AA O caso de Olivença
O caso de Olivença
Olivença é o símbolo de um Iberismo permanente. O Iberismo
está vivo em cada castelhano, e só não é mais agressivo porque a Catalunha, o
País Basco e a Galiza mantêm fortes aspirações nacionais, e desviam o foco de
Portugal. Não muito recentemente o partido VOX espalhou um cartaz de propaganda
política no qual a Península Ibérica era um só Estado, Portugal estava
‘incluído’ na Espanha.
Fala-se muito do Tratado entre a Alemanha Nazi de Hitler e a
Rússia Soviética de Estaline, o Pacto Ribbentrop – Molotov de 1939, que fazia a
partilha da Polónia, Países Bálticos e outros. Mas não se fala do Tratado de
Fontainebleau de 1807, assinado entre a França de Napoleão e a Espanha
Bourbónica, no qual Portugal era divido em três partes, o Reino da Lusitânia
Setentrional (Entre-Douro e Minho) destinado à Rainha da Etrúria, o Principado
dos Algarves (Alentejo e Algarve) concedido a Manuel de Gody ministro de Carlos
IV, e a parte restante (Trás-os-Montes, Beira, Estremadura) ficaria ‘em
depósito até à paz’.
Existe hoje em Espanha, como no passado, uma literatura
abertamente na defesa do Iberismo, da integração de Portugal na ‘Grande
Hespanha’. Entre outros exemplos, tem-se «Iberia, 9 dezembro 2022, por Jorge
Ruiz Morales», «Iberismo: Hacia la unión de España y Portugal (Historia), 31
janeiro 2023, por Javier Martínez-Pinna (Coredactor)», «Repensar Iberia: Del
Iberismo Peninsular al Horizonte Europeu (Ensaio), 12 fevereiro 2024, por Ramon
Villares». Em Portugal também há quem defenda o Iberismo, mas sem o vigor dos
espanholistas.
Mas enquanto Madrid ‘sonha’ com a União Ibérica, e quer
‘recuperar’ Gibraltar, ‘esquece’ os enclaves marroquinos de Ceuta e Melilla.
Interessante ler «Ceuta, Melilla, Olivenza y Gibraltar: ¿Dónde acaba España?
(Sociologia y Politica), 1 outubro 2003, por Máximo Caial (Autor), Sebastián
García Schnetzer (Diseño gráfico), Alejandro Garcia Schnetzer (Diseño
gráfico)».
Recorde-se que em 1704, as forças anglo-holandesas
capturaram Gibraltar à Espanha durante a Guerra da Sucessão Espanhola, e que
esse território foi cedido à Grã-Bretanha em perpetuidade ao abrigo do Tratado
de Utrecht em 1713.
Quanto a Olivença, o Tratado de Alcanizes de 1297,
estabelecia Olivença como parte de Portugal. Em 1801, através do Tratado de
Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, Olivença foi anexada. Em 1817 a
Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de
1815, comprometendo-se à entrega do território o mais prontamente possível. Até
aos dias de hoje, não aconteceu.
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