\ A VOZ PORTALEGRENSE: maio 2010

segunda-feira, maio 31, 2010

António Martinó de Azevedo Coutinho

Bienvenu Mbutu Montondo é um cidadão congolês estudante de Ciências Políticas em Bruxelas, na Bélgica. Há cerca de três anos, ele decidiu abrir um processo judicial, baseado numa lei belga que reprime o racismo. O objecto das suas persistentes demandas é um simples álbum de banda desenhada -Tintin au Congo- publicado originalmente em 1930/31. Ele pretendia a interdição desta obra, em virtude do seu carácter racista, ofensivo para com os negros.
Porém, as coisas não estão a correr completamente de feição para o senhor Bienvenu, que terá mentido ao tribunal sobre a sua profissão e que nem sequer parece dispôr de recursos suficientes para custear as despesas do processo e para pagar os honorários dos seus sucessivos advogados.
O tribunal, que vem adiando uma decisão definitiva, emitirá em breve um novo despacho sobre a questão, embora não esteja de todo descartada a hipótese de se considerar incompetente para julgar a matéria em apreço.
Muito recentemente, o senhor Bienvenu, através de um novo advogado, parece ter modificado as suas acusações, pretendendo agora que o álbum seja retirado do mercado livreiro, ou que lhe seja apenso um aviso onde se informe qualquer interessado sobre o seu conteúdo ofensivo para os negros.
Nesta oportunidade, surgiu uma nova testemunha de acusação, o presidente do CRAN (Conselho Representativo das Associações Negras na França), o qual declarou que o lugar do livro é num museu, onde apenas possa ser consultado por adultos que queiram informar-se sobre a época colonial. E acrescenta a opinião de que um prefácio obrigatório deve esclarecer o eventual leitor sobre a natureza da obra que afirma a superioridade racial dos brancos sobre os negros.
Enfim, se não vir satisfeitas as suas reivindicações, o acusador vai prometendo que fará chegar um apelo ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e também, talvez, à Comissão de Direitos Humanos da União Africana.
Atendendo a que neste ano se comemoram os 50 anos da independência da República Democrática do Congo (o antigo Congo Belga) e que o rei dos belgas, Alberto II, se prepara para concretizar uma próxima visita real à sua antiga colónia, o caso tem sido abundantemente tratado nos meios de comunicação social, até mesmo entre nós. Oportunamente, também o blog A Voz Portalegrense se fez eco da interessante disputa.
Tudo isto tem feito correr imensa tinta. E promete fazer correr ainda muita mais...
Fará algum sentido atacar assim, precisamente agora, uma obra em quadradinhos divulgada desde há oitenta anos?
A verdade é que a iniciativa do senhor Bienvenu não surge isolada.
Basta atentar em alguns outros recentes episódios relacionados com Tintin au Congo. Por exemplo, a editora Little Brown, que iria reeditar esta obra nos Estados Unidos, decidiu retirá-la do seu planeamento. Quando publicar uma colecção “completa” da obra de Hergé, não divulgará essa sua aventura africana. Um porta-voz da editora, em declarações à Publisher's Weekly, explicou que “dada a controvérsia em torno do álbum, sentimos que incluí-lo ofuscaria a verdadeira intenção da colecção, que é apresentar a extraordinária arte de Hergé e a sua notável contribuição para as artes gráficas”.
A Comissão para a Igualdade Racial da Grã-Bretanha, em 2007, solicitara também a proibição do álbum em causa, alegando que o mesmo continha imagens e “palavras de hediondo preconceito racial, onde nativos africanos são retratados como macacos e falam como imbecis”. A edição britânica não deixou de ser vendida, mas agora só pode ser encontrada junto a outros livros destinados a um público mais adulto, e é revestida por uma faixa de papel advertindo que o conteúdo pode ser ofensivo. No entanto, a venda do álbum disparou... O Daily Telegraph noticiou um aumento de 4000% na sua procura... A livraria “on line” Amazon colocou-o mesmo na 8.ª posição do “ranking” dos livros mais populares...
Porém, este efeito chegaria à África do Sul, onde uma reedição de Tintin au Congo causou polémica. A editora local, Human & Rousseau, recusou-se a publicar a prevista versão em língua “afrikander”, devido às queixas de que a aventura retrata os africanos como sub-humanos, imbecis e meio selvagens...
Ficou no entanto célebre a defesa da obra que o ministro francês da Cultura e da Comunicação, Frédéric Mitterrand, fez publicar no Journal Officiel em finais de 2009, como resposta à polémica interpelação de um deputado, Christian Vanneste (das direitas presidenciais), que solicitara informações sobre a censura a Tintin au Congo exigida por algumas associações ligadas à extrema esquerda política. Mas não devemos esquecer que logo o Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos (MRAP), uma das mais importantes organizações francesas nesta área, se pronunciou com dureza sobre o assunto, solicitando à editora Casterman que incluísse numa nova reedição do álbum uma explícita chamada de atenção a propósito de preconceitos raciais. Em vão...
Provavelmente, o incidente mais grave acerca de Tintin au Congo terá acontecido, também em 2009, quando a Biblioteca Municipal de Brooklyn (Nova York) baniu o álbum das prateleiras de livre acesso público. O que, curiosamente, nunca acontecera a Mein Kampf, de Adolf Hitler, por exemplo. Segundo um comunicado da Biblioteca, para consultar doravante Tintin au Congo bastará preencher um formulário e esperar vários dias...
Logo veementemente criticaram a censória decisão algumas organizações norte-americanas, como a União de Liberdades Civis de Nova York (NYCLU) ou a American Library Association, entre outras.
No entanto, e como corolário destes globalizados extremismos, começa a esboçar-se em certos “sites”, como o Internet Cinematical, um movimento de boicote ao filme de Spielberg, ainda em rodagem, sobre uma aventura de Tintin.
Portanto, Bienvenu Mbutu Montondo é apenas o mais recente participante nesta já longa cadeia de acusações contra Tintin au Congo.
Enfim, o que parece estar em causa é uma grave questão de racismo despoletada por uma história em BD, com quase um século de existência. Pelo seu inegável interesse como pela curiosidade inerente, vale a pena analisar o tema com alguma profundidade.
António Martinó de Azevedo Coutinho
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Ataque israelita faz 19 mortos

