Faria de Vasconcelos: para uma aprendizagem ao longo da vida
Mário Silva Freire
Professor coordenador aposentado do Instituto Politécnico de Portalegre,
perito orientador, segundo o modelo de Faria de Vasconcelos, pelo Instituto de
Orientação
Introdução
Uma pessoa deve ser avaliada, fundamentalmente, pela obra que realiza. E se
essa obra, depois da pessoa morta, deixa rastro, se dela permanece algo que
contribuiu para a valorização do Homem, se ela inspirou novas realizações que
vão no mesmo sentido, então essa obra merece ser estudada e divulgada.
Ora, Faria de Vasconcelos é um dos nomes maiores das Ciências da Educação e
da Psicologia em Portugal da primeira metade do século XX. A sua obra, porém,
talvez não tivesse sido tão suficientemente conhecida se não houvesse o
trabalho excepcional levado a cabo pelo Professor José Ferreira Marques, ao
organizar as Obras Completas de Faria de Vasconcelos. Na verdade,
foi este Professor e Investigador que trabalhou a sua obra, recolhendo e
ordenando cronologicamente os cerca de duzentos títulos entre livros,
conferências, artigos, comunicações a congressos nacionais e internacionais.
Todos os títulos foram organizados em 7 grossos volumes e publicados pela
Fundação Calouste Gulbenkian. Cada volume tem, a iniciá-lo, um estudo do
Professor Ferreira Marques que historia e enquadra os textos ali contidos.
Apesar da grandeza e profundidade da Obra de Faria de Vasconcelos, ele
tornou-se mais conhecido no estrangeiro do que em Portugal. Basta dizer-se que
o seu livro Une école nouvelle en Belgique, a sua obra de maior
divulgação, editado em 1915, em Bruxelas, teve tradução em língua inglesa em
1919, em língua espanhola em 1920 e só 100 anos depois, em 2015, conheceu a
tradução em língua portuguesa (Vasconcelos, 2015). Por isso, o Professor
Manuel Ferreira Patrício diz na revista Seara Nova, secção Memória,
que a sua participação nesta revista foi uma ocasião de “contribuir para
quebrar o pesado silêncio que estranhamente caiu sobre uma figura tão grande,
notável e séria de intelectual e cidadão” CITATION Pat10 \l 2070
(Patrício, 2010).
António de Sena Faria de Vasconcelos Azevedo nasceu em Castelo Branco.
Em 2019, foram celebrados nesta cidade os 80 anos do seu falecimento
(Agosto de 1939) com um colóquio e o lançamento de um livro de vários autores,
coordenado pelo Professor Ernesto Candeias Martins (Martins, 2019), sobre
as diferentes vertentes, no âmbito da educação, que mereceram o estudo de Faria
de Vasconcelos.
Este artigo tem por objectivo dar uma breve panorâmica sobre a intervenção
cívica e a obra psicopedagógica, no estrangeiro e em Portugal, de Faria de
Vasconcelos.
Tendo este ilustre pedagogo nascido em Março de 1880, este artigo
constitui, igualmente, uma homenagem à sua memória, neste ano de 2020, 140 anos
após o seu nascimento.
Faria de Vasconcelos, um pedagogo no mundo
Filho e neto de juízes, não admira que cursasse Direito, terminando-o em
1901, na Universidade de Coimbra.
Logo após o termo do curso, em 1902, já estava inscrito na Universidade
Nova de Bruxelas, na Faculdade de Ciências Sociais. Dois anos lhe bastaram para
terminar o doutoramento, “especializando-se em questões psicológicas e
pedagógicas” (Marques, 2012, p. 1).
Entre 1904 e 1914 Faria de Vasconcelos regeu a disciplina de Psicologia e
Pedagogia na Universidade onde adquiriu o seu grau académico. Entretanto, quase
desde o início da sua estadia na Bélgica, envolveu-se profundamente no Movimento
da Escola Nova, de que eram expoentes máximos Edouard Claparède, Adolphe
Ferrière e Pièrre Bovet. Estes três grandes nomes do Movimento estavam
a trabalhar no Instituto Jean-Jacques Rousseau, em Genebra (Suíça).
