AA Manuel António Baptista Casa Nova
Manuel António
Baptista Casa Nova
(Portalegre, 15-10-1945 – Santarém, 2-7-2024)
A nossa geração de primos direitos Casa Nova era constituída
por uma rapariga e quatro rapazes. Cronologicamente, o MA, o JJ, o AC, a MC, o
MJ. A diferença etária entre o mais velho, o Manel, e o mais novo, eu, era dez
anos e nove meses. Nascemos e vivemos a nossa infância e juventude em
Portalegre. Os nossos Pais fizeram com que esse tempo fosse bom. Um tempo de
crescer despreocupadamente. Tudo tivemos, nada nos faltou.
A nossa grande referência era a Avó Joana. Ela unia toda a
Família, e quando nos deixou, foi o fim de um tempo.
Quando acabámos o Liceu, três foram para Lisboa, um para
Santarém, e outro para Coimbra. A partir daí tudo foi diferente. A última vez
que os cinco estivemos juntos foi no funeral da Tia Ascensão, que dos nossos
Pais foi a última a deixar-nos.
Diz-se que em todas as famílias há uma ‘bête noire’.
Lamento, mas nenhum dos cinco o foi ou é.
Mas, também, há sempre nas famílias um ‘patinho feio’. E na
nossa geração de primos, o ‘patinho feio’ era o Manel.
Porventura o Manel seria o melhor dos cinco. Coração grande,
generoso, confiável, sempre presente. Despretensioso, cordato, afável, criava
Amizades que perduraram. Sério, integro, profissional competente. Marido, Pai,
Avô. Viveu habitualmente.
O Manel era a Memória viva da Família. Sabia os parentescos,
as datas, as histórias. Qualquer dúvida, ele tirava.
Literatura e cinema, as suas grandes paixões. Em Portalegre
pertenceu ao cine clube da época, sabia de cinema como poucos. Nunca deixou de
ler e ver cinema. Dos mais cultos de nós.
Quando esteve em Angola não perdeu a ligação a Portalegre. A
Avó Joana enviava-lhe todas as semanas «O Distrito de Portalegre», a «Rabeca»,
assim como a «Vida Mundial». Muitas vezes eu é que ia ao correio fazer o envio.
Residindo em Santarém a maior parte do tempo, nunca esqueceu
Portalegre. Acompanhava o viver da cidade através dos jornais locais, hoje o
«Alto Alentejo», e da «Rádio Portalegre». Quantas vezes o Manel me dava as
notícias do que por cá se passava. Amou Portalegre.
Depois da MC, é o Manel que parte. Que vazio!
Senti uma grande necessidade de exteriorizar a dor desta perda
de forma pública. Não é meu hábito. É a Vida. Que continua.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home