\ A VOZ PORTALEGRENSE: julho 2006

domingo, julho 30, 2006

'A Voz' em Férias

A TERRA E A ÁGUA

Ó Terra! Embora hostil, amarga e dura,
Eu não mereço o berço que me deste;
- Feliz se merecer a sepultura.

E tu, Água puríssima, celeste
Filha das nuvens sobre as quais pairava
O Espírito de Deus! tu, que desceste

A ser a nossa irmã, a nossa escrava,
Inspiradora nossa: a fonte, o rio,
Marítima solidão longínqua e brava.

Mais alegre do que eu quando sorrio;
E mais triste, se choro; e mais poeta,
Cantando em onda ou soluçando em fio.

Da rocha à alma, à pétala secreta,
Influis, baptizas, és torrente, orvalhas,
Ou quedas, muda, em êxtases de asceta.

Água materna que a bondade espalhas…
- E em ti lavei as minhas mãos sangrentas!
E enchi-te de naufrágios e batalhas!

ANTÓNIO CORRÊA D'OLIVEIRA
in, Verbo Ser e Verbo Amar, Liv. Aillaud & Bertrand, 1926

quinta-feira, julho 27, 2006

Coincidência(s) 'versus' Oportunidade(s)

Título da notícia:
Líbano – Morte de observadores da ONU ajudou ao fracasso na obtenção de um cessar-fogo imediato
(in, 'PÚBLICO', 27 de Julho de 2006)
(Foto: HASSAN AMMAR/AFP)

Sociedade Wagneriana Portuguesa


‘Reverentia’ ( http://reverentia-lusa.blogspot.com/ ) coloca a questão:
- E QUE TAL UMA SOCIEDADE WAGNERIANA PORTUGUESA?
Respondemos que sim.

Continua o seu ilustre promotor, Humberto Nuno de Oliveira:
_ Como já tinha aventado a hipótese, e porque devemos ser na Europa (claro!) o único país onde tal não existe, lancei aqui o repto (face ao aumento de wagnerianos na "blogosfera") de se constituir tal sociedade em Portugal. Fica o repto (um jurista para tratar dos procedimentos legais dava jeito). Digam algo, "inscrevam-se".
Respondemos que sim!
Mário

Nova revista na blogosfera


Um novo lugar, uma nova frente na Batalha das Ideias, em:
http://www.alamedadigital.com.pt/lancamento/

quarta-feira, julho 26, 2006

A Guerra civil


«Diz-se que há Guerra civil quando parte da população de um Estado pega em armas contra o governo estabelecido desse Estado (‘Polis’, 3, pg. 156, Verbo).»
A primeira Guerra civil da História de Portugal será a que opôs os partidários de D. Sancho II, o Capelo, aos partidários do irmão, futuro D. Afonso III, o Bolonhês.
Mas, como em todas as Guerras civis, os estrangeiros também tomam partido.
Assim, ao lado de D. Sancho está Fernando III e seu filho, o futuro Afonso X, e do lado do Bolonhês está o Papa Inocêncio IV.
Terminou com a vitória de D. Afonso e o exílio para Castela de D. Sancho, o ‘rei invisível’, como escreve na sua biografia Hermenegildo Fernandes (Círculo de Leitores).
*
O número especial, Nº 311 Julliet-Août 2006, de ‘L´ Histoire’ é totalmente dedicado à Guerra civil.
Três capítulos separam as inúmeras colaborações e entrevistas. O primeiro é ‘La Guerre de Clans’, o segundo ‘La Guerre Idéologique’, e o último ‘Commente en Sortir’.
No seu conjunto, é de leitura interessante e com boa iconografia, destacando-se o texto de Stéphane Courtois ‘Et Lenine declare la guerre civile permanente’, pgs. 70 a 75.
Referência em ‘Les 25 plus grandes guerres civiles’, pgs. 14 e 15, à Guerra civil em Moçambique, onde se escreve, ‘un conflit qui, comme en Angola, reprend la division Est-Ouest’. [mj]

L' Histoire - Éditorial

Abel et Caïn

Caïn tuant Abel qui lui était préféré par Dieu. Romulus tuant Remus parce qu'il ne faut qu'un seul chef à la cité destinée à conquérir le monde. Le meurtre du frère par le frère est au principe de notre culture et de notre civilisation. Le fratricide fonde religions et nations plus solidement encore que la guerre étrangère.
Le rite barbare a cependant pris au cours des siècles des apparences très différentes. Des clans rivaux de Rome à la guerre civile espagnole, dont on commémore ce mois-ci le 70e anniversaire, et qui pendant trois ans ensanglanta le pays et embrasa l'Europe, peu de choses en commun. Non seulement en raison du nombre de victimes. Mais aussi parce que tout a changé au XVIe siècle: dans les nations modernes en construction, on s'entretue au nom d'un idéal religieux ou politique. Les populations entières alors sont prises en otages, la guerre est sans limites, et plus rien n'arrête le bras du bourreau. La guerre traverse les villages, les familles: on hait bien mieux qui nous ressemble.
Depuis deux mille ans, cette guerre intestine qui fait le désespoir des gens raisonnables enfante aussi parfois du génie. Archinos l'Athénien qui ruse pour amener les rivaux à s'entendre. Machiavel affligé par l'affreuse discorde des cites italiennes et qui en profite pour inventer la politique moderne. La guerre étrangère à la rigueur peut être justifiée, mais la guerre civile, elle, est de tout temps injustifiable. La seule réponse à l’horreur, c'est celle des politiques qui depuis longtemps prônent l'État fort, reconnu par tous, seul apte à confisquer, selon l'expression de Max Weber, le monopole de la violence légitime.
A cette règle, aucune grande nation n'a échappé. Seuls les Etats légitimes sont en mesure de pacifier leur espace. Le mouvement a parfois été long. La France a rejoué à plusieurs reprises la scènefratricide: guerres de Religion, guerre de Vendée, Juin 1848, Commune de Paris..., jusqu'à ce que l'avènement de la république apaise et réconcilie.
Ce qui est en train de se passer dans l'Espagne de Juan Carlos et de José Luis Zapatero nous montre, de manière plus récente, ce que sait faire un Etat démocratique de ses charniers domestiques. Une fois hommage et justice rendus aux victimes (toutes les victimes), le pays réconcilié peut enfin refermer ses plaies. Et la guerre civile devenir l'affaire des historiens et des romanciers.
L’ Historie

terça-feira, julho 25, 2006

Bibliografia wagneriana




Com oportunidade, e conhecimento, Mendes Ramires, no seu blog 'A Torres de Ramires',
, apresenta uma bibliografia wagneriana em português.
Permita-se acrescentar mais três obras, também na língua de Camões:
- Duas de Richard Wagner, 'Os Mestres Cantores de Nuremberga' e 'Beethoven'
- E uma outra, do brasileiro Almir de Oliveira, intitulada 'O Parsifal de Wagner'. [mj]

