\ A VOZ PORTALEGRENSE: AA O caso de Olivença

sexta-feira, julho 26, 2024

AA O caso de Olivença

O caso de Olivença

Olivença é o símbolo de um Iberismo permanente. O Iberismo está vivo em cada castelhano, e só não é mais agressivo porque a Catalunha, o País Basco e a Galiza mantêm fortes aspirações nacionais, e desviam o foco de Portugal. Não muito recentemente o partido VOX espalhou um cartaz de propaganda política no qual a Península Ibérica era um só Estado, Portugal estava ‘incluído’ na Espanha.

Fala-se muito do Tratado entre a Alemanha Nazi de Hitler e a Rússia Soviética de Estaline, o Pacto Ribbentrop – Molotov de 1939, que fazia a partilha da Polónia, Países Bálticos e outros. Mas não se fala do Tratado de Fontainebleau de 1807, assinado entre a França de Napoleão e a Espanha Bourbónica, no qual Portugal era divido em três partes, o Reino da Lusitânia Setentrional (Entre-Douro e Minho) destinado à Rainha da Etrúria, o Principado dos Algarves (Alentejo e Algarve) concedido a Manuel de Gody ministro de Carlos IV, e a parte restante (Trás-os-Montes, Beira, Estremadura) ficaria ‘em depósito até à paz’.

Existe hoje em Espanha, como no passado, uma literatura abertamente na defesa do Iberismo, da integração de Portugal na ‘Grande Hespanha’. Entre outros exemplos, tem-se «Iberia, 9 dezembro 2022, por Jorge Ruiz Morales», «Iberismo: Hacia la unión de España y Portugal (Historia), 31 janeiro 2023, por Javier Martínez-Pinna (Coredactor)», «Repensar Iberia: Del Iberismo Peninsular al Horizonte Europeu (Ensaio), 12 fevereiro 2024, por Ramon Villares». Em Portugal também há quem defenda o Iberismo, mas sem o vigor dos espanholistas.

Mas enquanto Madrid ‘sonha’ com a União Ibérica, e quer ‘recuperar’ Gibraltar, ‘esquece’ os enclaves marroquinos de Ceuta e Melilla. Interessante ler «Ceuta, Melilla, Olivenza y Gibraltar: ¿Dónde acaba España? (Sociologia y Politica), 1 outubro 2003, por Máximo Caial (Autor), Sebastián García Schnetzer (Diseño gráfico), Alejandro Garcia Schnetzer (Diseño gráfico)».

Recorde-se que em 1704, as forças anglo-holandesas capturaram Gibraltar à Espanha durante a Guerra da Sucessão Espanhola, e que esse território foi cedido à Grã-Bretanha em perpetuidade ao abrigo do Tratado de Utrecht em 1713.

Quanto a Olivença, o Tratado de Alcanizes de 1297, estabelecia Olivença como parte de Portugal. Em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, Olivença foi anexada. Em 1817 a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815, comprometendo-se à entrega do território o mais prontamente possível. Até aos dias de hoje, não aconteceu.

Mário Casa Nova Martins