Desabafos 2018/2019 - XV
Não se pode “tomar a nuvem por Juno”, isto é, não se pode
interpretar erradamente um sinal ou um acontecimento.
Os padres envolvidos nos casos de abusos sexuais são uma
minoria. O pior é a cobertura que lhes dá o resto da hierarquia católica. A
protecção dos abusadores vê-se nas penas do Tribunal Eclesiástico.
O grave problema da pedofilia e dos abusos sexuais na igreja
católica não é novo, nunca foi novo, apenas estava oculto. De uns anos a esta
parte, pelo mundo católico começou a falar-se deste assunto, que cada dia que
passa atinge maiores proporções.
Em Portugal havia casos conhecidos, mas, a começar pela
comunicação social, eram mantidos quase em segredo de confessionário.
Todavia, também em Portugal se começa a falar, melhor, a
denunciar os casos de abusos sexuais cometidos por gente do clero.
Até agora fala-se apenas de casos no masculino, mas sabe-se
que também se cometem casos de abusos sexuais no feminino. Contudo, estes
últimos ainda continuam no ‘segredo dos deuses’.
O próprio jesuíta Bergoglio diz-se preocupado com estes
factos, mas em vez de ser severo na condenação, levando-a sem contemplação ao
limite, cria comissões, faz reuniões, cimeiras. E sabe-se como tudo acaba, em
nada.
Contudo, toda esta questão envolve uma outra, melhor, duas
outras, que são a falta de sacerdotes e o celibato dos padres.
A continuada proibição de ordenamento sacerdotal de mulheres
na igreja católica, o forte envelhecimento do clero, tem que levar
inexoravelmente a mudanças. Quais? Só o futuro as dirá.
Rádio Portalegre, 25 de Fevereiro de 2019