Palavras a um Amigo

A blogosfera é infinita, já o escrevêramos a propósito de Duarte Branquinho e o seu blog ‘Pena e Espada’.
A confirmá-lo, se acaso fosse necessário, está este ‘acaso feliz’.
Aí, linkámos em ‘Alma Pátria’, porque o nome lembrava-nos um nosso antigo livro da disciplina de Português.
Lá, o nome do seu Autor, Vítor Ramalho, dizia-mos algo.
Enviámos-lhe um mail, com um conjunto de palavras cujo significado ser-nos-ia comum.
A resposta chegou, e as ditas palavras confirmaram as ‘suspeitas’.
Em Coimbra nos conheceremos, em Coimbra traváramos as mesmas batalhas.
Colegas e Camaradas fomos, ao lado de outros que a usura do tempo fez esquecer.
Passadas quase duas décadas, do mesmo lado da 'trincheira', voltamo-nos a encontrar, a falar do Passado, a preparar o Futuro.
Homem de Acção, o Vítor está empenhado num projecto que, pelas suas palavras, o absorve em
pensamento e acção. Sempre assim foi!
O seu blog, ‘Alma Pátria – Pátria Alma, em
http://almapatria-patriaalma.blogspot.com/
, confirma o que escrevemos.
Um abraço, Vítor.

do
Mário

Festival de Bayreuth

Wagner Opera Festival (Bayreuther Festspiele)
Bayreuth, Germany
25 Jul 2006 - 28 Aug 2006
The 2006 programme includes "The Flying Dutchman", "Tristan and Isolde", "Parsifal", "Ring Cycle", "Rheingold", "The Valkyrie" and others.
The 2006 Bayreuth Ring Cycle director is Tankred Dorst, the conductor Christian Thielemann.


'Festspielhaus'

The Festspielhaus of Bayreuth is a modest opera house by international standards - with a rather small, plain auditorium, simple seating and bare wooden floor - but a justly famous one. It was built according to the specifications of Richard Wagner and has been used only for the performance of his works since it opened in 1876, when the Ring Cycle was performed in its entirety for the first time. This is the scene each year of the Wagner Opera Festival, a mixture of time-honoured tradition and adventuresome experimentation. Despite the pressures imposed by the restricted repertoire, the Festspielhaus continues to thrive as the ideal place to experience Richard Wagner's operas.

Wagner e o wagnerianismo

Começa hoje mais uma edição do Festival de Bayreuth.
Segundo Alain de Benoist, ‘nenhum festival de música atinge tal afluência. Enquanto que Salzburgo e Viena, no dizer do chefe de orquestra Karl Boehm, são «inundados por turistas», o Festival de Bayreuth dirige-se a fiéis agitados por autêntica paixão.’

Sobre Richard Wagner e a sua obra é indispensável a leitura dos livros de Houston Stewart Chamberlain, ‘O Drama Wagneriano’ e ‘O Pensamento Wagneriano’
http://www.libreriaeuropa.es/familias.php?fam=44265
http://www.libreriaeuropa.es/familias.php?fam=44266

Não estando presente, por que não ver e ouvir ‘O Navio Fantasma’, na versão do Festival de Bayreuth de 1985? [mj]

segunda-feira, julho 24, 2006

Ainda (e sempre) Jean Mabire

Legenda - En digne descendent des Vikings,
Jean Mabire ne résistait jamais à l’appel du large.
(Fotografia: éléments, nº 121, p. 59)
*
O ‘mundo da blogosfera’ é infinto!
Ao avançarmos na descoberta de novos ‘sítios’, encontramos, a cada passo, Companheiros que lutam pelas mesmas Causas, travando o Bom Combate, sem tréguas.
Jean Mabire há muito ultrapassara as fronteiras da Normandia, e se tornara um Cavaleiro da Aventura, como aqueles que a sua escrita imortalizou.
Antes d’A Voz, outras Vozes ecoaram sobre a figura e a obra de Jean Mabire, e de entre elas é justo referir a de Duarte Branquinho no seu blog 'Pena e Espada'
.
Em distintos momentos honrou a Memória de Jean Mabire:
- Referindo a sua morte em:

http://penaeespada.blogspot.com/2006/03/o-ltimo-viking.html
Assim, vale a pena lutar!
Mário Casa Nova Martins

domingo, julho 23, 2006

Leituras de 'fim-de-semana'

O semanário ‘Expresso’ de ontem, dia 22 de Julho, traz uma notícia e um comentário na última página do denominado primeiro caderno, que merecem reflexão e análise.
*
Começando pelo comentário, este é de José Cutileiro.
A razão da sua transcrição deve-se à crítica que nele é feita à actual administração dos EUA, e, também, à crítica indirecta a Israel.
O facto de estas críticas serem uma novidade na prosa semanal do embaixador, revelam até que ponto a ‘direita champagne’ se sente mal em apoiar a Administração Bush e o estado do Israel na actual guerra no Médio Oriente.
Claro que no texto não faltam as suas habituais diatribes contra as posições da Rússia e da União Europeia sobre a crise naquela região mártir, mas, repete-se, o importante é o incómodo de Cutileiro em relação a Israel e à América.
*
A notícia da morte de Rosa Casaco (não assinada, portanto da responsabilidade da Redacção) e a colagem consequente do ‘caso Delgado’, levam a recordar a leitura do livro de Patrícia McGowan Pinheiro, ‘Misérias do Exílio – Os últimos meses de Humberto Delgado’.
Que dizer Da Pulhice Do Homo Sapiens? [mj]

Israel, Os Estados Unidos e a Europa

A 14 de Maio de 1948, os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer Israel, 10 minutos depois de declarada a independência. E, embora tenha havido desaguisados - em 1956, por exemplo, Eisenhower mandou israelitas, franceses e britânicos recuar do Suez que tinham invadido -, a América esteve ao lado do Estado judeu quando países árabes tentaram, por três vezes, invadi-lo (e das três foram derrotados). Hoje, 68% dos americanos têm opinião favorável acerca de Israel, contra 23% desfavorável, e apoiam Israel contra os palestinianos por 59% contra 15%. O Presidente e o Congresso são aliados firmes de Israel, que recebe dos Estados Unidos dinheiro, armas e vetos a resoluções adversas do Conselho de Segurança da ONU. Como os Estados Unidos são o país mais forte, mais rico e, salvo a Índia, a maior democracia do mundo, o seu apoio é crucial para a sobrevivência de Israel.
Do lado de cá do Atlântico, o caso muda de figura.
Perante a reacção israelita ao rapto dos soldados, Chirac interrogou-se: não haveria intenção de destruir o Líbano? E Putin exprimiu suspeita parecida. Ora o que é certeza e não suspeita é que Hezbollah, Hamas e o Irão dos «ayatollahs» — que os inspira, financia e arma — têm a intenção expressa de aniquilar Israel e de atirar os judeus ao mar. Israel pretende derrotar militarmente o Hezbollah porque quer sobreviver e não tem confiança na vontade política e na capacidade dos seus vizinhos árabes, ou nas dos europeus, de porem pressão suficiente em Teerão e Damasco para conter a violência anti-semita. De caminho, mata civis inocentes, o que é lamentável. E tem culpas no cartório por manter território palestiniano anexado, pela construção de colonatos e por opressão dos palestinianos. Mas não será sob a ameaça de «rockets» que irá negociar.
Grande responsável desta crise é a Administração Bush. Desde que chegou ao poder, em vez de, sem abandonar Israel, ajudar as duas partes a procurarem entender-se como tinha sido prática americana, deu rédea solta a Israel e afastou-se. A sua inépcia fê-la perder influência na região e ficar com uma crise nas mãos cuja dimensão não antecipara.
Para a União Europeia, a escolha deveria ser simples.
Convém-lhe ver vingar no Médio-Oriente uma democracia parlamentar estável, como as da Europa e da América do Norte, ou ver triunfar regimes fanáticos agressivos que oprimem os seus, pregam intolerância étnica e religiosa e farão o que puderem para destruir a nossa maneira de viver?
José Cutileiro (O Mundo dos Outros)
in, Expresso, 22/7/2006, pg. 28

