\ A VOZ PORTALEGRENSE: junho 2012

sexta-feira, junho 29, 2012

José Adriano Pequito Rebelo

Quando em 1949 José Pequito Rebelo chefiou uma lista agrária independente nas eleições para a Assembleia Nacional, suscitando forte polémica com a candidatura da União Nacional e com o Partido Comunista.
Livro de 64 páginas, onde se inclui a correspondência trocada entre Pequito Rebelo e o Governador Civil de Portalegre, João Augusto Marchante, e publicada no «Diário de Lisboa», as «Palavras de Salazar: Manifesto publicado durante a campanha eleitoral», e também carta a António de Oliveira Salazar e ao presidente da Assembleia Nacional.
A Lista B era composta por André de Melo e Castro Ribeiro, João Picão Caldeira, Jorge Bastos e José Pequito Rebelo.
Mário Casa Nova Martins

quinta-feira, junho 28, 2012

João Marchante

Foto-Síntese
Exposição de João Marchante
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No passado sábado visitámos a Exposição.
Com todo o tempo do Mundo, tivemos oportunidade de partilhar as sensações que o seu Autor nos transmite em dez Obras de grande qualidade visual e estética.
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Fotografia de João Ga Ta
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Fotografia de Sofia Medeiros
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Fotografia de Sofia Medeiros
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Fotografia de Sofia Medeiros
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quarta-feira, junho 27, 2012

Piscina Municipal

Em Portalegre as temperatura continuam altíssimas.
Mas a Piscina Municipal, votada ao abandono há já vários anos pela Autarquia, continua de portas fechadas!
Foi inaugurada em 12 de Setembro de 1966, situada dentro da cidade, nunca teve obras de manutenção e muito menos de melhoramento.
Assim se continua a degradar uma obra de utilidade pública, sem essa mesma utilidade.
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Clássico postal da Piscina Municipal de Portalegre, nos seus tempos áureos. Estávamos na Piscina quando a fotografia foi tirada.

terça-feira, junho 26, 2012

Nova Cidadania

Nova Cidadania
ANO XIII, N.º 47, Primavera - Verão 2012

segunda-feira, junho 25, 2012

Portalegre cidade 'morta'

Portalegre é uma cidade ‘morta’!
Em Portalegre não se quer saber da situação em que se encontra a Autarquia.
O que o jornal «I» publicou em 9 de junho de 2012 acerca do endividamento autárquico, não mereceu qualquer comentário dos portalegrenses.
Portalegre é a capital de distrito com o maior valor de dívida por Munícipe!
Cada Munícipe ‘deve’ 1937 euros!
E o responsável por esta calamidade económica e financeira abandonou a presidência da Autarquia sem que seja ou venha a ser responsabilizado pela má gestão que fez durante dez anos!
No período em o dito indivíduo esteve a delapidar o erário autárquico, foi criada uma Fundação, de nome Fundação Robinson.
Esta Fundação, cuja finalidade é constantemente questionada em sucessivas Assembleias Municipais, tem nas suas contas a não explicação de avultada verba.
Onde está o valor em falta na Fundação Robinson?
‘Isto’ é Portalegre!
Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, junho 22, 2012

Carlota Pires Dacosta

Bela por ti

Bela como livro que se desfolha,
com deleite.
Em Alexandria não havia papiro
tão perfeito.
Deixa-me olhar-te, por favor,
nesse teu leito.
Sabes que sonho com ele,
teu corpo perfeito.

