A VOZ PORTALEGRENSE
quinta-feira, janeiro 02, 2025
quarta-feira, janeiro 01, 2025
Bom Ano de 2025!
Feliz 45²
2025 = 45² é um "ano-quadrado-perfeito."
É representado pelo quadrado da soma de todos os algarismos do sistema de numeração decimal.
(0 + 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9)² = 2025.
Representa também a soma dos cubos de todos os algarismos do sistema de numeração decimal.
(0³ + 1³ + 2³ + 3³ + 4³ + 5³ + 6³ + 7³ + 8³ + 9³) = 2025.
O último "ano-quadrado-perfeito" ocorreu em 1936 e depois de 2025 só em 2116.
Feliz 45² para todos nós!!!
Um 2025 Abençoado para Todos!
terça-feira, dezembro 31, 2024
Desabafos 2024/2025 - IV
Vive-se o período ente o Natal e o Ano Novo. Em muitos anos
a cidade de Portalegre tem nesta época festiva iluminações alusivas, que fazem
lembrar outos tempos em que Portalegre sentia e orgulhava-se de ser Capital de
Distrito.
Hoje Portalegre nada tem a ver com esses anos em que
ombreava com outras cidades, seja na indústria, no comércio, nos serviços
púbicos e privados. Há muito que Portalegre perdeu principalmente serviços
públicos, que se deslocaram para Évora, que esta Terceira República quer transformar
no único polo de desenvolvimento em toda a Província do Alentejo.
Portalegre e o seu Concelho nada devem a esta Terceira
República, seja aos diferentes Governos, seja a todos os deputados, sem
excepção, que o Distrito tem elegido.
O Distrito de Portalegre elegeu até ao presente deputados do
PCP, PS, PSD e Chega. A nenhum deve o Concelho de Portalegre nada! Aliás, quem
conhece os nomes dos actuais dois deputados eleitos pelo Distrito nas últimas
eleições legislativas, um do PS, outro do Chega?
Acaba 2024, vai começar 2025. As promessas de um ano melhor
são repetidas à saciedade, mas verdadeiramente poucos são aqueles que acreditam
nas falácias governamentais, regionais e locais.
É verdade que este ano a cidade de Portalegre se engalanou a
preceito. Mas há que não esquecer que nas vésperas natalícias, acções de
vandalismo ocorreram na sua principal rua comercial, vitimando os vasos que a
ornamentam. Também há que lembrar que a autarquia em boa hora decidiu colocar
câmaras de vigilância em locais problemáticos identificados.
Um Bom Ano de 2025.
Mário Casa Nova Martins
30 de Dezembro de 2024
Rádio Portalegre
terça-feira, dezembro 17, 2024
Desabafos 2024/2025 - III
Portalegre vai ter câmaras de videovigilância em
determinados locais da cidade. Nada de extraordinário, tal acontece na maioria
das cidades por esse mundo fora. É mesmo de saudar tal iniciativa, uma vez que
vai proporcionar segurança em espaços que a não têm e que há muito estavam
identificados.
A falência da autoridade é por demais evidente. Contudo,
multiplicam-se os casos em que a mera prevenção impediria a insegurança e o
crime.
Pode-se dizer que em termos de insegurança e criminalidade,
Portalegre cidade e concelho terão índices baixos em comparação com as grandes
e médias cidades portuguesas e seus subúrbios.
Mas longe vai o tempo em que se passeava nas ruas da cidade
em total pacatez. Há partes onde de dia, e principalmente de noite, se pensa duas
vezes passar. As causas são conhecidas, e a sabida falta de autoridade, de
prevenção, acentuam esse medo que se apoderou das pessoas, que assim evitam o
mais possível esses sítios.
Agora com as tais câmaras de videovigilância esse medo, essa
insegurança vai acabar?
Primeiro é necessário que elas funcionem sempre. E quando
danificadas, que o vão ser!, que sejam rapidamente recuperadas. Só a presença
delas não trará a tal paz segura que se pretende. Aliás, um dos grandes
problemas é que, como diz o povo, «passados os três dias da lei», deixarão de
funcionar. Será que tal irá acontecer?
Curiosamente houve um tempo em que a cidade de Portalegre
tinha semáforos. Porém, nunca funcionaram por uma razão ou outra!
Em nome da segurança e bem-estar dos cidadãos portalegrenses,
que as tais câmaras de videovigilância que estão para chegar funcionem
realmente, é o que se deseja.
