\ A VOZ PORTALEGRENSE: janeiro 2018

terça-feira, janeiro 30, 2018

Desabafos 2017/2018 - IX

A primeira-ministra britânica, a Conservadora Theresa May,  nomeou no passado dia 17 de Janeiro uma ministra da Solidão. Estima-se que haja mais de nove milhões de pessoas sós no Reino Unido, praticamente o total da população portuguesa.
A criação deste ministério para esta triste realidade da vida moderna, como Theresa May caracterizou a solidão, mostra de forma indelével o hedonismo da actual sociedade europeia, rica de bens materiais, mas pobre de sentimentos e sobretudo de Valores.
Permissiva, intolerante, areligiosa, esta Europa dos costumes só é solidária face às causas fracturantes, sejam elas, ou tenham elas a forma e o conteúdo que tiverem.
Em Portugal, não é só nos grandes meios populacionais que existe a solidão. Também nos pequenos centros urbanos, no campo, em suma, a sociedade portuguesa não é diferente da europeia.
Mas em Portugal há mais com que os governantes se preocuparam do que com o grave problema da solidão, preocupados que estão, neste tempo presente, com a eutanásia. Talvez encontrem nela a solução para o problema da solidão.
Mas não são só os governantes, também a sociedade civil não se preocupa com a solidão, esse fenómeno social que envergonha, daí o autismo face a ele.
A degradação do conceito de Família, o ataque contínuo que sofre, contribui em muito para que a solidão, que não é só ligada aos idosos, tenha o significado que tem na sociedade.
Quanto mais a Família se deteriorar, maior será a solidão dos membros que a compõem. Por muito que custe ao famigerado politicamente correcto!
Rádio Portalegre, 28 de Janeiro de 2018

quarta-feira, janeiro 24, 2018

Crónica de Nenhures

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Diz o povo e com razão que saber esperar é uma grande virtude.
Todavia, Manuel Monteiro não teve ou não tem, não cultivou ou não cultiva essa virtude.
À frente da Juventude Centrista (JC), à frente do CDS, depois PP e depois CDS-PP, Manuel Monteiro mereceu e merece os maiores elogios. Mas não soube dar tempo ao tempo!
A vida política, salvo honrosas excepções, é curta, e findo o seu consulado, só tinha que se reservar para o futuro. E Manuel Monteiro tinha futuro na Política.
Contudo, ou mal aconselhado, ou por iniciativa exclusivamente própria, abandonou o CDS e forma novo partido, o Partido da Nova Democracia (PND). Com ele arrasta um conjunto de Pessoas de qualidade, mas o resulto final, eleitoral, é um total desastre.
Abandonando o palco político, dedicou-se ao Ensino, com fugazes aparições públicas e menos ainda com artigos de opinião.
No CDS tem “representantes”, mas teria, terá que ser ele, como se diz, a “dar a cara”. Não pode, nem é eticamente correcto, utilizar “terceiros” para influenciar o partido e as suas políticas.
Fora da área do CDS, Manuel Monteiro, ao longo deste seu “exílio”, não conseguiu criar pontes ou raízes. É no CDS que tem que estar, ao CDS que tem que regressar.
Manuel Monteiro não é Assumpção Cristas. Muito menos Paulo Portas. Mas todos são mais-valias para o CDS, e a Direita parlamentar precisa de todos, sem excepção. É no debate, no esgrimir das diferenças, que o CDS pode e deve crescer.

Memórias

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Duas Memórias, dois autocolantes da Juventude Centrista, do tempo do consulado de Manuel Monteiro.
Viviam-se tempos de esperança, face ao ressurgimento do CDS, que seria PP e depois CDS-PP.
A Direita possível em Portugal parecia ter futuro.
A Europa queria destruir a Nação, e o Partido lutava contra.
E a Juventude Centrista, irreverente e insubmissa, era uma das frentes desse combate contra o Federalismo Europeu.
Por uma Europa das Nações, contra uma Europa Federal.
Hoje, tudo é passado. As cinzas do consulado de Manuel Monteiro há muito que gelaram.
Mas a semente que então foi semeada, criou raízes e deu frutos.
O Futuro será daqueles que tiverem maior Memória!
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terça-feira, janeiro 16, 2018

Desabafos 2017/2018 - VIII

Esquecidos que estão os incêndios do passado Verão, esquecida que está seca do ano passado com o regresso da chuva, cheias as lojas dos chineses de artigos para o Carnaval, tudo voltou ao normal.
E o normal é o circo que foi as eleições para a presidência do PPD-PSD, assim como neste início do ano os aumentos de toda a ordem, a começar pelo aumento do preço do pão até ao aumento dos serviços, sejam eles quais forem.
Mas o povo está feliz! O governo promete «sol na eira e água no nabal», e esse mesmo povo acredita. Parece que nunca aconteceram aumentos, parece que o rendimento líquido desse povo, com todos estes aumentos nos bens e serviços, não fizeram diminuir esse mesmo rendimento líquido!
Como é bom ler o Sermão da Montanha! Nele, colhem-se mais ensinamentos do que no “Príncipe” de Nicolau Maquiavel ou na “Arte da Guerra” de Sun Tzu.
Com esta aceitação de tudo o que é dito e tudo o que é feito pelo governo, que tem o apoio dos radicais esquerdistas trotskistas-estalinistas, e com uma oposição parlamentar e extraparlamentar débil, o que se pode esperar do futuro?
Num tempo de mudanças sociais, políticas e ideológicas por esse mundo fora, em Portugal caminha-se alegremente para um festim, do qual não se saberá como se irá sair e principalmente quem irá pagar a conta.
Tal como na Roma dos césares, o povo queria «pão e circo», e por enquanto está a ter as duas coisas em abundância. Falta é saber-se o até quando!
Rádio Portalegre, 15 de Janeiro de 2018

terça-feira, janeiro 02, 2018

Desabafos 2017/2018 - VII

Que venha quem nunca pensou no primeiro dia de Ano Novo, que o ano que começa será melhor do que o acabou.
Porém, há uma verdade indesmentível, que é o facto de mais um ano se ter passado, e o ser humano, cada ano que passa, fica mais velho, no inexorável caminho para o fim da sua vida terrena.
A finitude da vida nunca é lembrada no início de cada ano, mas as quatro estações, primavera, verão, outono e inverno, mostram que a própria vida é um ciclo que não se renova, que avança rumo à eternidade.
Que ano irá ser este de 2018, neste calendário juliano, de um tempo de muitas eras pelas quais a terra, planeta do sistema solar, um ponto microscópico no universo, tem passado e irá passar, até ao arrefecimento da sua estrela, em torno da qual gira, e que um dia num tempo futuro deixará de brilhar.
2018 será um ano de muitos acontecimentos, mas a decadência da Europa continuará. Outrora farol da humanidade, centro do mundo, próspera e rica, a Europa cada vez mais é uma nova Roma decadente, uma Bizâncio em que se discute o sexo dos anjos ao mesmo tempo que as hordas bárbaras estão à sua porta para a conquistar. E a Roma da Cristandade está refém do anticristo.
A Europa do Iluminismo, graças às Luzes que pariu, é hoje uma Europa das trevas, onde minorias antinaturais exercem um poder e um pensamento totalitário sobre a maioria, que como sempre, como mostra a História, se acobarda, se ajoelha.
A luta contra as trevas, contra os totalitarismos, consubstanciados nos radicalismos, sejam políticos, religiosos ou sociais como a criação de um homem novo das distopias marxistas, não pode parar em 2018.
Rádio Portalegre, 1 de Janeiro de 2018