Por que não me aceitas,
do meu jeito?
Mário Casa Nova Martins

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No leito em que me deito,
contemplando o teu ser
Belo, sedutor, feiticeiro.
Quanto de ti "bebo", somente por te ver?
Quando teus olhos, os meus encontra
faíscam pedras de rubi escarlate
Tanta saudade, tanta dor

Será possível
nosso Amor?
Resposta a um post que li no blog "A Voz Portalegrense"
Carlota Pires Dacosta

quinta-feira, junho 21, 2012

Crise na Cidade dos Papas

Crise na Cidade dos Papas - Parte Dois
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A revista Sábado desta semana trás como tema principal o que se passa no Vaticano.
Há dias escrevemos ESTE TEXTO, que mantém toda a actualidade.
Mário Casa Nova Martins

La Aventura de la Historia

Mês de junho.
Globalmente com interesse.

quarta-feira, junho 20, 2012

Crise na Cidada dos Papas

A crise que o mordomo papal despoletou no Estado do Vaticano, não é de fácil resolução.
Parece que os tempos estão a dar razão às Profecias de São Malaquias.
Mas é inquestionável que esta crise fortalece os Cismontanos na luta contínua e constante com e contra os Ultramontanos.
Guelfos e Gibelinos lutam encarniçadamente em torno e pelo Trono de Pedro.
Ninguém, mas ninguém mesmo, sairá ileso desta guerra florentina.
O Papa alemão tem que deixar o acessório e preocupar-se com o essencial.
Os inimigos da Igreja de Roma rejubilam. E aproveitam-se!

Não podemos esquecer a importância da Igreja Católica na História do Ocidente nos últimos séculos. É demasiado grave o que se está a passar.
Os Valores do Cristianismo são Património a preservar nesta Europa cada vez mais materialista.
Mário Casa Nova Martins

terça-feira, junho 19, 2012

Bela

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Bela como livro que se desfolha,
com deleite.
Em Alexandria não havia papiro
tão perfeito.
Deixa-me olhar-te, por favor,
nesse teu leito.
Sabes que sonho com ele,
teu corpo perfeito.

Por que não me aceitas,
do meu jeito?

Mário Casa Nova Martins

segunda-feira, junho 18, 2012

A Educação em Portugal


Começam hoje os exames nacionais. Seria bom que se pensasse no papel, fundamental, do Professor.
Quiçá, evitar-se-ia tantos atropelos na Educação em Portugal.
Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, junho 15, 2012

PLÁTANO n.º 5

quinta-feira, junho 14, 2012

PLÁTANO n.º 5

Capa
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Contra-Capa
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quarta-feira, junho 13, 2012

PLÁTANO n.º 5



02 EDITORIAL
Plátano - Fernando Correia Pina

03 POR UMA UNIÃO EUROPEIA MAIS SOLIDÁRIA
Vítor Caldeira

05 DO VERBO ANDARILHO NAS FADAS DE PORTUS ALACER
Joaquim Castanho

08 UMA PÁGINA DE MEMÓRIAS DA GUERRA
António Martinó de Azevedo Coutinho

14 CRENÇAS, EXPECTATIVAS E ESTEREÓTIPOS EM DIFERENTES ESPAÇOS SOCIAIS
Mário Freire

16 ASPETO PARCIAL DA EXPOSIÇÃO REALIZADA NA ESCOLA MOUZINHO DA SILVEIRA - MARÇO DE 2012
Marcolina Guerra; Maria de Fátima Pinto Leite; José Capela e Silva

18 POETA
João da Graça Silva

19 O PODER DA PALAVRA
Fernando Salgueiro de Sousa

20 ANIMAÇÃO TEATRAL NO DESENVOLVIMENTO LOCAL E COMUNITÁRIO
Avelino Bento

22 JOSÉ RÉGIO NOS ANOS DE 1941/42 EM PORTALEGRE
Mário Casa Nova Martins

28 NA MARGEM - MAIO, MADURO, MAIO
Luís Filipe Meira

30 OS CELEIROS COMUNS DO DISTRITO DE PORTALEGRE
Fernando Correia Pina

37 FUNDOS MUSICAIS NAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS: O CASO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE PORTALEGRE
Olga Ribeiro