Rosa Casaco secreto até na morte

António Rosa Casaco, o ex-inspector da PIDE-DGS que chefiou a brigada que em 1965 assassinou o general Humberto Delgado, morreu na manhã de 11 de Julho em casa de um familiar, no Estoril, apurou o EXPRESSO junto da Conservatória do Registo Civil. O corpo foi cremado às 16 horas de dia 12 no cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As causas da morte do antigo operacional da PIDE, que tinha 91 anos, não são conhecidas, embora seja provável que se devam a problemas do foro cardiológico. Entre 14 e 26 de Junho, Rosa Casaco esteve internado no Hospital de Cascais na sequência de uma crise cardíaca. Tanto a morte como o funeral do ex-inspector da polícia política do antigo regime foram rodeados do maior sigilo.
Nascido a 1 de Março de 1915 em Rossio ao Sul do Tejo (Abrantes), António Rosa Casaco ingressou na Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) em 1937, com apenas 21 anos, como agente praticante. Inspector desde 1962, destacou-se pelo envolvimento na chamada «Operação Outono» — ou «operação de cerco e aniquilamento do general Humberto Delgado», como lhe chamaram os dois investigadores principais do crime. A 13 de Fevereiro de 1965, perto de Badajoz, chefiou a brigada que assassinou o «general sem medo» e a sua secretária, a cidadã brasileira Arajaryr Campos. Dos quatro elementos que integraram esta brigada, apenas Ernesto Lopes Ramos ainda vive.
Na sequência do 25 de Abril de 1974 Rosa Casaco foge do país, transpondo a fronteira para Espanha a 27, em Vila Verde da Raia. Em Junho partiria - acompanhado pela mulher - para a República Dominicana, com um passaporte português em nome de António Roque Carmona. A escolha desta república caribenha foi ditada pelas relações de amizade que firmara com o ex-Presidente Hector Trujillo, um ditador latino-americano que nos anos 6o pedira asilo a Portugal. Voltou a Madrid, onde passou o Natal de 1974 com a família. Em 1975, quando dois dos seus três filhos emigraram para o Brasil, Rosa Casaco juntou-se-lhes.
Em 1981 foi julgado, à revelia, e condenado a oito anos de prisão, pena que nunca cumpriu. Em 1998 concedeu uma entrevista ao EXPRESSO, em Zafra (Espanha), mas deixou-se fotografar junto à Torre de Belém, em Lisboa, o que causou grande indignação no meio político. Três anos depois, após uma longa batalha jurídica, o Tribunal Constitucional considerou que a pena já havia prescrito, o que lhe permitiu voltar a Portugal. Em Abril deste ano, Rosa Casaco publicou ‘Memórias do Meu Tempo’, uma colectânea de crónicas escritas durante o que designou de «doloroso e longo exílio», de 27 de Abril de 1974 até Maio de 2002.
in, Expresso, 22/7/2006, pg. 28

sexta-feira, julho 21, 2006

'éléments' e Jean Mabire

Jean Mabire (1927-2006)
(fotografia: 'éléments')
*
Da leitura, em diagonal, do n.121 do 'éléments', chegado hoje pela manhã, nas páginas 56 a 58, ressalta o ‘in memoriam’ a Jean Mabire.
É composto por um trabalho de Christopher Gérard (‘Jean Mabire’), e por uma ‘caixa’ de Michel Marmin (‘Mabire ne gardait rien pour lui’).
Desconhecíamos que Jeam Mabire tinha falecido. Este funesto facto aconteceu no passado 29 de Abril.
Jean Mabire tem várias obras traduzidas em português, das quais destacaríamos os ‘Comandos de Caça’ e ‘Os Panzers da Guarda Negra’, editados pela Ulisseia, na Colecção Tropas de Choque.
Recorde-se que o seu primeiro livro publicado, em 1963, foi um ensaio sobre Drieu la Rochelle.
Mário Casa Nova Martins
*

