Biografia de Knut Hamsun
Knut Hamsun nasceu a 4 de Agosto de 1859 em Gudbrandsdalen, na região central da Noruega. Era o quarto filho de Peder Petersen e de Tora (Olsdatter Garmotraedet) Pedersen.
Quando Hamsun tinha três anos, a família mudou-se para a cidade de Hamarøy. Lá, Peder Petersen tomava conta de uma fazenda cujo dono era o seu cunhado Hans Olsen. O jovem Hamsun começou a trabalhar para este tio, a quem chamava de "mensageiro da morte de barba vermelha".
Durante este período, Hamsun voltou-se para os livros para aliviar a solidão (o tio não permitia que brincasse com outras crianças). Quase não teve educação formal, apenas frequentou ocasionalmente aulas numa escola itinerante. Em 1873 foi para Lom, onde trabalhava como aprendiz numa loja. Voltou a Hamarøy no ano seguinte, e lá trabalhou em diversos empregos.
O seu primeiro livro de ficção, Den Gaadefulde (1877), surgiu sob o nome de Knut Pedersen Hamsund, tinha 18 anos. Em 1884, depois de encontrar Mark Twain e escrever um artigo sobre ele, um erro de impressão comeu o 'd' do final de Hamsund. Hamsun aceitou seu novo nome.
No ano seguinte, Hamsun leccionou numa escola em Vesterålen, e publicou o segundo romance, Bjørger (1878). Com a ajuda financeira de Erasmus Zahl, escreveu o romance Frida. Para sua decepção, o livro foi rejeitado em Copenhagen pelo editor Frederik Hegel. Quando solicitou apoio do escritor Bjørnstjerne Bjørnson (1832-1910), este aconselhou-o a seguir a carreira como actor.
Em 1878 Hamsun mudou-se para a Christiania (agora Oslo), onde viveu na miséria (o seu romance mais conhecido, Fome é ambientado nesta cidade). Por algum tempo trabalhou na construção de uma estrada.
Entre 1882 e 1884 vagueou pelos EUA.
Voltando a Oslo, continuou a carreira literária, sem muito sucesso.
Em 1886 voltou aos EUA, e lá ficou até 1888. Durante esse período trabalhou como motorista de autocarro em Chicago, trabalhador numa quinta em Dacota do Norte e deu palestras em Mineápolis. Hamsun era considerado excêntrico pelos imigrantes Noruegueses, mas Kristofer Janson, pastor unitariano e escritor, permitiu que Hamsun desfrutasse de sua rica biblioteca. Dessa viagem nasceu Fra Det Moderne Amerikas Andsliv (1889), uma descrição satírica da América e sua vida cultural.
Hamsun conquistou o sucesso em 1890 com Sult (Fome), uma história sobre um jovem escritor sem tecto, incapaz de arranjar trabalho e morrendo de fome vagando pelas ruas da Christiania. Apesar das suas roupas estarem em farrapos e de sua aparência famélica, consegue manter a dignidade. O narrador vagueia pelas ruas da cidade e eventualmente tem artigos publicados em jornais locais. Perdendo tufos de cabelos e incapaz de manter no estômago as refeições duramente conseguidas, vai como marinheiro num navio russo a caminho da Inglaterra.
O romance torna-se conhecido, o que coloca Hamsun como um escritor de prestígio. Encorajado pelo recente sucesso, critica nas suas palestras escritores de renome como Henrik Ibsen e Leon Tolstoy. Mysterier (1892) é um livro exuberante mas confuso, caótico, cheio de obscuro simbolismo. Pan (1894), escrito como se fosse um diário de um caçador, é uma história panteísta sobre a fuga da civilização urbana. Hamsun escreveu o romance durante os anos em que esteve em Paris (1893-1895).
