\ A VOZ PORTALEGRENSE: Novos Hábitos à Direita

segunda-feira, abril 08, 2024

Novos Hábitos à Direita

Que Direita há hoje no Parlamento português, é uma pergunta que na actualidade tem razão de ser.

Como definiu Giuseppe Prezzolini, a Direita é o conjunto das Direitas, as que conhecemos e as que esquecemos.

Não há Direita, mas sim Direitas, e numa Democracia perfeita, teria que haver Direitas e Esquerdas. Contudo não era isso que acontecia em Portugal desde 1976, ano em que tiveram lugar as primeiras eleições legislativas do regime que inaugurou a presente Terceira República.

Durante décadas no Parlamento apenas existiu um partido que, umas vezes timidamente, outras nem tanto, se definia como de Direita, o CDS, depois PP, depois CDS-PP, que com altos e baixos na representação Parlamentar caminhou até se diluir no passado 10 de Março no partido à sua esquerda.

Entretanto um novo partido conseguiu representação parlamentar, e veio mudar a face do Parlamento português, primeiro com um deputado, depois com doze e agora com cinquenta.

O Chega, desde a primeira hora se definiu de Direita, provocando no mainstream o maior dos sobressaltos.

Será oportuno lembrar que na Inventona do 28 de Setembro de 1974 foi proibido o partido mais importante de Direita, que se formara após o 25 de Abril desse ano, o Partido do Progresso, Partido do Progresso – Movimento Federalista Português.

Que se recorde que após a Quartelada de 11 de Março de 1975 foi proibido de concorrer às eleições legislativas desse ano o Partido da Democracia Cristã (PDC), que era no momento o partido mais forte e importante da Direita.

Ao CDS, definido como Centrista, foi-lhe permitido apresentar-se às eleições, e de então até ao aparecimento do Chega ao Parlamento era a Direita possível.

PPD, ou PSD, ou PPD-PSD nunca se afirmou de Direita, se bem que aceitasse de bom grado os votos da maioria do Povo da Direita que não escolhia o CDS, ou PP, ou CDS-PP.

Também se refira que o CDS votou contra a primeira versão da actual Constituição, socialista-marxista, quiçá o momento mais importante da sua História.

O crescimento do Chega fez desaparecer o CDS do Parlamento. Agora este regressa pela mão do PSD, onde está praticamente diluído.

Também surgiu no Parlamento um novo partido, a Iniciativa Liberal. De início definiu-se de Esquerda, querendo ficar sentada no Hemiciclo entre PS e PSD. Cresceu na eleição seguinte, e manteve o número de eleitos nesta última. Entretanto começou um ziguezague ideológico, e assim sendo o seu futuro poderá a vir a ser idêntico ao do CDS, a integração no PSD.

Desta forma, fica sozinho o Chega como o verdadeiro e único partido de Direita em Portugal com representação parlamentar.

Pela primeira vez nesta Terceira República existe um partido Conservador de Direita no Parlamento português, assumido. E enquanto assim se mantiver, se a sua vertente ideológica continuar coerente, se representar os verdadeiros Valores de Direita, a Família, a Propriedade, o Trabalho, a Liberdade, será a Direita que faz falta.

Uns tentaram, outros falharam, ainda outros não quiseram assumir ser de Direita, serem Direita. Hoje o Chega ocupa o espaço de uma Direita das Direitas.

Mário Casa Nova Martins