Dando corpo à Escola Nova, Faria de Vasconcelos cria em 1912, próximo de
Bruxelas, em Bierges-Lez-Wawre, uma Escola que tinha como propósito pôr em
prática o modelo definido pelo Bureau International des Écoles
Nouvelles. Dos princípios em que assentou, dos objectivos que pretendeu
alcançar, das actividades que desenvolveu em Bierges, nasceu o livro Une
école nouvelle en Belgique. Esta foi, sem dúvida, a sua obra que maior
expansão teve na altura e que ainda hoje é uma referência no panorama
pedagógico internacional.
Foi membro da Comissão Executiva da Sociedade Belga de Pedotecnia.
Residindo na Bélgica, Faria de Vasconcelos não se divorciou do seu País,
tendo participado no enriquecimento cultural de Portugal cuja Monarquia estava
a dar os seus últimos suspiros. Assim, ele proferiu uma série de palestras
na Sociedade de Geografia de Lisboa, promovidas pela Liga
da Educação Nacional, as quais se destinaram a professores do Ensino
Primário; elas foram, depois, compiladas e publicadas em 1909, sob a designação
de Lições de Pedologia e Pedagogia Experimental.
Com o início da I Grande Guerra e com a invasão da Bélgica, termina a sua
actividade quer como professor na Universidade, quer como director da Escola
de Bierges. Vai, então, para a Suíça.
Neste país, Faria de Vasconcelos começa a trabalhar com Claparède, Ferrière
e Bovet, no Instituto Jean-Jacques Rousseau. Profere conferências, muito
especialmente sobre a Escola que fundou em Bierges, dos princípios que a
orientavam e dos resultados que obteve. Daqui resultou o livro, atrás referido,
editado em Genebra.
Por indicação de Ferrière às autoridades cubanas, dirige-se para Cuba.
Neste país, Faria de Vasconcelos orienta a Reforma Pedagógica de
1915, exercendo o cargo de Inspector Especial. Funda, igualmente, em
Cuba, Escolas Novas, tentando repetir a experiência belga de
Bierges.
Em 1917 ruma para a Bolívia, onde desenvolveu uma obra notável no âmbito
das Ciências da Educação quer na formação de professores, quer como
conferencista, quer como autor de artigos.
Em La Paz, na presença do Ministro da Instrução Pública, faz a conferência
de inauguração do Instituto Normal Superior, como director da secção de
Ciências da Educação (ibidem, p.4).
Em Sucre, onde assumiu as funções de director e professor da Escola Normal,
publicou um Syllabus do Curso de Gestão e Organização das Escolas.
Trata-se de um livro que comunica a informação do curso e define metas,
objectivos e responsabilidades. Fez sair, ainda, na Revista Pedagógica,
vários textos onde expõe as suas ideias em vários domínios da Didáctica tão
díspares como a metodologia das Ciências Naturais, as inovações a introduzir no
ensino dos Trabalhos Manuais ou as novas maneiras de actuar nos
jardins-de-infância bolivianos.
Implica-se, também, na acção política, tendo tomado posição a favor da
Bolívia, pelo facto de o Chile se ter apropriado de todo o litoral, impedindo
este país, assim, de ter acesso ao mar. Esta sua posição foi tomada na Sociedade
das Nações, uma organização internacional fundada em 1919, na sequência da
I Guerra Mundial, onde as potências vencedoras se reuniram para negociar um
acordo de paz.
Faria de Vasconcelos e a sua obra em Portugal
Nos finais de 1920, Faria de Vasconcelos regressa a Portugal, vindo da
Bolívia, agora para se dedicar de corpo e alma ao seu País.
Tão vasta é a sua obra aqui publicada, que apenas se referirão aqueles
títulos e actividades cujo significado se julgaram mais relevantes.
Na segunda década do século XX gerou-se em França um movimento, as Universidades
Populares, tendo em vista contribuir para a educação geral do povo. Esta
educação era feita através de filmes, bibliotecas e conferências. Portugal não
ficou alheio a este movimento. Ora, Faria de Vasconcelos, chegado ao País, de
imediato se implicou nesta Universidade, a Universidade Popular
Portuguesa (U.P.P.). Esta Universidade, dizia ele num artigo de 1921,
na Revista Educação Popular: A U.P.P.