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Subiu para 19 o número de mortos causados pelo raid de forças israelitas contra a frota pró-palestiniana que transporta ajuda para Gaza.
com Lusa
9:40 Segunda-feira, 31 de Maio de 2010
Pelo menos 19 pessoas morreram e 26 ficaram feridas durante o ataque dos comandos israelitas contra um conjunto de seis barcos que seguiam para Gaza, segundo a cadeia 10 da televisão israelita, entre a qual se encontrava um navio turco.
Os barcos transportavam cerca de 750 pessoas de 60 nacionalidades e perto de 10 000 toneladas de ajuda humanitária.
A rádio pública israelita anunciou hoje que a censura militar proibiu a divulgação de qualquer informação sobre os mortos e os feridos transferidos para hospitais de Israel após o ataque à frota palestiniana a caminho de Gaza.
A rádio pública indicou que dispõe de informações sobre a transferência de feridos para pelo menos um hospital israelita sem revelar mais pormenores.
Vários estabelecimentos hospitalares receberam ordem das autoridades para se prepararem para receber feridos.
A Turquia convocou o embaixador israelita em Ancara após o raid israelita, anunciou um diplomata.
"O embaixador (Gabby Levy) foi convocado para o ministério dos Negócios estrangeiros. Vamos transmitir a nossa reação nos termos mais firmes", declarou o diplomata, que pediu o anonimato.
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domingo, maio 30, 2010

Mãe de Francisco Louçâ Assessora da Assembleia da República

Bandeira (humorística) da República das Bananas

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e) - FRANCISCO ANACLETO LOUÇÃ, de 49 anos de idade, portador do Bilhete de Identidade nº 4711887, emitido pelo Arquivo de Identificação de Lisboa em 6 de Abril de 1998, filho de António Seixas Louçã e de Noémia da Rocha Neves Anacleto Louçã, solteiro, professor universitário, natural de São Sebastião da Pedreira, Lisboa e residente na Avenida Duque de Loulé nº 105, 1º, Lisboa;

Despacho (extracto) n.º 5296/2010

Por despacho de 15 de Outubro de 2009 do presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda:

Licenciada Noémia da Rocha Neves Anacleto Louçã — nomeada, nos termos do n.º 6 do artigo 46.º da Lei de Organização e Funcionamento dos Serviços da Assembleia da República, republicada pela Lei n.º 28/2003, de 30 de Julho, para a categoria de assessora do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, sem qualquer remuneração.
1 de Fevereiro de 2010. — A Secretária-Geral, Adelina Sá Carvalho.
203047263

