A VOZ PORTALEGRENSE
quarta-feira, outubro 16, 2024
segunda-feira, outubro 14, 2024
sexta-feira, outubro 11, 2024
AA - América(s)
América(s)
O europeu acha que os EUA é Nova Iorque, com os seus
arranha-céus, a Broadway, o Central Park, Manhattan e a sua Fifth Avenue, Times
Square. Tudo é opulência, que vive paredes-meias com todo o tipo de pobreza,
desde drogas, prostituição, à mais vil miséria humana, cardápio que não é
servido ao turista que a visita.
Ao contrário do que o europeu pensa, Nova Iorque não representa
a América. A verdadeira é aquela percorrida de Leste a Oeste pela Route 66, ou a
América Sulista versus a América Nortista. A verdadeira América não se encontra
em Nova Iorque ou na Califórnia, locais de visita turística, mas não do
verdadeiro sentir americano. Não há uma América mas sim várias América(s). As
Costa Leste e Oeste, onde vive a maioria dos americanos, é uma manta de
retalhos étnicos e religiosos, um melting
pot sempre efervescente, que se incendeia ao mais pequeno rastilho.
O Sul, derrotado mas não vencido, mantém um viver próprio, diferente
do Norte, onde a usura continua lema. O Interior, aquela América Profunda,
mantém o espírito dos Pais Fundadores, fiel à Tradição.
Hoje os EUA não são a potência hegemónica de outrora. As elites
estão decadentes, a economia começa a ser suplantada por outras que estão no
Pacífico. A grandeza de outrora foi substituída por guerras directas ou por
procuração em diferentes partes do globo, com vitórias de Pirro e derrotas cada
vez mais humilhantes.
Uma América dividida, uma América que cada vez mais é um
gigante com pés de barro. Um governo em Washington, DC, refém de lóbies
poderosos, que fomentam guerras seja na Europa, seja no Médio Oriente. Lóbies
que em tudo vêm economia e que querem tomar conta de tudo o que é riqueza ou
produz riqueza no planeta.
Esta América vai a eleições na primeira terça-feira do
próximo Novembro.
Ganhe quem ganhar, será mau para a Europa. Quando é que a
Europa ‘acordará’? A chamada protecção dos EUA à Europa nunca visou o seu bem,
mas sim os interesses dos EUA. A História o demonstra.
A Europa está numa encruzilhada. Ou continua refém dos EUA,
ou recorre à Geografia e vira-se para si mesma.
Mário Casa Nova Martins
P. S. – Faleceu no passado 2 de Outubro o Eng. Saúl Tomás
Cândido. Um Homem íntegro. Honrou-me com a sua Amizade. Que descanse em Paz.
quarta-feira, outubro 09, 2024
Trump - Harris e a (im)parcialidade
A 'vontade' da comunicação social portuguesa na vitória de Kamala é tanta, que até aldrabam as percentagens!
*
Quanto à parcialidade da comunicação, não devem nem podem restar dúvidas. A narrativa mediática dos grandes meios e da chamada “informação de referência” – do New York Times ao Economist, do Le Monde, ao El País e aos nossos correspondentes e comentadores – não se dá sequer ao trabalho de simular isenção. Porque afinal, no ringue de combate, alguém tem de encarnar o Mal; e Trump, a besta loira, o diabo em pessoa, fá-lo na perfeição.
Jaime Nogueira Pinto
in: https://observador.pt/opiniao/a-america-dividida-e-que-nos-divide/
segunda-feira, outubro 07, 2024
Coimbra
Vivemos loucos amores,
Promessas olhando a Lua
Sonhos, quimeras e dores!
Pelas tuas ruas da Baixa
Onde comprámos livros,
Passeámos tão divertidos
Como Grandes Amigos!
Pelas tuas ruas da Baixinha
Em tascas petiscámos,
Sentindo os teus cheiros
Que bem nos deliciámos!
E Mulheres de Vida,
Que em suas Vidas,
Sofridas,
Perdidas,
Se sentavam connosco à mesa
Naquelas noites vazias,
De incerteza,
Num amor comprado,
Jamais amado,
Fingido.
Confidenciavam
Tristeza e amargura,
Com doçura,
Numa Rua Direita
No nome
Mas tão estreita,
Tão sinuosa e comprida,
Quanto sentida,
Por Aquelas Mulheres
Da Vida.
Sós como nós!
