AA - Ramón ou a beleza de matar trotskistas
Ramón ou a beleza de
matar trotskistas
Não é uma peça de teatro, também não é um romance, é, sim, a
história, a história real de Ramón Mercader, o catalão que matou o inimigo do
povo. Ramón não teve dúvidas em assassinar o inimigo do povo e também inimigo
do Pai dos Povos.
Lev Davidovich Bronstein, que a História veio a conhecer
como Trotsky, teve uma carreira fulgurante no País dos Sovietes. Revolucionário
bolchevique, autor de purgas, fundador do Gulag, organizador do exército
vermelho, ex-comissário do povo, e traidor, foi para o exílio, fixando-se no México,
onde em 20 de Agosto de 1940 foi assassinado por Ramón.
Antes, a 24 de Maio, Ramón tentara pela primeira vez
assassinar Trotksy, mas é à segunda que consegue o feito. No escritório da casa
de Trotsky, em Coyoacán perto da Cidade do México, Ramón feriu-o mortalmente na
cabeça com uma pequena picareta de alpinismo.
Ramón Mercader, estalinista espanhol convicto que combateu
na Guerra Civil de Espanha, foi preso e condenado a vinte anos de prisão.
Cumprida a pena em Maio de 1960, vai viver para Cuba.
Por tal façanha, no tempo de Nikita Khrushchov, em 1961
Ramón Mercader foi proclamado Herói e condecorado na República dos Sovietes.
Ramón Mercader nasceu em Barcelona a 7 de Fevereiro de 1913
e veio a falecer em Havana em 18 de Outubro de 1978. Os seus restos mortais
foram trasladados de Cuba para o cemitério de Kuntsevo em Moscovo, na época de
Leonid Brejnev, o que prova a eterna gratidão dos Sovietes a Ramón pelo acto
praticado.
O cinema não esqueceu este episódio, e em 1972 surge «O
Assassinato de Trotsky», um filme italo-franco-britânico, dirigido por Joseph
Losey, com Richard Burton no papel de Trotsky e Alain Delon no papel de Ramón.
Mais tarde, livros, documentários cinematográficos e uma
série relatam estes factos.
Leon Trotsky também foi um intelectual, e os seus escritos
produziram uma doutrina, o trotskismo. E em nome desse trotskismo muitos
trotskistas foram assassinados por ordem do Pai dos Povos, José Estaline, cuja
praxis deu origem ao estalinismo.
Estalinismo e trotskismo foram arqui-inimigos desde então,
se bem que actualmente, pelo menos em Portugal, essas duas correntes de
pensamento totalitário, coabitam harmoniosamente, seja em sindicatos, nos
protestos de rua, ou no Parlamento onde apoiam medidas, ora de um, ora de
outro.
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