quinta-feira, julho 20, 2006

Uma imagem por mil palavras


LA VERDAD OS HARÁ LIBRES
Pedro Varela

El Espiritu da la Montaña


Volvemos de una sencilla y breve ascensión invernal al Puigmal en este atractivo mes de febrero: mucho sol, mucha nieve y mucha alegría interior junto a los camaradas de ascensión, jóvenes y muchachas que hacen un esfuerzo digno de recuerdo, a pesar de la inexperiencia y de la fuerte ventisca final, mientras cresteábamos hasta nuestra cima, en la que solo nos acompaña un paisaje que valía la pena el esfuerzo.
Luego iniciamos el descenso por la vía clásica, a la “vikinga”, con grandes y profundas zancadas que nos acercan lentamente al valle y a una noche preciosa que llena de magia nuestros corazones. El brillo de los astros y una luna creciente contornean nuestras siluetas sobre la nieve virgen. No hay duda de que, a estas horas, cuando el último cremallera ha partido hace rato y el bullicio turístico ha desaparecido allí abajo, estamos solos en la montaría. Esta certeza aún embellece más esta noche de domingo en plena Naturaleza.
Los que no han podido superar el “minuto heroico” a primeras horas de la mariana o han optado voluntariamente por dormir más, han perdido la oportunidad de hacer de un día libre, una auténtica fiesta en contacto con la grandeza de la Creación.
Descubrir y conquistar nuevos horizontes: esa es la meta. “Conducir el cuerpo hasta allá mismo donde un día se habían fijado los ojos. Escalar hasta tocar el cielo: sueños tenaces y estimulantes en el corazón del escalador”. Es Gaston Rébuffat quien opina. ¿Habremos de contradecirle?
En la práctica -añade-, no es necesario ser valiente para ser montanero, más bien es preciso ser curioso. Captar las preguntas que surgen de uno mismo e intentar responder a ellas, salir a su encuentro.
Los alpinistas son hombres que poseen el valor de vivir mayor número de experiencias, pero son también seres humanos que sienten miedo, nostalgia y necesidad de cariño.
Al igual que los astronautas, los montaneros deben enfrentarse a menudo a ese cascanueces gigante que supone encontrarse entre una realidad que se impone y al Drang nach Norden, el ímpetu por conquistar, el espíritu fáustico. Entre el seny y la sensatez femenina, siempre pragmática, el hombre debe encontrarse siempre en tensión, puesto ante la elección de permanecer en la seguridad de la vida urbana, con la novia o esposa amada y los hijos o lanzarse a metas inalcanzables. Hermann Buhl dejó una esposa simpática y eficiente y dos hijas, tras una carrera alpina extraordinaria, engañado por la niebla en una cornisa helada del Chogolisa que cedió bajo sus pies: nunca más se supo nada de él; Aldo Anghileri se retiro del Hidden Peak precisamente porque no podía soportar la idea de estar lejos de su rubia esposa y sus dos hijos, a quienes como mínimo no vería durante meses; Reinhold Messner debía luchar consigo mismo cada nueva vez para escoger entre su amada Uschi Messner, a su vez montanera, pero mujer y por tanto sensata, y las “Catedrales de la Tierra”.
Para él, como para Edouard Whymper - el vencedor del Matterhorn -, se trata, sobre todo, de “utilizar y no dejar dormir ni malgastar los impulsos, los ardores y las posibilidades que la naturaleza, en diversos ordenes, nos da gratuitamente a cada uno de nosotros...”
Y la vida ¿tiene otro sentido? Si, me dirán. En ese tiempo precioso podemos invertir tan gran esfuerzo en prosperar políticamente, subir peldaños sociales, crear un negocio o fomentar el existente y ganar mucho dinero... Dinero, valiente comparación. ¿Para qué? Al morir no podemos llevarnos con nosotros ni un céntimo de esos que nadie recoge al caer al suelo. Y la vida es demasiado corta, demasiado preciosa, para no llenarla de vivencias, de pasiones, de impulsos, de afán creador, de Fe, que dan sentido a la existencia.
Los chavales de la División Azul, todavía hoy, resumen su larga vida de 80 anos en ese par de inviernos que pasaron junto a sus camaradas en Rusia. Esa fue su estrella fugaz, que como enorme bengala ilumino su vida para siempre. La cotidianeidad posterior, el eterno sentarse en la oficina, ver la tele y comprar el pastel de nata los domingos, les habrá producido tal vez placidez, seguramente aburrimiento, pero nunca el entusiasmo de aquella decisión juvenil, heroica, de alistarse a la aventura, por amor a la Patria, por idealismo político, o por mero afán de cambio.
¿Es una perdida de tiempo? Si nos encontramos en la montaría es porque amamos el sol, el viento, el paisaje verde, azul, blanco y los grandes espacios abiertos. ¿Qué quiere decir perder el tiempo?
La existencia y la educación actuales: instrucción, hábitos, sociedad, la ideología economicista imperante, hacen que tales impulsos, ardores y posibilidades, esa “necesidad de desplegar todas las facultades”, apenas tengan lugar ni ocasiones para ejercerse.
Gaston Rebuffat lo describe bellamente: “Hay también otro término, muy de moda, que es igualmente triste: la seguridad. ¿es eso la vida?”
En nuestra ya tradicional travesía pirenaica de alta montaría del pasado verano. Paco, un joven de carácter y por lo demás de alma noble, me decía: “Pedro, nunca tendrás dinero”. Para mis adentres pensaba que probablemente tenga razón, pero que tal vez tener dinero no me interesa lo suficiente como para invertir demasiado de nuestro precioso y escaso tiempo en ganar más. Es cierto, el dinero no es lo importante, pero es lo necesario. Ahora bien, una vez cubiertas la necesidades vitales de abrigo, un techo y algo para comer, ¿para que perder más tiempo en el dinero? Si, podemos “prosperar” y mejorar nuestro estatus social... pero ¿llenará eso las necesidades espirituales del alma?
Dedicar más tiempo a estar y hablar con Dios y las personas a nuestro alrededor de forma relajada es más inteligente, sin duda, siendo como es la muerte la única verdadera democracia, en la que “del Rey abajo ninguno” se salva de una realidad lapidaria: todo el dinero y los bienes materiales que este puede proporcionamos se quedan a este lado del último paso iniciático. ¿Y dónde mejor que en las altas montarías podremos acercamos a Él?
La montaría es, además, la auténtica solución a los problemas de camaradería. No es fundamental discutir juntos, isino cantar y ascender juntos!
Fuerza y energía, valor y ánimo, con ellas toda cima es alcanzable. Pero nuestro montanismo no debe ser nunca una mera competición por llegar antes a un pico o una carrera por coleccionar alturas. Sino un goce de la existencia en uno de los raros parajes aún vírgenes de este Gran Teatro del Mundo que el Director de Escena ha preparado para nosotros. Solo nuestra estupidez puede dejar lo bello y lo sublime a nuestras espaldas, para concentramos en pequeños logros electrónicos y entretenimientos monetarios que jamás superarán la hermosura y la grandeza de la Creación, y desde luego raramente darán un sentido elevado a nuestra existencia.

Pedro Varela

Etica Revolucionaria


El ser humano se encuentra absorbido y amenazado por el hacinamiento en la gran urbe, el progreso meramente técnico y la industria del consumo de masas.

Los valores han desaparecido prácticamente del pensamiento y del lenguaje humano.

Por eso hay que devolver a la juventud a la naturaleza y sacarla del hedonismo de las ciudades multiculturales y multiraciales en crecimiento constante, ayudándole a recuperar su identidad y orgullo cultural, mostrándole lo sublime del arte y acercándola de nuevo a Dios.

Pedro Varela

quarta-feira, julho 19, 2006

éléments


élèments N° 121 - VIENT DE PARAÎTRE!

Pour avoir des réponses, éléments pose les bonnes questions!
Le numéro 121 d' éléments pour la civilisation européenne vient de sortir et il pose une question cruciale à l'heure où notre société semble en manque de repères et de guides:
La paternité en question?
«Société sans pères, enfants sans repères.»
Dans ce numéro très riche, passez également de Finkielkraut au Da Vinci Code, de Gabriel Matzneff aux fables hollywoodiennes... 60 pages de points de vue, de grandes signatures, d' idées nouvelles dans tous les domaines pour 5,50 € seulement.
éléments, le magazine trimestriel qui donne à penser depuis 30 ans déjà!

