Convento de Santa Clara de Portalegre-VIII
DOS MONUMENTOS ÀS PESSOAS -
VIII
O Distrito de Portalegre, N. º 5796, 3 de Setembro de
1982
O
CONVENTO DE SANTA CLARA
Uma vez que andamos há semanas a falar deste
Convento, cuja fundação, como sabemos, remonta ao último quartel do século XIV,
seria inexplicável que não nos referíssemos às obras de restauro, nele
recentemente iniciadas.
Já aqui dissemos que dois dos lados do Claustro
ainda mantém, mais ou menos bem conservados, os arcos primitivos, de um gótico
singelo, leve, mesmo belo. Tinham-se adossado outros arcos, já em época tardia,
possivelmente para dar segurança ao passadiço do Claustro superior.
Um dos lados já está limpo dessa «aderência», e não
há dúvida de que outro «espírito» começa a encher aquele recinto, que longos
séculos de vida claustral tornaram, de algum modo sagrado, pelo silêncio, pela
oração, com todo um ambiente que importa saber respeitar. Assistimos, ainda não
há muito, neste Claustro, a uma breve representação em que o trecho da peça
escolhida era o mais repugnante para o ambiente de um Claustro de Clarissas,
cujos restos mortais, de muitas delas, aliás, jazem na galeria do mesmo
Claustro.
Há que pôr os Conventos desabitados ao serviço da
Comunidade, mas há que discernir sobre que tipo de actividades ali se vão
tolerar. Acabamos de dar uma volta pela Igreja do Convento de Santa Clara.
Anunciam-se também obras, ali. Salvo melhor parecer, a Igreja deve conservar-se.
Pode ser Museu. Pode ser Auditório. Talvez outra coisa. Mas já não seremos
capazes de a ver palco para representar peças em que o humorismo chocarreiro
seja o tema. Afinal, há tanta coisa bela, com real mérito que ali ficará bem
representar.
Um Claustro de um Convento, uma antiga Igreja, mesmo
desafectado do Culto, tem sempre uma «alma» que qualquer pessoa, crente ou não,
se for sério, obrigará a fazer respeitar.
E terminamos com uma referência à Igreja de que
possuímos e damos aos leitores a foto que no-la representa como se conservava
no final da sua utilização ao serviço da «Obra de Protecção de Amparo de Nossa
Senhora das Dores».
Esta a foto da Igreja ou Capela do Convento de Santa
Clara tal qual se encontrava quando, já na década de sessenta, deixou de servir
ao Culto, ao serviço da «Obra» a que atrás nos referimos.
Foi aí celebrada a última Missa, no dia 30 de Maio
de 1968.
Hoje qualquer de nós pode verificar como se
encontra.
Esperamos que pelo menos, dentro de algum tempo, se
tenha transformado num Museu, auditório ou outro fim não afrontoso para com a
finalidade a que durante tantos séculos esteve afecta.
Padre Anacleto Martins
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