\ A VOZ PORTALEGRENSE

quarta-feira, outubro 16, 2024

António Barreto o diz

 

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segunda-feira, outubro 14, 2024

Marcelices de Marcelo

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Que se faça as interpretaçãos que se quiser!

sexta-feira, outubro 11, 2024

AA - América(s)

 

América(s)

O europeu acha que os EUA é Nova Iorque, com os seus arranha-céus, a Broadway, o Central Park, Manhattan e a sua Fifth Avenue, Times Square. Tudo é opulência, que vive paredes-meias com todo o tipo de pobreza, desde drogas, prostituição, à mais vil miséria humana, cardápio que não é servido ao turista que a visita.

Ao contrário do que o europeu pensa, Nova Iorque não representa a América. A verdadeira é aquela percorrida de Leste a Oeste pela Route 66, ou a América Sulista versus a América Nortista. A verdadeira América não se encontra em Nova Iorque ou na Califórnia, locais de visita turística, mas não do verdadeiro sentir americano. Não há uma América mas sim várias América(s). As Costa Leste e Oeste, onde vive a maioria dos americanos, é uma manta de retalhos étnicos e religiosos, um melting pot sempre efervescente, que se incendeia ao mais pequeno rastilho.

O Sul, derrotado mas não vencido, mantém um viver próprio, diferente do Norte, onde a usura continua lema. O Interior, aquela América Profunda, mantém o espírito dos Pais Fundadores, fiel à Tradição.

Hoje os EUA não são a potência hegemónica de outrora. As elites estão decadentes, a economia começa a ser suplantada por outras que estão no Pacífico. A grandeza de outrora foi substituída por guerras directas ou por procuração em diferentes partes do globo, com vitórias de Pirro e derrotas cada vez mais humilhantes.

Uma América dividida, uma América que cada vez mais é um gigante com pés de barro. Um governo em Washington, DC, refém de lóbies poderosos, que fomentam guerras seja na Europa, seja no Médio Oriente. Lóbies que em tudo vêm economia e que querem tomar conta de tudo o que é riqueza ou produz riqueza no planeta.

Esta América vai a eleições na primeira terça-feira do próximo Novembro.

Ganhe quem ganhar, será mau para a Europa. Quando é que a Europa ‘acordará’? A chamada protecção dos EUA à Europa nunca visou o seu bem, mas sim os interesses dos EUA. A História o demonstra.

A Europa está numa encruzilhada. Ou continua refém dos EUA, ou recorre à Geografia e vira-se para si mesma.

Mário Casa Nova Martins

 

P. S. – Faleceu no passado 2 de Outubro o Eng. Saúl Tomás Cândido. Um Homem íntegro. Honrou-me com a sua Amizade. Que descanse em Paz.

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quarta-feira, outubro 09, 2024

Trump - Harris e a (im)parcialidade

Quando Kamala Harris "ganhou" o debate! Ai a matemática, que tão maltratada é.

A 'vontade' da comunicação social portuguesa na vitória de Kamala é tanta, que até aldrabam as percentagens!

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Quanto à parcialidade da comunicação, não devem nem podem restar dúvidas. A narrativa mediática dos grandes meios e da chamada “informação de referência” – do New York Times ao Economist, do Le Monde, ao El País e aos nossos correspondentes e comentadores – não se dá sequer ao trabalho de simular isenção. Porque afinal, no ringue de combate, alguém tem de encarnar o Mal; e Trump, a besta loira, o diabo em pessoa, fá-lo na perfeição.

Jaime Nogueira Pinto

in: https://observador.pt/opiniao/a-america-dividida-e-que-nos-divide/

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segunda-feira, outubro 07, 2024

Coimbra

Pelas tuas ruas da Alta

Vivemos loucos amores,

Promessas olhando a Lua

Sonhos, quimeras e dores!


Pelas tuas ruas da Baixa

Onde comprámos livros,

Passeámos tão divertidos

Como Grandes Amigos!


Pelas tuas ruas da Baixinha

Em tascas petiscámos,

Sentindo os teus cheiros

Que bem nos deliciámos!


