CDP/GDP - 100 Anos de História e Glória
Cem Anos de História
e Glória
Desde sábado 26 de Julho deste ano de 2025 que o Club
Desportivo Portalegrense pertence ao restrito e selecto grupo das Instituições
centenárias do Concelho de Portalegre.
Na segunda-feira 26 de Julho de 1925 foi lavrada a Acta da
fundação desta novel Instituição Portalegrense. Um grupo de jovens funda um
clube desportivo, juntando-se então a União Foot-Ball Club, Sporting Club
Portalegrense, Sport Club Estrela, Portalegre Tiro e Sport e Alentejo Foot-Ball
Club.
A primeira
notícia na imprensa local sobre o Club Desportivo Portalegrense surge n’A Rabeca a 30 de Agosto seguinte,
informando que ‘realiza-se hoje pelas 17,30 horas um encontro entre as 2.ªs
categorias do Alentejo Foot-Ball Club e a 1.ª categoria do Club Desportivo
Portalegrense’. Não ficou conhecido o resultado do match.
O
mesmo jornal, a 4 de Outubro do mesmo ano de 1925, traz a notícia dos nomes dos
corpos gerentes, e no título surge pela primeira vez o nome Grupo Desportivo
Portalegrense.
Direcção
– Presidente, Elisário de Brito Júnior; vice-presidente, Florindo Madeira;
secretário, Francisco da Silva Prezas; tesoureiro, Adelino Brito Júnior.
Assembleia
Geral – Presidente, Manuel Chaves Costa; vice-presidente, João Casaca;
secretários, Luiz de Sousa Gomes e Germano Garção.
É só, e também n’A
Rabeca, em 20 de Junho de 1926 que surge nova referência ao GDP, que ia
levar a cabo a iniciativa da «Taça António Bentes». ‘Disputa-se hoje esta
interessante taça no Campo do Stadium [Fontedeira], entre os grupos Desportivo
Portalegrense e Sport Club Estrela, actual campeão desta cidade. O encontro
começará às 18 1/2 horas e será arbitrado pelo sr. Joaquim Alves. A entrada
para este jogo é feita por meio de convites.’ O resultado foi a vitória do SCE
por 5 -1.
Também
n’A Rabeca a 25 de Julho era
informado que ‘na próxima terça-feira, 27, realiza-se na sede do «Portalegre
Tiro e Sport» uma sessão solene, seguida de copo de água, para comemorar o 1.º
aniversário do «Grupo Desportivo Portalegrense»’.
O
primeiro troféu ganho pelo GDP é fruto da vitória de 3 – 0 sobre Victoria
Foot-Ball Club, de Campo Maior, numa viagem que os portalegrenses então fizeram
àquela vila.
Desse
jogo ficou conhecida a constituição da equipa do GDP: C. Bentes / Oliveira / Sajara I / Casaca / Madeira (cap.) / Baptista /
Telo / E. Bentes / Lopes / Sajara II / Garção.
Nos anos seguintes mais notícias vão surgindo
acerca do clube, que iria ganhar pela primeira vez o Campeonato de Portalegre
em 1929, proeza que viria a repetir em 1935, e cada vez com mais frequência nas
décadas seguintes.
Nesse ano de 1935 o GDP contratou como
treinador-jogador um antigo campeão nacional pelo «Os Belenenses», o keeper Gerónimo Morais, que esteve um
ano na cidade, levando o GDP a campeão de Portalegre e também distrital,
ganhando ao Sport Lisboa e Elvas.
É nesse mesmo ano que o clube participa pela
primeira vez nos campeonatos nacionais. Campeonato da II Liga, 5.º
Grupo, Zona C. Clubes, Atlético Club Marinhense, Casa Pia Atlético Club e Sport
Club Coruchense. Ganha três jogos, 6 pontos, e o goal-average é 13 – 14.
A década de quarenta do século passado apresenta um GDP com títulos distritais, mas sem grande desempenho a nível nacional.
É justamente na década seguinte que
o clube atinge grande projecção nacional, ao permanecer quase todo o tempo na
então segunda divisão.
Este
período ficou marcado pela presença de um cabo-verdiano como treinador-
jogador. Nas décadas seguintes o seu nome nunca deixou de estar no imaginário
dos adeptos do Desportivo.
Para as vitórias alcançadas naquela altura, que contribuíram
para a projecção do clube no universo futebolístico português da época, muito
contribuiu Honorato Lopes Rodrigues, na qualidade de jogador e de treinador.
Conhecido por Roqui, Honorato Lopes Rodrigues marcou uma
época no futebol em Portalegre. Cabo-verdiano de nascimento, Roqui trouxe
métodos de treino e de jogo inovadores para o clube, e sobretudo implantou uma
mentalidade nova no GDP, uma mentalidade ganhadora, construindo todas as épocas
equipas competitivas, a par da construção de um jogo bonito e sobretudo eficaz.
Jogando primeiro a médio e depois a defesa central, Roqui
ainda hoje é lembrado pelos adeptos do Grupo Desportivo Portalegrense que o
conheceram.
Na época de 1951/52 vem para Portalegre e permanece até à
época de 1957/58, portanto está em Portalegre durante sete épocas consecutivas.
Também de realçar a sua faceta enquanto homem. De uma
correcção exemplar em campo e fora dele, Honorato Lopes Rodrigues deixou as
maiores saudades quando partiu de Portalegre.
