DOS
MONUMENTOS ÀS PESSOAS - IX
O Distrito de Portalegre, N.º 5797, 10 de Setembro de 1982
SOROR
ISABEL DO MENINO JESUS E O «ECCE HOMO» DO CONVENTO
Na continuação do último apontamento diremos que
Soror Izabel do Menino Jesus, no livro da sua «Vida», se refere ainda, a
páginas 93, n.º 71, ao «Senhor, Ecce Homo», «que está no Côro», nestes termos:
«Este Senhor, me foi buscar duas vezes pessoalmente ao lugar onde eu estava
tendo oração; o para que me buscou, se verá mais expressamente, onde fica
escripta; e só agora digo, que amem muito esta Imagem, e a tenham em grande
veneração».
Uma nova referência, a última que Soror Izabel do
Menino Jesus fez à Imagem do «Senhor, Ecce Homo» vem na pág. 100 a 102, n.º 80.
Transcrevemo-la:
«Não ha
dûvida, que os filhos são herdeiros de seus Pays; este filho legitimo de nosso
Seraphico Padre: de que agora quero fazer mençaõ, tinha o Senhor tomado tanto á
sua conta, que depositou nas suas maõs extraordinarios favores. Corrêraõ estes
pelas minhas maõs, fazendo-me o Senhor participante de todas as mercês, que lhe
enviava; communicando eu com o dito Religioso, se augmentava tudo, quanto podia
no exercicio da santa Oraçaõ, e virtudes. Huma vez por acso, me desconsolei
muito, parecendo-me, que havia no Religioso algum descuido, em naõ ir adiante
no caminho da virtude; e com esta desconfiança, estava quasi resoluta a deixar
a communicaçaõ espiritual, que tinha com o Padre. Sentio isto tanto o Senhor, a
nosso modo de falar, que o obrigou a vir pessoalmente pedir-me o naõ deixasse:
e foi o caso, que tendo eu levado a mayor parte da noite em oraçaõ, na
madrugada tive huma elevaçaõ, onde vî huma Imagem do Senhor, Ecce Homo, que
temos neste Convento, e vinha sua santissima Humanidade, como homem nû, todo
coberto d sangue, e chagas, dando passos até chegar a mim. Tanto que chegou,
cheguei eu a passos de morte; porque foi tanto o amor, com que o abracei, e as
lagrimas, que chorei, que lançada a seus pés, e enlaçada em seus braços, pouco
me faltou para morrer. Disse-me entaõ estas palavras: Filha a que venho aqui,
he pedir-te me naõ deixes Fr. Fulano, dando-lhe estes alentos meus, e fazendo
com elle pazes, e ficando a communicaçaõ, como d’antes: porque he filho de S.
Francisco, e tenho destinado para meu grande servo».
Escrevemos sobre as Imagens às quais se faz
referência na Vida de Soror Izabel do Menino Jesus.
De muitas outras Imagens se enchia o Convento –
Capela, Côro, Claustro, Corredores e Dormitórios.
Seria curioso, e é possível, conferir as Imagens que
constam do «depósito dos objectos do uso exclusivo do culto», existentes no
Convento, em 1910, e os que, ultimamente, foram entregues à Câmara e à Igreja.
Em 1900 estão registados como existentes no Convento
77 Imagens, destas as mais conhecidas de Santa Clara, S. Francisco, S. José e a
belíssima Imagem de Nossa Senhora das Dores, atribuída a Machado de Castro, o
Menino Jesus «falador», o Senhor da Paciência e o Senhor «Ecce Homo», até aos
belos crucifixos de marfim.
Quando isto dizemos não queremos pôr super-hipótese
de terem sido desviados do Convento quaisquer Imagens enquanto o Convento
esteve confiado à «Associação de Protecção e Amparo de Nossa Senhora das
Dores», mas já não estamos igualmente seguros no que se refere ao período que envolve
a data de 1910, até porque ainda nos nossos dias aparecem pessoas a restituírem
Imagens levadas de Conventos e Igrejas nessa ocasião.
Padre Anacleto Martins
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