Quarta-feira, 29 de Abril de 2009
quarta-feira, setembro 25, 2024
AA - Evolução na continuidade
Evolução na
continuidade
Quando a Esquerda ganha as eleições, ela ganha. Mas quando
as perde, ela ganha também, porque a Direita não aplica as suas ideias e
submete-se à Esquerda.
O parágrafo anterior é a realidade de meio século de
Socialismo travestido por vezes de Social-Democracia em Portugal. 1974-2024,
cinquenta anos que começaram com a tentativa da implantação da Democracia
Popular, vulgo Comunismo, entre 11 de Março de 1975 e 25 de Novembro de 1975,
seguido de ininterrupta ‘via p’ró Socialismo’, um «abrir caminho para uma
sociedade socialista» que em tempos a Constituição da República celebrava no
seu preâmbulo, mas que nunca deixou de andejar no sentido da miséria do
Socialismo. Pelo meio, bancarrotas, resgates, clientelismo, fraudes, corrupção,
dependência e subsidiodependência.
Há semanas que o Orçamento de Estado para 2025 é tema na
praça pública. Ainda não é conhecido o documento, mas já há partidos que
afirmam ir votar contra, outros que impõem condições severas para que o venham
a aprovar. Em suma, um ‘circo mediático’ cuja principal finalidade é desviar a
atenção dos Portugueses da crua realidade social em que o país está mergulhado.
Não será difícil adivinhar que o próximo Orçamento de Estado
continuará a famigerada caminhada para o Socialismo, penalizando Famílias e
Empresas, favorecendo os lóbies que sustentam o governo, as instituições e fundações
onde a Esquerda mais radical faz apologia das maiores aberrações e de situações
contra-natura. Também será penalizado quem trabalha, quem cria riqueza e será
favorecida a subsidiodependência. Nada de novo, portanto.
Segundo estudos de opinião mais recentes, dando-lhe crédito,
o que por vezes não é fácil, o enorme Centrão, PS+PSD, continua largamente
maioritário, a Extrema- Esquerda, Livre, Bloco de Esquerda, PCP, não cresce, e
a Direita desce um pouco.
Quanto à Direita, não se sabe que partido ou partidos a
representam. O Chega está na economia entre PSD e PS. O CDS não tem voz,
debaixo da ´pata’ do PSD. O próprio PSD diz-se Social-Democrata, e na economia
está perto do Socialismo que o PS defende. A IL diz-se não de Direita, mas tem
um programa económico de Direita, semelhante, salvaguardando a diferença
temporal, ao do CDS quando as ideias do Grupo de Ofir eram dominantes no
partido.
Posto isto, só há que respeitar a vontade popular, se bem
que não deixe de ser curioso ouvir e ler tanta crítica ao Centrão, e depois
continuadamente dão-lhe o voto!
Mário Casa Nova Martins
sexta-feira, setembro 13, 2024
AA - Silly Season
Há muito que este inglesismo entrou no vocabulário
português, significando um período do ano, concretamente o mês de Agosto, com
escassez de acontecimentos sejam de que ordem for.
No caso da política e dos políticos ambos dizem estar de férias,
gerando a ‘silly season’, e quando voltam marcam esse regresso com uma festa
popular a que dão o nome de ‘rentrée.’
Este Agosto de 2024 não foi excepção. E lá se viu
comícios-festa, ‘universidade de verão’, ‘academia socialista’, e outras formas
de marcar a agenda política para os meses seguintes. Tudo em nome da
democracia, cada um com a sua democracia.
Mas nesta ‘silly season’ tiveram lugar umas eleições presidenciais
que se tornaram, como agora é de bom-tom dizer-se, ‘virais’. Aconteceram na
Venezuela, um país que graças ao petróleo já foi rico e que agora graças ao
Socialismo é pobre. Mas isso são ‘contas de outro rosário’.
Segundo os resultados da Comissão Nacional Eleitoral da
Venezuela, o vencedor teve 51,2 % dos votos e o vencido 44,2 %. Contudo,
‘observadores’ dizem que o vencedor teve 20 % e o vencido 60 %.
Sempre se soube que na Venezuela as eleições iriam ser
fraudulentas, como acontecera nas anteriores, para que a ‘nomenklatura’
continuasse no poder. E assim vai a América Latina.
Na Europa e Médio Oriente continuam as guerras, seja ‘por
procuração’, ou legítimas consoante o lado em que os contendores se encontram.
Mas outras guerras híbridas ou menos híbridas continuam pelos dois hemisférios.
Sempre a busca pela posse dos recursos naturais. Tudo é economia.