E Mulheres de Vida,

Que em suas Vidas,

Sofridas,

Perdidas,

Se sentavam connosco à mesa

Naquelas noites vazias,

De incerteza,

Num amor comprado,

Jamais amado,

Fingido.

Confidenciavam

Tristeza e amargura,

Com doçura,

Numa Rua Direita

No nome

Mas tão estreita,

Tão sinuosa e comprida,

Quanto sentida,

Por Aquelas Mulheres

Da Vida.

 

Sós como nós!

Quarta-feira, 29 de Abril de 2009

quarta-feira, setembro 25, 2024

AA - Evolução na continuidade

Evolução na continuidade

Quando a Esquerda ganha as eleições, ela ganha. Mas quando as perde, ela ganha também, porque a Direita não aplica as suas ideias e submete-se à Esquerda.

O parágrafo anterior é a realidade de meio século de Socialismo travestido por vezes de Social-Democracia em Portugal. 1974-2024, cinquenta anos que começaram com a tentativa da implantação da Democracia Popular, vulgo Comunismo, entre 11 de Março de 1975 e 25 de Novembro de 1975, seguido de ininterrupta ‘via p’ró Socialismo’, um «abrir caminho para uma sociedade socialista» que em tempos a Constituição da República celebrava no seu preâmbulo, mas que nunca deixou de andejar no sentido da miséria do Socialismo. Pelo meio, bancarrotas, resgates, clientelismo, fraudes, corrupção, dependência e subsidiodependência.

Há semanas que o Orçamento de Estado para 2025 é tema na praça pública. Ainda não é conhecido o documento, mas já há partidos que afirmam ir votar contra, outros que impõem condições severas para que o venham a aprovar. Em suma, um ‘circo mediático’ cuja principal finalidade é desviar a atenção dos Portugueses da crua realidade social em que o país está mergulhado.

Não será difícil adivinhar que o próximo Orçamento de Estado continuará a famigerada caminhada para o Socialismo, penalizando Famílias e Empresas, favorecendo os lóbies que sustentam o governo, as instituições e fundações onde a Esquerda mais radical faz apologia das maiores aberrações e de situações contra-natura. Também será penalizado quem trabalha, quem cria riqueza e será favorecida a subsidiodependência. Nada de novo, portanto.

Segundo estudos de opinião mais recentes, dando-lhe crédito, o que por vezes não é fácil, o enorme Centrão, PS+PSD, continua largamente maioritário, a Extrema- Esquerda, Livre, Bloco de Esquerda, PCP, não cresce, e a Direita desce um pouco.

Quanto à Direita, não se sabe que partido ou partidos a representam. O Chega está na economia entre PSD e PS. O CDS não tem voz, debaixo da ´pata’ do PSD. O próprio PSD diz-se Social-Democrata, e na economia está perto do Socialismo que o PS defende. A IL diz-se não de Direita, mas tem um programa económico de Direita, semelhante, salvaguardando a diferença temporal, ao do CDS quando as ideias do Grupo de Ofir eram dominantes no partido.

Posto isto, só há que respeitar a vontade popular, se bem que não deixe de ser curioso ouvir e ler tanta crítica ao Centrão, e depois continuadamente dão-lhe o voto!

Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, setembro 13, 2024

AA - Silly Season

Silly Season

Há muito que este inglesismo entrou no vocabulário português, significando um período do ano, concretamente o mês de Agosto, com escassez de acontecimentos sejam de que ordem for.

No caso da política e dos políticos ambos dizem estar de férias, gerando a ‘silly season’, e quando voltam marcam esse regresso com uma festa popular a que dão o nome de ‘rentrée.’

Este Agosto de 2024 não foi excepção. E lá se viu comícios-festa, ‘universidade de verão’, ‘academia socialista’, e outras formas de marcar a agenda política para os meses seguintes. Tudo em nome da democracia, cada um com a sua democracia.