42 LIVRO DE CARLOS GARCIA DE CASTRO
Mário Casa Nova Martins

42 PARA O CARLOS GARCIA DE CASTRO
Fernando Correia Pina

44 PUBLICIDADE, QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ…
António Ventura

terça-feira, junho 12, 2012

PLÁTANO n.º 5

Locais de venda da PLÁTANO n.º 5
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Biblioteca Municipal de Portalegre na Rua de Elvas
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Livraria Papelaria Tavares no Largo do Café Alentejano
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Nun' Alvares Livraria Papelaria na Rua 5 de Outubro
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Papelaria Arco-Íris na Rua do Comércio
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 Papelaria Sarita na Rua D. Nuno Álvares Pereira
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Quiosque do Hospital Distrital de Portalegre
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Sons E Sabores Portalegre na Rua 5 de Outubro
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segunda-feira, junho 11, 2012

PLÁTANO n.º 5, Mário Freire

UM PLÁTANO ÁRVORE E UM PLÁTANO REVISTA
Teve lugar no passado dia 23 de Maio o lançamento do número 5 da revista Plátano, em Portalegre. Trata-se, praticamente, da única revista de natureza cultural existente na cidade.
Ora, para Portalegre, a palavra plátano tem um significado muito próprio pois é aqui que existe uma das árvores maiores e mais antigas do País. Aquela sua copa gigante ouviu muitos lamentos e projectos, alguns dos quais se tornaram realidade; foi testemunha de negócios das gentes simples da cidade.
Numa outra faceta na sua já longa vida de 174 anos, o Plátano-árvore foi, e continua a ser, um ponto de encontro das pessoas. Com os de fora e com os de dentro. Ali se trocam abraços, se matam saudades, se fala das coisas que nos alegram e das que nos amarguram.
Mas em todas as circunstâncias, ela é aquela sombra refrescante que nos dias de calor nos protege do sol escaldante e nos convida a descansar debaixo dos seus ramos, para depois prosseguirmos a nossa marcha. Ela não rejeita ninguém; a todos acolhe.
Também a revista Plátano é um espaço cultural que não discrimina, acolhendo portalegrenses e não portalegrenses. Ela é um ponto de encontro de várias correntes, gerações, temas e ideologias numa diversidade e complementaridade que a enriquecem.
Neste número fala-se predominantemente de Portalegre, quer nos anos da II guerra mundial e de recordações familiares que são um pretexto para a história da cidade desse tempo, quer de uma sua escritora, Luísa Grande, e ainda de duas instituições, a Escola Secundária Mouzinho da Silveira e a Biblioteca Municipal em que, com os seus espólios, mostram a riqueza bibliográfica ali existentes. Centrados, ainda, em Portalegre, a revista traz-nos um estudo sobre José Régio nos anos de 41 e 42 e, ainda, um artigo crítico sobre a Portalegre de hoje que, parecendo ir a caminho do deserto, nela existem réstias de esperança, pelo menos no que à cultura se refere. Num âmbito geográfico mais amplo, surge-nos um estudo sobre os celeiros no Distrito de Portalegre.
Alargando ainda mais o conteúdo dos temas, apresenta-se-nos um artigo sobre uma União Europeia mais solidária. Por fim, focando, agora, temas mais gerais, há um artigo sobre a “animação teatral no desenvolvimento local e comunitário” e um outro sobre “as crenças, as expectativas e os estereótipos em diferentes espaços sociais”.
Finalmente, nela aparece a poesia. Esta, mais do que nunca e para os dias de hoje, é uma das poucas fontes que nos pode trazer o lenitivo ao espírito, perante a realidade acabrunhante que estamos a viver
Voltemos ao Plátano–árvore. Ele tem uma história já longa. Atribui-se a José Maria Grande a plantação desta árvore em 1838. Aquele ilustre portalegrense, sendo médico, distinguiu-se fundamentalmente no domínio da Botânica, tendo vindo a ser, além de professor daquela disciplina na Escola Politécnica, o director do Jardim Botânico da Ajuda.
Ora o “plantador” desta Revista chama-se Mário Casa Nova. Ele tem propiciado, no meio da vertigem que nos envolve, momentos de repouso e de fruição intelectual a quem sob as páginas da Plátano se acolhe.
Como diz o editorialista deste número, esta revista “assume uma vez mais a responsabilidade de não deixar morrer o pensamento”.
Mário Freire