“tem uma vida própria, organismo seu. O seu título é claro e preciso, é
nitidamente uma obra de educação e de instrução popular. Não é um centro de
estudos e de investigações científicas, mas somente um centro de difusão de
conhecimentos e de cultura espiritual entre o povo.” (Vasconcelos, O que deve
ser a Universidade Popular Portuguesa, 2006, p. 3)
Entre os muitos projectos que ele tinha em mente era o de uma educação para
o povo. No mesmo artigo ele refere, no âmbito da Universidade Popular
Portuguesa, a
“criação dum Instituto de Orientação Profissional, destinado a esclarecer
os pais e os filhos na escolha da carreira mais apropriada às aptidões do
indivíduo, à semelhança do que hoje se faz em todos os países cultos.” (ibidem,
p.8)
Ainda no ano de 1921, surge a revista Seara Nova, em que a
política, a cultura, a crítica e a educação eram temas relevantes. Nela
ir-se-ia encontrar Faria de Vasconcelos, como co-fundador, ao lado de Raul
Proença, Jaime Cortesão, António Sérgio e de alguns outros intelectuais que
pretendiam que a intelectualidade portuguesa se aproximasse mais da realidade.
De destacar, na colaboração nesta Revista, os artigos intitulados Bases
para a Solução dos Problemas da Educação Nacional que Faria de
Vasconcelos escreve em 1921 e 1922. Logo no início desta rubrica ele refere que
“não basta dizer que é preciso reformar a educação e a instrução e
convertê-las em funções adequadas às necessidades de toda a ordem que
experimentamos (…). Importa saber em que sentido devem fazer-se as reformas e
como levá-las à prática. É indispensável conhecer as condições às quais devem
obedecer a sua concepção e execução (…); uma condição essencial reside na
maneira de fazer as reformas, na necessidade de proceder com tino, com reserva,
com verdadeiro espírito científico, evitando as aplicações em globo, as
generalizações imprudentes, que resultam de um ardor ideológico, que nem sempre
tomam em conta as realidades palpáveis e que tantas vezes, para acabar com o
que há de mau, destroem o que há de bom.” (Vasconcelos, Bases para a
solução dos problemas da Educação Nacional, 2006, p. 78)
Como estas ideias ainda hoje têm actualidade!
Como professor de Pedagogia da Escola Normal Superior de Lisboa,
onde iniciou funções em 1921, decorre a publicação de duas obras: uma, a
primeira série de Problemas Escolares, a que lhe junta uma segunda
série, em 1929; a outra, Didáctica das Ciências Naturais, de 1923,
era a versão portuguesa de um trabalho anteriormente publicado, em espanhol, na
Bolívia e de que seria o primeiro volume, aliás o único que veio a público, de
um projecto de colecção de didácticas que incluía mais 10 disciplinas.
Em 1922 apresentou-se a concurso de provas públicas, na Faculdade
de Letras de Lisboa, com a dissertação Ensaio sobre a Psicologia da
Intuição. Integrou, a partir desta data, o quadro docente da Faculdade,
assegurando até à sua morte a regência de várias cadeiras, entre as quais, a
disciplina de Psicologia Geral.
Participou com António Sérgio na proposta de lei sobre a reorganização do
ensino, apresentada para discussão pública, pelo ministro João Camoesas que,
aliás, também era elemento activo quer da Seara Nova, quer da Universidade
Popular.
O ano de 1925 constituiu, em Portugal, um dos marcos mais importantes para
a Orientação Vocacional com a criação do Instituto de Orientação
Profissional (I.O.P.). Faria de Vasconcelos foi o seu fundador e
primeiro director. Já antes desta data ele, em vários artigos, se tinha
referido à importância da escolha de uma profissão, de como ela não deve ser
fruto do acaso mas de um processo em que estariam em jogo quer as capacidades
da pessoa, quer o conhecimento que ela tem das profissões, quer as
características exigidas pelo exercício dessas mesmas profissões.
Vários vertentes marcaram a acção deste Instituto:
Uma, foi o estudo da Psicologia, nos seus aspectos teóricos e
experimentais, aplicado à Orientação e Selecção Profissionais. Neste campo de
intervenção situavam-se o intercâmbio com instituições científicas estrangeiras
congéneres e os trabalhos dentro do Instituto e junto da comunidade.