Pour commander ce numéro, vous abonner ou vous réabonner en ligne, sur notre site sécurisé:

Bien cordialement,
La rédaction d'éléments
§
DOSSIER
La paternité en question
«Pourquoi les pères ne transmettent plus rien à leurs enfants» (Paul Masquelier)
«Et si les hommes et les femmes voulaient bien se reconnaître?» (Paul Masquelier)
«De la société sans père(s) à une nouvelle aurore des genres» (James Becht)
«La Grande Mère règne sur le monde» (entretien avec Claudio Risé)
ARTICLES
«Faire cohabiter le sentiment tragique de la vie et le goût du bonheur» (entretien avec Gabriel Matzneff)
«Quelques question impertinentes sur Da Vinci Code» (Pierre Barrucand)
«Marcel Jouhandeau se sentait plutôt païen» (André Coyné)
«Les films de Michael Powell» (Ludovic Maubreuil)
«De Gaulle en carton-pâte» (Jean-Charles Personne)
«Alain Finkielkraut, un moderne délivré de l'arrogance des modernes» (Fabrice Valclérieux)
«Quand Dominique Venner éclaire le siècle de 1914» (Jean-Claude Valla)
«Pour décrypter les fables hollywoodiennes» (Ludovic Maubreuil)
«Hommage à Jean Mabire» (Christopher Gérard, Michel Marmin)
«L'empire romain à l'opéra» (Michel Marmin)

TODOS SOMOS LIBANESES

Legenda - Uma menina chama pela mãe num dos muitos autocarros que ontem saíram de Beirute

(in, 'PÚBLICO', 19 de Julho de 2006)
(Foto: YANNIS BEHRAKIS/REUTERS)

http://jornal.publico.clix.pt/Default.asp

As hesitações da C.I.A

Tudo começou em 2003. A instituição norte-americana C.I.A. publica, desde há muito, uma espécie de relatório anual, o "The World Factbook", agora na "Internet". Esse relatório, actualizado anualmente, contém dados de todo o tipo sobre todos os países e territórios do mundo. Como estatística. Não se trata de uma selecção com intuitos políticos, ainda que, como sabemos, nada seja neutro neste mundo.
No que toca a disputas territoriais, eram assinaladas mais de 160, incluindo discordâncias fronteiriças entre o México e os próprios Estados Unidos. O que era novidade era a inclusão de mais uma disputa. De facto, lia-se, no que a Portugal dizia respeito: "Portugal tem periodicamente reafirmado reivindicações sobre os territórios em redor da cidade de Olivença (Espanha)".
Claro que, no que a Espanha se referia, também era assinalada a disputa: "Os habitantes de Gibraltar votaram esmagadoramente em referendo contra o "acordo de total partilha de soberania" discutido entre a Espanha e o Reino Unido para mudar trezentos anos de governo da colónia; Marrocos protesta contra o controle espanhol sobre os enclaves costeiros de Ceuta, Melilla, o Peñon de Velez de la Gomera, as ilhas de Peñon de Alhucemas, as ihas Chafarinas e as águas circundantes; Marrocos rejeita também o traçado unilateral de uma linha média a partir das Canárias em 2002 para estabelecer limites à exploração de recursos marinhos e interdição de refugiados; Marrocos aceitou que os pescadores espanhóis pescassem temporariamente na costa do Sahará Ocidental, depois de um derrame de crude ter sujado bancos de pesca espanhóis; Portugal tem periodicamente reafirmado reivindicações sobre os territórios em redor da cidade de Olivenza (Espanha)".
A disputa de Olivença surgia, pois, naturalmente, entre outras reivindicações ibéricas e mais de uma centena e meia de outras por todo o mundo.
As reacções em Espanha, todavia, excederam o compreensível. Vários jornais noticiaram que a C.I.A. comparava Olivença a Caxemira e a Gaza, e davam a entender que a C.I.A. via movimentos terroristas (?) na Terra das Oliveiras. Chegou-se ao cúmulo de se fazerem entrevistas com autoridades locais, que troçaram da estupidez da C.I.A. e desafiaram os seus agentes a procurar terroristas por aqueles lados. Nenhum, mas nenhum mesmo, jornal ou revista espanhóis publicou o texto original da C.I.A! E isto apesar de todos terem recebido, repetidas vezes, o mesmo, em inglês, castelhano, português, e catalão!
O mais bizarro sucederia no ano seguinte. A C.I.A. reformulou o seu relatório, e, no que toca a Olivença, 2004 viu surgir a espantosa afirmação de que "alguns grupos portugueses mantêm reivindicações adormecidas sobre os territórios cedidos a Espanha em redor da Cidade de Olivenza". Note-se que este discurso é, quase palavra por palavra, o discurso "oficial" espanhol sobre este contencioso.
Era possível, todavia, fazer pior. Em 2005, desaparecia do relatório da C.I.A. qualquer referência a Olivença. Portugal, no que toca a disputas/reivindicações internacionais, surgia classificado com um "none" (isto é, "nenhuma"; uma só palavra... talvez para poupar espaço...
A bizarria ia mais longe. Um pequeno mapa de Espanha acompanhava o texto sobre este país. Pela primeira vez, Olivença surgia nele. Ao lado de cidades como Córdova, Sevilla, Granada, Madrid (naturalmente), Valladolid, e outras, todas capitais de províncias, não o sendo a cidade em litígio. Duma forma afinal cómica, o Mapa não mostrava cidades como Badajoz, Cáceres, Mérida, Salamanca, ou Pamplona. Era evidente que "Olivenza" fora incluída, digamos, "à força".
O que causa espanto e indignação neste caso é a facilidade com que a C.I.A., tida como a mais poderosa e "sabedora" organização de informações do mundo, antes decerto de se informar, por exemplo, junto do Governo Português, se foi aparentemente deixando "seduzir" por pontos de vista espanhóis.
Felizmente, em 2006, a situação foi recolocada em termos, em geral, correctos. Decerto "alguém" do Estado Português, verificando o erro, se deu ao trabalho de informar a C.I.A. de que Portugal mantém mesmo reservas sobre a soberania espanhola em Olivença. Recorde-se que esta questão ganhou nova importância com o Alqueva, dados os problemas ligados à posse das águas no Guadiana.
Assim, desde Maio de 2006, pode-se ler na "CIA Homepage", sobre Portugal, no que toca a disputas internacionais, o seguinte: "Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre o território de Olivença com base numa diferença de interpretação do Congresso de Viena de 1815 e do Tratado de Badajoz de 1801." No que a Espanha diz respeito, pode ler-se : "em 2003, os habitantes de Gibraltar votaram esmagadoramente, por referendo, a favor de permanecerem como colónia britânica, e contra uma solução de "partilha total de soberania", exigindo também participação em conversações entre o Reino Unido e a Espanha. A Espanha desaprova os planos do Reino Unido no sentido de dar maior autonomia a Gibraltar; Marrocos contesta o domínio da Espanha sobre os enclaves costeiros de Ceuta, Melilla, e sobre as ilhas Peñon de Velez de la Gomera, Peñon de Alhucemas e Ilhas Chafarinas, e as águas adjacentes; Marrocos funciona como a mais importante base de migração ilegal do Norte de África com destino a Espanha; Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre o território de Olivença com base numa diferença de interpretação do Congresso de Viena de 1815 e do Tratado de Badajoz de 1801."
A ver vamos se esta "versão", que é razoavelmente correcta, se mantém, e se o Estado Português estará atento a novas "alterações".
Na verdade, o conflito (pacífico) fica circunscrito às suas verdadeiras dimensões: um entre outros da Península Ibérica, e entre mais de centena e meia de outros por esse mundo fora, que os interessados deverão resolver quando surgir ocasião. Como deve ser sempre.
O que, afinal, já tinha sido escrito em 2003.