Mas nesta ‘silly season’ tiveram lugar umas eleições presidenciais que se tornaram, como agora é de bom-tom dizer-se, ‘virais’. Aconteceram na Venezuela, um país que graças ao petróleo já foi rico e que agora graças ao Socialismo é pobre. Mas isso são ‘contas de outro rosário’.

Segundo os resultados da Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela, o vencedor teve 51,2 % dos votos e o vencido 44,2 %. Contudo, ‘observadores’ dizem que o vencedor teve 20 % e o vencido 60 %.

Sempre se soube que na Venezuela as eleições iriam ser fraudulentas, como acontecera nas anteriores, para que a ‘nomenklatura’ continuasse no poder. E assim vai a América Latina.

Na Europa e Médio Oriente continuam as guerras, seja ‘por procuração’, ou legítimas consoante o lado em que os contendores se encontram. Mas outras guerras híbridas ou menos híbridas continuam pelos dois hemisférios. Sempre a busca pela posse dos recursos naturais. Tudo é economia.

E em Portugal continua a discutir-se ‘o sexo dos anjos’, concretamente sobre o conceito de ‘pessoas que menstruam’ e outras temáticas Woke, às quais se ‘associou’ o partido do Governo e o próprio Governo.

Neste ‘fim de tempo’, ‘festas e romarias’ contentam o viver dos Portugueses, tal como no conto da Cigarra e da Formiga. Vive-se o tempo da Cigarra, mas em breve virá o tempo em que a Formiga, avisada e ajuizada, provará ter a razão pelo seu lado.

A instabilidade política portuguesa é real. Um presidente da República circense, um Governo que governa pensando constantemente em próximas eleições, uma Oposição à Direita e à Esquerda que caminha com desnorte, e uma Esquerda Radical altamente minoritária que age como ‘senhora e detentora das virtudes wokistas’.

Aproxima-se o Outono, um outono que pode ter inúmeros sentidos. Nenhum será bom.

Mário Casa Nova Martins

quarta-feira, agosto 14, 2024

Olimpíadas - Bergoglio

Esperavam os Católicos que o Jesuíta Bergoglio tomasse uma posição sobre o ataque que a Igreja Católica sofreu no blasfemo espectáculo da abertura dos Jogos Olímpicos em Paris.

Nada! ‘Aos costumes nada disse’!

Uma vez mais, Bergoglio mostrou com o seu sepulcral silêncio que é conivente com o Wokismo, com o Esquerdismo.

Não surpreendeu.

Os ‘Fumos de Satanás’, de que uma vez Paulo VI falou, tornaram-se reais neste famigerado pontificado do anti-papa Bergoglio.

Mário Casa Nova Martins


terça-feira, agosto 13, 2024

Olimpíadas - Judaismo II

O Judeu responsavel pela judiaria feita à Última Ceia.

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segunda-feira, agosto 12, 2024

Olimpíadas - Judaismo I

O problema dos ateus e demais snobes, entretidos a citar obras obscuras e a sua pretensa erudição, é que são incapazes de “sentir” o essencial do que foi feito.

Meteram crianças no meio de um bacanal grotesco que é - também, e evidentemente - uma “gross mockery” à Última Ceia e a Jesus Cristo, desde logo, e isso era suficiente, pela auréola da gorda, Judia, queer, lesbica (como a própria se define, e está, como escreve, 'realmente orgulhosa'!). 
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sexta-feira, agosto 09, 2024

Olimpíadas - Melénchon

Jean-Luc Melénchon,
Alain e Finkielkraut,
Marion Maréchal,
três depoimentos insupeitos. 

quinta-feira, agosto 08, 2024

Olimpíadas - Alain Finkielkraut

Jean-Luc Melénchon,
Alain e Finkielkraut,
Marion Maréchal,
três depoimentos insupeitos. 

quarta-feira, agosto 07, 2024

Olimpíadas - Marion Maréchal

Jean-Luc Melénchon,
Alain e Finkielkraut,
Marion Maréchal,
três depoimentos insupeitos.

terça-feira, agosto 06, 2024

Olimpiadas - Demoníaca e perturbadora

COMUNICADO DE IMPRENSA: CERIMÓNIA DE ABERTURA DOS JOGOS OLÍMPICOS - DEMONÍACA E PERTURBADA.

