É impossível construir o futuro alheando-se do passado,
esquecendo o passado. O futuro constrói-se sobre o passado. E quem assim não
fizer, está condenado ao fracasso.
Contudo, há quem queira, por modismo ou por ignorância,
construir o futuro sem conhecer o passado. É como construir uma casa pelo telhado,
ou o mesmo que construir uma casa sem alicerces.
Mas a populaça, que nada sabe do passado, que apenas vive o
presente, o dia-a-dia, e que nunca preparou o futuro, delira com os fazedores
de ilusões que julgam poder construir o futuro sem olhar ao passado.
Os aplausos que colhem, esses ilusionistas do futuro sem
passado, serão sempre efémeros, porque a construção que idealizam acaba
inexoravelmente numa derrocada. E dela não restará nem passado nem futuro,
apenas o monte de escombros que provocou.
Os novos ilusionistas que apregoam futuros, são os mesmos
que no passado recente apoiaram publicamente a manutenção do status quo no concelho de Portalegre.
E agora querem aparecer, ser os arautos do futuro, eles que
pactuam com o passado, que são veículo, voz do passado. E confundir a maledicência
popular com a realidade, é ignorar a própria realidade.
Não há investimento público no concelho de Portalegre. O investimento
privado no concelho de Portalegre é reduzido, mas existe, pese embora a
autarquia não apoiar a iniciativa privada. Mas isto não é dito, com receio de
represálias em termos de apoios camarários. O que também não é dito, daí as
críticas às pessoas e não às instituições.
Pois é, não se pode ou não se deveria em ‘conversas de café’
criticar o poder vigente, e depois no emprego apoiar quem se critica
particularmente. Mas é assim que acontece.
A classe política dominante do concelho de Portalegre é
aquela que os seus eleitores escolheram através do voto. Nada a dizer, e muito
menos a opor. E, diga-se, que quem mais a critica é quem a ela outorgou o seu
voto. Mas critica-a nos ‘mentideros’, porque em público adula-a.
Quanto às elites, também que se diga que no concelho de
Portalegre existe uma larguíssima maioria de Esquerda em termos sociológicos, o
que faz com que há décadas que a dita inteligentzia é esquerdóide, o que faz, o
que ajuda a que um certo passado seja mesmo passado. O tal passado que não
passa.
Talvez que no dia em que as galinhas tenham dentes, seja
possível mudar Portalegre.