AA - O Mandatário
O Mandatário
As civilizações, os impérios, os países, os concelhos, as
cidades, são como os seres vivos, nascem, crescem e morrem. Tome-se como
exemplo a cidade de Ammaia, no concelho Marvão, limítrofe ao concelho de
Portalegre.
A cidade de Ammaia, na província romana da Lusitânia,
possuía um território administrativo que englobava uma grande parte do actual
distrito de Portalegre, estendendo-se também para território hoje espanhol.
Florescente, chegou a receber o estatuto de Município, vindo
a desenvolver-se como um importante núcleo urbano devido à sua localização e à
exploração dos recursos minerais e naturais da região, como o quartzo e o ouro.
Um outro factor determinante era a sua localização num ponto de cruzamento de
vias romanas que uniam importantes núcleos urbanos, ligando uma dessas vias a
de Ammaia à capital da província, Emerita Augusta, actual Mérida.
Contudo, de um momento para o outro viu a sua gente abalar,
ficando ruinas.
As pedras foram aproveitadas pelos árabes para construírem o
castelo de Marvão. Séculos depois, também materiais vieram para Portalegre
quando da construção da Sé catedral. E não esquecer a lápide encontrada na
igreja do Espírito Santo, que levou ao engano de situar a cidade romana de Ammaia
na própria cidade de Portalegre, lápide essa que se encontra exposta no Museu
Municipal de Portalegre.
É assim a História, memória e vida de uma cidade outrora
importante no então mundo romano da Península ibérica.
Esta introdução serve para lembra aos Portalegrenses o
estado actual do seu concelho e da sua cidade.
Também cidade e concelho de Portalegre foram importantes,
como atesta a sua História principalmente desde que a vila foi elevada ao
estatuto de cidade, sede de bispado e capital de distrito.
As suas indústrias, principalmente de panos, depois
lanifícios, gozavam das águas das ‘mãe-água’ que eram e são as serras de
Portalegre e São Mamede.
Abundância de água permitia uma agricultura mais do que auto-suficiente
para as suas gentes.
A sua localização permitia ligações a regiões e cidades que
com ela disputavam a grandeza do tempo.
Conhecida pela sua indústria, agricultura, beleza
geográfica, bons ares, Portalegre e concelho desenvolveram-se ao longo dos
séculos, atingindo forte importância no contexto português.
Tudo passado.
Nas últimas décadas, cidade e concelho de Portalegre viram o
progresso e o desenvolvimento passarem ao lado. As indústrias de cortiça e
lanifícios, outrora ex-libris, fecharam. Outras indústrias, também com
história, fecharam. A agricultura sofreu modificações e perdeu importância. O
comércio tornou-se residual. Muitos serviços do Estado partiram.
Promessas do poder central, como a escola da GNR, conclusão
da ligação a Lisboa via IC13, ligação por auto-estrada da A23 no Fratel à A6 em
Estremoz, passando por Portalegre, não passaram até hoje disso mesmo, promessas.
Nem o existente troco do IP2 entre Fratel e Estremoz tem
verdadeiramente perfil de Itinerário Principal, IP.
E em termos de Poder Local, os últimos vinte e quatro anos são
dramáticos.
Dez anos de louco despesismo levaram à criação de uma dívida
que hipotecou o futuro do concelho a curto e médio prazo. Seguiu-se uma década
de imobilismo, com a desculpa de que a divida tudo impedia, a par de uma
inércia que se instalou. Nos quatro anos seguintes, já sem a desculpa da dívida
que se tornara residual, festas e feiras.
Concelho e cidade de Portalegre precisavam de pessoas
activas e dedicadas à Causa Pública que sentissem e vivessem a sua Terra, que
por ela lutassem, construindo um futuro melhor para as novas gerações, sem
esquecer os idosos e aqueles que ainda estão no activo e que precisam que os
seus empregos se mantenham, ao mesmo tempo que novos sejam criados nos
diferentes sectores de actividade.
Acreditando nos valores, nas pessoas e no projecto, aceitei
honrado ser o Mandatário da Candidatura do Partido Socialista no concelho de
Portalegre.
As eleições autárquicas são as mais importantes para as
populações, daí serem diferentes das legislativas. Nas autárquicas contam as
pessoas, e confio que todos os elementos da Candidatura que foram eleitos no
passado dia 12 de Outubro saberão dignificar os seus mandatos.
Mário Casa Nova Martins
22 de Outubro de 2025, pg. 18