Victoria (1898) é uma história de amor escrita no início de sua vida conjugal com Bergljot Gopfertin. Hamsun deu a sua filha, nascida em 1902, o nome de Victoria. Durante a primeira década do século XX, Hamsun viveu na Finlândia onde escreveu uma longa peça para teatro. Uma vida social activa e o alto consumo de bebidas com artistas finlandeses acabaram por cansar a mulher. Depois do divórcio em 1906, Hamsun começou a trabalhar no livro Under Høsttstæjrnen (1907). Em 1909 Hamsun casou-se com a actriz Marie Andersen; tiveram dois casais de filhos.
Marie Hamsun, que era 23 anos mais nova que seu marido, descreveu o casamento nos livros Regnbuen (1953) e Under gullregnen (1959). De acordo com Marie, dormiam em camas separadas. Hamsun queria um quarto só para si e precisava de privacidade não só para escrever mas também para ler e fumar cachimbo.
Em 1911 Hamsun deixa os círculos literários urbanos e muda-se para uma fazenda. Depois da publicação de Markens Grøde (Os Frutos da Terra) em 1917, instala-se em Nørholm, no sul da Noruega. Lá, divide o tempo entre escrever e trabalhar a terra.
Os Frutos da Terra rendeu a Hamsun o Prémio Nobel de Literatura. O protagonista é Isak que vive próximo aos elementos. É um idílio no estilo da poesia pastoral, agitado por um vento vigoroso de lirismo. Tudo parece fácil demais para Isak, o romance não dá qualquer imagem realista do desgaste que o homem vai sofrendo ao longo do tempo, a sua imagem é idealizada, embelezada. Embora os sentimentos de Hamsun pela natureza não fossem meramente uma versão Norueguesa do Blut und Boden teutónico, as suas ideias foram bem recebidas na Alemanha, onde tinha uma grande quantidade de leitores.
No período entre as guerras Hamsun tornou-se um recluso. No início da década de 1930, escreveu Andstrykare (1930), August (1930)e Men Livet Lever (1933). Individualismo e antipatia à cultura ocidental moderna levaram-no a apoiar a Alemanha durante a ocupação da Noruega por esta na Segunda Grande Guerra. Hamsun não desenvolveu essa atitude da noite para o dia. Simpatizava com os Alemães porque na Primeira Guerra a opinião pública da Noruega dava apoio à França e à Grã-Bretanha.
Hamsun nunca se filiou no partido Nazi Norueguês, mas escreveu vários artigos pró-fascistas. Quando encontrou Adolf Hitler e Josef Goebbels em 1943, deu a Goebbels a medalha que recebeu por ocasião do Prémio Nobel como prova de estima. Esses encontros inspiraram histórias, nas quais se diz que Hamsun salvava judeus dos nazis. Entretanto, o jornalista e escritor Arne Tumyr indica, na sua biografia do autor, que essas histórias não eram verdade, e que o máximo que Hamsun conseguiu foi enfurecer Hitler com suas queixas sobre a conduta das tropas Alemãs na Noruega.
Depois da guerra, Hamsun ficou preso por algum tempo. A mulher foi presa e condenada a três anos de trabalho forçado. Em 1945 Hamsun foi transferido para uma clínica psiquiátrica em Oslo. De lá mudou-se para um lar para pessoas idosas em Landvik. Marie foi interrogada e quando ela revelou detalhes íntimos do casamento, Hamsun negou-se a vê-la por quatro anos.
Em 1947 Hamsun foi julgado por suas opiniões políticas. Ignorando o conselho do advogado, negou-se a fingir senilidade e mostrou pouco remorso. Sobre a morte de Hitler ele escreveu: "Ele era um guerreiro, um guerreiro pela humanidade e um profeta da verdade e da justiça para todas as nações."
Hamsun lançou em 1949 (tinha então 90 anos) um livro sobre as suas opções políticas e o seu ponto de vista em relação ao julgamento. O livro vendeu como água, mostrando que os seus talentos ainda estavam intactos.
Knut Hamsun morreu em Nørholm, no dia 19 de Fevereiro de 1952. [mj]
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