E em Portugal continua a discutir-se ‘o sexo dos anjos’,
concretamente sobre o conceito de ‘pessoas que menstruam’ e outras temáticas
Woke, às quais se ‘associou’ o partido do Governo e o próprio Governo.
Neste ‘fim de tempo’, ‘festas e romarias’ contentam o viver
dos Portugueses, tal como no conto da Cigarra e da Formiga. Vive-se o tempo da
Cigarra, mas em breve virá o tempo em que a Formiga, avisada e ajuizada,
provará ter a razão pelo seu lado.
A instabilidade política portuguesa é real. Um presidente da
República circense, um Governo que governa pensando constantemente em próximas
eleições, uma Oposição à Direita e à Esquerda que caminha com desnorte, e uma
Esquerda Radical altamente minoritária que age como ‘senhora e detentora das virtudes
wokistas’.
Aproxima-se o Outono, um outono que pode ter inúmeros
sentidos. Nenhum será bom.
Mário Casa Nova Martins
quarta-feira, agosto 14, 2024
Olimpíadas - Bergoglio
Esperavam os Católicos que o
Jesuíta Bergoglio tomasse uma posição sobre o ataque que a Igreja Católica
sofreu no blasfemo espectáculo da abertura dos Jogos Olímpicos em Paris.
Nada! ‘Aos costumes nada disse’!
Uma vez mais, Bergoglio mostrou
com o seu sepulcral silêncio que é conivente com o Wokismo, com o Esquerdismo.
Não surpreendeu.
Os ‘Fumos de Satanás’, de que uma
vez Paulo VI falou, tornaram-se reais neste famigerado pontificado do anti-papa
Bergoglio.
Mário Casa Nova Martins
terça-feira, agosto 13, 2024
segunda-feira, agosto 12, 2024
Olimpíadas - Judaismo I
sexta-feira, agosto 09, 2024
quinta-feira, agosto 08, 2024
quarta-feira, agosto 07, 2024
terça-feira, agosto 06, 2024
Olimpiadas - Demoníaca e perturbadora
COMUNICADO DE IMPRENSA: CERIMÓNIA DE ABERTURA DOS JOGOS
OLÍMPICOS - DEMONÍACA E PERTURBADA.
O
Senador Ralph Babet apelou aos australianos para que ignorem os Jogos Olímpicos
após uma cerimónia de abertura que descreveu como "demoníaca e
perturbada".
E
insistiu para que os organizadores dos Jogos Olímpicos de Brisbane prometam não
repetir o "festival de acordes anti-cristãos a que o mundo assistiu em
Paris durante a noite".
"Digam-me
o que é que uma figura feminina obesa semelhante a Jesus, com discípulos
transgéneros, tem a ver com o desporto", disse o Senador Babet.
"A
cerimónia de abertura dos Jogos de Paris não foi uma celebração do desporto nem
uniu o mundo.
"Em
vez disso, as elites acordadas - que, à boa maneira, estragam tudo aquilo em
que tocam - utilizaram a cerimónia para lançar ideias satânicas e insultar as
pessoas de fé de todo o mundo.
"Desde
quando é que desfilar o transgenderismo e fazer o dedo do meio a Jesus Cristo
constitui um esclarecimento?
"Isto
foi uma vergonha que deveria ser denunciada por pessoas decentes de todo o
mundo.
"As
famílias que se sentaram para assistir à Cerimónia de Abertura, ontem à noite,
nunca teriam imaginado aquilo a que os seus filhos estavam prestes a ser
sujeitos.
"Mas
diz-nos tudo sobre o ponto em que se encontra a cultura ocidental neste momento
e sobre aqueles que insistem em dirigir e arruinar as nossas instituições.
"A
imundície, a degenerescência e a perversão sexual são agora consideradas uma
celebração do Ocidente. Se as pessoas de bem não encontrarem a sua voz e não
reagirem a esta situação, receio que a nossa civilização se perca em breve.
O
senador Babet afirmou que cabe ao primeiro-ministro Anthony Albanese e ao líder
da oposição, Peter Dutton, manifestarem-se contra o que o mundo testemunhou
ontem à noite.
"Se
os líderes das nossas nações são tão apáticos ou têm tanto medo que não dizem
nada quando a cultura ocidental é tão espectacularmente destruída, então eu
questionaria o que estão a fazer ao ocuparem altos cargos", afirmou.
"O
que vimos em Paris não foi uma representação da França, ou da fé cristã que
construiu a Europa, ou dos valores ocidentais que sustentam o mundo livre.
