\ A VOZ PORTALEGRENSE: maio 2024

sexta-feira, maio 17, 2024

AA - O talentoso Mr. Bugalho

O talentoso Mr. Bugalho

Houve um tempo em que os escolhidos para a Política, para a Causa Pública, era gente d’algo. Hoje não é bem assim. Ou não é mesmo assim.

‘Minutos de fama’ num qualquer canal televisivo ou numa estação de rádio, escrever em jornais ditos de referência frases bem conseguidas dentro do reinante politicamente correcto, atacando ‘saudosistas’, ‘radicais’, ‘anarcocapitalistas’, ‘populistas’, e já se tem a ‘figura pública’, «talentosa, aqui e ali polémica e até “disruptiva”», que é a escolha certa, perfeita para o cargo político.

Por certo quando Patricia Highsmith encontrou “o talentoso Mr. Ripley”, não previra que num futuro um outro talentoso iria emergir, não da pena, da pluma de um ilustre escritor, mas sim da imaginação de um ‘rural’ líder político de ‘um País à beira-mar plantado’!

Para que não haja dúvidas quanto ao talento do talentoso Mr. Bugalho, como vem reproduzido num trabalho jornalístico assinado por Eunice Lourenço [Expresso, 25 de abril de 2024, Primeiro Caderno, página 9], num momento de grande modéstia, a Mãe de Sebastião ‘sempre lhe viu qualidades fora do comum e o estimulou’.

No mesmo trabalho, a jornalista refere quão modesto é Mr. Bugalho, ao reproduzir duas frases que o talentoso gosta de dizer, e que são, “Marcelo quis ouvir-me porque sou muito bom”, e “sou o melhor naquilo que faço”.

Diz-se politicamente conservador. Recentemente escreveu sobre dois livros saídos e que a Esquerda ‘assassinou’ com a sua proverbial ‘democracia’. Provavelmente o próprio não os terá lido, mas afirmou que são «dois livros multifacetados mas algo reaccionários (“Identidade e Família”, mais plural, “Abril às Direitas”, mais antissistema), mostrando quanto reverente é perante o que a Esquerda pensa e dita, provando pertencer à tal ‘direita’ que a Esquerda tolera. [E Revista do Expresso, Edição 2687, página 16]

Tempo antes teve oportunidade de ir como deputado para São Bento pelo CDS. Recusou, porque na época se identificava com o grupo de Paulo Portas, Adolfo Mesquita Nunes, Assunção Cristas, que tinham perdido o Congresso para Francisco Rodrigues dos Santos.

Que interessa que se recorde ‘a notícia por suspeitas de violência doméstica’. Qual o problema da intolerância agressiva no debate com terceiros. Que importa que se considere ‘senhor e dono da verdade’.

Porém, na conjuntura presente, as eleições europeias do próximo 9 de Junho são um momento demasiado importante para a Europa e Portugal.

Mário Casa Nova Martins

quarta-feira, maio 15, 2024

Desabafos 2023/24 - XVI

Mudam-se os tempos, mas não se mudam as vontades. Que o diga o ‘sequioso’ PSD que está a fazer o mesmo que antes o PS fizera, que é ‘a troca das cadeiras’, um movimento que acontece sempre quando o governo muda, a autarquia muda. PS e PSD trocam lugares de nomeação política sempre que o que está na governação perde e o que está na oposição ganha. Portanto, nada de novo nesta Terceira República.

Desejosos estavam os sociais-democratas de voltar a ocupar aqueles lugares, que num passado já foram seus, mas que depois passaram para o PS e agora regressam ao PSD.

É um fartar vilanagem!

Esses lugares de nomeação política, altamente remunerados, com grandes mordomias, de grande apetência, não são ocupados pelos ‘melhores’, por mérito.

E como se tem visto ao longo do tempo, o desempenho da larguíssima maioria dos detentores desses lugares de nomeação política é um desastre mais que anunciado!

Mas as vontades permanecem qualquer que seja o tempo. «Boys and Girls», «rapazes e raparigas» de cartão de militante em punho, fazem fila para que seja ele ou ela a escolha do partido para o lugar de nomeação.

Meritocracia, competência, responsabilidade, são palavras inexistentes quando da nomeação. Militância partidária, subserviência ao partido, fidelidade ao líder, são as ‘qualidades’ mínimas exigidas para ocupar o cargo de nomeação política. Tudo o resto é aceitável.

Sendo assim os factos, a nua e crua realidade, como ainda há quem se espante quando se fala em corrupção na administração pública, nos institutos e instituições tutelados pelo estado, nas autarquias, no governo, enfim, em tudo em que o estado ‘toca’ com a sua ‘mão invisível’ de favores, benesses, mordomias e quejandos.

Como é dito nas Bem-Aventuranças, “Abençoados os puros de coração, porque verão a Deus!”

Mário Casa Nova Martins

13 de Maio de 2024

Rádio Portalegre

 

quinta-feira, maio 09, 2024

II Encontro de Clássicos




sexta-feira, maio 03, 2024

AA - Ramón ou a beleza de matar trotskistas

Ramón ou a beleza de matar trotskistas

Não é uma peça de teatro, também não é um romance, é, sim, a história, a história real de Ramón Mercader, o catalão que matou o inimigo do povo. Ramón não teve dúvidas em assassinar o inimigo do povo e também inimigo do Pai dos Povos.

Lev Davidovich Bronstein, que a História veio a conhecer como Trotsky, teve uma carreira fulgurante no País dos Sovietes. Revolucionário bolchevique, autor de purgas, fundador do Gulag, organizador do exército vermelho, ex-comissário do povo, e traidor, foi para o exílio, fixando-se no México, onde em 20 de Agosto de 1940 foi assassinado por Ramón.

Antes, a 24 de Maio, Ramón tentara pela primeira vez assassinar Trotksy, mas é à segunda que consegue o feito. No escritório da casa de Trotsky, em Coyoacán perto da Cidade do México, Ramón feriu-o mortalmente na cabeça com uma pequena picareta de alpinismo.

Ramón Mercader, estalinista espanhol convicto que combateu na Guerra Civil de Espanha, foi preso e condenado a vinte anos de prisão. Cumprida a pena em Maio de 1960, vai viver para Cuba.

Por tal façanha, no tempo de Nikita Khrushchov, em 1961 Ramón Mercader foi proclamado Herói e condecorado na República dos Sovietes.

Ramón Mercader nasceu em Barcelona a 7 de Fevereiro de 1913 e veio a falecer em Havana em 18 de Outubro de 1978. Os seus restos mortais foram trasladados de Cuba para o cemitério de Kuntsevo em Moscovo, na época de Leonid Brejnev, o que prova a eterna gratidão dos Sovietes a Ramón pelo acto praticado.

O cinema não esqueceu este episódio, e em 1972 surge «O Assassinato de Trotsky», um filme italo-franco-britânico, dirigido por Joseph Losey, com Richard Burton no papel de Trotsky e Alain Delon no papel de Ramón.

Mais tarde, livros, documentários cinematográficos e uma série relatam estes factos.

Leon Trotsky também foi um intelectual, e os seus escritos produziram uma doutrina, o trotskismo. E em nome desse trotskismo muitos trotskistas foram assassinados por ordem do Pai dos Povos, José Estaline, cuja praxis deu origem ao estalinismo.

Estalinismo e trotskismo foram arqui-inimigos desde então, se bem que actualmente, pelo menos em Portugal, essas duas correntes de pensamento totalitário, coabitam harmoniosamente, seja em sindicatos, nos protestos de rua, ou no Parlamento onde apoiam medidas, ora de um, ora de outro.

Mário Casa Nova Martins