a Saudade
Quanto à especialização do autor a respeito da temática que aqui desenvolve, é útil consultar e ler a vasta bibliografia já produzida por Braz Teixeira sobre o assunto. Encontramos completa informação no longo artigo de Ricardo Vélez Rodríguez, biógrafo de Braz Teixeira, e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, Brasil, além de membro do Instituto luso-brasileiro de Filosofia, Lisboa, e do Instituto Brasileiro de Filosofia (São Paulo).
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Alguns destaques históricos sobre teóricos e fenomenólogos da saudade
No panorama dos pioneiros que iniciaram em Portugal e na Galiza a teorização sobre a saudade, e dos metafísicos, fenomenólogos e teóricos da consciência saudosa, no meio do elenco apresentado por Braz Teixeira, destacam-se em importância fundante, em primeiro lugar, a exposição e as teorias de el-rei D. Duarte, em O Leal Conselheiro. Depois das contribuições de vários outros autores, mostra-se a teoria e o apelo saudosista de Teixeira de Pascoaes, em múltiplas obras, tais como Maranus, Regresso ao Paraíso, Os Poetas Lusíadas. Importa na sequência destacar os estudos de Afonso Botelho, que levaram a crítica a olhar para a importância da análise fenomenológica feita por Dom Duarte. Foi importante também que Braz Teixeira tivesse apresentado aos leitores o papel de Joaquim de Carvalho que mostrou a capacidade crítica de chamar a atenção sobre a importância da análise da consciência saudosa no pensamento português. No panorama da análise fenomenológica e do cunho metafísico da saudade ocupa um lugar ímpar, também, pelo pioneirismo e pela qualidade do discurso, o pensador galego, de Santiago de Compostela, Ramón Piñeiro.
Quanto a Dom Duarte, escreve Braz Teixeira: “Pensava o rei-filósofo, como muitos pensadores depois dele, que a saudade é uma palavra propriamente portuguesa, em equivalente em latim ou noutras línguas. Porque, para D. Duarte, a saudade e um sentimento, o meio mais adequado para o seu conhecimento não é o raciocínio abstracto mas a auto-análise, que deverá começar por procurar ver em que se diferencia ela de outros sentimentos, de que se acha próxima, como a tristeza, o nojo, pesar, o desprazer ou o aborrecimento, tarefa a eu dedica todo o capítulo XXV do Leal Conselheiro.” (pp.22-23).
“A visão da saudade e do saudosismo como expressão essencial do espírito português, primeira, mais imediata e mais directa manifestação do pensamento saudosista de Pascoaes, assenta na ideia de que naquele se fundiram os caracteres ariano e semita, o paganismo e o cristianismo, provindo deste casamento ou desta união o entendimento que define o génio galaico-lusitano. Neste plano, a saudade aparecia ao Pascoaes de 1912 como “o desejo da coisa ou criatura amada tornado dolorido pela ausência. É o desejo e a dor fundidos (...)” (p.30).
Por sua vez, Joaquim de Carvalho achava que a perquirição da saudade “deveria prosseguir pela descrição fenomenológica da consciência saudosa, pois para chegar a uma definição de saudade e para alcançar o conhecimento do ser saudoso e do eidos da saudade, necessário seria o prévio conhecimento do “estar saudoso”. Seria, assim, a fenomenologia da saudade que permitiria determinar os componentes do acto saudoso.”(p.104). Sobre Ramón Piñeiro: “ Orientada num sentido decididamente ontológico e em íntimo diálogo com o pensamento existencial, a reflexão de Ramón Piñeiro (1915-1990) admite que a filosofia tem de fundar-se antropologicamente, no conhecimento do ser do homem, dado que não só este é o único ponto em que o homem contacta directamente com o Ser, como ser do homem é, ontologicamente, mais rico e mais complexo do que o do mundo ou da restante realidade.
“Assim sendo, o conhecimento filosófico, porque é um conhecer-se o homem a si próprio, não é um conhecimento objectivo, nem um conhecimento racional, pois o homem não é algo “objectivo” para si próprio nem uma ideia, mas qualquer coisa de íntimo, que se conhece ou sabe de si próprio sentindo-se como realidade vivida, experimentada e não como coisa exterior e pensada, o que significará então, que o conhecimento ontológico do homem só se atinge originariamente, através de uma vivência sentimental. “Para o pensador galego, o sentimento radical é a saudade já que, diversamente do que acontece com a alegria ou a tristeza, a nostalgia, a melancolia ou a morriña, é a vivência espontânea da pura intimidade do ser humano, um puro sentir, um sentimento em objecto, independente de qualquer relação com o pensamento ou com a vontade, é o sentimento da singularidade e da soidade ou solidão ontológica do homem”(p.131).
