\ A VOZ PORTALEGRENSE: setembro 2024

quarta-feira, setembro 25, 2024

AA - Evolução na continuidade

Evolução na continuidade

Quando a Esquerda ganha as eleições, ela ganha. Mas quando as perde, ela ganha também, porque a Direita não aplica as suas ideias e submete-se à Esquerda.

O parágrafo anterior é a realidade de meio século de Socialismo travestido por vezes de Social-Democracia em Portugal. 1974-2024, cinquenta anos que começaram com a tentativa da implantação da Democracia Popular, vulgo Comunismo, entre 11 de Março de 1975 e 25 de Novembro de 1975, seguido de ininterrupta ‘via p’ró Socialismo’, um «abrir caminho para uma sociedade socialista» que em tempos a Constituição da República celebrava no seu preâmbulo, mas que nunca deixou de andejar no sentido da miséria do Socialismo. Pelo meio, bancarrotas, resgates, clientelismo, fraudes, corrupção, dependência e subsidiodependência.

Há semanas que o Orçamento de Estado para 2025 é tema na praça pública. Ainda não é conhecido o documento, mas já há partidos que afirmam ir votar contra, outros que impõem condições severas para que o venham a aprovar. Em suma, um ‘circo mediático’ cuja principal finalidade é desviar a atenção dos Portugueses da crua realidade social em que o país está mergulhado.

Não será difícil adivinhar que o próximo Orçamento de Estado continuará a famigerada caminhada para o Socialismo, penalizando Famílias e Empresas, favorecendo os lóbies que sustentam o governo, as instituições e fundações onde a Esquerda mais radical faz apologia das maiores aberrações e de situações contra-natura. Também será penalizado quem trabalha, quem cria riqueza e será favorecida a subsidiodependência. Nada de novo, portanto.

Segundo estudos de opinião mais recentes, dando-lhe crédito, o que por vezes não é fácil, o enorme Centrão, PS+PSD, continua largamente maioritário, a Extrema- Esquerda, Livre, Bloco de Esquerda, PCP, não cresce, e a Direita desce um pouco.

Quanto à Direita, não se sabe que partido ou partidos a representam. O Chega está na economia entre PSD e PS. O CDS não tem voz, debaixo da ´pata’ do PSD. O próprio PSD diz-se Social-Democrata, e na economia está perto do Socialismo que o PS defende. A IL diz-se não de Direita, mas tem um programa económico de Direita, semelhante, salvaguardando a diferença temporal, ao do CDS quando as ideias do Grupo de Ofir eram dominantes no partido.

Posto isto, só há que respeitar a vontade popular, se bem que não deixe de ser curioso ouvir e ler tanta crítica ao Centrão, e depois continuadamente dão-lhe o voto!

Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, setembro 13, 2024

AA - Silly Season

Silly Season

Há muito que este inglesismo entrou no vocabulário português, significando um período do ano, concretamente o mês de Agosto, com escassez de acontecimentos sejam de que ordem for.

No caso da política e dos políticos ambos dizem estar de férias, gerando a ‘silly season’, e quando voltam marcam esse regresso com uma festa popular a que dão o nome de ‘rentrée.’

Este Agosto de 2024 não foi excepção. E lá se viu comícios-festa, ‘universidade de verão’, ‘academia socialista’, e outras formas de marcar a agenda política para os meses seguintes. Tudo em nome da democracia, cada um com a sua democracia.

Mas nesta ‘silly season’ tiveram lugar umas eleições presidenciais que se tornaram, como agora é de bom-tom dizer-se, ‘virais’. Aconteceram na Venezuela, um país que graças ao petróleo já foi rico e que agora graças ao Socialismo é pobre. Mas isso são ‘contas de outro rosário’.

Segundo os resultados da Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela, o vencedor teve 51,2 % dos votos e o vencido 44,2 %. Contudo, ‘observadores’ dizem que o vencedor teve 20 % e o vencido 60 %.

Sempre se soube que na Venezuela as eleições iriam ser fraudulentas, como acontecera nas anteriores, para que a ‘nomenklatura’ continuasse no poder. E assim vai a América Latina.

Na Europa e Médio Oriente continuam as guerras, seja ‘por procuração’, ou legítimas consoante o lado em que os contendores se encontram. Mas outras guerras híbridas ou menos híbridas continuam pelos dois hemisférios. Sempre a busca pela posse dos recursos naturais. Tudo é economia.

E em Portugal continua a discutir-se ‘o sexo dos anjos’, concretamente sobre o conceito de ‘pessoas que menstruam’ e outras temáticas Woke, às quais se ‘associou’ o partido do Governo e o próprio Governo.

Neste ‘fim de tempo’, ‘festas e romarias’ contentam o viver dos Portugueses, tal como no conto da Cigarra e da Formiga. Vive-se o tempo da Cigarra, mas em breve virá o tempo em que a Formiga, avisada e ajuizada, provará ter a razão pelo seu lado.

A instabilidade política portuguesa é real. Um presidente da República circense, um Governo que governa pensando constantemente em próximas eleições, uma Oposição à Direita e à Esquerda que caminha com desnorte, e uma Esquerda Radical altamente minoritária que age como ‘senhora e detentora das virtudes wokistas’.

Aproxima-se o Outono, um outono que pode ter inúmeros sentidos. Nenhum será bom.

Mário Casa Nova Martins