\ A VOZ PORTALEGRENSE: outubro 2017

quinta-feira, outubro 26, 2017

Crónica de Nenhures

QUEIME-SE O HOMEM!

Os Inquisidores-Mor da Santa Inquisição, de D. Diogo da Silva a D. José da Cunha Azeredo Coutinho, nunca foram tão intolerantes como intolerantes são aqueles que hoje querem linchar o homem. O homem é o Juiz
O Juiz atreveu-se a ser “diferente”, num tempo em que ser-se “diferente” é ser-se criminoso ao mais alto grau, um perigo para o Estado e para a Religião, e com toda a certeza um criminoso da Moral e dos Bons Costumes.
Incêndios? Mas houve incêndios neste último Verão e Outono em Portugal?
Mais de cem mortos em incêndios este verão e outono em Portugal? Uma cabala!
Mas há um Juiz que cometeu um crime contra o Estado português, e o presidente da República, através da sua palavra sempre oportuna, como que obrigou o Conselho Superior da Magistratura a abrir um inquérito ao perigoso Juiz, com a finalidade de o meter na ordem. Qual ordem? A do politicamente correcto.
Esse Juiz também cometeu gravíssimo crime contra a Religião, melhor religião em minúsculas. A conferência episcopal portuguesa, tudo também em minúsculas, veio através do seu porta-voz, também em minúsculas, criticar o criminoso Juiz por ter citado a Bíblia.
E quanto à Moral e aos Costumes, nada dito, melhor, tudo dito.
Como estes tempos são de nova inquisição, então, queime-se o Juiz!
Ah! Claro, quem já se lembra dos incêndios? O governo, o presidente da República, e os bispos da conferência episcopal portuguesa, agradecem!

terça-feira, outubro 24, 2017

Desabafos 2017/2018 - II

Foi preciso que mais de cem portugueses morressem carbonizados por culpa dos incêndios deste verão e outono, para ser ouvir palavras do presidente da República que são uma crítica ao governo socialista apoiado pela esquerda radical estalinista e trotskista.
Mas este governo está sólido em termos de apoio parlamentar e público, vide sondagens, pelo que, passada a tormenta, esquecidos os mortos e os feridos, tudo voltará como dantes.
O presidente da República, émulo de Marcello Caetano, voltará a apoiar o governo, a tirar fotografias com a populaça que o adora, voltará a dizer opacidades, em suma, volta ao que sempre foi, um indivíduo que gere o seu comportamento em termos de oportunidade política e sobretudo pessoal.
Portugal vive como se fosse um «país das maravilhas». Essa falsidade tem tido o apoio, a conivência do presidente da República. Mas a crua realidade é que aquilo que o governo dá em aumentos salariais, baixa de impostos directos, tira em dose maior em impostos indirectos. Mas como o que o povo quer é «pão e circo», e de ambos há, por enquanto, em quantidade, tudo corre bem no «país das maravilhas.
A Europa está em mudança em termos económicos e financeiros. E Portugal não consegue fazer as reformas estruturais nestas áreas, ficando cada vez mais na cauda da União Europeia. Mas que importa isso se a seca e os incêndios já são passado. Tudo como dantes!
Mário Casa Nova Martins
Rádio Portalegre, 24-10-2017