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Ficha Bibliográfica
TEIXEIRA, António Braz. A Filosofia da Saudade. Lisboa: Quidnovi, 2006. 175 pp.

Sílvio Lima e a Filosofia da Saudade

Sílvio Vieira Mendes Lima
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Pinharanda Gomes apresentou no semanário O Diabo o livro de António Braz Teixeira «Filosofia da Saudade». No texto faz referência a vários pensadores que Braz Teixeira estuda. Contudo, não cita Sílvio Lima.
Professor da Universidade de Coimbra, Sílvio Lima (1904-1993) surge no ensaio de Braz Teixeira nas páginas 106 a 108, no Capítulo I, “A Filosofia da Saudade em Portugal”, em “3.º A CONSCIÊNCIA SAUDOSA”, ao lado de Joaquim de Carvalho, seu mestre, amigo e colega, Eduardo Abranches de Soveral, seu antigo aluno, Eduardo Lourenço, outro seu antigo aluno, Vergílio Ferreira e João Ferreira.
Para estar incluído neste sub-capítulo, Sílvio Lima tem como trabalhos de referência «Elementos constitutivos da consciência saudosa», Revista Filosófica, n.º 6, Dez. 1952, e «Reflexões sobre a consciência saudosa», Revista Filosófica, n.º 14, Set. 1955.
Todavia, as suas «Obras Completas», em dois volumes, encontram-se publicadas na Série de Cultura Portuguesa das Edições da Fundação Calouste Gulbenkian.
Concordamos com Pinharanda Gomes acerca da importância desta obra de António Braz Teixeira, com o ‘acrescento’ de nela estar também um estudo sobre Sílvio Lima, notável Figura da nossa Cultura.
Mário Casa Nova Martins

A Filosofia da Saudade

Opinião
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A filosofia da saudade
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«A pauta do calendário refere que Braz Teixeira completou, neste ano de 2006, o 70. ° aniversário de vida, data jubilar para uma pessoa que tem sido, mais do que um nome, uma obra, iniciada de modo consistente em 1959 — quase meio século — com um estudo ainda hoje referendado como valiosa abordagem ao pensamento jurídico português na actualidade do tempo em que esse estudo foi publicado»
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PINHARANDA GOMES
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EMBORA o título desta crónica seja outro, tomamos para inicial sujeito dela o nome de António Braz Teixeira, que geralmente é apresentado como professor, pensador e ensaísta, com prejuízo do seu genuíno carisma, que é o de filósofo, ave cada vez mais rara no tecido cultural português e, não sabemos ao certo, de muitas outras partes do mundo. A pauta do calendário refere que Braz Teixeira completou, neste ano de 2006, o 70.° aniversário de vida, data jubilar para uma pessoa que tem sido, mais do que um nome, uma obra, iniciada de modo consistente em 1959 — quase meio século — com um estudo ainda hoje referendado como valiosa abordagem ao pensamento jurídico português na actualidade do tempo em que esse estudo foi publicado.
Para além da obra própria, investiu Braz Teixeira muito tempo e muito saber no serviço do outro, quer em estudos de exegese e de hermenêutica das mais singularesreferências do nosso pensamento filosófico (nosso: brasileiro, galego, português) querem tratamento editorial de textos de vários autores, sobretudo na área da filosofia jurídica. Depois de Cabral de Moncada, há uns bons anos falecido, parece não haver umpensador tão presente nessa tão interpelante disciplina que envolve os problemas ontológicos e ético-políticos do Direito e da Justiça.
Todos quantos, cada um a seu modo, vivemos a grande e questionada aventuraque foi (ou ainda é?) o movimento da «Filosofia Portuguesa», temos excelentes motivos para nos engalanarmos com o nome de Braz Teixeira, porque ele foi, e temsido, militante comprometido e exemplo de perseverança, inclusivamente abrindo à «Filosofia Portuguesa» a consideração de instituições que Álvaro Ribeiro e José Marinho julgavam inelutavelmente fechadas ao ideário de que foram inventores e missionários.