Mário Casa Nova Martins
16 de Dezembro de 2024
Rádio Portalegre
sexta-feira, dezembro 13, 2024
AA - Orwell tinha razão
Orwell tinha razão
Numa sessão cultural, um dos intervenientes no painel
começou por saudar «todas» e «todos». Nada de anormal nos tempos que correm,
tempos estes da “linguagem neutra”, da “linguagem inclusiva”, por outras
palavras e lembrando o «1984» de George Orwell, vive-se o tempo de uma
«novilíngua».
Contudo, esta nova-língua é um linguajar não de um
politicamente correcto mas do Wokismo, da famigerada Religião Woke.
Este palavreado define-se como o modo de falar
característico de um indivíduo ou de um grupo. E quem ou grupo será esse que
utiliza «todos», «todas» e também «todes»?
Vive-se o ocaso da civilização europeia. Hoje o Europeu tem
vergonha de ser Europeu, tem vergonha da sua Civilização, da sua Cultura, tem
vergonha de si próprio, tudo fruto da nova ideologia dominante. Germinou a
cultura do ódio contra o Europeu.
O indivíduo que saudou «todas» e «todos» é o protótipo, o exemplo
perfeito dessa nova ideologia. Militância na Extrema-Esquerda, Marxista,
filiação num partido Estalinista ou Trotskista, difusor e divulgador das
doutrinas radicais de Esquerda que hoje coincidem com o Wokismo mais extremado,
amálgama de fanatismo e intolerância.
Este ‘melting pot’ nasceu em Portugal no ISCTE, tem
divulgação privilegiada na RTP e na RDP, ambos ditos ‘canais de serviço
público’, e em editoras, jornais e revistas de Esquerda.
Os apregoadores da ‘linguagem neutra’ são os mais
comprometidos, ideologicamente falando. Os propagandistas da ‘linguagem
inclusiva’ são os mais selectivos, socialmente falando. São déspotas de um novo
Totalitarismo.
Jocosamente circula a associação do «todas» à ginecologia,
de «todos» à urologia, e «todes» à psiquiatria! Felizmente a ‘maré’ começa a
mudar.
Mas que os problemas em Portugal fossem a nova-língua, o
novo linguajar.
Grave é hoje em Portugal glorificar-se o criminoso e
acusar-se o defensor.
O traficante, o assaltante, quase tem honra de estado. A
vítima é para desprezar. À cobertura laudatória dada ao criminoso, ao gangue,
contrapõe-se o libelo acusatório contra o lesado. O medo instalou-se, a
impunidade está aí. Cumplicidades estatais são por demais evidentes.
Mário Casa Nova Martins
terça-feira, dezembro 03, 2024
Desabafos 2024/2025 - II
O IMI no concelho de Portalegre vai ter o seu valor mais
baixo que é permitido por lei.
A taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis que era de 0,34%
passa agora para 0,30%.
Em simultâneo, mantem-se a minoração da taxa em 30% nos
prédios urbanos localizados na Zona Industrial, nas Zonas Históricas de
Portalegre e Alegrete e na Área da Reabilitação Urbana das Carreiras.
Quanto ao IRS, haverá redução da participação variável de
3,50% para 3,25%.
Os portalegrenses vão sentir em 2025 os efeitos destas
baixas, o que é um factor positivo num ano que não vai ser fácil para todos.
Por fim, a dívida do Município continua, ano após ano, a ser
reduzida.
A leitura destes três factos, que ocorrem no concelho de
Portalegre, mostram que descendo a receita também é possível reduzir a dívida,
divida essa que foi criada por uma gestão anterior do PSD, que em dez anos
destruiu o então futuro próximo do concelho.
O individuo que liderou a autarquia nesses anos nunca foi
responsabilizado pelo descalabro que provocou e do qual é o único responsável.
E ao décimo ano, de doze que tinha que cumprir, borregou. Como diz o povo
‘abandonou o barco’, num acto condenável.
Nos últimos cinquenta anos, aqueles dez representam o
momento mais negro da História recente do concelho de Portalegre, que só agora,
passados 13 anos do fim daquele pesadelo, começa a recuperar de uma inércia
prolongada.
Com uma gestão séria e responsável, o concelho de Portalegre
começa a encontrar o futuro que todos os portalegrenses desejam para a sua
terra.
Mário Casa Nova Martins
2 de Dezembro de 2024
Rádio Portalegre
sexta-feira, novembro 29, 2024
AA - Make Journalism Great Again
Make Journalism Great
Again
No ‘Primeiro Caderno’ do semanário Expresso de 8 de Novembro passado, página 7, no seu texto “É a
cultura, estúpido!”, o insuspeito Ricardo Costa, a dada altura, escreve
referindo-se à expressão que mais se ouviu nas vésperas das eleições americanas
na Fox News: _ «Não é uma expressão
nova no canal de televisão mais influente dos EUA – o mais visto no cabo e o
segundo mais visto do país em termos absolutos, apenas atrás da NBC – mas agora é omnipresente.» A
expressão em causa era ‘classe trabalhadora’.