Carlos Eduardo da Cruz Luna

terça-feira, julho 18, 2006

Campos e Sousa 'canta' António Sardinha


José Campos e Sousa musicou o poema de António Sardinha ‘Invocação’.
Pudemos ouvi-lo (com o maior proveito musical e intelectual) no blog de Manuel Azinhal, ‘O Sexo dos Anjos’, cujo link está ao lado direito.
Infelizmente, ‘Lusitânia em Giesta florida’ é uma cassette.
Tal facto faz que com o tempo, a qualidade da gravação se deteriore.
Urge, assim, que este documento fonográfico ‘passe’ para um suporte duradouro.
Neste trabalho, Campos e Sousa, além de António Sardinha, canta António Gedeão, Vasco Teles da Gama, Fernando Pessoa, António Marques Bessa, Diogo Pacheco de Amorim, Rodrigo Emílio, e António Manuel Couto Viana. [mj]

António Sardinha n' 'A Cidade'


‘A CIDADE’ – Revista Cultural de Portalegre’ dedicou um número monográfico a António de Monforte, pseudónimo poético de António Sardinha. Foi o ‘n.º 2 – Especial (Nova Série) - Julho / Dezembro 1988’.
Desse número, apresentamos o índice:

5 Editorial
ESTUDOS
9 António Sardinha e o movimento literário do Integralismo Lusitano
por Aníbal Pinto de Castro
37 António Sardinha à luz da Cultura portuguesa
por Francisco da Gama Caeiro
45 António Sardinha, anti-semita
por João Medina
123 O Poeta António Sardinha na «Corte da Saudade»
por Joaquim Veríssimo Serrão
141 Para uma avaliação do magistério de António Sardinha
por Jorge Borges de Macedo
153 Alguns apontamentos sobre o tema da revisão da história e da cultura como programa de trabalho em António Sardinha
por José Carlos S. Almeida
DOCUMENTOS
169 Quatro cartas inéditas de António Sardinha
por Ana Isabel Sardinha
175 Correspondência de António Sardinha para o editor elvense António José Torres de Carvalho
por António Ventura
205 Para uma fotobiografia de António Sardinha

Os colaboradores deste número são por demais conhecidos no meio académico português. Alguns já falecidos, como o biógrafo de Santo António, Francisco da Gama Caeiro, o autor de ‘Camões e o Amor’, o neo-integralista Henrique Barrilaro Ruas, ou o historiador e ensaísta Jorge Borges de Macedo, figuras ímpares do século XX português. Outros continuam a honrar as letras portuguesas, como Aníbal Pinto de Castro, Joaquim Veríssimo Serrão, ou o director da revista António Ventura. [mj]

segunda-feira, julho 17, 2006

António Sardinha - Invocação

António Sardinha
(9/9/1887, Monforte – 10/1/1925, Elvas)
§
Invocação

Ó Terra de Antre Tejo e Guadiana,
onde há contrabandistas e malteses,
- ó Terra que és fronteira à castelhana
e a tens metido em ordem tantas vezes!

Terra das claras vilas com cegonhas
no alto dos mirantes sobre o imenso!
(Paisagens religiosas e tristonhas
aonde o rosmaninho faz de incenso…)

(Ruínas penduradas no Distante
com atitudes calmas de ermitério…)
- Ó Terra, em cujo chão febricitante
palpita um formidável cemitério!

Terra das fortalezas truculentas,
minha adeantada-môr de Portugal,
- ó Terra que o abasteces, que o sustentas,
que és um celeiro enorme, sem igual!

Ó Terra que da espada aventureira
tiraste ao vir das pazes a charrua!
(O arado quando chega a sementeira,
como ele empeça em tanta ossada nua!)

Terra de coração em brasa viva,
queimada no furor canicular!
Terra de quem a gente se cativa,
Se a água das nascentes lhe provar!

Terra de natural dormente e langue,
onde padecem lobis-homens, bruxas…
- (Voz do Longínquo, ó tentação do Sangue,
não sei em que ânsias doidas me estrebuchas!)

Ó Terra estranha que a perder nos deitas
com endemoninhada beberagem!
Ó terra da lavoira, das colheitas,
Das feiras e arraiaes, - da ciganagem!

Terra de San-João de Deus, ó Terra
onde a Rainha-Santa quis morrer!
- (À flor dos horizontes paira e erra
uma saudade líquida a escorrer…)

Terra de meus Avós, dos bom Maiores,
aonde a minha Árvore descansa!
Terra regada com seus suores,
Aonde eu vejo a sua semelhança!

A sua semelhança está comigo,
em mim a cada hora se renova,
ó Terra que me foste berço amigo,
ó Terra que serás a minha cova!

Postas as mãos, em oração ardente,
ó Terra de Crisfal e Bernardim,
peço-te a bênção comovidamente,
- que a tua bênção desça sobre mim!

in 'A Epopeia da Planície', pgs. 1 a 4


Livros de Knut Hamsun


No blog 'O Sexo dos Anjos', Manuel Azinhal, no post intitulado "Knut Hamsun em Portalegre", acrescenta uma lista de livros daquele norueguês Prémio Nobel da Literatura, com o acrescido interesse do local da edição, editora e data.
Importa referir a oportunidade da notícia, fazendo-se o agradecimento ao seu criador. [mj]

... Já agora, e para ajudar "A Voz Portalegrense", acrescento uma lista rápida de edições de obras de Knut Hamsun em português, de Portugal e do Brasil, de que tenho conhecimento, e que será talvez possível localizar em bibliotecas ou alfarrabistas.

"Pão e amor: romance norueguês", Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1942
"Filhos da época", Lisboa, Tip. Minerva, 1949
"Pão e amor: romance", Lisboa, Guimarães, 1952
"Pan", Lisboa, Guimarães Editores, 1955
"Zaqueu e Polly, o cozinheiro: contos", Lisboa, Fomento de Publicações, sd
"Fome" (trad. de Carlos Drummond de Andrade), Rio de Janeiro, Delta, 1963
"Fome" (trad. de Carlos Drummond de Andrade), Rio de Janeiro, Opera Mundi, 1973
"Fome" (trad. de Adelina Fernandes), São Paulo, Livraria Martins, sd
"Um vagabundo toca em surdina", São Paulo, Livraria Martins, sd
"Vitória: história de um grande amor", Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti, sd
"Pan" (trad. de Augusto Sousa), São Paulo, Livraria Martins, sd

domingo, julho 16, 2006

Knut Hamsun na 'Nouvelle École'

É sempre um acontecimento cultural a saída de um número da ‘Nouvelle École’, que tem como ‘responsable de la publication’ Alain de Benoist.
Este, o ‘numéro 56 – année 2006 / 20 Euros', é dedicado ao Prémio Nobel norueguês Knut Hamsun.
Escritor polémico, há muito que jaz no sótão das velharias, para não dizer no inferno dos ‘malditos’, como Brasillach, Céline ou Drieu.
Knut Hansun 'regressa’ agora ao convívio dos mortais, através deste excelente número monográfico.
[mj]
Sumário