FAZ O QUE EU DIGO, NÃO FAÇAS O QUE EU FAÇO...
Digamos que se trata de uma jovem senhora com 79 anos, uma bonita idade para ser nomeada para a Assembleia da República.
E Francisco Louçã está sempre a falar em jobs for the boys.
Até para a mãe com 79 anos arranjou um lugar de nomeação política.
E o facto de se ler no Despacho "sem qualquer remuneração", leva a que se pergunte:
_ "Há almoços grátis?"
Como é isto possível!
Que "Estado/Povo/País", é este, que permite estas situações?
Aqui está mais um exemplo da apregoada Ética Republicana.
É bem certo o ditado popular:
_ “Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço!”
Mário Casa Nova Martins

10 de Junho - Dia de Portugal


10 de Junho de 2010
Mário Casa Nova Martins

Por Um Estado Palestiniano


Por Um Estado Palestiniano!
Mário Casa Nova Martins

sábado, maio 29, 2010

Hergé / Tintin

Tintin globetrotter é uma evidência que ressalta das suas Aventuras, daí não admirar a descoberta de novo filão, que são as viagens aos sítios que o Repórter do Le Petit Vingtième fez.
De todas elas, destacaríamos as viagens de Tintin em «Os Cigarros do Faraó», «O Caranguejo das Tenazes de Ouro», «O Lotus Azul», «A Estrela Misteriosa» e, acima de todas, «Tintin e o Templo do Sol».
Mário Casa Nova Martins
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in, bado, 20 de Maio de 2010, p.20

Hergé / Tintin

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As Aventuras de Tintin proporcionam outros atractivos. Diz-se que Tintin é para Leitores dos 7 aos 77 anos. Mas dado o aumento da longevidade, há muitos que os 77 anos deixaram de ser ‘limite superior’ para a leitura de Tintin, assim como de outra forma os 7 anos já não são ‘limite inferior’.
Estes três álbuns fazem parte de um ‘outro’ Tintin, o do conhecimento de pormenores da Figura de Hergé e dos seus Amigos.
Para todas as idades, é um puro deleite podermos entrar de uma forma diferente no Fabuloso Mundo de Tintin.
Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, maio 28, 2010

Ciclo de Conferências de Senadores - III

Nada de novo, como se esperava!

