\ A VOZ PORTALEGRENSE: Lucas Pires o trânsfuga

domingo, janeiro 28, 2024

Lucas Pires o trânsfuga

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Estes dois autocolantes têm História, a história de um tempo em que a Direita acreditava que tinha o Futuro no CDS de Francisco Lucas Pires.

Contudo, essa mesma história tem partes distintas. O autocolante com o símbolo do CDS é do tempo em que Francisco Lucas Pires liderava o CDS, um partido que mantendo a sua Matriz Personalista e Democrata-Cristã, trazia a novidade de um Liberalismo na economia, do qual o Grupo de Ofir era o seu ‘laboratório de ideias’.

Francisco Lucas Pires tem como principal adversário o PSD de Aníbal Cavaco Silva, o qual tinha uma estratégia bem definida em relação ao CDS, que era a sua extinção.

Os resultados eleitorais nas Legislativas levam ao fim do ciclo de Lucas Pires como líder do CDS, seguindo-se-lhe Adriano Moreira, e depois o ‘regressado’ Diogo Freitas do Amaral.

Entretanto a Europa ‘seduz’ Lucas Pires e torna-se continuadamente deputado europeu, criando ele próprio e à sua volta uma auréola de ‘europeísta dos sete costados’.

Com o avançar do cavaquismo, o ‘Cavaquistão’, e posterior começo do seu refluxo, o CDS cria novas dinâmicas e ascende a líder Manuel Monteiro, a «criatura», com Paulo Sacadura Cabral Portas, o «criador», como o verdadeiro ideólogo.

É o tempo em que o CDS passa a PP (Partido Popular), torna-se eurocéptico e anti Tratado de Maastricht.

Com estas posições, e outras de Direita Conservadora da linha Thacheriana, o CDS volta a crescer eleitoralmente.

Contudo, o ‘europeísta convicto’ Lucas Pires, cada vez mais um eurocrata, começa a dar sinais públicos de descontentamento face à linha política do CDS, e é a esse tempo que corresponde o autocolante sem qualquer identificação ao CDS.

É após a sua eleição nas lista do CDS ao parlamento europeu que se desfilia do partido, e pouco tempo depois junta-se aos deputados europeus do PSD.

Nas eleições seguintes ao parlamento europeu já vai na lista do PSD, e também na seguinte. Contudo, nunca terá o protagonismo em Estrasburgo como teve quando eleito pelo CDS, e mesmo na lista do PSD ia ‘caindo’ lugares nessa mesma lista.

Das últimas aparições públicas de Lucas Pires, aconteceu num congresso do PSD, onde pela televisão se via sentado num lugar de coxia a meio da sala. A sala meio vazia, e por ele passava gente que nada lhe dizia, nem um mero cumprimento lhe era dirigido. Fazia pena!

Francisco Lucas Pires é hoje um político esquecido. Da sua passagem pela política muito se esperava, mas o facto de se ter transformado num trânsfuga, fez com fosse perdendo ‘brilho’, começando o seu ocaso político mal passou do CDS para o PSD.

O CDS perdeu um excelente tribuno, mas o PSD, sempre com a obsessão de destruir o CDS, pouco ou nada terá ‘ganho’, porque rapidamente o trânsfuga deixou de ser mais-valia política.

Mário Casa Nova Martins