*

KNUT HANSUM
- La vie et l’environnement culturel de Knut Hamsun (Tarmo Kunnas)
- Knut Hamsun comme révolutionnaire du roman (Tarmo Kunnas)
- Bibliographie de Knut Hamsun (Alain de Benoist)
- Les idées politiques et sociales de Knut Hamsun (Tarmo Kunnas)
- Heurs et tragédies du héros hamsunien (Michel d’Urance)
- Dans la rue (Une nouvelle inédite de Knut Hamsun)
- Bibliographie
VARIA
- Physique et systémique : un regard sur la totalité (Frédéric Mirefleurs)
- Le centenaire de Hannah Arendt (Alain de Benoist)
- Méditations dionysiennes (Luc-Olivier d’Algange)
- Nécrologie

in

Biografia de Knut Hamsun


Knut Hamsun nasceu a 4 de Agosto de 1859 em Gudbrandsdalen, na região central da Noruega. Era o quarto filho de Peder Petersen e de Tora (Olsdatter Garmotraedet) Pedersen.
Quando Hamsun tinha três anos, a família mudou-se para a cidade de Hamarøy. Lá, Peder Petersen tomava conta de uma fazenda cujo dono era o seu cunhado Hans Olsen. O jovem Hamsun começou a trabalhar para este tio, a quem chamava de "mensageiro da morte de barba vermelha".
Durante este período, Hamsun voltou-se para os livros para aliviar a solidão (o tio não permitia que brincasse com outras crianças). Quase não teve educação formal, apenas frequentou ocasionalmente aulas numa escola itinerante. Em 1873 foi para Lom, onde trabalhava como aprendiz numa loja. Voltou a Hamarøy no ano seguinte, e lá trabalhou em diversos empregos.
O seu primeiro livro de ficção, Den Gaadefulde (1877), surgiu sob o nome de Knut Pedersen Hamsund, tinha 18 anos. Em 1884, depois de encontrar Mark Twain e escrever um artigo sobre ele, um erro de impressão comeu o 'd' do final de Hamsund. Hamsun aceitou seu novo nome.
No ano seguinte, Hamsun leccionou numa escola em Vesterålen, e publicou o segundo romance, Bjørger (1878). Com a ajuda financeira de Erasmus Zahl, escreveu o romance Frida. Para sua decepção, o livro foi rejeitado em Copenhagen pelo editor Frederik Hegel. Quando solicitou apoio do escritor Bjørnstjerne Bjørnson (1832-1910), este aconselhou-o a seguir a carreira como actor.
Em 1878 Hamsun mudou-se para a Christiania (agora Oslo), onde viveu na miséria (o seu romance mais conhecido, Fome é ambientado nesta cidade). Por algum tempo trabalhou na construção de uma estrada.
Entre 1882 e 1884 vagueou pelos EUA.
Voltando a Oslo, continuou a carreira literária, sem muito sucesso.
Em 1886 voltou aos EUA, e lá ficou até 1888. Durante esse período trabalhou como motorista de autocarro em Chicago, trabalhador numa quinta em Dacota do Norte e deu palestras em Mineápolis. Hamsun era considerado excêntrico pelos imigrantes Noruegueses, mas Kristofer Janson, pastor unitariano e escritor, permitiu que Hamsun desfrutasse de sua rica biblioteca. Dessa viagem nasceu Fra Det Moderne Amerikas Andsliv (1889), uma descrição satírica da América e sua vida cultural.
Hamsun conquistou o sucesso em 1890 com Sult (Fome), uma história sobre um jovem escritor sem tecto, incapaz de arranjar trabalho e morrendo de fome vagando pelas ruas da Christiania. Apesar das suas roupas estarem em farrapos e de sua aparência famélica, consegue manter a dignidade. O narrador vagueia pelas ruas da cidade e eventualmente tem artigos publicados em jornais locais. Perdendo tufos de cabelos e incapaz de manter no estômago as refeições duramente conseguidas, vai como marinheiro num navio russo a caminho da Inglaterra.
O romance torna-se conhecido, o que coloca Hamsun como um escritor de prestígio. Encorajado pelo recente sucesso, critica nas suas palestras escritores de renome como Henrik Ibsen e Leon Tolstoy. Mysterier (1892) é um livro exuberante mas confuso, caótico, cheio de obscuro simbolismo. Pan (1894), escrito como se fosse um diário de um caçador, é uma história panteísta sobre a fuga da civilização urbana. Hamsun escreveu o romance durante os anos em que esteve em Paris (1893-1895).
Victoria (1898) é uma história de amor escrita no início de sua vida conjugal com Bergljot Gopfertin. Hamsun deu a sua filha, nascida em 1902, o nome de Victoria. Durante a primeira década do século XX, Hamsun viveu na Finlândia onde escreveu uma longa peça para teatro. Uma vida social activa e o alto consumo de bebidas com artistas finlandeses acabaram por cansar a mulher. Depois do divórcio em 1906, Hamsun começou a trabalhar no livro Under Høsttstæjrnen (1907). Em 1909 Hamsun casou-se com a actriz Marie Andersen; tiveram dois casais de filhos.
Marie Hamsun, que era 23 anos mais nova que seu marido, descreveu o casamento nos livros Regnbuen (1953) e Under gullregnen (1959). De acordo com Marie, dormiam em camas separadas. Hamsun queria um quarto só para si e precisava de privacidade não só para escrever mas também para ler e fumar cachimbo.
Em 1911 Hamsun deixa os círculos literários urbanos e muda-se para uma fazenda. Depois da publicação de Markens Grøde (Os Frutos da Terra) em 1917, instala-se em Nørholm, no sul da Noruega. Lá, divide o tempo entre escrever e trabalhar a terra.
Os Frutos da Terra rendeu a Hamsun o Prémio Nobel de Literatura. O protagonista é Isak que vive próximo aos elementos. É um idílio no estilo da poesia pastoral, agitado por um vento vigoroso de lirismo. Tudo parece fácil demais para Isak, o romance não dá qualquer imagem realista do desgaste que o homem vai sofrendo ao longo do tempo, a sua imagem é idealizada, embelezada. Embora os sentimentos de Hamsun pela natureza não fossem meramente uma versão Norueguesa do Blut und Boden teutónico, as suas ideias foram bem recebidas na Alemanha, onde tinha uma grande quantidade de leitores.
No período entre as guerras Hamsun tornou-se um recluso. No início da década de 1930, escreveu Andstrykare (1930), August (1930)e Men Livet Lever (1933). Individualismo e antipatia à cultura ocidental moderna levaram-no a apoiar a Alemanha durante a ocupação da Noruega por esta na Segunda Grande Guerra. Hamsun não desenvolveu essa atitude da noite para o dia. Simpatizava com os Alemães porque na Primeira Guerra a opinião pública da Noruega dava apoio à França e à Grã-Bretanha.
Hamsun nunca se filiou no partido Nazi Norueguês, mas escreveu vários artigos pró-fascistas. Quando encontrou Adolf Hitler e Josef Goebbels em 1943, deu a Goebbels a medalha que recebeu por ocasião do Prémio Nobel como prova de estima. Esses encontros inspiraram histórias, nas quais se diz que Hamsun salvava judeus dos nazis. Entretanto, o jornalista e escritor Arne Tumyr indica, na sua biografia do autor, que essas histórias não eram verdade, e que o máximo que Hamsun conseguiu foi enfurecer Hitler com suas queixas sobre a conduta das tropas Alemãs na Noruega.
Depois da guerra, Hamsun ficou preso por algum tempo. A mulher foi presa e condenada a três anos de trabalho forçado. Em 1945 Hamsun foi transferido para uma clínica psiquiátrica em Oslo. De lá mudou-se para um lar para pessoas idosas em Landvik. Marie foi interrogada e quando ela revelou detalhes íntimos do casamento, Hamsun negou-se a vê-la por quatro anos.
Em 1947 Hamsun foi julgado por suas opiniões políticas. Ignorando o conselho do advogado, negou-se a fingir senilidade e mostrou pouco remorso. Sobre a morte de Hitler ele escreveu: "Ele era um guerreiro, um guerreiro pela humanidade e um profeta da verdade e da justiça para todas as nações."
Hamsun lançou em 1949 (tinha então 90 anos) um livro sobre as suas opções políticas e o seu ponto de vista em relação ao julgamento. O livro vendeu como água, mostrando que os seus talentos ainda estavam intactos.
Knut Hamsun morreu em Nørholm, no dia 19 de Fevereiro de 1952. [mj]