João Bosco Soares da Mota Amaral veio na passada quarta-feira dia 26 de Maio a Portalegre pela primeira vez. E veio a convite do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) para mais uma Conferência do Ciclo de Conferências de Senadores que está a decorrer, com uma assistência que pouco se altera de Conferência para Conferência, e que é um grupo de gente ‘fidelizada’ e que mostra que, embora sendo poucos, ainda há em Portalegre gente que se interesse pela Coisa Pública, pela Res Publica.
Fez a apresentação do Conferencista Rui Cardoso Martins. A par da leitura de um texto, fez considerações oportunas sobre o presente a propósito do currículo de Mota Amaral. Rui Cardoso Martins foi discreto em todos os momentos que protagonizou, muito contribuindo para que aquele tempo fosse enriquecedor.
Se quando da presença de António Arnaut estava presente a célula dos médicos do PCP, agora estava um grupo de PPD’s, dos primórdios da fundação deste partido em Portalegre, e que hoje apenas se representam a si próprios, quiçá por há muito terem deixado a política activa.
Como preâmbulo, e para se perceber melhor um conjunto de afirmações feitas por Mota Amaral na Conferência, é importante recordar que o mesmo foi eleito pela União Nacional deputado à Assembleia Nacional do Estado Novo em 1969 e nela tendo permanecido até 24 de Abril de 1974, facto e data que curiosamente é omissa no currículo do Conferencista. Por sua vez, a sua actividade política é por demais conhecida nesta Terceira República.
E começa-se justamente pelo facto de Mota Amaral não considerar o período do Estado Novo uma República. Parece ser presentemente um modismo esta posição, que é incorrecta, que é falsa. Podia-se trazer à liça um número infindável de argumentos, mas recordando as ‘pinças’ que Mota Amaral utilizou para falar da Ditadura Comunista, é bom dizer que ele não recusou chamar à ‘defunta’ URSS uma República, nem aos satélites da URSS, que, tal como a ‘mãe-sol’, além de Repúblicas se auto-intitulavam de Democracias Populares. Esquisitices, dir-se-ia.
Vivemos na Terceira República, onde a Democracia é vivida, mas que a classe política actual, onde se inclui Mota Amaral, tudo tem feito para a destruir.
Um, de vários, facto curioso foi ouvir Mota Amaral falar das eleições no Estado Novo, acusando-as de fraudulentas.
Mas Mota Amaral foi eleito em 1969 e depois novamente em 1973 para a Assembleia Nacional por meio de fraude? E pactuou com a fraude? Não denunciou a fraude que agora afirma ter acontecido nesses dois actos eleitorais em que foi eleito? Em que ficamos? Com que gente política estamos a falar?
As eleições no Estado Novo obedeciam a um conjunto de princípios, os quais eram observados pelos intervenientes. Havia na lei eleitoral então vigente um conjunto de impedimentos, visto de hoje, mas em História há que saber situar as épocas.
Na Primeira República, o universo eleitoral era muito mais restritivo do que no Estado Novo, e as eleições eram de facto fraudulentas. As ‘chapeladas’ típicas do tempo do Rotativismo eram a constante, e a ditadura do Partido Republicano foi outra das constantes daquele período.
Um outro momento deveras curioso foi quando Mota Amaral disse, e repetiu por mais de uma vez, que o Estado Novo nas vésperas da Revolução do 25 de Abril de 1974 estava solidamente implantado. E um dos exemplos que deu, se não o exemplo para ele mais convincente, foi o facto de dias antes Marcello Caetano ter sido ovacionado de pé no Estádio de Alvalade quando chegou para presenciar um jogo de futebol.
Ora, hoje está mais do que provado que as mais altas instâncias do Regime sabiam das movimentações dos Capitães. E não eram só as tais altas instâncias, também a polícia política estava a par. Era um verdadeiro ‘segredo de polichinelo’ saber-se que o Regime iria soçobrar em pouco tempo. O prelúdio fora o ‘Golpe das Caldas’ em 16 de Março anterior. E em tempo algum Mota Amaral percebeu, ou se apercebeu, que se estava no estertor do Regime!
E quanto ao que aconteceu no Estádio de Alvalade e o que dias depois se viu no Largo do Carmo, Mota Amaral encontra a explicação lendo a obra de Gustave le Bon (e há tradução portuguesa) «Psicologia das Multidões», ou, porventura será mais acessível para ele, o livro de Bulwer Lytton «Rienzi, O Último dos Tribunos» (e optando por este romance, até pode aproveitar para uma ida aos Alfarrabistas, porque há muito que está esgotado).
Também a dada altura, e mais tarde repetiu, Mota Amaral aproveitou o ensejo de dar foros de vidente a Manuela Ferreira Leite, porque ela profetizara a actual crise. E ao falar a verdade sobre a situação económica e financeira do país na última campanha eleitoral, Ferreira Leite perdeu as eleições.
Este é um facto político de todo e em todo verdadeiro. Todavia, Mota Amaral não falou dos verdadeiros responsáveis da situação a que se chegou, como se ela tivesse sido gerada ‘por obra e graça do Divino Espírito Santo’, ou não fosse João Bosco açoriano.
Mota Amaral é um político profissional, e desde 1969 sem interrupção. Não disse nada que não fosse expectável, vindo de um político politicamente correcto. Mas mostrou ser um gentleman, o que o enobrece, ele que é Republicano.
Mário Casa Nova Martins
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Actividade de João Bosco Mota Amaral na Assembleia Nacional, Segunda República, entre 25 de Novembro de 1969, data do início dos trabalhos da X Legislatura, e 26 de Abril de 1974, dia em que a Assembleia Nacional foi formalmente dissolvida, terminando assim a XI Legislatura:
http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/DeputadosAN_1935-1974/html/pdf/a/amaral_joao_bosco_soares_mota.pdf
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Leituras:
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Jaime Crespo

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Leilão de Livros

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quinta-feira, maio 27, 2010

Mário Silva Freire

CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO

A Matemática: discriminador social?

