\ A VOZ PORTALEGRENSE: novembro 2018

quarta-feira, novembro 28, 2018

Desabafos 2018/2019 - VIII

O futebol foi fundado em Inglaterra. Em 1848, a Cambridge University Association Football Club elaborou as regras do jogo, enfatizando a destreza acima da força, proibindo o agarrar a bola e a entrada dura, tendo essas mesma regras sido adoptadas pela Football Association em 1863, criando o futebol que hoje se pratica.
Nos primórdios era um jogo de cavalheiros. Hoje em dia o futebol deixou de ser um desporto para ser um negócio.
No tempo presente, o futebol, a alto nível, movimenta milhões de adeptos e milhões em dinheiro. Há muito que a pequena corrupção no futebol, corrupção entre clubes, jogadores, árbitros, deu lugar à grande corrupção. Os interesses económicos substituíram os interesses desportivos.
No caso português, os chamados pequenos clubes, de vila, cidade, província, região, estão em vias de desapareceram, dados os custos que uma equipa de futebol exige. Mas não só. O desinteresse por esses clubes, é proporcional ao entusiasmo pelos chamados clubes grandes. Hoje, e cada vez mais no futuro, apenas têm hipóteses os tais grandes clubes, transformados em empresas.
Hoje o futebol é jogado nas chamadas «quatro linhas», e sobretudo nos bastidores.
Em Portugal há presentemente uma guerra económica entre os três principais clubes, dois contra um. No final, não haverá ‘vencedor’ claro.
E enquanto essa guerra económica se desenrola, sinais visíveis de corrupção a vários níveis envergonham o desporto português. Violência física e psíquica contra árbitros e jogadores, adulteração de resultados por força de apostas desportivas, práticas económico-financeiras fraudulentas, tudo serve para ganhar dinheiro à custa do futebol. O futebol, hoje, resume-se a dinheiro, tudo pelo dinheiro.
A verdade desportiva é uma falácia.
Rádio Portalegre, 19 de Novembro de 2018

domingo, novembro 25, 2018

25 DE NOVEMBRO, SEMPRE!

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25 DE NOVEMBRO SEMPRE!
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«Em Beja, na Praça de Touros, todos os discursos foram a falar para cima [por causa] das pedras que eram atiradas de fora. E teve que ser a GNR a cavalo a proteger o dr. Sá Carneiro, para ele chegar a um helicóptero. Foi terrível: um militante nosso, que era notário, levou com uma pancada na cabeça e nunca mais foi gente.
(…)
Eu tinha o carro um bocadinho longe porque os de Beja tinham-nos dito: «Eles vão escavacar os carros». Eu ia a guiar um Renault do dr. Sá Carneiro, com mais três pessoas a bordo. E ainda me lembro do barulho que faz uma corrente de bicicleta a zurzir a correrem atrás de nós e o GNR a dizer “Corram, corram, corram!” E eu vejo à minha frente um sinal de proibição e disse: “É sentido proibido.” Ele até disse um palavrão “… pró sentido proibido” e mandou-me avançar assim com toda a força.
Conceição Monteiro
Revista Sábado, 29 de Novembro de 207, página 54
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Hoje em Portugal, ao que se chama Direita, CDS e PSD, sofre de uma amnésia total quanto à História recente de Portugal.
O então PPD e o CDS foram os partidos, e as suas gentes, que mais sofreu com o PREC, período de trevas que culminou com o denominado 25 de Novembro de 1975.
Mas os actuais dirigentes daqueles dois partidos ‘direitinhas’ parece que nunca souberam o que os então dirigentes, militantes e simpatizantes passaram para que estes, os actuais, possam verborreirar, perorar sobre o fútil, sobre os interesses de grupo ou grupos de interesses que representam, e esquecem a História dos respectivos partidos.
Daí ser importante recordar este testemunho de Conceição Monteiro. E se o PPD/PSD era assim “tratado” no Alentejo, o CDS nem ou mal se atrevia a aparecer!
O CDS tem uma liderança fraca. O resultado eleitoral em Lisboa deu força à líder, mas com o tempo, sem linha de rumo, a liderança esfuma-se. A entrevista dada ao jornal esquerdista 'Público' e à tudo menos católica Rádio Renascença em que fala sobre as eleições brasileiras, mostra a pequenez cívica da entrevistada (1). Tudo dito.
O PSD está em clivagem interna, com um líder que não tem carisma nem liderança. Cada dia que passa, o PSD fragmenta-se. Com ‘barões’ e ‘baronetes’ engalfinhados, com a viragem ideológica à Esquerda do líder, o futuro não se avizinha risonho.
E as bases, quer do PSD, quer do CDS, cada vez se revêem menos nas respectivas lideranças, como se comprova pelas sondagens mais recentes.
Quanto ao PS, será que o partido lembra o papel de Mário Soares no 25 de Novembro de 1975? Pelo menos na Assembleia Municipal de Portalegre, não.
E que dizer dos ‘Sá Carneiristas´ de Portalegre que “abominam” o 25 de Novembro de 1975?
São os tempos que são.

sexta-feira, novembro 09, 2018

Mosteiro de São Bernardo

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Desabafos 2018/2019 - V

No final de Outubro passado, a concelhia do CDS de Portalegre, liderada por Nuno Moniz, emitiu um comunicado sobre o primeiro ano de mandato da actual presidência e vereação da Câmara Municipal de Portalegre.
Jornalisticamente foi tratado e apresentado no semanário Alto Alentejo, e aqui na Rádio Portalegre, e difundido na íntegra nas redes sociais.
Considera o CDS do concelho de Portalegre que foi “um ano perdido” aquele que o concelho viveu, fruto da imobilidade autárquica que flagela o viver das gentes.
Taxas e mais taxas no seu valor máximo, incapacidade de atrair investimento, público ou privado. Protagonismos, egos, mediocridade, assombram o antigo colégio dos jesuítas.
O concelho de Portalegre definha em gentes e em ideias. Não há renovação de gerações, a idade média dos portalegrenses é cada vez mais alta. Tirando a crítica sórdida, nada de construtivo é apresentado como solução para os problemas do concelho.
A cidade perdeu vivências. Se tem vida cultural, desportiva e cívica, ela não é da responsabilidade da autarquia, são privados que a promovem, sem apoios institucionais. O quase-nada que a autarquia faz nestas áreas, é de uma pequenez a todos os níveis.
Há um slogan que diz, “Portalegre merece mais!”. Curiosamente, a primeira vez que tal apareceu escrito foi na capa do primeiro número da «Plátano – Revista de Arte e Crítica de Portalegre», justificação então depois desenvolvida no seu editorial. A partir de então é ciclicamente glosado.
Mas, será que Portalegre e concelho, “merecem mais”? O soberano eleitor portalegrense em 1 de Outubro de 2017 expressou a sua opinião nas urnas. Agora é, como diz o povo, um republicaníssimo, “gramar e não refilar”!