Bibliografia de Knut Hamsun

Estes dois livros de Knut Hamsun em português, aparecem com versão e prefácio de César de Frias. Em 'Pan', na página 3, escreve-se que o título 'Fome' estava 'no prelo'. Não conseguimos confirmar a publicação de ‘Pan’, ou de outro livro de Hamsun editado em português.
Procurando em alfarrabistas, dada a antiguidade destas edições, não encontrámos qualquer título ou exemplar, à excepção daqueles dois que possuímos.
Refira-se o interesse dos prefácios assinados por César de Frias. [mj]
Capa da 3.ª edição, revista, 1952


Capa da 1.ª edição, 1955


Bibliografia
* O Enigmático, 1877.
* Burgueses, 1878.
* Em tournée, 1886.
* Pecado, 1886.
* Da Vida Intelectual na América Moderna, 1889.
* Fome, 1890.
* Mistérios, 1892.
* Terra Nova, 1893.
* O Redactor-chefe, 1893.
* Pã, 1894.
* Às Portas do Reino, 1895.
* O Jogo da Vida, 1896.
* Siesta, 1897.
* Os Fogos do Poente, 1898.
* Vitória, 1898.
* No País Maravilhoso, 1903.
* A Rainha Tamar, 1903.
* Mata de Corte, 1903.
* O Sonhador, 1904.
* O Monge Vendt, 1904.
* O Coro Selvagem, 1904.
* Vida de Lutas, 1905.
* Sob a Estrela de Outono, 1906.
* Rosa, 1908.
* Benoni, 1908.
* Um vagabundo Toca em Surdina, 1909.
* A Vida Violenta, 1910.
* A Última Alegria, 1912.
* Filhos da Época, 1913.
* A Cidade de Segelfoss, 1915.
* Os Frutos da Terra, 1917.
* A Língua em Perigo, 1918.
* As Mulheres da Bomba, 1920.
* Último Capítulo, 1923.
* Vagabundos, 1927.
* Augusto, o Marinheiro, 1930.
* E a Vida Continua, 1933.
* A Ronda Acabada, 1936.
* Pelos Atalhos Fechados, 1949.

sábado, julho 15, 2006

Henrique Barrilaro Ruas na 'Ave Azul'

O director da 'Ave Azul - Revista de Arte e Crítica de Viseu', Martim de Gouveia e Sousa, produziu ontem este texto sobre Henrique Barrilaro Ruas, lembrando e analtecendo a figura deste Monárquico, cujo terceiro aniversário do falecimento passou naquele dia.
Transcrevê-lo aqui, é uma homenagem ao seu Autor e à Memória de Henrique Barrilaro Ruas
[Mário Casa Nova Martins]

(fotografia de arquivo da Ave Azul)
*
passam 3 anos, hoje

Henrique Barrilaro Ruas (1921-2003) é um dos mais estruturados doutrinadores monárquicos do nosso tempo e um caso inegável de brilhantismo cultural e teorético.
Destaco aqui, de uma obra vasta e polifacetada, a constância firme de um homem que não tergiversou por razões de ideário. Aliando as boas qualidades às melhores ideias, serão sempre espantosamente jovens a sua Ideologia (Ensaio de análise histórica e crítica), de 1961, ou o pequeno-grande excurso O drama de um Rei (1965), ambas provando, em escrita atractiva, que só o conhecimento permite o rigor. O último texto é, para mim, motivo de profundo orgulho, porque se inscreve, por várias razões, no meu reduto espiritual.Henrique Barrilaro Ruas lembra-nos sempre o sangue que faz a história e o amor operativo que conduz a meditação. Foi assim, num dia 14 de Julho, que o intelectual nos obrigou à ausência e nos convocou para sermos testemunho. Qualquer reflexão sobre a pátria passa por si.
in

Henrique Barrilaro Ruas





Opúsculos de Henrique Barrilaro Ruas

sexta-feira, julho 14, 2006

Henrique Barrilaro Ruas


"Se a terra falasse, havia de contar, por entre abundantes lástimas, muitos sinais do amor dos homens por ela... Terra humanizada é sempre mais do que terra trabalhada. Se o homem só a quisesse como nascente de ouro, talvez ela se tivesse extinguido. Mas, se a terra dá o pão à gente, também nós lhe damos pão. E o pão mais rico que lhe damos não é tanto a semente que a fecunda: é a alma que lhe confiamos."

[H. B. Ruas - in Cultura Portuguesa, n.º 2, Jan.-Fev. 1982]

Henrique Barrilaro Ruas

No III Aniversário da sua Morte
.
Henrique José Barrilaro Fernandes Ruas nasceu na Figueira da Foz, a 23 de Março de 1921. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, foi assistente da Faculdade de Letras de Lisboa e antigo Bolseiro do Instituto de Alta Cultura, da Fundação Gulbenkian e do Governo Francês.
Muito cedo entrou no plano das responsabilidades sociais, como presidente do C.A.D.C. (Centro Académico da Democracia Cristã) em Coimbra, foi um dos fundadores do Centro Nacional de Cultura, da revista de cultura monárquica Cidade Nova, e dos movimentos políticos Instituto António Sardinha e Renovação Portuguesa. Pertenceu à Convergência Monárquica e à Causa Monárquica. Foi deputado pelo PPM, ao tempo da AD, à Assembleia da República.
Historiador e ensaísta, da sua vasta obra destaca-se, A moeda, o homem e Deus (1957), Vida do Santo Condestável Dom Nuno Álvares Pereira (1969), A Liberdade e o Rei (1971) e Luís de Camões (1999). O último ensaio publicado é uma edição comentada e anotada de Os Lusíadas (2002).
Henrique Barrilaro Ruas é depois de António Sardinha, de quem se considerava discípulo, o maior doutrinador do século XX daquele Ideal que se traduz por Deus, Pátria e Rei.
Católico, nacionalista e monárquico, certo dia escreveu-me, "com a verdadeira amizade do velho tio e companheiro de armas".
Faleceu na sua casa da Parede, na madrugada de 14 de Julho de 2003, faz hoje precisamente três anos.
Mário Casa Nova Martins