Muitos cursos há em que as perspectivas de emprego estão quase fechadas. Direito, Psicologia, Antropologia, Sociologia, Jornalismo, são alguns dos muitos exemplos desses cursos que têm como destino muito provável dos seus possuidores o desemprego. Seria interessante fazer-se um inquérito entre os alunos do 9º ano, aqueles a quem se coloca um primeiro patamar da escolha profissional, e indagar dos critérios que eles utilizam para escolher a área de estudos a prosseguir. Julgo que não erraria muito se afirmasse que a Matemática seria um desses critérios. E não pelas melhores razões! Quero dizer com isto que determinadas actividades profissionais são, desde logo, excluídas pelos alunos por elas exigirem como requisito o saber-se Matemática ou, o que significa quase o mesmo, por esta disciplina constituir-se como um instrumento de trabalho num curso a frequentar ou numa profissão a exercer.
Ora esta disciplina é determinante para a escolha vocacional pelo facto de muitos alunos, na altura devida, não terem aprendido os automatismos que lhes permitiriam a resolução de operações mais complexas; por ignorarem os fundamentos da aritmética que, depois, os inibe de encontrar a solução daquele pequeno problema que uma vendedeira de mercado, com mais de 50 anos, faz de cabeça.
Esta situação actua, então, como um poderoso discriminador profissional e social. Eles auto-excluem-se de múltiplas profissões que hoje tão necessárias são para o desenvolvimento tecnológico de um país. A não existência dessa lacuna do conhecimento conduziria, certamente, a um acesso mais fácil ao emprego e, consequentemente, ao exercício de uma actividade profissional que melhor os satisfizesse.
Não se põe em causa, é evidente, a ida de alunos para as áreas das Ciências Humanas e Sociais. Mas essa ida deveria decorrer de um desejo efectivo de as estudar e não de um último recurso a que se tem que recorrer pelo simples facto de elas não exigirem a disciplina de Matemática no seu acesso.
Habilitar o aluno do Ensino Básico com conhecimentos e capacidades básicas nessa disciplina, para além de o ajudar a estruturar o pensamento, é contribuir para o alargar dos seus horizontes profissionais e dar mais hipóteses ao desenvolvimento do País.
Há, pois, que combater o flagelo do insucesso em Matemática. Nem sempre as acções mais espectaculares são as mais eficazes. Por mim, proporia uma medida muito simples para ajudar neste combate e que, simultaneamente, implicaria uma poupança: a proibição do uso da máquina de calcular no Ensino Básico. Esta medida não iria resolver a ignorância a que se assiste em Matemática. Ela, no entanto, poderia contribuir para que o aluno tivesse uma maior intimidade com os números e, assim, conhecendo-os melhor, quisesse vir, no seu futuro, a lidar mais com eles.
Mário Freire

Livraria Lumière


A Livraria Lumière vai participar na Feira do Livro Novo e Antigo, que se vai realizar nas Arcadas da Reitoria da Universidade do Porto, nos dias 28 e 29 de Maio.

quarta-feira, maio 26, 2010

Tintin

Luís Pargana


DESABAFOS XVIII

A Cidade de Portalegre fez anos

No passado dia 23 de Maio, comemoraram-se 460 anos desde que Portalegre se tornou cidade, por carta régia do Rei D. João III.
E quando se faz anos, faz-se uma festa. Comemora-se. Portalegre comemorou o seu dia de anos com o trabalho generoso das suas associações culturais e colectividades. Os Ranchos Folclóricos, da Boavista e dos Fortios, as Bandas Filarmónicas Euterpe e Alegretense, o Grupo de Cantares de Portalegre – “O Semeador”, a Escola de Artes do Norte Alentejano, a Associação Cultural Sons do Campo, o Coro Infantil dos Assentos, o Grupo de Teatro de Portalegre, a Associação Juvenil Verdade, o Centro Popular de Trabalhadores do Atalaião, a Associação Velhas Guardas de S. Mamede, os grupos desportivos Estrela e Portalegrense, a Academia de Ténis, o Ginásio Andebol Clube, o Clube de Atletismo, o Portalegre Basquete Clube e ainda a CERCI Portalegre ou a Associação Comercial, foram algumas das instituições que de forma abnegada, com a qualidade do seu trabalho, e a generosidade do seu empenho e dedicação, deram corpo e substância às comemorações do Dia da Cidade de Portalegre, possibilitando que a Cidade festejasse o seu Aniversário.
Apesar do Movimento Associativo Cultural de Portalegre viver, presentemente, uma situação financeira de grande dificuldade, as Festas da Cidade deste ano serviram para mostrar a sua capacidade de realização, e comprovar a sua imprescindibilidade para uma estratégia sustentada de desenvolvimento local.
Espera-se, agora, que a Câmara Municipal olhe de outra forma para as associações e colectividades do concelho, repensando a sua política de apoios e aprofundando as parcerias que emergiram deste programa de comemorações.
Em jeito de desabafo deixo ainda duas notas relacionadas com o Dia da Cidade:
- A primeira para dizer que, este ano, a Câmara Municipal atribuiu 8 medalhas de mérito na sessão solene do Dia da Cidade, em vez das 75 que distribuiu no ano passado, em plena febre pré-eleitoral.
Mesmo assim, duas foram para reparar “esquecimentos” de anos anteriores: a da Escola Secundária Mouzinho da Silveira que apesar dos seus mais de 160 anos ao serviço da educação, não coube na lista de condecorações do ano passado e, a título póstumo, a de Joaquim Miranda, que fez parte do primeiro grupo de eurodeputados portugueses, desde a adesão à CEE, tendo também sido o mais reconhecido a nível mundial por todos os quadrantes políticos e que, por acaso nasceu em Portalegre, aqui tinha residência e família, foi autarca, e cidadão interventivo.
Ora, na verdade, a Câmara de Portalegre, presidida por Mata Cáceres, recusou a atribuição desta medalha a Joaquim Miranda quando este estava já gravemente doente. Levou mais de 5 anos a reconhecer o erro, ignorando recomendações unânimes da própria Assembleia Municipal, e deixou passar todo o mandato de maioria absolutíssima, sem qualquer reposição da justiça. Fê-lo agora num mandato plural que, como sabemos, são sempre os melhores mandatos em Portalegre. Costuma dizer-se que “vale mais tarde que nunca”. Para Joaquim Miranda já foi tarde de mais.
- A segunda nota vai para os despedimentos na empresa Selenis. Em pleno período de Festas da Cidade, a Selenis dispensou 20% dos seus trabalhadores, o que significa uma grave perturbação do tecido social do concelho, com cerca de 30 famílias afectadas. Não falando já das implicações na actividade produtiva da empresa e das consequências que acarretam para o seu futuro.
Num momento de crise e de recessão económica, quando é fundamental aumentar a produção e as exportações, esta é uma notícia suficientemente má para ensombrar qualquer festa ou comemoração na nossa cidade.
Há quem diga que esta crise mundial que afecta, sobretudo os países periféricos da zona euro, foi “programada” para reduzir salários e aumentar as mais-valias da especulação financeira. A este propósito, Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, veio afirmar que para cumprir os critérios impostos pelos países mais ricos, Portugal e os países periféricos teriam que caminhar para um corte salarial face à Alemanha, na ordem dos 20 a 30%. Krugman acrescenta não acreditar que este tipo de correcção seja possível, pelo que defende que o problema está no modelo de moeda única criado com o euro, que considera inviável.
Eu, por mim, acho que é altura de todos nós demonstrarmos a nossa indignação pela forma como somos desconsiderados nos nossos direitos e no nosso trabalho. Esse é, também, o objectivo da Manifestação Nacional marcada para o próximo Sábado em Lisboa.
É tempo de exigirmos uma vida melhor neste País que é nosso e no qual, afinal, mandamos tão pouco.
25 de Maio de 2010
Luís Pargana

