\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quarta-feira, setembro 02, 2015

Crónica de Nenhures

Coincidências

Num tempo cinzento de pré-eleições legislativas, seria, quiçá, interessante voltar um pouco atrás no tempo e recordar factos que parecem já esquecidos.
No mesmo dia, sábado 27 de junho de 2015, em que a Grécia sabe que o seu futuro é tão incerto como certo é que o pior dos cenários é real, o circunspecto semanário Expresso trazia na primeira página do primeiro caderno a notícia segundo a qual «Devolução da sobretaxa de IRS pode ser integral», acrescentando em caixa que «Se perfil de cobrança de IVA e IRS se mantiver, contribuintes podem receber totalidade da sobretaxa em 2016», e remete o desenvolvimento para a página 6 do caderno de economia.
Que se diga que se está em período pré-eleitoral. Também que se diga que o Expresso não é, propriamente, afecto ao actual governo, pelo contrário. Por fim, que se diga que nem em privado, nem em público, nos dissemos apoiantes, sequer simpatizantes deste governo que de direita pouco ou nada se diz, e muito menos pratica.
A denominada máquina fiscal funciona, como se prova pelos valores de impostos que cobra. Numa sociedade é importante que assim seja. Todavia, a sua distribuição ou redistribuição é que merece grandes reparos e sobretudo dúvidas quanto à eficiência da sua aplicação.
Na Grécia não há propriamente estado. A sua fiscalidade é uma inexistência. A sua economia gera uma outra paralela que delapida a própria economia. Um estado que não consegue cobrar os seus impostos é um estado que não consegue recursos para que as suas instituições funcionem.
Como diz Alain de Benoist, o populismo é um atributo da extrema-esquerda, e prova-se que é verdade com o caso grego. O povo sempre segue os populistas, mas um dia leva-os do Capitólio à Rocha Tarpeia!
Nesta Terceira República, Portugal entrou em bancarrota por três vezes, em 1977, 1983 e 2011. Hoje está a recuperar desta última. Todavia, os sinais são uma ténue esperança, porque quem pensar que o futuro será risonho, que se desengane.
Mário Casa Nova Martins