É em Outubro de 1957 que vem para Portalegre e para o GDP um
outro cabo-verdiano, que irá marcar o futebol na cidade e região, Eduardo Sousa
Lima. Foi referência enquanto homem e futebolista. Honrou o GDP, a cidade e a
arte do Futebol. Du, como ficou conhecido, deu nome a um dos estádios de
Portalegre, Estádio Eduardo Sousa Lima.
Também nesta década
ficaram nomes ligados ao clube, que ainda hoje são lembrados. Augusto, Santos, Roqui, Moreno, Robalo, Sanina,
Redondo, Emílio, Jacinto, Bica, Samarra, Brito, Severiano, Massano, Fonseca, Elias,
Almeida,
Curto, Traguil, Parra, Amorim, e tantos outros.
Jacinto terá sido o maior marcador da história do GDP. Jogou
no clube nesta década de cinquenta e continuou na seguinte. Jacinto Machado
Tavares teve a sua festa de homenagem em 14 de Setembro de 1967. Os seus golos,
a par do seu potente remate fazem parte da memória do clube.
A equipa de juniores do Grupo Desportivo Portalegrense foi
finalista do Campeonato Nacional da Categoria na época de 1951/52, tendo sido
vice-campeã de Portugal.
Treinados por Manuel Mamede da Fonseca, Pinto, Mirra,
Fassenca, Jerónimo, Belo Coelho, Candeias da Rosa, Amiguinho, Samarra, Faustino,
Terrinca, Traguil, Brito, foram grandes protagonistas daquela épica jornada da
categoria de Juniores, que caminharam até ao segundo jogo da final contra a Associação
Académica de Coimbra.
A final realizou-se no Campo da Tapadinha entre o GDP,
campeão da Zona Sul, e a Associação Académica de Coimbra, campeã da Zona Norte.
O primeiro jogo terminou com as equipas empatadas 1-1 com
golos de Frias pelos Estudantes e Belo Coelho pelo GDP.
Por sua vez o segundo jogo, realizado a 1 de Junho de 1952,
terminou com o resultado de 2-1 favorável à equipa de Coimbra, sendo o golo do
GDP novamente da autoria de Belo Coelho.
Na década de sessenta, realce para a tentativa de regresso à
segunda divisão na época de 1964/65. Para orientar a equipa veio o setubalense
Fernando Augusto Tormenta Casaca, como treinador-jogador. Foi a primeira de
três vezes que Fernando Casaca, polémico, orientou o GDP, sendo a terceira
apenas como treinador.
Campeão da sua série, III Divisão Nacional / 5.ª Série /
Zona C, vai disputar o acesso à segunda divisão contra o União de Tomar. Dois
empates, 0 – 0 e 3 – 3, obrigam a um terceiro jogo em campo neutro, Vendas
Novas, que termina com a derrota do GDP, 0 – 1.
Foi uma campanha heróica, ingloriamente perdida. Mas o goal-average dos jogos da série
permitiram ao GDP ganhar a Taça Centenário do Diário de Notícias, um orgulho
para o clube.
Alguns nomes dessa época: Guarda-Redes, Augusto, Augusto
Gasalho, Santos, Teixeira. Defesas, Cardoso Lopes, Félix, Pereira, Reixa.
Médios, Casaca, Du, Sequeira Lopes. Avançados, Bica, Francisco Agostinho
(Chico), Jacinto, Manhoso, Nunes, Tavares, Teixeira.
Os anos setenta trazem um dos momentos de grande glória. Com
a conquista do Campeonato da III Divisão na época 1975/76, numa final disputada
em Tomar contra o União de Coimbra, vitória por expressivos 4 – 0.
Na década de oitenta, idêntica façanha na época 1987/88. O
jogo da final foi novamente em Tomar e o GDP venceu o Clube Desportivo Luso por
1 – 0.
Destaque para Victor Nozes que esteve presente nas duas
conquistas históricas.
Os anos noventa do século passado trouxeram a maior crise do
clube, forçando a mudanças que levaram a que o Grupo Desportivo Portalegrense
regressasse ao nome original, Clube Desportivo Portalegrense.
Em termos de dirigentes, entre tantos ilustres, a par dos
fundadores, o nome de Armando Sampaio destaca-se pelo carinho e amor que sempre
demonstrou pelo GDP. E depois da tempestade dos finais de mil e novecentos,
honra para Mário Frutuoso, que tudo fez em prol do clube.
Na data do Centenário, o Clube Desportivo Portalegrense está
forte. O seu futuro está nas camadas jovens. É uma Instituição importante na
cidade e concelho. São mais de duas centenas e meia, o número dos atletas.
Continua a ser ecléctico. Continua a ganhar títulos. Mantém o Lema, «A Alma
Azul Está Viva!». «A Alma Nunca Morre!».
O grito «Desportivo!» continua a ouvir-se por onde o Clube
Desportivo Portalegrense passeia o seu Emblema, as suas Camisolas.
Cem anos depois, no sábado 26 de Julho de 2025, um almoço
celebrou a efeméride. Também uma placa marcando a data da fundação e acta
respectiva, foi descerrada no antigo Palácio Achaioli, casa que foi o Liceu
Nacional de Portalegre, hoje Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, onde
muitos dos Fundadores estudavam e onde, segundo a história, imaginaram e
desenvolveram a ideia do que viria a ser o Club Desportivo Portalegrense.
Mário Casa Nova Martins
Jornal Alto Alentejo, 30 de Julho de 2025, pg. 6
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