"Em
vez disso, foi um lembrete de que os globalistas satânicos governam o mundo, e
continuarão a fazê-lo até que as pessoas encontrem a coragem de os chamar a
atenção e dizer que já chega.
"Confiámos
aos franceses a realização de um evento que reunisse o mundo e que promovesse
tudo o que é saudável.
"Em
vez disso, utilizaram a sua posição privilegiada para espalhar a bílis satânica
e ridicularizar a fé cristã.
"Não
basta que as pessoas de bem se limitem a encolher os ombros, pois essa reacção
é o que encoraja aqueles que odeiam o Ocidente a continuar.
"Se
Anthony Albanese e Peter Dutton, que se dizem cristãos, tiverem alguma
convicção, condenarão a exibição ultrajante a que assistimos em Paris e
prometerão aos australianos que os Jogos Olímpicos de Brisbane não serão uma
repetição da degenerescência e da podridão cultural a que todos assistimos com
os nossos próprios olhos ontem à noite", afirmou o Senador Babet.
*
Considerações
finais:
Espero que agora tenha ficado mais evidente todo o simbolismo, desde a blasfémia da Ceia de Cristo, que representa o fim da religião, como a mulher sem cabeça vestida de vermelho, como o cavalo pálido que simboliza o inferno a morte da mente, morte do corpo e morte espiritual.
segunda-feira, agosto 05, 2024
sexta-feira, agosto 02, 2024
Olimpíadas - Ataque à Fé Católica
A
abertura dos Jogos Olímpicos foi um ataque à Fé Católica.
Fizeram
até uma paródia do martírio de São Denis, o bispo que evangelizou a Gália (actual
França) no século III.
São
Denis foi decapitado em frente a uma igreja que ele mesmo construiu na actual
região da França (antiga Gália, na época romana). Após ter sua cabeça cortada,
São Denis continuou vivo, abaixou e recolheu sua cabeça, posicionando-a rente
ao seu tronco e, após dizer que perdoava seus carrascos detractores, caminhou
de volta a sua igreja, onde enfim saboreou do Cálice de Cristo (martírio).
São
Denis é o padroeiro da França. O vermelho (a mesma cor do vestido da
"Maria Antonieta" da encenação satânica) na bandeira da França é em
alusão a ele.
O penteado do cabelo do figurino da encenação foi de tal modo penteado a fim de se parecer com a mitra (chapéu) de São Denis.
quinta-feira, agosto 01, 2024
Olimpíadas - O Cavalo Branco
O
que significa o cavalo branco:
"Eis
um Cavalo Pálido" é uma frase com origem na Bíblia, especificamente do
Livro do Apocalipse 6:8, que diz:
"E
eu olhei, e eis um cavalo pálido: e o nome daquele que estava sentado sobre ele
era Morte, e o Inferno o seguia. E foi dado a eles poder sobre a quarta parte
da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a morte, e com as feras
da terra."
Nesse
contexto, o cavalo pálido é um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse,
representando a Morte. O simbolismo do cavalo pálido é multifacetado:
1.
**Morte e Mortalidade**: O cavalo pálido é um símbolo da morte, do declínio e
do fim da vida. Representa a inevitabilidade da mortalidade e a destruição que
vem com ela.
2.
**Destruição e Caos**: O cavalo é frequentemente associado à guerra, à fome e à
peste, que são as consequências das acções humanas e da ira de Deus.
3.
**Morte Espiritual**: O cavalo pálido também pode representar a morte
espiritual, ou a separação de Deus e a perda da vitalidade espiritual.
4. **Apocalipse e Julgamento**: Como um dos Quatro Cavaleiros, o cavalo pálido é um precursor do apocalipse, sinalizando o fim do mundo como o conhecemos e a vinda do julgamento.
terça-feira, julho 30, 2024
Entre a Última Ceia e a Festa dos Deuses
ENTRE A ÚLTIMA CEIA E A FESTA DOS DEUSES
Na sequência da polémica causada por uma das cenas da
cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, muitos sabichões, inclusive
comentadores das nossas televisões como Ana Gomes, criticaram a reacção dos católicos que se indignaram. Então esses católicos não sabiam que essa cena era
uma adaptação de um quadro de um pintor neerlandês sobre o tema "O Festim
dos deuses" e que não tinha nada a ver com a "Última Ceia" de
Leonardo da Vinci?? Pois bem, fiz uma pequena investigação que agora partilho
convosco com as respectivas imagens.
