Desabafos, 2015/2016 - III
Palavras para quê!
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Em
Portugal trata-se melhor um cão ou um gato do que um sem-abrigo. Um sem-abrigo
tem hoje em Portugal menos direitos que um gato ou um cão. Parece um paradoxo,
mas é a realidade, nua e crua.
Quanto
os animais elegem representantes seus para um parlamento, está tudo dito.
Quando os animais são considerados ao mesmo nível do Homem, que mais dizer?
O
negócio dos animais gera milhões, basta ver o espaço que os alimentos e
acessórios animalescos ocupam nas grandes superfícies comerciais. Os alimentos
para animais situam-se em locais contíguos aos alimentos dos humanos. Aliás, talvez não fosse de menor relevância perceber-se, descobrir-se se não haverá uma relação, directa ou indirecta, do partido político denominado PAN [Pessoas-Animais-Natureza, uma mistura exótica, dir-se-á], com o lóbi das indústrias de produtos, do mais variado género, para animais.
E os
ditos parlamentares representantes dos animais defendem a criação de uma lei da
república que proíba a zoofilia. Ora se os ditos acham necessário a existência
de uma lei anti-zoofilia, é porque ela é praticada, e, quiçá, muito. Que tempos
estes.
Todavia,
que se diga que os animais têm quem os defenda, ao contrário da Vida Humana.
Enquanto
os animais são defendidos, o crime do aborto é legalizado, inclusive promovido e
defendido, por incrível que pareça quer pelos defensores dos animais, como por
uma turba ululante de gentes anti-sociais e anti-humanas.
Hoje em
Portugal tem mais valor, em termos de ética, um animal que o ser humano que é
vítima de aborto.
Mas, o humano
que pratica o aborto tem hoje, segundo o papa Francisco I, perdão. A Vida
Humana deixou de ser inviolável, segundo a doutrina do papa jesuíta. Fumos de
Satanás enchem os salões do Vaticano.
Os
outrora comportamentos desviantes são hoje, como o foram no período da
decadência grega e romana, sinal de modernidade e de progresso. O povo que
tanto gosta, como os decadentes romanos, de pão e circo, está feliz. Que
continue, afinal não merece mais, melhor, tem o que merece.
Mário Casa Nova Martins
9 de novembro de 2015, Rádio Portalegre
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