Acusado pela intelligenza
portuguesa, à esquerda e à direita, de difundir ‘notícias falsas’ (???), a MEO
tirou a Fox News do seu ‘pacote’,
privando os assinantes de ter acesso ao canal mais importante dos EUA. Mas
estão lá todos os canais wokistas, CNN
e quejandos, com as suas ‘notícias “verdadeiras”’!
No jornal online Observador,
no dia 11 de Novembro passado, o também insuspeito José Manuel Fernandes
escreve um texto que intitulou «O jornalismo está a suicidar-se. E isso é grave
para a Democracia», e como subtítulo «A razão de ser do jornalismo é a formação
de uma cidadania bem informada, com confiança na informação que recebe. É essa
da confiança que muito do actual jornalismo está a comprometer, como vimos nos
EUA.»
Então não é que o dito Observador
é em Portugal o mais acérrimo difusor de notícias de cariz Woke, e que durante
a campanha eleitoral americana, tomando partido por um dos candidatos, só
transmitia notícias sempre contrárias ao que viria a ser o vencedor, divulgando
contínuas notícias e sondagens sempre favoráveis ao que veio a ser o derrotado!
Haja coerência.
No dia 30 de Outubro, bem antes da terça-feira 5 de
Novembro, o mais que insuspeito Charlie
Hebdo publicava na sua capa um cartoon
no qual Kamala Harris era ‘atropelada’ por Donald Trump, não tendo o semanário dúvidas
de quem iria vencer as presidenciais americanas.
E por essa Europa fora, e não só, os Cidadãos tinham uma
informação séria sobre o andamento da campanha eleitoral americana, ao
contrário dos Portugueses!
Muito mais se pode dizer da desinformação que grassa em
Portugal. E aqueles que mais peroram as palavras ‘democracia’, ‘liberdade’,
‘igualdade’, são os mais perversos totalitários.
Mário Casa Nova Martins
terça-feira, novembro 19, 2024
Desabafos 2024/2025 - I
O Mundo de amanhã começou ontem, continuou hoje e amanhã
será. Que velocidade aquela a que o Mundo gira, avança! Acompanhar o Mundo é
cada vez mais difícil, tal como complexo é entender a realidade do próprio
Mundo.
Quando numa pequena cidade do interior de Portugal acontecem
coisas boas, é de realçar.
No espaço de uma semana, tiveram lugar dois acontecimentos
culturais que merecem ser evocados, cujos protagonistas são dois Portalegrenses.
Final de Outubro, na Biblioteca Municipal, António Martinó
apresentou o seu último livro, o autobiográfico «Plutão, a BD & eu», obra
que nos leva a um passado recente da História da Cidade de Portalegre.
Princípio de Novembro, no Auditório do Museu de Tapeçaria Guy
Fino, José Regala laçou o primeiro livro de Poesia «Para lá do Tempo», uma
viagem ao Ser do Homem multifacetado que é o Autor.
Mas também há que lembrar a Feira das Cebolas, no passado 13
a 15 de Setembro, que sempre foi um momento importante no calendário dos
Portalegrenses com Memória. Este ano ‘vestiu traje da gala’, ao ter lugar no
verdadeiro espaço que é ‘salão de festas de Portalegre’, o chamado Campo da
Feira. Se este ano a Feira das Cebolas teve a excelência que merece, muito se
deve a ter tido lugar no sítio próprio.
Saudando a existência em Portalegre de um semanário, o «Alto
Alentejo», que dignifica a região em que se insere, que se celebre os 35 anos
desta Casa, a «Rádio Portalegre», festejados no passado sábado dia 9 de
Novembro, com grande dignidade.
«Alto Alentejo» jornal, «Rádio Portalegre» rádio, duas
importantes realidades na área da comunicação social, que fazem com que
Portalegre e o seu Concelho estejam ligados ao Mundo.
Ambos são demasiado importantes para esta região. Que continuem
veículos de informação ao serviço de todos os Portalegrenses.
Mário Casa Nova Martins
18 de Novembro de 2024
Rádio Portalegre
quarta-feira, novembro 13, 2024
AA - Grande América
Grande América
Durante semanas, para não dizer meses, os Portugueses
levaram uma autêntica ‘lavagem ao cérebro’. Houve a mais despudorada
manipulação por parte dos principais meios de comunicação social portugueses,
sem excepção, (nem o ‘comatoso’, outrora referência da Direita não-conformista,
«O Diabo» escapou…) acerca da campanha eleitoral americana.
