Crónica de Nenhures
QUEIME-SE O HOMEM!
Os Inquisidores-Mor da Santa Inquisição, de D. Diogo da Silva
a D. José da Cunha Azeredo Coutinho, nunca foram tão intolerantes como
intolerantes são aqueles que hoje querem linchar o homem. O homem é o Juiz
O Juiz atreveu-se a ser “diferente”, num tempo em que ser-se
“diferente” é ser-se criminoso ao mais alto grau, um perigo para o Estado e
para a Religião, e com toda a certeza um criminoso da Moral e dos Bons
Costumes.
Incêndios? Mas houve incêndios neste último Verão e Outono
em Portugal?
Mais de cem mortos em incêndios este verão e outono em
Portugal? Uma cabala!
Mas há um Juiz que cometeu um crime contra o Estado português,
e o presidente da República, através da sua palavra sempre oportuna, como que obrigou
o Conselho Superior da Magistratura a abrir um inquérito ao perigoso Juiz, com
a finalidade de o meter na ordem. Qual ordem? A do politicamente correcto.
Esse Juiz também cometeu gravíssimo crime contra a Religião,
melhor religião em minúsculas. A conferência episcopal portuguesa, tudo também
em minúsculas, veio através do seu porta-voz, também em minúsculas, criticar o
criminoso Juiz por ter citado a Bíblia.
E quanto à Moral e aos Costumes, nada dito, melhor, tudo
dito.
Como estes tempos são de nova inquisição, então, queime-se o
Juiz!
Ah! Claro, quem já se lembra dos incêndios? O governo, o presidente da República, e os bispos da conferência episcopal portuguesa, agradecem!
Ah! Claro, quem já se lembra dos incêndios? O governo, o presidente da República, e os bispos da conferência episcopal portuguesa, agradecem!