Aura Miguel

Desprestigiante


O Papa bem nos avisou: “Precisamos de verdadeiras testemunhas de Cristo e não de pessoas falsas; sobretudo onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo, como por exemplo na política.

Porque em tais âmbitos - disse o Papa em Portugal - não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo e constroem barreiras à inspiração cristã.” Pois, aqui está uma boa definição de Cavaco Silva.
Que pena, Sr. Presidente. Se o Sr. tivesse assumido a sua posição antes de Bento XVI vir ao nosso país, teria sido mais honesto para com o Papa e para com os portugueses...
Mas não. O Sr. tomou a típica opção que desprestigia a política: encheu-nos de palavreado e lindos discursos de sabor cristão, para afinal fazer o contrário do que insinuou durante os quatro dias que andou com o Papa. Para quê Sr. Presidente? Para ganhar mais votos?
O Sr. sentou-se lá à frente na missa e ouviu certamente o que o Papa disse: ”o acontecimento de Cristo é a força da nossa fé e varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano (...) mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós".
O Presidente da República fez exactamente o contrário disto, dois dias depois de se despedir do Papa.

Movimento Urânio em Nisa Não, MUNN

“As questões do Urânio”
na tarde do dia 22 de Maio em Nelas

Iniciou-se com uma intervenção de António Minhoto, Presidente da Associação #Ambiente em Zonas Uraníferas#, que organizou o colóquio.
Fez um balanço das lutas passadas, desde o apoio aos extrabalhadores das minas à denúncia do estado de irresponsabilidade em que estavam (e em grande parte continuam) as minas e áreas mineradas. Referiu o empenho que por Nisa, para que não aconteça o mesmo, a A.Z.U. (em articulação com o M.U.N.N.) tem mantido, e perspectivou as futuras actividades da A.Z.U.
Seguiu-se Marisa Matias, investigadora do CES/Universidade de Coimbra, que apresentou com detalhes saborosos a sua tese de doutoramento que teve por centralidade as questões sociais e ambientais das minas de urânio e investindo na sua actual função política (é deputada no Parlamento Europeu, eleita pelo B.E.) mostrou disponibilidade para continuar o apoio nas lutas pela recuperação dos espaços ou perservação destes em lógicas de sustentabilidade.
Paco Castejon, de Ecologistas en Accion apresentou um “powerpoint” sobre os problemas globais do ciclo do urânio e o, actualmente, problema maior que é o projecto de concentrar os resíduos intratáveis e perpétuos desta actividade industrial num só local, e as gravissimas consequências que isso pode ter, os cemitérios nucleares.
A solidariedade ibérica na luta será importante e nesta reunião iniciou-se a preparação do II Encontro Ibérico sobre o Urânio.
Finalmente António Eloy concluiu a sessão, que há que referir se prolongou por mais de 3 horas e foi muito participada pelo público presente, com a desmistificação e a re-leitura de alguns factos sobre política energética e referências sobre os desenvolvimentos de energias renováveis no nosso país.
Contrariar o urânio é também defender a eficiência e sustentabilidade.