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Em nome da Equipa da revista «Plátano», agradeço ao Dr. Mário Freire a colabração e as amáveis palavras.
Mário Casa Nova Martins

quinta-feira, junho 07, 2012

Fernando Correia Pina

Às 19,00 horas no Jardim do Tarro

Ó terra da chuva de pólen
ao findar da tarde,
jardim das mulheres deitadas
sob lençóis de erva,
cidade das casas que se olham
com branca reserva
nas ruas que na praça convergem
como se fossem água.
Acendo um cigarro no sol
a sangrar no poente
e fico sentado num banco
a pensar que talvez
o segredo da vida seja apenas saber
olhar dia a dia para as coisas
pela primeira vez.

quarta-feira, junho 06, 2012

António Martinó de Azevedo Coutinho

Não escrevo estas linhas porque perdemos no jogo do pontapé na bola contra a Turquia. Até foi a feijões...
Escrevo-as porque se tem criado um clima emocional altamente indesejável. Rodeou-se a nossa selecção de uma expectativa claramente superior ao seu perfil. O estágio de Óbidos decorreu e sobretudo terminou num ambiente de euforia com tonalidades medievais, entre muralhas e pendões, carroças engalanadas, ranchos de inocentes crianças a cantar o hino e patéticos discursos inflamados, bem recheados de juramentos e de promessas, a cumprir com juros nos campos da honra...
Novos cruzados dos tempos modernos, preparam-se os nossos “zeróis” para rumar à sua terra santa, apenas um pouco mais a norte do que a “clássica”, pelas distantes plagas polacas e ucranianas. Até levam por isso estampada nos seus uniformes uma emblemática cruz, como noutros históricos tempos.
Se deixarmos de lado as emoções (quem as tenha sentido, claro!), verificaremos que quase tudo foi feito ao contrário. Onde devia ter imperado o bom senso e a humildade acentuou-se o exagero e a arrogância. A visita ministerial ao estágio foi a cereja no topo deste azedo bolo na clara busca de uma patética e interesseira colagem onde devia ter permanecido uma legítima (e inteligente) separação de poderes, o desportivo e o político.
Nunca fui capaz de ligar o futebol à Pátria. Toquem o hino a rodos, desfraldem as bandeiras ao vento, enverguem todos os uniformes verde-rubros, enfim, exibam a simbologia nacional a propósito e também a despropósito, que nada disso me sensibiliza. Sobretudo, e afinal é o que aqui verdadeiramente conta, creio que a Pátria também não motiva os elementos da selecção portuguesa de futebol.
Pensemos um pouco, apenas um pouco, para não cansar. Os homens até há dias reunidos em Óbidos aí ostentaram a sua cara colecção de carros espampanantes e de mulheres sensacionais (pode trocar-se a ordem dos adjectivos que bate certo na mesma). Até aqui tudo seria normal, ou quase; o pior é que eles estão habituados (salvo raras e honrosas excepções) a trocar frequentemente uns e outras. A isto parece resumir-se a lista dos mais profundos objectivos dos “zeróis” lusitanos, desde que não lhes faltem os milhões obtidos a troco de umas regulares assinaturas. Então por que esperar que uma qualquer bandeira, um simples hino ou uma vulgar camisola os possam agora sensibilizar, entusiasmar, motivar?  