O Senador Ralph Babet apelou aos australianos para que ignorem os Jogos Olímpicos após uma cerimónia de abertura que descreveu como "demoníaca e perturbada".

E insistiu para que os organizadores dos Jogos Olímpicos de Brisbane prometam não repetir o "festival de acordes anti-cristãos a que o mundo assistiu em Paris durante a noite".

"Digam-me o que é que uma figura feminina obesa semelhante a Jesus, com discípulos transgéneros, tem a ver com o desporto", disse o Senador Babet.

"A cerimónia de abertura dos Jogos de Paris não foi uma celebração do desporto nem uniu o mundo.

"Em vez disso, as elites acordadas - que, à boa maneira, estragam tudo aquilo em que tocam - utilizaram a cerimónia para lançar ideias satânicas e insultar as pessoas de fé de todo o mundo.

"Desde quando é que desfilar o transgenderismo e fazer o dedo do meio a Jesus Cristo constitui um esclarecimento?

"Isto foi uma vergonha que deveria ser denunciada por pessoas decentes de todo o mundo.

"As famílias que se sentaram para assistir à Cerimónia de Abertura, ontem à noite, nunca teriam imaginado aquilo a que os seus filhos estavam prestes a ser sujeitos.

"Mas diz-nos tudo sobre o ponto em que se encontra a cultura ocidental neste momento e sobre aqueles que insistem em dirigir e arruinar as nossas instituições.

"A imundície, a degenerescência e a perversão sexual são agora consideradas uma celebração do Ocidente. Se as pessoas de bem não encontrarem a sua voz e não reagirem a esta situação, receio que a nossa civilização se perca em breve.

O senador Babet afirmou que cabe ao primeiro-ministro Anthony Albanese e ao líder da oposição, Peter Dutton, manifestarem-se contra o que o mundo testemunhou ontem à noite.

"Se os líderes das nossas nações são tão apáticos ou têm tanto medo que não dizem nada quando a cultura ocidental é tão espectacularmente destruída, então eu questionaria o que estão a fazer ao ocuparem altos cargos", afirmou.

"O que vimos em Paris não foi uma representação da França, ou da fé cristã que construiu a Europa, ou dos valores ocidentais que sustentam o mundo livre.

"Em vez disso, foi um lembrete de que os globalistas satânicos governam o mundo, e continuarão a fazê-lo até que as pessoas encontrem a coragem de os chamar a atenção e dizer que já chega.

"Confiámos aos franceses a realização de um evento que reunisse o mundo e que promovesse tudo o que é saudável.

"Em vez disso, utilizaram a sua posição privilegiada para espalhar a bílis satânica e ridicularizar a fé cristã.

"Não basta que as pessoas de bem se limitem a encolher os ombros, pois essa reacção é o que encoraja aqueles que odeiam o Ocidente a continuar.

"Se Anthony Albanese e Peter Dutton, que se dizem cristãos, tiverem alguma convicção, condenarão a exibição ultrajante a que assistimos em Paris e prometerão aos australianos que os Jogos Olímpicos de Brisbane não serão uma repetição da degenerescência e da podridão cultural a que todos assistimos com os nossos próprios olhos ontem à noite", afirmou o Senador Babet.

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Considerações finais:

Espero que agora tenha ficado mais evidente todo o simbolismo, desde a blasfémia da Ceia de Cristo, que representa o fim da religião, como a mulher sem cabeça vestida de vermelho, como o cavalo pálido que simboliza o inferno a morte da mente, morte do corpo e morte espiritual.

segunda-feira, agosto 05, 2024

Olimpismo em França 2024

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sexta-feira, agosto 02, 2024

Olimpíadas - Ataque à Fé Católica

A abertura dos Jogos Olímpicos foi um ataque à Fé Católica.