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Chave interrogativa
Dois volumes novos ficam desde já a atestar o jubileu: «Diálogos e Perfis» (estudos sobre o Pensamento Português e Luso-Brasileiro) e «A Filosofia da Saudade». Quanto ao primeiro, apenas a breve informação de que o volume se espraia eu duas partes (a primeira sobre convergências e divergências dos pensamentos brasileiro e português. A segunda, um leque variado de ensaios intemporais sobre o pensamento de personalidades como Suárez, Álvaro, Marinho, Orlando Vitorino e, porque não, António Sérgio, recebendo este uma outra luz que não a da estafada obscuridade das ideologias).
A Saudade (sentimento ou filosofema seja) é tema/problema que emerge no contexto da obra escrita por Braz Teixeira. Emergência frequente na busca de uma sistematização teorética, na coincidência de que, não obstante as antíteses (algumas vezes resumidas a meras opiniões mal humoradas) a saudade constitui matéria digna de reflexão filosófica, tanto nas vertentes antropológica e etnológica como nas vertentes da Psicologia, da Metafísica e da Teodiceia, para já não dizermos da Teologia (e da Mariologia, pois há a invocação portuguesa de Nossa Senhora da Saudade, bem diversa da castelhana Soledad).
Este livro, «A Filosofia da Saudade» (Quidnovi, 2006) deve ser recebido como um tratado em espécie, e não apenas de generalidades, do tema da saudade, em cujo átrio votivo o autor coloca os nomes dos principais representantes, já falecidos, da doutrina saudosista, deles nos cabendo salientar os nomes de cavaleiros andantes como o Padre Dias de Magalhães e Afonso Botelho.
Texto de natureza histórico-filosófica, abre com um subsistente discurso acerca da Saudade, dos respectivos ciclos doutrinais, que encerra com a exposição da problemática filosófica. Chave interrogativa: «Que contribuição original pode ela (a saudade) trazer à solução do problema do mal, ao problema da liberdade e ao problema da imortalidade pessoal?» - Teorema bem mais complexo do que o teor das ideias feitas, ou opiniões subjectivas. Na exposição propriamente dita há três capítulos densos. O primeiro acerca da Filosofia Portuguesa da Saudade, com identificação e exposição das teses dos fundadores dessa Filosofia, - (arcano: D. Duarte) e, a partir deles, os teorizadores da modernidade, com relevo para os nomes da «Renascença Portuguesa» e respectivas sucessões, desde Teixeira de Pascoaes às gerações posteriores; incluindo as mais novas. Do mesmo capítulo faz parte a contrastação das antíteses ou das paráfrases assumidas por pensadores geralmente tidos e havidos como não-saudosistas, com os específicos contributos da consciência saudosa de Joaquim de Carvalho, e dos dois Ferreira, João e Vergílio.
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Parabéns a Braz Teixeira
O segundo capítulo ordena os perfis do saudosismo galego, desde o mais antigo, Cabanillas, Otero Pedrayo e Ramón Pinheiro, a outros mais recentes. Exercício análogo Braz Teixeira aplica ao caso do Brasil, singularidade na obra de Miguel Reale. Por fim, uma breve digressão por Angola e por Ortega y Gasset, como que em forma de escólio, apresentando a prova de que a Saudade está em expansão e de que ela terá a viçosidade que, esperamos, a cultura lusíada também terá, nas mais remotas partes do mundo e nas mais escondidas almas de quem pense em língua portuguesa.
Esclarecedor, o livro em vista é também provocador. De facto, optando por uma liberalidade reflexiva, o autor não fecha as portas à continuidade da interrogativa de onde todo o pensamento sobressalta: que é Saudade?
Uma ontologia, uma teleologia, o distante que se toma próximo, o ausente que se torna presente e, ao fim do tempo, o reencontro da natureza humana com a natureza que algum dia pode efectivamente ter perdido. O veio messiânico passa, em toda a parte, pelas ondas marinhas da saudade, coração da Lusitânia, entidade muito distinta desse corpo que é a Ibéria.
Parabéns a Braz Teixeira e aos seus leitores.
in, O DIABO, 19/12/2006, p. 21