Escudando-se em sondagens que favoreciam sempre o mesmo
candidato, foi continuamente passada a mensagem de que um era o “bom” e o outro
o “mau”. Um encarnava todas as virtudes possíveis e imaginárias, e o outro era
a personificação do maléfico.
A dita Direita portuguesa dizia do candidato que viria a
vencer, “o que Maomé não disse do toucinho”! Concretizando entre milhentos
exemplos vindos do PSD e IL, era confrangedor ver o comentador domingueiro da
TVI, que foi presidente do CDS, perorar sempre contra Trump e bajular Kamala,
mesmo quando todos os indicadores, não as tais sondagens a que recorria, iam no
sentido de vitória do Partido Republicano em toda a linha!
Esse comentador televisivo é tão derrotado como foi o
Wokismo, as correntes marginais e siglas que apenas fomentam o ódio.
A candidata derrotada não tinha ideias, a não ser a defesa
da Cultura da Morte contra a Vida. O candidato vencedor ganhou porque encarnou
o Espírito da América real, que as elites americanas e europeias, no seu
cosmopolitismo e esquerdismo chic,
detestam.
Em Portugal, o acompanhamento da campanha eleitoral
americana foi o maior exemplo do totalitarismo dos media, com gente sempre do mesmo lado a opinar, não permitindo o
contraditório. E quando alguma voz saía do ‘redil’, logo o insulto, a
perseguição era a ‘resposta’.
Mas a verdadeira ‘resposta’ foi dada pelos Americanos que
deram a vitória a Donald Trump e ao Partido Republicano a maioria no Senado e
na Câmara dos Representantes. É ‘isto’ a Democracia na América!
Mário Casa Nova Martins
sexta-feira, novembro 08, 2024
José Regala «Para lá do Tempo»
José Regala «Para lá
do Tempo»
Decorreu no passado sábado dia 2 de Novembro, no Auditório
do Museu de Tapeçaria Guy Fino, a apresentação do livro de poesia de José
Joaquim de Oliveira Barbas Regala, «Para lá do Tempo».
Começou por falar Amélia Bravo Vadillo, da «Filigrana
Editora», que editou a obra, e em breves palavras traçou o perfil do Autor e
leu dois poemas do livro.
Seguiu-se a Presidente da Câmara Municipal de Portalegre,
Fermelinda Carvalho, que falou do seu conhecimento de anos de José Regala.
Mostrou quanto se sentia agradada por estar presente nesta ocasião tão marcante
para o Autor, e não deixou de referir que a Cultura não é nem será na sua
presidência um ‘parente pobre’; pelo contrário, a Cultura terá sempre o maior
apoio que a autarquia lhe possa dar. Portalegre tem vida cultural própria e
sente que os munícipes aderem às iniciativas promovidas pela autarquia, assim
como também àquelas, como a presente, que têm um carácter mais íntimo e
pessoal, embora públicas.
A apresentação propriamente dita da obra estava a cargo de
Mário Casa Nova Martins, que dividiu a sua intervenção em duas partes.
Na primeira elaborou breve biografia e análise literária de
três poetas de Portalegre, de épocas, temáticas e estilos distintos, e que de
certa forma se encontram esquecidos, quiçá, injustamente. Vida e obra de
Cristóvão Falcão, José Duro e José Rodrigues Eustáquio mereceram a atenção da
audiência.
Na segunda parte discorreu sobre o Autor, remetendo para a
leitura do Prefácio, que escreveu, explicações acerca da sua relação de
amizade, afinidade e cumplicidade de temáticas que em comum cultivam.
Tomando a palavra, José Regala agradece a presença da
Presidente da autarquia e elogia o trabalho que tem feito nestes últimos três
anos no concelho de Portalegre. De seguida historia o processo da criação do
livro, e fala de projectos que tem em preparação. Traça a sua história de vida,
momento que prendeu os presentes, alguns ‘cúmplices’ de tempos passados na
companhia do Autor, uma personagem multifacetada, da qual a poesia é apenas uma
das vertentes.
Conversador excelente, memórias trouxe das suas vivências.
Apresentou o Neto João Pedro, Pepo, a quem dedica a obra. Falou dos Pais e do
Bisavô materno com saudade e afecto. Lembrou tempos de mocidade na casa paterna
na Rua Alexandre Herculano (Rua de Santo André), recordou brincadeiras da época
e a paixão pelos carros. Reviveu o acidente que o marcou, e que fez como que
vivesse “uma segunda juventude/vida”. No final leu o poema «Intervalo de aulas»
(pg. 31/32), um hino ao tempo de estudante no Liceu Nacional de Portalegre,
momento que deixou também saudades em muitos dos presentes.