terça-feira, maio 25, 2010

Crónica de Nenhures

Desperdícios

Vive-se por toda a Europa uma grave crise financeira. Essa crise é mais acentuada nuns países do que em outros.
Portugal, graças à classe dirigente, Governo, Partidos e Sindicatos, está por uma vez no denominado ‘pelotão da frente' da União Europeia. Todavia, esse lugar no dito ‘pelotão da frente’ não é por boas razões, mas sim pelas piores, Portugal está à beira da bancarrota, facto que só acontecera no século XIX!
O problema do défice das finanças públicas é muito grave, e a falta de competitividade da economia portuguesa mais acentua os vários desequilíbrios económicos, pelo que a resolução desta crise passa mais por cortes na despesa no que no aumento dos impostos.
Mas a actual classe dirigente desta Terceira República é altamente predadora de bens e benesses públicas. Desde o tempo do Segundo Liberalismo, com os Devoristas, que não se via coisa assim!
A diminuição da despesa pública através do corte nos salários da função pública é uma medida falaciosa. Em tempo algum essa medida resultou, embora os funcionários públicos vejam o seu salário diminuir e a consequentemente baixa do seu poder de compra. Não é através da diminuição das remunerações da função pública que o Estado pode resolver o astronómico défice público.
O actual défice público resultou de políticas económicas erradas. Mas há factos que agravaram, e em muito, essa dívida.
Os ciclos eleitorais são sempre geradores de aumento da despesa pública, mas o aumento continuado de gente a receber do Orçamento de Estado através da partidocracia, vulgo jobs for de boys, a par do desperdício de dinheiros públicos não são factores despiciendos para o forte agravamento da despesa pública.
Damos em seguida três exemplos, um nacional e dois locais, que comprovam o nefasto desperdício de dinheiros públicos, dinheiros provindos das contribuições e dos impostos pagos pelos cidadãos.
Em primeiro lugar, e recorrendo à primeira página do semanário Expresso do passado dia 15 de Maio de 2010, fica-se a saber do desperdício de dinheiros públicos que é feito na Assembleia da República. A subsidiodependência tem tentáculos em toda a parte, e é ver o presidente da AR e os partidos de extrema-esquerdas a querem ‘pagar’ à sua clientela através de uma peça de teatro, e, ainda por cima, através do gerador de corrupção que é o ‘ajuste directo’. Também a construção de uma ‘sala de fumo’, a custos escandalosos, é mais um elemento que prova as mordomias que aquela ociosa gente usufrui.
Em segundo lugar, é hoje inquestionável que o Poder Local é grande responsável pelo défice público. Parece uma Hidra insaciável na busca de fontes de receita, aumentando tudo o que lhe é possível para desespero dos munícipes, e suspirando por transferências financeiras vindas do Poder Central.
Hoje, o Poder Local substituiu-se à indústria, ao comércio e aos serviços na criação de empregos. Tal facto leva a que o ‘cartão do Partido’ seja condição fundamental para se ter emprego. E isto acontece em todos os Municípios do país.
Recentemente em Portalegre, a Câmara Municipal, com o acordo de todos os elementos da Vereação, abriu dois concursos ‘feitos por medida’.
Questionou-se então, e volta-se a questionar, se a CMP necessitaria daqueles dois funcionários. Mas o certo é que a despesa com salários aumenta desreguladamente, e a CMP está já a pagar juros de empréstimos bancários sobre anteriores empréstimos numa espiral financeira suicidária.
Tempos atrás, em plena campanha eleitoral autárquica, recebemos um mail que denunciava um dos tais concursos ‘feitos por medida’. Este facto político era verdadeiro, e veio depois também a ser denunciado pela comunicação social local.
Contudo, na altura espantara-nos o facto do primeiro emissor do mail, chegou-nos reencaminhado, não ter feito a denúncia publicamente, e ter querido que terceiros o fizessem. Mais tarde viemos a saber que tinha ‘telhados de vidro’, familiar próximo usufruíra da mesma ‘benesse’ que agora criticava aos outros… Daí se compreender mais tarde a unanimidade acima referida na reunião de Vereação. É que publicamente não podia dizer que não concordava…
O terceiro exemplo de desperdício de dinheiros públicos tem novamente ‘palco’ em Portalegre.
A Escola de Hotelaria e Turismo tinha um Director, nomeado por quem de direito, mas cuja indigitação se devia não a currículo mas sim a interesses partidários, um clássico job for de boy.
Porém, a dita nomeação fora ‘de fora’, e irritara profundamente a nomenclatura local. E desde o primeiro momento em que se conheceu o nome do Director, que uma campanha foi de imediato desencadeada contra a pessoa em causa.
Curiosamente, o seu desempenho no cargo não ofereceu reparos de maior, pelo que seria natural que terminasse no tempo certo a comissão, sem sobressaltos de maior.
Mas assim não podia acontecer. E numa política que em certos aspectos se poderia classificar de ‘política de alcova’, e também de mediocridade pessoal, o Director foi demitido, quiçá por ‘conveniência de serviço’, e substituído por outro, este já do agrado da dita nomenclatura local. Pelo meio existiram simulacros de concursos e quejandos.
Agora, o tal Director exonerado tem, e com toda a justiça, que ser indemnizado pelo incumprimento do contrato que as partes assinaram. Desta forma, o Estado irá pagar uma indemnização, e mais dinheiros públicos serão gastos apenas para satisfazer ‘clientelas políticas locais’.
Estes três exemplos de desperdícios de dinheiros públicos têm que ser multiplicados por todo o país. Portalegre não está ‘sozinha’ nestes casos. Só que nos últimos anos os exemplos de má gestão crescem por aqui exponencialmente.
Mário Casa Nova Martins
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Jaime Crespo

