António Martinó de Azevedo Coutinho
Bom fim para um
livro
Quem conheceu o
saudoso Padre Patrão sabe que a Igreja do Senhor do Bonfim foi a menina dos
seus olhos. Quem teve a ventura de o ouvir descrever, com a serena paixão com
que o fazia, as maravilhas que esse templo portalegrense encerra, sabe que tão
profundo conhecimento apenas era igualado pela sua disponibilidade em
colocá-lo, sempre, ao serviço dos outros.
Porque precipitadamente
nos deixou quando não devia fazê-lo, arriscou-se a levar consigo essa
permanente partilha. Felizmente, depois de um percurso algo incerto, caiu em
boas mãos o original da obra onde ele colocara a súmula do seu saber sobre o
Senhor do Bonfim.
O Instituto
Politécnico de Portalegre, a sua família, a Escola Secundária Mouzinho da
Silveira e a Diocese de Portalegre-Castelo Branco associaram-se nesta
atribuição de um bom fim à obra que hoje mesmo será lançada.
Hoje, em
merecida festa no seu dia de aniversário, podemos ter o Padre Patrão novamente
connosco, se é que ele alguma vez ele partiu ou partirá das nossas memórias,
dos nossos corações gratos pela sua presença sempre tão fraterna.
O livro, embora
tecnicamente denominado póstumo, vale, isso sim, como um testemunho carregado
de futuro, porque poderemos juntá-lo às outras obras que constituem o vivo e perene
legado de um homem invulgar, na desconcertante simplicidade com que sabia
acompanhar-nos. Assim, esta companhia prolonga-se...
É tão vasta e
rica a lembrança do homem, do sacerdote, do professor, enfim, do amigo, que não
se pode abarcar nesta meia dúzia de linhas, banais, a dimensão dessa
invulgaridade.
A iniciativa de
hoje é tão justa como oportuna. Porém, creio que ela encerra um desafio, o de
recolher, organizar e editar a vasta obra do Padre Patrão, ainda não reunida em
volume, porque dispersa pelo espaço e pelo tempo, incluindo-se tanto a
literária como a artística. As suas lições, como a que hoje é colocada à
disposição de todos nós, devem ser aproveitadas pelas gerações actuais e
futuras.
Quando em 2009
tive a felicidade de me associar à justa homenagem pública prestada ao Padre
Patrão, na passagem dos 80 anos de vida, pensei que o mais adequado lema para a
sua súmula biográfica seria “Uma vida ao
serviço dos outros”.
Essa generosa
partilha continua hoje. Saibamos prolongá-la, como ele merece.
António Martinó de Azevedo Coutinho
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