\ A VOZ PORTALEGRENSE: outubro 2025

quarta-feira, outubro 22, 2025

AA - O Mandatário

O Mandatário

As civilizações, os impérios, os países, os concelhos, as cidades, são como os seres vivos, nascem, crescem e morrem. Tome-se como exemplo a cidade de Ammaia, no concelho Marvão, limítrofe ao concelho de Portalegre.

A cidade de Ammaia, na província romana da Lusitânia, possuía um território administrativo que englobava uma grande parte do actual distrito de Portalegre, estendendo-se também para território hoje espanhol.

Florescente, chegou a receber o estatuto de Município, vindo a desenvolver-se como um importante núcleo urbano devido à sua localização e à exploração dos recursos minerais e naturais da região, como o quartzo e o ouro. Um outro factor determinante era a sua localização num ponto de cruzamento de vias romanas que uniam importantes núcleos urbanos, ligando uma dessas vias a de Ammaia à capital da província, Emerita Augusta, actual Mérida.

Contudo, de um momento para o outro viu a sua gente abalar, ficando ruinas.

As pedras foram aproveitadas pelos árabes para construírem o castelo de Marvão. Séculos depois, também materiais vieram para Portalegre quando da construção da Sé catedral. E não esquecer a lápide encontrada na igreja do Espírito Santo, que levou ao engano de situar a cidade romana de Ammaia na própria cidade de Portalegre, lápide essa que se encontra exposta no Museu Municipal de Portalegre.

É assim a História, memória e vida de uma cidade outrora importante no então mundo romano da Península ibérica.

Esta introdução serve para lembra aos Portalegrenses o estado actual do seu concelho e da sua cidade.

Também cidade e concelho de Portalegre foram importantes, como atesta a sua História principalmente desde que a vila foi elevada ao estatuto de cidade, sede de bispado e capital de distrito.

As suas indústrias, principalmente de panos, depois lanifícios, gozavam das águas das ‘mãe-água’ que eram e são as serras de Portalegre e São Mamede.

Abundância de água permitia uma agricultura mais do que auto-suficiente para as suas gentes.

A sua localização permitia ligações a regiões e cidades que com ela disputavam a grandeza do tempo.

Conhecida pela sua indústria, agricultura, beleza geográfica, bons ares, Portalegre e concelho desenvolveram-se ao longo dos séculos, atingindo forte importância no contexto português.

Tudo passado.

Nas últimas décadas, cidade e concelho de Portalegre viram o progresso e o desenvolvimento passarem ao lado. As indústrias de cortiça e lanifícios, outrora ex-libris, fecharam. Outras indústrias, também com história, fecharam. A agricultura sofreu modificações e perdeu importância. O comércio tornou-se residual. Muitos serviços do Estado partiram.

Promessas do poder central, como a escola da GNR, conclusão da ligação a Lisboa via IC13, ligação por auto-estrada da A23 no Fratel à A6 em Estremoz, passando por Portalegre, não passaram até hoje disso mesmo, promessas.

Nem o existente troco do IP2 entre Fratel e Estremoz tem verdadeiramente perfil de Itinerário Principal, IP.

E em termos de Poder Local, os últimos vinte e quatro anos são dramáticos.

Dez anos de louco despesismo levaram à criação de uma dívida que hipotecou o futuro do concelho a curto e médio prazo. Seguiu-se uma década de imobilismo, com a desculpa de que a divida tudo impedia, a par de uma inércia que se instalou. Nos quatro anos seguintes, já sem a desculpa da dívida que se tornara residual, festas e feiras.

Concelho e cidade de Portalegre precisavam de pessoas activas e dedicadas à Causa Pública que sentissem e vivessem a sua Terra, que por ela lutassem, construindo um futuro melhor para as novas gerações, sem esquecer os idosos e aqueles que ainda estão no activo e que precisam que os seus empregos se mantenham, ao mesmo tempo que novos sejam criados nos diferentes sectores de actividade.

Acreditando nos valores, nas pessoas e no projecto, aceitei honrado ser o Mandatário da Candidatura do Partido Socialista no concelho de Portalegre.

As eleições autárquicas são as mais importantes para as populações, daí serem diferentes das legislativas. Nas autárquicas contam as pessoas, e confio que todos os elementos da Candidatura que foram eleitos no passado dia 12 de Outubro saberão dignificar os seus mandatos.

Mário Casa Nova Martins

22 de Outubro de 2025, pg. 18