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segunda-feira, maio 24, 2010

Petição Por uma Capa e Batina Negra


Foi através do nosso Amigo e antigo Colega na FEUC Vítor Ramalho que tomei conhecimento desta Petição.
De imediato a assinei e sou o seu signatário número 583.
Para quem como eu que assistiu ao último Cortejo da Queima das Fitas, no passado dia 9 de Maio, esta Petição é oportuníssima. E só pecará por tardia, uma vez que já há anos que este adulterar da Praxe se vem acentuando.
É urgente que a Queima das Fitas de Coimbra volta à sua Tradição, e deixe de ser apenas um tempo de excessos de toda a ordem.
Hoje os interesses económicos interferem fortemente na Queima das fitas. Contudo, esses interesses de ordem económica sempre existiram, mas limitavam-se ao comércio de Coimbra que via na Festa Maior da Academia uma oportunidade de aumentarem os seus negócios, uma vez que desde sempre Coimbra depende dos estudantes, nunca deixando de ser uma cidade de serviços e comércio, onde a industria nunca teve peso económico.
Mas hoje a industria das bebidas infiltrou-se na Queima das fitas através de ‘generosos’ apoios económico-financeiros, subvertendo o que era um tempo saudável em período de consumo excesso de álcool, o qual fomenta todo um conjunto de atitudes comportamentais deploráveis.
Também a ligeireza com que se utiliza o Traje Académico é sinal deste tempo. E não são só os factos que na Petição se referem. O descuido com que se anda sem o Traje completo é outra das facetas a corrigir.
Desta forma, associo-me a este Movimento/Petição. É tempo da Academia voltar a respeitar os seus Símbolos.
Mário Casa Nova Martins

Petição Por uma Capa e Batina Negra


Para: Todos

É importante que as pessoas que ocupam cargos com responsabilidade no seio da Academia se reúnam e imponham medidas mais severas para quem use mal a Capa e Batina desrespeitando por isso o Código da Praxe (exemplo: adereços de clubes de futebol com excepção naturalmente para os adereços da Associação Académica de Coimbra).
Este desrespeito tem vindo a crescer de uma forma progressiva e por isso cabe a todos nós fazer algo para inverter esta situação.
Assim, esta petição tem como objectivo tentar promover uma reunião entre a Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra, o Conselho de Veteranos e os representantes da Rede dos Antigos Estudantes da Universidade de Coimbra, por forma a que juntos consigam resolver um problema que está a crescer. Esse problema é o desrespeito pela Capa e Batina e pela Praxe.
As futuras medidas tomadas, deverão ser anunciadas publicamente, para que todos as possam conhecer.
Abusos como aqueles a que todos assistimos no Cortejo da Queima das fitas 2010 (e também nesse mesmo dia no bar da nossa Associação Académica de Coimbra) não se devem nunca mais voltar a repetir.
Saudações Académicas!
Os signatários