PLÁTANO n.º 5, Mário Freire
UM PLÁTANO ÁRVORE E UM PLÁTANO REVISTA
Teve lugar
no passado dia 23 de Maio o lançamento do número 5 da revista Plátano, em Portalegre. Trata-se,
praticamente, da única revista de natureza cultural existente na cidade.
Ora, para
Portalegre, a palavra plátano tem um significado muito próprio pois é aqui que
existe uma das árvores maiores e mais antigas do País. Aquela sua copa gigante
ouviu muitos lamentos e projectos, alguns dos quais se tornaram realidade; foi
testemunha de negócios das gentes simples da cidade.
Numa outra
faceta na sua já longa vida de 174 anos, o Plátano-árvore foi, e continua a ser,
um ponto de encontro das pessoas. Com os de fora e com os de dentro. Ali se
trocam abraços, se matam saudades, se fala das coisas que nos alegram e das que
nos amarguram.
Mas em todas
as circunstâncias, ela é aquela sombra refrescante que nos dias de calor nos
protege do sol escaldante e nos convida a descansar debaixo dos seus ramos, para
depois prosseguirmos a nossa marcha. Ela não rejeita ninguém; a todos
acolhe.
Também a
revista Plátano é um espaço cultural
que não discrimina, acolhendo portalegrenses e não portalegrenses. Ela é um
ponto de encontro de várias correntes, gerações, temas e ideologias numa
diversidade e complementaridade que a enriquecem.
Neste número
fala-se predominantemente de Portalegre, quer nos anos da II guerra mundial e de
recordações familiares que são um pretexto para a história da cidade desse
tempo, quer de uma sua escritora, Luísa Grande, e ainda de duas instituições, a
Escola Secundária Mouzinho da Silveira e a Biblioteca Municipal em que, com os
seus espólios, mostram a riqueza bibliográfica ali existentes. Centrados, ainda,
em Portalegre, a revista traz-nos um estudo sobre José Régio nos anos de 41 e 42
e, ainda, um artigo crítico sobre a Portalegre de hoje que, parecendo ir a
caminho do deserto, nela existem réstias de esperança, pelo menos no que à
cultura se refere. Num âmbito geográfico mais amplo, surge-nos um estudo sobre
os celeiros no Distrito de Portalegre.
Alargando
ainda mais o conteúdo dos temas, apresenta-se-nos um artigo sobre uma União
Europeia mais solidária. Por fim, focando, agora, temas mais gerais, há um
artigo sobre a “animação teatral no desenvolvimento local e comunitário” e um
outro sobre “as crenças, as expectativas e os estereótipos em diferentes espaços
sociais”.
Finalmente,
nela aparece a poesia. Esta, mais do que nunca e para os dias de hoje, é uma das
poucas fontes que nos pode trazer o lenitivo ao espírito, perante a realidade
acabrunhante que estamos a viver
Voltemos ao
Plátano–árvore. Ele tem uma história já longa. Atribui-se a José Maria Grande a
plantação desta árvore em 1838. Aquele ilustre portalegrense, sendo médico,
distinguiu-se fundamentalmente no domínio da Botânica, tendo vindo a ser, além
de professor daquela disciplina na Escola Politécnica, o director do Jardim
Botânico da Ajuda.
Ora o
“plantador” desta Revista chama-se Mário Casa Nova. Ele tem propiciado, no meio
da vertigem que nos envolve, momentos de repouso e de fruição intelectual a quem
sob as páginas da Plátano se acolhe.
Como diz o
editorialista deste número, esta revista “assume uma vez mais a
responsabilidade de não deixar morrer o pensamento”.
Mário Freire
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Em nome da Equipa da revista «Plátano», agradeço ao Dr. Mário Freire a colabração e as amáveis palavras.
Mário Casa Nova Martins
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