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sexta-feira, maio 03, 2024

AA - Ramón ou a beleza de matar trotskistas

Ramón ou a beleza de matar trotskistas

Não é uma peça de teatro, também não é um romance, é, sim, a história, a história real de Ramón Mercader, o catalão que matou o inimigo do povo. Ramón não teve dúvidas em assassinar o inimigo do povo e também inimigo do Pai dos Povos.

Lev Davidovich Bronstein, que a História veio a conhecer como Trotsky, teve uma carreira fulgurante no País dos Sovietes. Revolucionário bolchevique, autor de purgas, fundador do Gulag, organizador do exército vermelho, ex-comissário do povo, e traidor, foi para o exílio, fixando-se no México, onde em 20 de Agosto de 1940 foi assassinado por Ramón.

Antes, a 24 de Maio, Ramón tentara pela primeira vez assassinar Trotksy, mas é à segunda que consegue o feito. No escritório da casa de Trotsky, em Coyoacán perto da Cidade do México, Ramón feriu-o mortalmente na cabeça com uma pequena picareta de alpinismo.

Ramón Mercader, estalinista espanhol convicto que combateu na Guerra Civil de Espanha, foi preso e condenado a vinte anos de prisão. Cumprida a pena em Maio de 1960, vai viver para Cuba.

Por tal façanha, no tempo de Nikita Khrushchov, em 1961 Ramón Mercader foi proclamado Herói e condecorado na República dos Sovietes.

Ramón Mercader nasceu em Barcelona a 7 de Fevereiro de 1913 e veio a falecer em Havana em 18 de Outubro de 1978. Os seus restos mortais foram trasladados de Cuba para o cemitério de Kuntsevo em Moscovo, na época de Leonid Brejnev, o que prova a eterna gratidão dos Sovietes a Ramón pelo acto praticado.

O cinema não esqueceu este episódio, e em 1972 surge «O Assassinato de Trotsky», um filme italo-franco-britânico, dirigido por Joseph Losey, com Richard Burton no papel de Trotsky e Alain Delon no papel de Ramón.

Mais tarde, livros, documentários cinematográficos e uma série relatam estes factos.

Leon Trotsky também foi um intelectual, e os seus escritos produziram uma doutrina, o trotskismo. E em nome desse trotskismo muitos trotskistas foram assassinados por ordem do Pai dos Povos, José Estaline, cuja praxis deu origem ao estalinismo.

Estalinismo e trotskismo foram arqui-inimigos desde então, se bem que actualmente, pelo menos em Portugal, essas duas correntes de pensamento totalitário, coabitam harmoniosamente, seja em sindicatos, nos protestos de rua, ou no Parlamento onde apoiam medidas, ora de um, ora de outro.

Mário Casa Nova Martins