Fizeram até uma paródia do martírio de São Denis, o bispo que evangelizou a Gália (actual França) no século III.

São Denis foi decapitado em frente a uma igreja que ele mesmo construiu na actual região da França (antiga Gália, na época romana). Após ter sua cabeça cortada, São Denis continuou vivo, abaixou e recolheu sua cabeça, posicionando-a rente ao seu tronco e, após dizer que perdoava seus carrascos detractores, caminhou de volta a sua igreja, onde enfim saboreou do Cálice de Cristo (martírio).

São Denis é o padroeiro da França. O vermelho (a mesma cor do vestido da "Maria Antonieta" da encenação satânica) na bandeira da França é em alusão a ele.

O penteado do cabelo do figurino da encenação foi de tal modo penteado a fim de se parecer com a mitra (chapéu) de São Denis.

quinta-feira, agosto 01, 2024

Olimpíadas - O Cavalo Branco

O que significa o cavalo branco:

"Eis um Cavalo Pálido" é uma frase com origem na Bíblia, especificamente do Livro do Apocalipse 6:8, que diz:

"E eu olhei, e eis um cavalo pálido: e o nome daquele que estava sentado sobre ele era Morte, e o Inferno o seguia. E foi dado a eles poder sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a morte, e com as feras da terra."

Nesse contexto, o cavalo pálido é um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, representando a Morte. O simbolismo do cavalo pálido é multifacetado:

1. **Morte e Mortalidade**: O cavalo pálido é um símbolo da morte, do declínio e do fim da vida. Representa a inevitabilidade da mortalidade e a destruição que vem com ela.

2. **Destruição e Caos**: O cavalo é frequentemente associado à guerra, à fome e à peste, que são as consequências das acções humanas e da ira de Deus.

3. **Morte Espiritual**: O cavalo pálido também pode representar a morte espiritual, ou a separação de Deus e a perda da vitalidade espiritual.

4. **Apocalipse e Julgamento**: Como um dos Quatro Cavaleiros, o cavalo pálido é um precursor do apocalipse, sinalizando o fim do mundo como o conhecemos e a vinda do julgamento.

terça-feira, julho 30, 2024

Entre a Última Ceia e a Festa dos Deuses

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ENTRE A ÚLTIMA CEIA E A FESTA DOS DEUSES

Na sequência da polémica causada por uma das cenas da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, muitos sabichões, inclusive comentadores das nossas televisões como Ana Gomes, criticaram a reacção dos católicos que se indignaram. Então esses católicos não sabiam que essa cena era uma adaptação de um quadro de um pintor neerlandês sobre o tema "O Festim dos deuses" e que não tinha nada a ver com a "Última Ceia" de Leonardo da Vinci?? Pois bem, fiz uma pequena investigação que agora partilho convosco com as respectivas imagens.

Quadro 1 - Leonardo da Vinci pinta a fresco em Milão "A Última Ceia" (1495). Com o passar do tempo esta imagem torna-se um ícone desse episódio estruturador do Cristianismo. De acordo com o Evangelho, a Eucaristia foi instituída por Cristo nesse momento, que os católicos celebram sempre na Quinta Feira Santa.

Quadro 2 - Rafael, em 1515, usa o mesmo envolvimento para pintar o festim dos deuses, num período em que a obra de Leonardo ainda não tinha ganho a fama. Estamos no apogeu do Renascimento, no mesmo ambiente intelectual que ainda vai ser usado, por exemplo, por Camões em "Os Lusíadas" e a Igreja está sedenta de reforma.

Mas essa reforma, desencadeada por Lutero a partir de 1517 vai trazer mais do que a reforma das instituições, que quase todos desejavam. Lutero nega a maior parte dos sacramentos, incluindo a Eucaristia e o mistério da consubstanciação.

Certamente por isso, os artistas que continuaram a pintar o Festim dos Deuses, colocaram-no antes num jardim, separando a tradição greco-romana das novas polémicas suscitadas pela Reforma. A memória da Última Ceia ganhou um novo sentido desde então e passou a ser preservada.