Uma palavra para a excelência da capa, a par da cuidada
edição.
«Para lá do Tempo» é uma obra poética que transmite ao leitor toda uma vida, vivida umas vezes perigosamente, outras habitualmente. Não são poemas de juventude, transmitem a serenidade dos anos cheios de experiências. Há muito sentimento e também grande nostalgia. À primeira vista agradáveis de ler. Mas quando se penetra no seu âmago percebe-se, então, a complexidade do Ser que é o José Regala.
quinta-feira, novembro 07, 2024
quarta-feira, novembro 06, 2024
Apresentação do livro de António Martinó
Ainda tenho sonhos
A dada altura da segunda intervenção que faz na apresentação
do seu livro «Plutão, a BD & eu», António Miguel Martinó de Azevedo
Coutinho disse que ainda tinha sonhos e afirmou que a partir de agora queria
editar um livro por cada ano da sua vida.
Enumerou a saída de um segundo volume das «Crónicas
Lagóias», novamente na ‘Colecção Largo da Sé’ e com o alto patrocínio do Instituto
Politécnico de Portalegre, a preparação duma obra romanceada em co-autoria com
o Neto sobre Miguel Carlos Caldeira de Pina Castelo Branco, o fundador da
cidade de Portalegre no Brasil, uma reedição da biografia de «João de Azevedo
Coutinho – Marinheiro e soldado de Portugal», dado ter muita informação nova. No
seu blogue «Largo dos Correios» planeia editar um trabalho sobre as quatro versões
da obra de Hergé «A Ilha Negra». Tem ainda projectos, como a preparação de
novas «Festas Centenárias de Portalegre» aquando do Quinto Centenário de
Portalegre em 2050, a alentejana sua cidade natal.
Uma sala muito bem composta. A sessão abriu com a
intervenção da vereadora da Cultura da Autarquia portalegrense, Laura Galão.
Palavras de circunstância, das quais se salienta o elogio ao Autor e bastas
referências à Feira do Livro que simultaneamente decorria nos Claustros do
Convento de Santa Clara, local onde decorria o evento.
Seguiu-se o editor, Fernando Mão-de-Ferro, que saudando a
todas e a todos discorreu sobre este último quarto de século em que tem
convivido com o Autor e do qual tem editado algumas das suas obras. Palavra
ditas que comoveram António Martinó.
A apresentação da obra propriamente dita estava a cargo de António
Ventura, que começa por referir o meio século de Amizade com o Autor. Numa
verdadeira dissertação, António Ventura discorre sobre a temática da obra
memorialista, diarista e biográfica, mostrando as diferenças entre elas e
situando o livro de António Martinó, ao qual se refere em termos elogiosos.
Aborda em mais pormenor obras de António Alçada Baptista e Raul Brandão, não
esquecendo outros autores de biografias, autobiografias e diários como José
Régio ou João Chagas, e não-memórias e não-biografias de outros.
Por fim a segunda intervenção de António Martinó. Na primeira fez os agradecimentos e recordou gentes que com ele têm estado nos diferentes trabalhos que ao longo de uma vida de praticamente nove décadas tem realizado nas mais diferentes áreas do saber e da cultura. Na segunda debruçou-se essencialmente sobre a sua última obra.
Ao longo da sua exposição ficou a saber-se as razões da
obra, as suas fontes e os diferentes projectos de capa. Uma obra rica em
conteúdo e em memorabilia fotográfica.
«Plutão, a BD & eu», foi salientado pelo editor e pelo
apresentador como uma obra que é o testemunho pessoal de quem viveu
intensamente a sua vida em Portalegre, ao mesmo tempo que é a História desse
tempo, trazendo para o presente figuras e factos da maior importância para a
vida cultural e cívica da cidade.
António Martinó, recebido com carinho, esteve uma tarde em
Portalegre rodeado de Amigos e de Admiradores da sua vasta obra. Para com o
“Alto Alentejo” teve palavras simpáticas, que se agradece.
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Texto enviado para o semanário «Alto Alentejo», sobre a apresentação do livro de António Martinó de Azevedo Coutinho, que teve lugar na Biblioteca Municipal de Portalegre.
