AA - O talentoso Mr. Bugalho
O talentoso Mr.
Bugalho
Houve um tempo em que os escolhidos para a Política, para a
Causa Pública, era gente d’algo. Hoje não é bem assim. Ou não é mesmo assim.
‘Minutos de fama’ num qualquer canal televisivo ou numa
estação de rádio, escrever em jornais ditos de referência frases bem
conseguidas dentro do reinante politicamente correcto, atacando ‘saudosistas’, ‘radicais’,
‘anarcocapitalistas’, ‘populistas’, e já se tem a ‘figura pública’, «talentosa,
aqui e ali polémica e até “disruptiva”», que é a escolha certa, perfeita para o
cargo político.
Por certo quando Patricia Highsmith encontrou “o talentoso
Mr. Ripley”, não previra que num futuro um outro talentoso iria emergir, não da
pena, da pluma de um ilustre escritor, mas sim da imaginação de um ‘rural’ líder
político de ‘um País à beira-mar plantado’!
Para que não haja dúvidas quanto ao talento do talentoso Mr.
Bugalho, como vem reproduzido num trabalho jornalístico assinado por Eunice
Lourenço [Expresso, 25 de abril de 2024, Primeiro Caderno, página 9], num
momento de grande modéstia, a Mãe de Sebastião ‘sempre lhe viu qualidades fora
do comum e o estimulou’.
No mesmo trabalho, a jornalista refere quão modesto é Mr.
Bugalho, ao reproduzir duas frases que o talentoso gosta de dizer, e que são, “Marcelo
quis ouvir-me porque sou muito bom”, e “sou o melhor naquilo que faço”.
Diz-se politicamente conservador. Recentemente escreveu sobre
dois livros saídos e que a Esquerda ‘assassinou’ com a sua proverbial
‘democracia’. Provavelmente o próprio não os terá lido, mas afirmou que são
«dois livros multifacetados mas algo reaccionários (“Identidade e Família”,
mais plural, “Abril às Direitas”, mais antissistema), mostrando quanto reverente
é perante o que a Esquerda pensa e dita, provando pertencer à tal ‘direita’ que
a Esquerda tolera. [E Revista do Expresso, Edição 2687, página 16]
Tempo antes teve oportunidade de ir como deputado para São
Bento pelo CDS. Recusou, porque na época se identificava com o grupo de Paulo
Portas, Adolfo Mesquita Nunes, Assunção Cristas, que tinham perdido o Congresso
para Francisco Rodrigues dos Santos.
Que interessa que se recorde ‘a notícia por suspeitas de
violência doméstica’. Qual o problema da intolerância agressiva no debate com
terceiros. Que importa que se considere ‘senhor e dono da verdade’.
Porém, na conjuntura presente, as eleições europeias do
próximo 9 de Junho são um momento demasiado importante para a Europa e Portugal.
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