Quadro 3 - O festim dos deuses por Ticiano (1490-1576) (iniciado por Bellini (1436-1516), mas terminado por Ticiano que pintou precisamente a envolvência)

Quadro 4 - O festim dos deuses por Rubens (1577-1640)

Quadro 5 - O festim dos deuses atribuído a Jan van Balen e a Hendrik van Kessel, moradores na católica Antuérpia em meados do século XVII

Outros temas semelhantes, como o triunfo de Baco por Velasquez (1629) também foram pintados na envolvência de um jardim.

Os nossos simpáticos e inocentes organizadores dos Jogos desconhecem toda esta tradição católica ou pura e simplesmente ignoraram-na. Rubens? Ticiano? pfff

Entretanto, em 1635, Jan Harmensz van Bijlert, neerlandês calvinista estabelecido em Utrecht, que visitara Itália e se deixou influenciar por Caravaggio, resolveu também pintar o festim dos deuses, mas ao contrário do que faziam os seus colegas católicos de Antuérpia, resolveu repor o Festim em torno de uma mesa, ao modo da icónica "Última Ceia".

Resumindo:

O quadro de Bijlert não é "a" representação original do Festim dos deuses, que foi pintado em plena contra-reforma por católicos num outro enquadramento.

O quadro de Bijlert, produzido em plena Guerra dos Trinta Anos, quando católicos e protestantes se enfrentavam cruelmente nos campos de batalha e disputavam sem quartel as questões teológicas nos púlpitos e nos livros, tem de ser entendido num enquadramento de afrontamento contra o mundo católico. Bijlert, que viajara por Itália, sabia o que estava a fazer.

Os simpáticos organizadores dos Jogos talvez não soubessem esta pequena História que aqui vos alinhavei, mas a sua ignorância não os torna inocentes. Já os comentadores televisivos são de facto, na sua grande maioria, inocentes ignorantes.

João Paulo Oliveira e Costa

sexta-feira, julho 26, 2024

AA O caso de Olivença

O caso de Olivença

Olivença é o símbolo de um Iberismo permanente. O Iberismo está vivo em cada castelhano, e só não é mais agressivo porque a Catalunha, o País Basco e a Galiza mantêm fortes aspirações nacionais, e desviam o foco de Portugal. Não muito recentemente o partido VOX espalhou um cartaz de propaganda política no qual a Península Ibérica era um só Estado, Portugal estava ‘incluído’ na Espanha.

Fala-se muito do Tratado entre a Alemanha Nazi de Hitler e a Rússia Soviética de Estaline, o Pacto Ribbentrop – Molotov de 1939, que fazia a partilha da Polónia, Países Bálticos e outros. Mas não se fala do Tratado de Fontainebleau de 1807, assinado entre a França de Napoleão e a Espanha Bourbónica, no qual Portugal era divido em três partes, o Reino da Lusitânia Setentrional (Entre-Douro e Minho) destinado à Rainha da Etrúria, o Principado dos Algarves (Alentejo e Algarve) concedido a Manuel de Gody ministro de Carlos IV, e a parte restante (Trás-os-Montes, Beira, Estremadura) ficaria ‘em depósito até à paz’.

Existe hoje em Espanha, como no passado, uma literatura abertamente na defesa do Iberismo, da integração de Portugal na ‘Grande Hespanha’. Entre outros exemplos, tem-se «Iberia, 9 dezembro 2022, por Jorge Ruiz Morales», «Iberismo: Hacia la unión de España y Portugal (Historia), 31 janeiro 2023, por Javier Martínez-Pinna (Coredactor)», «Repensar Iberia: Del Iberismo Peninsular al Horizonte Europeu (Ensaio), 12 fevereiro 2024, por Ramon Villares». Em Portugal também há quem defenda o Iberismo, mas sem o vigor dos espanholistas.