Mário Casa Nova Martins
**
segunda-feira, novembro 04, 2024
José Regala - «Para lá do Tempo»
É dado como prática em situações como
a presente, que o Autor convide para apresentar a Obra um académico, um vulto
da intelectualidade local, uma figura grada da sociedade. Porém, o Zé quebrou
essa praxe e escolheu um Amigo para tão honrosa tarefa.
Assim, é-me dada a oportunidade de
trazer à memória dos presentes, vultos que hoje estarão esquecidos, como
introdução à apresentação do primeiro livro de Poesia do José Regala, «Para lá
do Tempo».
Cristóvão Falcão é nome de Escola
Pública. E o nome da sua mais conhecida Obra, «Crisfal» foi dado a uma sala de
espectáculos, que hoje é passado.
Cristóvão Falcão de Sousa, ou
Cristóvão de Sousa Falcão, terá nascido em Portalegre entre 1512 e 1515, e
falecido em 1557.
Cristóvão Falcão ter-se-ia apaixonado
na sua infância por Maria Brandão, uma jovem muito bela, herdeira de grande
fortuna, com quem teria chegado a casar secretamente em 1526, mas a oposição
dos pais levou a que o casamento fosse anulado.
Por este acto e o facto de Maria ser
menor, Cristóvão Falcão esteve preso durante cinco anos, enquanto Maria foi
obrigada pelos pais a enclausurar-se no Mosteiro do Lorvão.
Aí esforçaram-se por convencê-la que
o pretendente estaria mais interessado na sua fortuna do que nela. A
insistência dos argumentos e a promessa de um bom casamento acabaram por
convencer Maria a sair do mosteiro para casar em 1534 com Luís de Silva,
capitão de Tânger.
Esta história pessoal seria a
inspiração de Cristóvão Falcão para a obra poética pela qual é mais
conhecido, «Crisfal».
Crisfal é um criptónimo de Cristóvão
Falcão. Também Crisfal pode ser a conjunção de Crisma Falso.
Crisfal, Chrisfal ou Trovas
de Crisfal, conta a história dos jovens pastores Maria e Crisfal, que se amam
desde a infância, mas são separados porque os pais da jovem a levam para um
lugar distante.
Escrito em harmoniosa
redondilha maior, é talvez o mais expressivo exemplo da adaptação da
poesia bucólica grega e latina à sensibilidade portuguesa. É um poema
impregnado de saudade, de emoções ternas e puras, glorificadas em versos
escritos numa linguagem directa, mas de timbre requintado, onde perpassa uma
sensualidade picante e um realismo por vezes atrevido.
A obra colocou Cristóvão Falcão numa
posição única na literatura portuguesa e teve uma influência considerável em
poetas posteriores, nomeadamente Camões.
José Duro é nome de Largo, junto à
casa materna, e tem no Jardim da Corredoura um medalhão reproduzindo a sua
face.
José Duro, poeta decadentista, nasceu
em Portalegre a 22 de Outubro de 1875 e faleceu em Lisboa a 18 de Janeiro de
1899.
Para Martim de Gouveia e Sousa, o
movimento decadentista, nascido de uma crise de mentalidades e de
sensibilidade, postula uma sagração poética, com possibilidade degenerativa
superior e requintada, onde avulta um individualismo anti-heróico e fraccionado
em nevropatia, sinal de tédio e prostração. Sumptuarismo, anomalismo,
artificialismo e esteticismo serão ainda palavras de ordem do conhecimento
poético decadentista, que, do ponto de vista sugestivo, alinha no sentido de
uma renovação prosódica e musical, com estranhamentos aliterantes, sinestésicos
e vocabulares. Não deixa também de ser interessante a preocupação do artista
decadente com a experiência pessoal, a auto-análise, a perversão e as sensações
elaboradas e exóticas, advenientes, por exemplo, das decadências alexandrina,
romana e bizantina.
José Duro estudou na Escola
Politécnica de Lisboa, frequentando tertúlias literárias. Morreu com apenas 24
anos, de tuberculose.
Em 1896, aparece discretamente nas
letras com a publicação de uma pequena plaquette que
intitulou Flores, ainda não dando a dimensão do poeta que viria a ser, mas
já reveladora da sua «musa triste» como lhe chamou Albino Forjaz de Sampaio. Em
1898, pouco antes de falecer, José Duro teve ainda ocasião de ver o seu livro «Fel», acabado
de sair da tipografia.
Acusando, embora, a forte influência
dos universos de Poe, Baudelaire, Cesário e da própria vida e doença do seu
autor, o livro, mergulhando obsessivamente no mundo da doença, decadência e
morte, atinge-nos por um acento de aguda e sincera angústia e desespero. José Duro,
observou Santos Tavares, é o poeta do sentimento tornado bolor, da mágoa feita
em fel, da esperança vivida em pavor, da súplica ardendo raiva, da flor
venenosa, do beijo impuro poeta da catástrofe, da paixão-desgraça, da
nostalgia-desespero, o arauto, também, de uma juventude sem auroras.