Quadro 1 - Leonardo da Vinci pinta a fresco em Milão
"A Última Ceia" (1495). Com o passar do tempo esta imagem torna-se um
ícone desse episódio estruturador do Cristianismo. De acordo com o Evangelho, a
Eucaristia foi instituída por Cristo nesse momento, que os católicos celebram
sempre na Quinta Feira Santa.
Quadro 2 - Rafael, em 1515, usa o mesmo envolvimento
para pintar o festim dos deuses, num período em que a obra de Leonardo ainda
não tinha ganho a fama. Estamos no apogeu do Renascimento, no mesmo ambiente
intelectual que ainda vai ser usado, por exemplo, por Camões em "Os
Lusíadas" e a Igreja está sedenta de reforma.
Mas essa reforma, desencadeada por Lutero a partir de
1517 vai trazer mais do que a reforma das instituições, que quase todos
desejavam. Lutero nega a maior parte dos sacramentos, incluindo a Eucaristia e
o mistério da consubstanciação.
Certamente por isso, os artistas que continuaram a
pintar o Festim dos Deuses, colocaram-no antes num jardim, separando a tradição
greco-romana das novas polémicas suscitadas pela Reforma. A memória da Última
Ceia ganhou um novo sentido desde então e passou a ser preservada.
Quadro 3 - O festim dos deuses por Ticiano (1490-1576)
(iniciado por Bellini (1436-1516), mas terminado por Ticiano que pintou
precisamente a envolvência)
Quadro 4 - O festim dos deuses por Rubens (1577-1640)
Quadro 5 - O festim dos deuses atribuído a Jan van
Balen e a Hendrik van Kessel, moradores na católica Antuérpia em meados do
século XVII
Outros temas semelhantes, como o triunfo de Baco por
Velasquez (1629) também foram pintados na envolvência de um jardim.
Os nossos simpáticos e inocentes organizadores dos
Jogos desconhecem toda esta tradição católica ou pura e simplesmente
ignoraram-na. Rubens? Ticiano? pfff
Entretanto, em 1635, Jan Harmensz van Bijlert,
neerlandês calvinista estabelecido em Utrecht, que visitara Itália e se deixou
influenciar por Caravaggio, resolveu também pintar o festim dos deuses, mas ao
contrário do que faziam os seus colegas católicos de Antuérpia, resolveu repor
o Festim em torno de uma mesa, ao modo da icónica "Última Ceia".
Resumindo:
O quadro de Bijlert não é "a" representação
original do Festim dos deuses, que foi pintado em plena contra-reforma por
católicos num outro enquadramento.
O quadro de Bijlert, produzido em plena Guerra dos
Trinta Anos, quando católicos e protestantes se enfrentavam cruelmente nos
campos de batalha e disputavam sem quartel as questões teológicas nos púlpitos
e nos livros, tem de ser entendido num enquadramento de afrontamento contra o
mundo católico. Bijlert, que viajara por Itália, sabia o que estava a fazer.
Os simpáticos organizadores dos Jogos talvez não
soubessem esta pequena História que aqui vos alinhavei, mas a sua ignorância
não os torna inocentes. Já os comentadores televisivos são de facto, na sua
grande maioria, inocentes ignorantes.
sexta-feira, julho 26, 2024
AA O caso de Olivença
O caso de Olivença
Olivença é o símbolo de um Iberismo permanente. O Iberismo
está vivo em cada castelhano, e só não é mais agressivo porque a Catalunha, o
País Basco e a Galiza mantêm fortes aspirações nacionais, e desviam o foco de
Portugal. Não muito recentemente o partido VOX espalhou um cartaz de propaganda
política no qual a Península Ibérica era um só Estado, Portugal estava
‘incluído’ na Espanha.
Fala-se muito do Tratado entre a Alemanha Nazi de Hitler e a
Rússia Soviética de Estaline, o Pacto Ribbentrop – Molotov de 1939, que fazia a
partilha da Polónia, Países Bálticos e outros. Mas não se fala do Tratado de
Fontainebleau de 1807, assinado entre a França de Napoleão e a Espanha
Bourbónica, no qual Portugal era divido em três partes, o Reino da Lusitânia
Setentrional (Entre-Douro e Minho) destinado à Rainha da Etrúria, o Principado
dos Algarves (Alentejo e Algarve) concedido a Manuel de Gody ministro de Carlos
IV, e a parte restante (Trás-os-Montes, Beira, Estremadura) ficaria ‘em
depósito até à paz’.