As publicações do I.O.P. foram uma outra marca deixada por Faria de
Vasconcelos: o Boletim do Instituto de Orientação Profissional, com
artigos de natureza científica da autoria de investigadores nacionais e
estrangeiros ligados a esta área e as Monografias Profissionais,
com o estudo, segundo várias perspectivas, de algumas profissões. A partir de
1969, estas publicações deixaram de existir.
O Curso de Peritos Orientadores, a outra marca do Instituto,
visou formar especialistas no domínio da orientação e selecção profissionais
que pudessem actuar quer junto das escolas, quer das empresas. Tratava-se de um
Curso presencial de dois anos lectivos a que só tinham acesso 10 candidatos por
ano, médicos escolares e professores efectivos, já com a devida formação
pedagógica (Curso de Ciências Pedagógicas, Estágio e Exame de Estado). A
conclusão do Curso só era feita após a discussão pública de um trabalho de
natureza investigativa, a realização de três monografias profissionais e a
prestação de provas práticas, escritas e orais nos domínios da psicologia e da
orientação e selecção profissionais. O Curso de Peritos Orientadores esteve
suspenso entre 1948 e 1960. A sua reabertura, segundo o modelo criado por Faria
de Vasconcelos, devido à sua extrema exigência e difícil compatibilização com o
exercício profissional, durou até 1969. A partir desta data, o Instituto de
Orientação Profissional afasta-se da directriz traçada pelo seu fundador e o
Curso de Peritos Orientadores sofre uma alteração profunda. Alargou-se a base
de recrutamento e todas aquelas provas e trabalhos por que tinha que passar o
candidato a Perito Orientador deixaram de existir.
Mostrando a importância da existência do Instituto de Orientação
Profissional, num escrito de 1926, um ano depois da criação deste organismo,
Faria de Vasconcelos, após ter tecido considerações sobre a importância da
escolha profissional e do desprezo que votavam a este tema os adolescentes, os
pais e as escolas, referiu o que na época já se fazia noutros países. Assim,
nos Estados Unidos, durante o período da I Guerra Mundial, já existiam
instituições para dar resposta ao problema da escolha profissional; na
Inglaterra, em 1910, o Education Act estabelecia a criação de
comissões de orientação profissional. Indica, depois, o que se estava passando
na Suíça, Holanda e Bélgica em que os principais centros populacionais eram
servidos por institutos “modelares”, segundo dizia, de orientação profissional.
Na Alemanha, em 1921, diz Faria de Vasconcelos, 465 institutos de orientação
profissional estavam em funcionamento e na altura em que escrevia o texto
(1926) o seu número estava a aproximar-se do dobro. Quanto à França, tinha sido
criada uma direcção de serviços de orientação profissional e que nas principais
cidades francesas já funcionavam institutos de orientação profissional. Quanto
à Espanha, referiu a existência de um instituto “modelar” de orientação
profissional em Barcelona. (Vasconcelos, O Instituto de Orientação
Profissional "Maria Luísa Barbosa de Carvalho", 2009, pp. 5-15)
Faria de Vasconcelos não descansa. E assim, a partir de 1925, no mesmo ano
em que funda o I. O.P., acumula com a direcção da Revista Escolar.
Esta publicação foi fundada em 1921 e, inicialmente, destinava-se aos
professores do ensino primário. Faria de Vasconcelos amplia-lhe o seu âmbito e
procura apresentar ideias e experiências pedagógicas feitas no mundo. Assim,
para além da temática da orientação profissional, ele vai escrevendo sobre
muitos outros temas como a leitura silenciosa, o self-government na escola, os
trabalhos manuais…, até 1932.
Em comunicação apresentada em 1931, numa reunião da Associação
Internacional para a Protecção da Infância, que decorreu em Lisboa, ele
representou o Instituto de Reeducação Mental e Pedagógica, fundado
no ano anterior. Ora, ele verificou que haveria, na altura, entre a população
escolar, cerca de 30-40% de crianças com défices em várias áreas do
desenvolvimento, e que estes se deviam quer a dificuldades de memória, atenção,
vontade, linguagem, etc., quer por não compreenderem o que estudavam nem
progredirem, não “por defeito de desenvolvimento mental” mas pela maneira como
aprendiam. Por isso, ele diz nessa comunicação que
“Le but de l’Institut consiste precisément dans la réeducation mentale et
pédagogique de ces enfants, de façon à leur permettre soit récuperer leurs
conditions normales, soit d’atteindre le maximum du développement dont ils sont
susceptibles.” (Vasconcelos, Monographie de L'Institut de Reéducation Mentale
et Pédagogique, 2009, p. 437).