As opiniões a seu respeito
desencontram-se desde os que, como Albino Forjaz de Sampaio, o consideram tão
grande como António Nobre, Cesário Verde, até aos que lhe negam qualquer
originalidade e importância. A verdade deve situar-se algures entre estes dois
extremos. Vitimado muito cedo pela tuberculose, o seu talento inegável, com
vincada tendência escatológica, não teve tempo de amadurecer no sentido de uma
maior depuração. Tal como ficou, «Fel» é, pelo menos, um documento
humano de inegável pungência.
Em 1985, António Ventura recolheu num
volume, em Portalegre, «Páginas Desconhecidas de José Duro», e Martim
de Gouveia e Sousa escreveu na «Plátano – revista de arte e crítica de
Portalegre», nos números dois (2005) e sete (2014), ensaios sobre o Poeta.
José Rodrigues Eustáquio nasceu em
Portalegre a 24 de Abril de 1938 e vem a falecer nesta cidade em 12 de Abril de
2005. Completou no Liceu Nacional de Portalegre o 2.º ciclo dos liceus. Filho
de pai militar, também viveu em África, o que lhe abriu horizontes. Fez
carreira na função pública, tendo-se aposentado como funcionário da
administração local.
Homem de leituras várias, os
clássicos portugueses, a literatura estrangeira, principalmente do século XX, e
a poesia ocupavam-lhe o ócio.
Cronologicamente, as obras publicadas
de J. R. Eustáquio são: ‘Eu poeta me confesso’, ‘O fel e os frutos’, ‘Os seios
de Palmira’, ‘Variações sobre a morte’, ‘Bom dia serenidade’, ‘A canto de
pássaro’, ‘Os últimos poemas’, ‘35 poemas bolorentos encontrados no sótão da
Avozinha’.
Foram publicados entre 1977 e 2000. A
poesia de José Rodrigues Eustáquio não é conhecida da maioria dos seus
conterrâneos. Pouco ou mesmo nada divulgada nos meios culturais, merece, no
entanto, estudo criterioso.
J. R. Eustáquio não pertenceu a
nenhuma irmandade. O tema recorrente na sua poesia é a mulher. E, ligado à
mulher, o erotismo, o desejo, a sensualidade, a volúpia. Mas, também está
presente nas palavras doridas do poeta, a morte. Embora a edição das oito obras
tenha sido em vinte e três anos, facilmente se identificam as diferentes
vivências por que vai passando J. R. Eustáquio. Nenhum poema aparece datado,
não que tal fosse importante, porque a descontinuidade temporal/temática que
apresentam demonstram terem sido feitos em distintos ciclos/fases da vida do
poeta.
O poema autobiográfico, ‘Eu’ aparece
em ‘A canto de pássaro’. Nele, J. R. Eustáquio questiona se é poeta, fala da
vida de escriturário, do sonho de marinheiro, da condição de celibatário, da
frugalidade do viver/padecer e na mundo-vivência que procura abarcar.
Leitor insaciável, para ele,
Portalegre é provinciana. Frequentador de cafés, a eles se refere, mas só
identifica o desaparecido Café Operário. Fumador impenitente, busca neste vício
consolo para a solidão. Ele, o introspectivo!
A morte, não o medo mas a sua
presença, é um dos principais leitmotiv da poesia de J.R. Eustáquio. A mulher
para o Poeta é o ser mais sublime, e o amor é algo que lhe vai fugindo,
tornando a sua poesia áspera e, quando erótica, dura. Quando fala da mulher,
começa terno mas acaba ‘perdido’ entre paixão e sexo puro.
Os dois curtos anos em África
deixam-lhe a nostalgia dos grandes espaços, e a viagem por mar criou-lhe o desejo
de ‘um dia’ ser marinheiro. O seu país, Portugal, a sua cidade, Portalegre,
trazem-lhe versos de desilusão, tal como a Revolução dos Cravos. O poeta
enquanto ‘sonhador’ está ferido pela ‘realidade’. Uma palavra para a Mãe,
figura tutelar na obra.
Trazer para o vosso convívio estes
três poetas de Portalegre, é uma forma de os lembrar, e ao mesmo tempo
introduzir a Poesia do José Regala.