segunda-feira, outubro 23, 2017

Crónica de Nenhures

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Violinos por Santana

Está de volta a Política ao PPD-PSD. Depois de anos asséptico, a candidatura à liderança de Pedro Santana Lopes faz regressar a Política ao debate interno.
O outro candidato, o regionalista Rui Rio, tem o apoio daquilo que Santana Lopes mais detesta, os maoistas infiltrados e o comatoso MFA.
Contudo, a eterna dúvida permanece. O que é ideologicamente o PSD? E o PPD? E o PPD-PSD?
É muita Política para um Partido só!
Celestialmente, como só ele sabe, Santana Lopes apresentou publicamente a sua candidatura. Não se ouviram violinos, muito menos Chopin. Mas ouviu-se o candidato perorar sobre si próprio, e tudo o que o cerca. No final, lembrou uns, do Além, Francisco Sá Carneiro e Francisco Pinto Balsemão, outro terreno, Pedro Passos Coelho, outro entre o lá e o cá, Marcelo Rebelo de Sousa. Mas o mais interessante foram aqueles que não lembrou, aliás, nem ao Diabo lembraria!
E assim Santana Lopes começou mais uma corrida eleitoral, interna, que o irá levar ao Olimpo, ou, quiçá, ao Cemitério dos Insubstituíveis.
A memória da populaça é curta, graças aos deuses! E os PPD’s-PSD não fogem a esta regra. Eles amam a Paz, gostam de Pão, são Povo, devoram a Liberdade. Sempre muito Unidos!
E como Política também é Espectáculo, este está mais do que assegurado com a candidatura de Pedro Santana Lopes.
A populaça agradece! Que toquem violino por Santana!

sexta-feira, outubro 20, 2017

Asterix e a Transitálica

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NO FIM OS LUSITANOS LEVAM A TAÇA!

Em «Asterix e a Transitálica», a nova aventura dos intrépidos gauleses leva-os novamente à península italiana, numa corrida de carros entre Modica (Monza) e Neapolis (Nápoles).
Os carros e respectivos aurigas, em número de dois, chegam de todo mundo civilizado e bárbaro. Entre eles está um carro vindo da Lusitânia, sendo os aurigas Àsduasportrês e Biscatês, na tradução portuguesa.
Se Àsduaspor três é visível e identificável, já Biscatês é sempre visto a biscatar, não se lhe vendo alguma vez o rosto.
De etapa em etapa, de vicissitude em vicissitude, a corrida chega ao seu terminus, e, claro, os vencedores são Asterix e Obélix. E o derrotado, mesmo em cima da meta, é Júlio César.
Todavia, os heróis recusam o troféu, que depois de outras recusas fica em mãos dos Lusitanos, mais concretamente de Àsduaspor três, já que Biscatês continua a biscatar.
Quiçá, oriundos dos Montes Hermínios, Biscatês e Àsduasportrês, são os heróis, involuntários, finais, de mais uma aventura, que vale a pena ler.
Mário Casa Nova Martins
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quarta-feira, outubro 11, 2017

Desabafos 2017-2018 - I

Quando em 1640 a Catalunha lutava contra o domínio espanhol, também Portugal o fazia. A solidariedade entre portugueses e catalães contribuía para que a luta independentista tomasse cada vez mais força.
Contudo, era impensável para a Castela de Filipe IV que na Ibéria Portugal e Catalunha saíssem do jugo espanhol.
Assim, a revolta catalã foi sufocada, e só Portugal conseguiu voltar a ser independente.
Hoje é novamente a Catalunha a lutar pela sua independência. E está só nessa luta.
A Europa não apoia o povo catalão. Portugal não apoia a luta dos catalões pela sua independência, esquecido que está da sua História, do seu Passado.
A Ibéria é um espaço geográfico. Diferentes povos o habitaram. Hoje aqueles descendentes desses povos primitivos são os portugueses, os galegos, os bascos, os catalães, os castelhanos, os andaluzes. Todos têm culturas próprias, assim como línguas.
Apenas os portugueses são independentes, os outros estão ligados a Castela, ao centralismo de Madrid, com uma autonomia que apenas mascara esse sufocante centralismo.
Cada dia que passa, mais forte é o espírito dos catalães na caminhada para a independência. Mas a força bruta de Madrid cada vez é mais notória. Embora a violência traga sempre violência, verdade que esta apenas é do lado espanhol, dando o povo catalão o maior exemplo de civismo.
Que a Catalunha consiga a sua independência!
Mário Casa Nova Martins
Rádio Portalegre, 09-10-2017