Embora, segundo as palavras de Faria de Vasconcelos, este Instituto se
apresentasse como uma instituição cheia de futuro, o seu tempo de existência
foi efémero.
Como atrás já foi referido, na sequência das suas lições como professor da
Escola Normal Superior de Lisboa, Faria de Vasconcelos publicou um trabalho
designado por Problemas Escolares. Nesta obra, incluindo material
já publicado na 1ª e na 2ª série, o autor reorganiza-o, junta-lhe outro, seja
artigos publicados entre 1921 e 1933, seja o proferido em conferências. E assim
nasceu, em 1934, a obra Problemas Escolares, em 2ª
edição (Vasconcelos, Problemas escolares - 2ª ed., 2010, pp. 1-271).
Este trabalho constitui um dos pilares do pensamento pedagógico de Faria de
Vasconcelos. Ele compõe-se por 5 partes: Filosofia da Educação; Educação Física
e Higiene; Educação Manual; Educação Intelectual; Educação Artística, Moral e
Social. As partes estão organizadas por vários capítulos cujos conteúdos
explicitam os princípios, os métodos e os processos de cada uma delas.
Um outro grande empreendimento pedagógico em que Faria de Vasconcelos se
empenhou foi o da chamada Biblioteca de Cultura Pedagógica (Vasconcelos,
Biblioteca de Cultura Pedagógica, 2010, pp. 273-918 (vol.V) e pp. 1-478
(vol.VI)). Trata-se de uma obra que contém 15 capítulos, publicados entre 1933
e 1939, num total de 1123 páginas. Ela está organizada em torno de sete campos
temáticos, a saber: Biologia Aplicada, Didáctica, Escolas Novas, Orientação
Profissional, Pedagogia, Psicologia Aplicada e Sociologia Aplicada.
A Biblioteca de Cultura Pedagógica constitui o outro pilar
estruturante, a par dos Problemas Escolares, do pensamento
pedagógico de Faria de Vasconcelos.
Outros temas, fora do âmbito da Pedagogia e da Psicologia, foram abordados
pelo Autor, tais como Filosofia, Biografia, Ficção…
Conclusão
O nome de Faria de Vasconcelos, apesar de em 2019 lhe ter sido feita uma
homenagem na sua terra natal, e de estar prevista a publicação de mais um
conjunto de estudos relacionados com este pedagogo em 2020, parece, ainda, não
ter a notoriedade que mereceria.
Faria de Vasconcelos, para além de um estudioso, ele foi um dos pioneiros,
a nível mundial, do Movimento da Escola Nova, com a sua escola de Bierges, na
Bélgica, pondo em prática os princípios daquele Movimento.
Ele andou por terras latino-americanas, desempenhando vários cargos de
política educacional, tendo levado àqueles povos o gérmen de uma nova maneira
de aprender e de ensinar. Faria de Vasconcelos fez, ainda, a defesa dos
direitos do povo boliviano, no âmbito do direito internacional da Sociedade das
Nações.
Os seus trabalhos atravessam todas as fases da vida, desde a educação para
a infância até à sua participação activa na difusão da cultura entre o povo.
Mas Faria de Vasconcelos, com a criação do Instituto de Orientação
Profissional, tornou-se o introdutor da orientação vocacional em Portugal.
Se ainda hoje muitas das suas ideias de vanguarda não foram cumpridas,
outras continuam a ter plena actualidade.
Faria de Vasconcelos morreu com 59 anos de idade. Foi uma vida curta no
tempo mas rica na participação cívica e na variedade e profundidade dos temas
que estudou.
Bibliografia
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Prefácio de Adolphe Ferrière; posfácio e notas de Carlos Meireles-Coelho). (A.
C. Carlos Meireles-Coelho, Trad.) Aveiro: Universidade de Aveiro