\ A VOZ PORTALEGRENSE: AA - Declínio e Queda da Europa

terça-feira, junho 04, 2024

AA - Declínio e Queda da Europa

Declínio e Queda da Europa

«A Roma dos Augustos acabara nos desvios, loucuras e perfídias dos Calígulas e Neros. Uma construção que dominara o mundo e que nos legou a nossa civilização, o famoso Ocidente, descontrolada por excessos de poder, abundância, nepotismo e despotismo, e vigiada de perto pelas hordas de inimigos às portas do império, foi vencida com estrondo e humilhação. Os bárbaros entraram.»

A ‘insuspeita’ Clara Ferreira Alves escreveu o que acima se transcreve na Edição 2689 do passado 10 de Maio na revista “E” do semanário Expresso, página 3. E convida à leitura de duas obras “A História do Declínio e Queda do Império Romano” de Edward Gibbon, editada pela Book Builders em 2020 em dois volumes, e “Considerações sobre as Causas da Grandeza dos Romanos” de Montesquieu, editada pela Assírio & Alvim em 2002, edições que temos.

Esta introdução conduz ao recente ‘festival da eurovisão’. De edição para edição, a decadência instalou-se inexoravelmente, tornando-se o espelho da actual sociedade europeia.

O que conduziu à queda de Roma, e mais tarde de Constantinopla a Oriente, está cada vez mais a acontecer na Europa. E não são os emigrantes os ‘bárbaros’ que estão a destruir a civilização europeia, são os próprios europeus, que hedonisticamente trabalham para o fim da sua própria civilização.

O dito ‘festival da eurovisão’ é a montra dessa decadência, desse fim de um tempo civilizacional, em que a Ética e a Moral se abastardaram, gerando monstruosidades, com a concordância dos poderes políticos, a conivência da hierarquia do catolicismo, a aceitação da cultura degenerada, figura central deste ‘festival de horrores’.

Vive-se o tempo da “civilização faustiana”, que Oswald Spengler enunciou na sua obra «A Decadência do Ocidente», nunca traduzida em Portugal, mas disponível, por exemplo, na edição espanhola Colección Austral da Espasa Calpe.

Está-se no tempo da cultura faustiana, a cultura dionisíaca de Nietzsche em oposição à cultura apolínea. Nietzsche associava Dionísio à intoxicação, desarmonia, ausência de forma, sublimidade e música, enquanto Apolíneo representava a contemplação, harmonia, beleza, e o equilíbrio entre as formas, especialmente através da razão.

Assim se compreende porque é dito que o Festival da Eurovisão é um espelho da decadência da civilização ocidental.

Quando o Belo é substituído pelo Feio, a Estética pelo Hediondo, o Normal pela Aberração, o Espírito pela Matéria, então, muito doente está a Sociedade.

Mário Casa Nova Martins