Existe hoje em Espanha, como no passado, uma literatura
abertamente na defesa do Iberismo, da integração de Portugal na ‘Grande
Hespanha’. Entre outros exemplos, tem-se «Iberia, 9 dezembro 2022, por Jorge
Ruiz Morales», «Iberismo: Hacia la unión de España y Portugal (Historia), 31
janeiro 2023, por Javier Martínez-Pinna (Coredactor)», «Repensar Iberia: Del
Iberismo Peninsular al Horizonte Europeu (Ensaio), 12 fevereiro 2024, por Ramon
Villares». Em Portugal também há quem defenda o Iberismo, mas sem o vigor dos
espanholistas.
Mas enquanto Madrid ‘sonha’ com a União Ibérica, e quer
‘recuperar’ Gibraltar, ‘esquece’ os enclaves marroquinos de Ceuta e Melilla.
Interessante ler «Ceuta, Melilla, Olivenza y Gibraltar: ¿Dónde acaba España?
(Sociologia y Politica), 1 outubro 2003, por Máximo Caial (Autor), Sebastián
García Schnetzer (Diseño gráfico), Alejandro Garcia Schnetzer (Diseño
gráfico)».
Recorde-se que em 1704, as forças anglo-holandesas
capturaram Gibraltar à Espanha durante a Guerra da Sucessão Espanhola, e que
esse território foi cedido à Grã-Bretanha em perpetuidade ao abrigo do Tratado
de Utrecht em 1713.
Quanto a Olivença, o Tratado de Alcanizes de 1297,
estabelecia Olivença como parte de Portugal. Em 1801, através do Tratado de
Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, Olivença foi anexada. Em 1817 a
Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de
1815, comprometendo-se à entrega do território o mais prontamente possível. Até
aos dias de hoje, não aconteceu.
domingo, julho 14, 2024
Henrique Barrilaro Ruas e Camões
sexta-feira, julho 12, 2024
AA Manuel António Baptista Casa Nova
Manuel António
Baptista Casa Nova
(Portalegre, 15-10-1945 – Santarém, 2-7-2024)
A nossa geração de primos direitos Casa Nova era constituída
por uma rapariga e quatro rapazes. Cronologicamente, o MA, o JJ, o AC, a MC, o
MJ. A diferença etária entre o mais velho, o Manel, e o mais novo, eu, era dez
anos e nove meses. Nascemos e vivemos a nossa infância e juventude em
Portalegre. Os nossos Pais fizeram com que esse tempo fosse bom. Um tempo de
crescer despreocupadamente. Tudo tivemos, nada nos faltou.
A nossa grande referência era a Avó Joana. Ela unia toda a
Família, e quando nos deixou, foi o fim de um tempo.
Quando acabámos o Liceu, três foram para Lisboa, um para
Santarém, e outro para Coimbra. A partir daí tudo foi diferente. A última vez
que os cinco estivemos juntos foi no funeral da Tia Ascensão, que dos nossos
Pais foi a última a deixar-nos.
Diz-se que em todas as famílias há uma ‘bête noire’.
Lamento, mas nenhum dos cinco o foi ou é.
Mas, também, há sempre nas famílias um ‘patinho feio’. E na
nossa geração de primos, o ‘patinho feio’ era o Manel.
Porventura o Manel seria o melhor dos cinco. Coração grande,
generoso, confiável, sempre presente. Despretensioso, cordato, afável, criava
Amizades que perduraram. Sério, integro, profissional competente. Marido, Pai,
Avô. Viveu habitualmente.
O Manel era a Memória viva da Família. Sabia os parentescos,
as datas, as histórias. Qualquer dúvida, ele tirava.
Literatura e cinema, as suas grandes paixões. Em Portalegre
pertenceu ao cine clube da época, sabia de cinema como poucos. Nunca deixou de
ler e ver cinema. Dos mais cultos de nós.
Quando esteve em Angola não perdeu a ligação a Portalegre. A
Avó Joana enviava-lhe todas as semanas «O Distrito de Portalegre», a «Rabeca»,
assim como a «Vida Mundial». Muitas vezes eu é que ia ao correio fazer o envio.
Residindo em Santarém a maior parte do tempo, nunca esqueceu
Portalegre. Acompanhava o viver da cidade através dos jornais locais, hoje o
«Alto Alentejo», e da «Rádio Portalegre». Quantas vezes o Manel me dava as
notícias do que por cá se passava. Amou Portalegre.
Depois da MC, é o Manel que parte. Que vazio!
Senti uma grande necessidade de exteriorizar a dor desta perda
de forma pública. Não é meu hábito. É a Vida. Que continua.