Pode ser que tudo corra muito bem nos jogos a doer, já que nada bateu certo no disputa dos feijões. Pode ser...
Nem sequer isso alteraria a minha forma de pensar, pois este pessimismo vai sendo confirmado sempre que está em causa a nossa representação futebolística de alto nível (!?) no confronto com os outros. Apenas recordo que até perdemos ingloriamente uma única, fácil e irrepetível oportunidade de sermos campeões...
O mais certo, e convém assumir esta possibilidade como a mais lógica, é a de regressarmos, sem honra nem glória, logo após a primeira fase, a de grupos. E isso nem deveria ser considerado como um resultado censurável, porque os nossos parceiros são poderosos e sempre valeram mais do que nós. Mas o clima criado deixou irreparáveis sequelas, pois inflaccionou-se o valor dos nossos atletas, como aliás vem sendo prática quase incontornável nos mais diversos sectores da vida nacional.
A crise restaurou os valores tradicionais que fizeram carreira no “estado novo”, conferindo renovadas roupagens aos três “efes” desses tempos de nula saudade: Fátima, fado e futebol. Quanto à primeira, basta recordar a tinta que fez correr a ainda recente peregrinação de Maio, quando se explicou a impressionante massa humana de peregrinos pela descrença dos “fiéis” nos homens e pela esperança de que noutras paragens, não terrenas, se encontre a solução para o crescente desespero colectivo. O fado -talvez seja conveniente usar a maiúscula- o Fado acabou de receber uma consagração cultural, e internacional, do mais alto nível. Quanto ao futebol -aqui conservo a minúscula porque não há forma mais insignificante de tratamento- o futebol impera, contraditoriamente, nos mimos trocados entre os Pintos das Costas e Luíses Filipes Vieiras, no censurável comportamento de certos elementos das claques do Benfica e do Sporting, no obsceno esbanjamento de milhões, na “qualidade” dos dirigentes federativos, liguistas e clubistas, na contínua dança dos treinadores, na “isenção” dos jornais diários e nos índices de audiência dos programas televisivos da especialidade, na “competência” dos árbitros... 
O pior, o pior de tudo, ainda bem pior do que toda esta triste figura atrás patenteada é o facto de, nesta moderna versão, o trio dos “efes” se arriscar a ser incompleto. Agora, passando a indesejável quarteto, oxalá não tenhamos de lhe juntar a... fome!
Isso, de facto, seria bem pior do que fazer uma passageira má figura nos campos do pontapé na bola.
António Martinó de Azevedo Coutinho

