Novos Hábitos à Direita
Como definiu Giuseppe Prezzolini, a Direita é o conjunto das
Direitas, as que conhecemos e as que esquecemos.
Não há Direita, mas sim Direitas, e numa Democracia perfeita,
teria que haver Direitas e Esquerdas. Contudo não era isso que acontecia em
Portugal desde 1976, ano em que tiveram lugar as primeiras eleições
legislativas do regime que inaugurou a presente Terceira República.
Durante décadas no Parlamento apenas existiu um partido que,
umas vezes timidamente, outras nem tanto, se definia como de Direita, o CDS,
depois PP, depois CDS-PP, que com altos e baixos na representação Parlamentar
caminhou até se diluir no passado 10 de Março no partido à sua esquerda.
Entretanto um novo partido conseguiu representação
parlamentar, e veio mudar a face do Parlamento português, primeiro com um
deputado, depois com doze e agora com cinquenta.
O Chega, desde a primeira hora se definiu de Direita,
provocando no mainstream o maior dos
sobressaltos.
Será oportuno lembrar que na Inventona do 28 de Setembro de 1974
foi proibido o partido mais importante de Direita, que se formara após o 25 de
Abril desse ano, o Partido do Progresso, Partido do Progresso – Movimento Federalista
Português.
Que se recorde que após a Quartelada de 11 de Março de 1975
foi proibido de concorrer às eleições legislativas desse ano o Partido da
Democracia Cristã (PDC), que era no momento o partido mais forte e importante
da Direita.
Ao CDS, definido como Centrista, foi-lhe permitido
apresentar-se às eleições, e de então até ao aparecimento do Chega ao Parlamento
era a Direita possível.
PPD, ou PSD, ou PPD-PSD nunca se afirmou de Direita, se bem
que aceitasse de bom grado os votos da maioria do Povo da Direita que não
escolhia o CDS, ou PP, ou CDS-PP.
Também se refira que o CDS votou contra a primeira versão da
actual Constituição, socialista-marxista, quiçá o momento mais importante da
sua História.
O crescimento do Chega fez desaparecer o CDS do Parlamento.
Agora este regressa pela mão do PSD, onde está praticamente diluído.
Também surgiu no Parlamento um novo partido, a Iniciativa
Liberal. De início definiu-se de Esquerda, querendo ficar sentada no Hemiciclo
entre PS e PSD. Cresceu na eleição seguinte, e manteve o número de eleitos
nesta última. Entretanto começou um ziguezague ideológico, e assim sendo o seu
futuro poderá a vir a ser idêntico ao do CDS, a integração no PSD.
Desta forma, fica sozinho o Chega como o verdadeiro e único
partido de Direita em Portugal com representação parlamentar.
Pela primeira vez nesta Terceira República existe um partido
Conservador de Direita no Parlamento português, assumido. E enquanto assim se
mantiver, se a sua vertente ideológica continuar coerente, se representar os verdadeiros
Valores de Direita, a Família, a Propriedade, o Trabalho, a Liberdade, será a
Direita que faz falta.
Uns tentaram, outros falharam, ainda outros não quiseram
assumir ser de Direita, serem Direita. Hoje o Chega ocupa o espaço de uma
Direita das Direitas.
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