«Para lá do Tempo», é uma obra
poética que transmite ao Leitor toda uma vida, vivida umas vezes perigosamente,
outras habitualmente. Não são poemas de juventude, transmitem a serenidade dos
anos cheios de experiências. Há muito sentimento e também grande nostalgia. À
primeira vista agradáveis de ler. Mas quando se penetra no seu âmago
percebe-se, então, a complexidade do Ser que é o José Regala.
Uma palavra para a excelência da
capa, a par da cuidada edição.
No Prefácio tivemos oportunidade de
dissecar a personalidade do José Regala. Não nos vamos repetir. Agora é tempo
de darmos a palavra ao Autor, ao Poeta, que não é só Poeta, como ele próprio em
seguida comprovará.
Convidado por duas vezes no programa da
Rádio Portalegre «Praça da República» pelo seu autor, José Polainas, o diálogo
que então se estabeleceu entre ambos foi tão forte e intenso, que praticamente
o Zé Polainas não ‘passou’ música. Um grande conversador, que teremos
oportunidade de confirmar.
Quando o Zé Regala escrevia no
Facebook textos notáveis sobre temáticas que tanto cultiva, temas que de
certeza irá abordar, o seu antigo Aluno António Branco ia à ‘caixa de
comentários’, tratá-lo por Mestre, adjectivo que eu próprio subscrevia.
Agradeço ao José Regala a
gratificante oportunidade de aqui o poder homenagear publicamente, e de
reafirmar a Honra de o ter como Amigo.
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Texto lido no Museu da Tapeçaria no dia 2 de Novembro de 2024, em Portalege, na apresentação do livro de José Regala «Para lá do Tempo»
Mário Casa Nova Martins
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sábado, novembro 02, 2024
sexta-feira, novembro 01, 2024
quinta-feira, outubro 31, 2024
segunda-feira, outubro 28, 2024
sexta-feira, outubro 25, 2024
quinta-feira, outubro 24, 2024
AA - António Martinó - Autobiografia
História da Históra de Portalegre
«Plutão, a BD & eu», vai ser apresentado no próximo dia
26 de Outubro, na Biblioteca Municipal pelas 15 horas.
Junto com «José Cândido Martinó – Uma vida desenhada pela
banda», formam um díptico sobre um tempo e uma época da história da cidade de
Portalegre, que começa na segunda metade de oitocentos, abarca todo o século XX
e vai até ao presente.
Só a explicação, a súmula do anterior parágrafo justifica a
leitura destas duas obras de António Miguel Martinó de Azevedo Coutinho.
Não existem em Portalegre obras memorialistas desta
envergadura. São, portanto, mais-valias para se conhecer a vida política,
social e até económica de Portalegre cidade. E principalmente a sua vida
Cultural, que, como a leitura prova, teve momentos de altíssima qualidade nas
diferentes áreas do Saber e do Conhecimento.
As inúmeras personalidades que marcaram aquelas diferentes
épocas que as duas obras compreendem, deixaram, de uma maneira ou outra,
testemunho das suas vidas na comunidade portalegrense. E estão de uma forma
viva retratadas, revisitadas.
A escrita de António Martinó é um português perfeito, exemplar,
o que faz com a leitura seja atraente, a par de uma riqueza de temas que
cativam a própria leitura.
Como era entusiasmante a vida cultural em Portalegre. A
qualidade dos protagonistas era indiscutível, e tudo é referido e tratado de um
modo vivo, dedicado, justo.
No caso da última obra, «Plutão, a BD & eu», a escrita é
na primeira pessoa, justificadamente dado o papel que António Martinó
desempenhou em Portalegre ao longo da sua permanência na cidade. Em Portalegre
deixou obra vasta e de grande qualidade nas diferentes áreas que cultivava.
Nunca foi neutro, sempre assumiu as suas convicções, muitas vezes de forma
frontal e assertiva. É um Nome de Portalegre.
Por fim uma palavra de grande Amizade para com o Professor
António Martinó. E outra de agradecimento.
Amizade, solidariedade que sempre teve para comigo, consideração
que me tem dado, num tempo em que Consideração, Solidariedade e Amizade são
Valores cada vez mais raros.
Um forte agradecimento pelo apoio e pela colaboração na
«Plátano – Revista de Arte e Cultura de Portalegre», que quero voltar a trazer
ao convívio da cidade. Quando, alguns, desdenharam do projecto, o Professor
António Martinó, mas também não só, apoiou-o desde a primeira hora. Foi das
primeiras pessoas, numa conversa junto ao antigo Café Facha, a quem dele falei.
Tenho o privilégio de já ter lido «Plutão, a BD & eu».
Fiquei mais rico!
Mário Casa Nova Martins