Mas enquanto Madrid ‘sonha’ com a União Ibérica, e quer ‘recuperar’ Gibraltar, ‘esquece’ os enclaves marroquinos de Ceuta e Melilla. Interessante ler «Ceuta, Melilla, Olivenza y Gibraltar: ¿Dónde acaba España? (Sociologia y Politica), 1 outubro 2003, por Máximo Caial (Autor), Sebastián García Schnetzer (Diseño gráfico), Alejandro Garcia Schnetzer (Diseño gráfico)».

Recorde-se que em 1704, as forças anglo-holandesas capturaram Gibraltar à Espanha durante a Guerra da Sucessão Espanhola, e que esse território foi cedido à Grã-Bretanha em perpetuidade ao abrigo do Tratado de Utrecht em 1713.

Quanto a Olivença, o Tratado de Alcanizes de 1297, estabelecia Olivença como parte de Portugal. Em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, Olivença foi anexada. Em 1817 a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815, comprometendo-se à entrega do território o mais prontamente possível. Até aos dias de hoje, não aconteceu.

Mário Casa Nova Martins

domingo, julho 14, 2024

Henrique Barrilaro Ruas e Camões

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Passam hoje vinte e um anos que faleceu Henrique Barrilaro Ruas (Figueira da Foz, 2-3-2021 / Cascais, 14-07-2003).
Neste ano das Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luis Vaz de Camões, é justo lembrar o Camoniano Henrique Barrilaro Ruas, e a Obra que escreveu e editou sobre o Poeta.

sexta-feira, julho 12, 2024

AA Manuel António Baptista Casa Nova

Manuel António Baptista Casa Nova

(Portalegre, 15-10-1945 – Santarém, 2-7-2024)

A nossa geração de primos direitos Casa Nova era constituída por uma rapariga e quatro rapazes. Cronologicamente, o MA, o JJ, o AC, a MC, o MJ. A diferença etária entre o mais velho, o Manel, e o mais novo, eu, era dez anos e nove meses. Nascemos e vivemos a nossa infância e juventude em Portalegre. Os nossos Pais fizeram com que esse tempo fosse bom. Um tempo de crescer despreocupadamente. Tudo tivemos, nada nos faltou.

A nossa grande referência era a Avó Joana. Ela unia toda a Família, e quando nos deixou, foi o fim de um tempo.

Quando acabámos o Liceu, três foram para Lisboa, um para Santarém, e outro para Coimbra. A partir daí tudo foi diferente. A última vez que os cinco estivemos juntos foi no funeral da Tia Ascensão, que dos nossos Pais foi a última a deixar-nos.

Diz-se que em todas as famílias há uma ‘bête noire’. Lamento, mas nenhum dos cinco o foi ou é.

Mas, também, há sempre nas famílias um ‘patinho feio’. E na nossa geração de primos, o ‘patinho feio’ era o Manel.

Porventura o Manel seria o melhor dos cinco. Coração grande, generoso, confiável, sempre presente. Despretensioso, cordato, afável, criava Amizades que perduraram. Sério, integro, profissional competente. Marido, Pai, Avô. Viveu habitualmente.

O Manel era a Memória viva da Família. Sabia os parentescos, as datas, as histórias. Qualquer dúvida, ele tirava.

Literatura e cinema, as suas grandes paixões. Em Portalegre pertenceu ao cine clube da época, sabia de cinema como poucos. Nunca deixou de ler e ver cinema. Dos mais cultos de nós.

Quando esteve em Angola não perdeu a ligação a Portalegre. A Avó Joana enviava-lhe todas as semanas «O Distrito de Portalegre», a «Rabeca», assim como a «Vida Mundial». Muitas vezes eu é que ia ao correio fazer o envio.

Residindo em Santarém a maior parte do tempo, nunca esqueceu Portalegre. Acompanhava o viver da cidade através dos jornais locais, hoje o «Alto Alentejo», e da «Rádio Portalegre». Quantas vezes o Manel me dava as notícias do que por cá se passava. Amou Portalegre.

Depois da MC, é o Manel que parte. Que vazio!

Senti uma grande necessidade de exteriorizar a dor desta perda de forma pública. Não é meu hábito. É a Vida. Que continua.

Mário Casa Nova Martins