\ A VOZ PORTALEGRENSE: AA - O Dissolvente

sexta-feira, abril 19, 2024

AA - O Dissolvente

O Dissolvente

O adjectivo ‘dissolvente’ define-se como “Que o que tem a propriedade de dissolver”.

Em sentido figurado, o adjectivo ‘dissolvente’ é “Que ou aquilo que desorganiza ou corrompe. Igual a corruptor, desorganizador”.

Desde que ocupa o Palácio de Belém, o seu actual inquilino duas vezes dissolveu a Assembleia da República, uma vez dissolveu a Assembleia Legislativa dos Açores, uma vez dissolveu a Assembleia Legislativa da Madeira.

E diga-se que em todas as eleições antecipadas, mesmo prevendo o próximo resultado eleitoral na Região Autónoma da Madeira, sempre ganhou o partido que o presidente da República apoia, e no qual antes de ocupar a actual função política desempenhou os mais altos cargos.

A partir do dia 9 de Setembro de 2025, o dito inquilino de Belém já não pode exercer o seu poder de dissolver qualquer um dos Parlamentos, Regional ou da República.

Mas, até lá, será que, passados os prazos constitucionais, o presidente da República ainda irá fazer mais alguma dissolução parlamentar?

Esta pergunta será pertinente, dado o caracter de dissolvente do presidente da República. A sua forma de fazer política é marcada por uma forma disruptiva de tratar a causa pública, criando factos políticos, não se mostrando confiável a adversários e principalmente a aliados, contribuindo para o descrédito da função que desempenha, abastardando a Presidência da República.

Num tempo de grandes desafios que Portugal e principalmente a União Europeia atravessam, tudo o que possa descredibilizar a Política, terá num futuro próximo graves consequências para o próprio funcionamento das Instituições portuguesas e europeias. E o presidente da República não tem dado contributos positivos para que os portugueses tenham confianças nas Instituições.

Contenção nos actos e nas palavras seria o mínimo que se poderia esperar e desejar do presidente da República até ao final do seu mandato em 2026. Mas dada a natureza do mesmo, tal não se afigura possível.

Como jornalista e comentador político foi parcial, como político não criou consensos mas divergências graves dentro e fora do partido que chegou a liderar, como presidente da República quis ser presidente-rei. Procurou o apoio das massas através da forma circense, a ponto de hoje ser motivo de chacota as ‘selfies’, os abraços, os apertos de mão.

A marca que irá deixar quando abandonar o Palácio de Belém não será positiva, pelo contrário. Se o regime fosse monárquico, quiçá, o seu cognome seria «O Dissolvente».

Mário Casa Nova Martins