segunda-feira, junho 04, 2012

Carlota Pires Dacosta

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sexta-feira, junho 01, 2012

António Martinó de Azevedo Coutinho

VI – a palavras loucas, orelhas moucas...

A deturpação do uso da palavra atingiu níveis que apeteceria considerar como anedóticos se não fôssem preocupantes.
Por exemplo, é frequente participarmos em conversações telefónicas para determinados gabinetes ou repartições, recheados de gente normalmente importante, recebendo no entanto respostas desconcertantes. Um exemplo, virtual, permite avaliar um certo modelo-tipo:
Alternativa A
- Desejo falar com o dr. X.
- O senhor dr. não se encontra. (Poderemos admitir que o dr. X, coitado, está de tal modo perturbado que não consegue reencontrar o seu equilíbrio ou, então, que anda todo o pessoal a vasculhar o prédio, das casas de banho às arrecadações, do sótão à cave, sem encontrar o pobre do dr. X, certamente perdido... É que, antigamente, em bom português, era costume responder: - O senhor dr. não está.)
Alternativa B
- Desejo falar com o dr. X.
- Quem gostaria...? (Aqui, para respondermos “à letra”, devemos dizer: - Com ele, naturalmente... A secretária ficará certamente desconcertada, incapaz de perceber que a pergunta certa, em bom português, teria sido: - Quem devo anunciar?)
Espécie de teatro do absurdo (talvez Ionesco o subscrevesse!), os diálogos surrealistas que o banal quotidiano nos proporciona constituem a prova de que um cretiníssimo novo-riquismo ou a mais pura estupidez se terão apoderado da simplicidade linguística que sempre usáramos com proveito e eficácia.
Quando lemos num jornal (ou ouvimos na rádio ou assistimos pela televisão) reportagens, entrevistas ou declarações, nunca teremos a certeza absoluta de dispormos -como receptores- dos mesmos códigos linguísticos dos emissores dessas peças, isto é, poderemos interpretá-las de modo bem diverso das intenções dos autores dessas mensagens. Este fenómeno comunicacional até seria normal (e saudável!) se o conseguíssemos desligar da deliberada demagogia que por vezes informa tais peças.
Eis alguns exemplos soltos:
- É preciso democratizar (ou privatizar) certos meios de comunicação. O princípio é provavelmente correcto, se a oculta intenção do decisor não consistir em entregá-los a gente da sua confiança...
- Temos de dialogar com todos os sectores da sociedade. Nada mais desejável, excepto se “todos os sectores da sociedade” se reduzirem às pessoas ou entidades que lêem pela nossa cartilha...
- Devemos lutar pelos nossos direitos. Por vezes, o significado deste lema pode ser: Sentimo-nos autorizados a obstruir ruas, incendiar autocarros, partir montras e invadir reitorias...
- Este governo é verdadeiramente fascista. Algumas vezes, esta “acusação” pode traduzir-se assim: Não nos deixaram destruir as cabinas telefónicas ou arrancar os semáforos, nem sequer pintar as paredes e até mandaram gorilas para nos agredirem, imagine-se!
- Verificou-se uma total adesão à greve. Pode significar: Estivemos presentes, com cartazes, megafones e tudo, todos os membros da direcção do sindicato!
- Já foi nomeada uma comissão de inquérito. Tradução (no geral) exacta: - Esqueçam-se de que aquilo alguma vez aconteceu.
Palavras loucas, orelhas moucas! Nem sempre é possível tornarmo-nos surdos voluntários, quando uma certa revolta interior nos impede de tal fingimento.
Flutuando entre a vulgar piroseira e o bacoco pretensionismo, saltam-nos à vista -escritas ou soletradas- algumas barbaridades linguísticas.
Hoje, por exemplo, quase ninguém recomenda a outrém que se concentre. A moda é dizer: -Foca-te! Aliás, pode usar-se uma variante, igualmente disparatada: - Focaliza-te!
Não existe, pura e simplesmente, o verbo “colapsar”, mas o substantivo colapso, que significa inibição repentina duma função vital ou, em sentido figurado, queda repentina. Tão simples como isto. No entanto, já todos lemos que determinado edifício “colapsou” e, até, que a Bolsa também “colapsou”... Estas aspas são da minha responsabilidade pois, nas notícias, nunca são colocadas.
Afirmar que uma lei possui determinadas virtualidades consiste numa pura aberração linguística, com a qual se diz exactamente o contrário daquilo que se pretenderia sublinhar. Virtual é irreal e nada tem a ver com virtude, que devia ser o termo a empregar.
Deslocalizar por deslocar, resiliente por resistente ou, mais frequentemente, estória por história, eis outros casos de imbecilidade vocabular com que esbarramos em cada página, a cada cena...
Tudo isto acontece no dia-a-dia mais vulgar, porque é escolhido deliberadamente o caminho da asneira, quando se pretende o da erudição. Enfim, haja pachorra!!!
Sophia de Melo Breyner Andresen (1919-2004) foi uma das nossas maiores poetisas. O Prémio Camões, que lhe foi justamente atribuído em 1999, consagrou uma obra invulgar em génio, coragem e inspiração. Do seu livro O Nome das Coisas (1977), retiro, com vénia, o poema Com Fúria e Raiva, datado de Junho de 1974.
Com fúria e raiva

Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra

Com esta transcrição, calo por enquanto as Palavras à Solta...
António Martinó de Azevedo Coutinho