Conferência
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Holocausto contestado
Holocausto contestado
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Conferência de negacionistas em Teerão conta com a participação de um português. Extermínio classificado de mito
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O Governo iraniano acolhe, entre segunda e terça-feira, uma conferência para esclarecer se o Holocausto realmente existiu. E há um português que se deslocará a Teerão para ajudar o regime dos «ayatollahs» a chegar a uma conclusão final.
"Completamente irreal", é como Flávio Gonçalves classifica a possibilidade da Alemanha nazi ter procedido ao extermínio de seis milhões de judeus durante a II Guerra Mundial. Este estudante de história garante não pertencer a qualquer partido, define-sepoliticamente como sindicalista-revolucionário e eco-anarquista e considera que o Holocausto é "o álibi perfeito" para o Estado de Israel: "qualquer coisa que Israel faça de mal, tem sempre a desculpa do Holocausto. Estão sempre a bater na mesma tecla", afirmou ao Expresso antes de embarcar para Teerão o único participante luso na conferência 'Revisão do Holocausto: uma Visão Global'.
A iniciativa, organizada pelo Instituto de Estudos Políticos e Internacionais (IEPI) do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano constituirá uma autêntica peregrinação de revisionistas e negacionistas do mundo inteiro, indivíduos que contestam que a tentativa deextermínio de judeus pela Alemanha nazi seja uma realidade histórica. Um movimento marginal presente principalmente na Europa e Estados Unidos, que recebe assim do actual Governo iraniano um verdadeiro balão de oxigénio no que consideram uma luta pela "liberdade de expressão" nos países em que o negacionismo é crime.
Está confirmada a presença de nomes conhecidos no meio, como o norte-americano Bradiey Smith, o francês Serge Thion ou o australiano Fredrick Toben, que já esteve detido durante sete meses numa cadeia alemã por negacionismo e cuja intervenção em Teerão se intitula 'As alegadas câmaras de gás de Auscwitz — uma análise técnica e química'. Outras referências revisionistas, como o alemão Horst Mahier, viram o seu passaporte ser confiscado pelas autoridades do respectivo país por formaevitar a deslocação. Segundo Flávio Gonçalves, foi através de Toben que lhe chegou este convite, embora o revisionista português não tenha decidido, ainda, se fará alguma intervenção.
"Se a conferência concluir que o Holocausto existiu, o Irão aceitá-lo-á", garantiu esta semana Manouchehr Mohammadi, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, ao apresentar o evento. Que acrescentou que, "se tal for o caso", haverá que passar à questão seguinte que é a de saber "porque é que temque ser o povo palestiniano a pagar preço das atrocidades".
O Governo iraniano acolhe, entre segunda e terça-feira, uma conferência para esclarecer se o Holocausto realmente existiu. E há um português que se deslocará a Teerão para ajudar o regime dos «ayatollahs» a chegar a uma conclusão final.
"Completamente irreal", é como Flávio Gonçalves classifica a possibilidade da Alemanha nazi ter procedido ao extermínio de seis milhões de judeus durante a II Guerra Mundial. Este estudante de história garante não pertencer a qualquer partido, define-sepoliticamente como sindicalista-revolucionário e eco-anarquista e considera que o Holocausto é "o álibi perfeito" para o Estado de Israel: "qualquer coisa que Israel faça de mal, tem sempre a desculpa do Holocausto. Estão sempre a bater na mesma tecla", afirmou ao Expresso antes de embarcar para Teerão o único participante luso na conferência 'Revisão do Holocausto: uma Visão Global'.
A iniciativa, organizada pelo Instituto de Estudos Políticos e Internacionais (IEPI) do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano constituirá uma autêntica peregrinação de revisionistas e negacionistas do mundo inteiro, indivíduos que contestam que a tentativa deextermínio de judeus pela Alemanha nazi seja uma realidade histórica. Um movimento marginal presente principalmente na Europa e Estados Unidos, que recebe assim do actual Governo iraniano um verdadeiro balão de oxigénio no que consideram uma luta pela "liberdade de expressão" nos países em que o negacionismo é crime.
Está confirmada a presença de nomes conhecidos no meio, como o norte-americano Bradiey Smith, o francês Serge Thion ou o australiano Fredrick Toben, que já esteve detido durante sete meses numa cadeia alemã por negacionismo e cuja intervenção em Teerão se intitula 'As alegadas câmaras de gás de Auscwitz — uma análise técnica e química'. Outras referências revisionistas, como o alemão Horst Mahier, viram o seu passaporte ser confiscado pelas autoridades do respectivo país por formaevitar a deslocação. Segundo Flávio Gonçalves, foi através de Toben que lhe chegou este convite, embora o revisionista português não tenha decidido, ainda, se fará alguma intervenção.
"Se a conferência concluir que o Holocausto existiu, o Irão aceitá-lo-á", garantiu esta semana Manouchehr Mohammadi, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, ao apresentar o evento. Que acrescentou que, "se tal for o caso", haverá que passar à questão seguinte que é a de saber "porque é que temque ser o povo palestiniano a pagar preço das atrocidades".
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Representantes de 30 países
Representantes de 30 países
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Os organizadores contam com a presença de 'pensadores e investigadores’ de 30 países, entre os quais da Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Hungria, Índia, Japão Quénia, Reino Unido, Suécia, Tajiquistão e até 'alguns judeus', embora estejaafastada a presença de participantes israelitas. E embora o leque já conhecido de oradores seja quase exclusivamente composto por negacionistas, Mohammadi garante a presença de defensores das "diferentes teses".
Esta polémica conferência tem raízes na crise em torno das caricaturas do profeta Maomé, publicadas em jornais europeus no início deste ano e também da controvérsia causada pelas afirmações do Presidente iraniano que se referiu ao Holocausto como "um mito".Teerão pretende assim desafiar o que considera ser a hipocrisia da "liberdade de expressão" ocidental que permite criticar Maomé, mas não tolera que se questione o Holocausto. Para a vice-presidente da comunidade judaica em Portugal, Esther Mucznik, esta conferência "não surge por acaso". O objectivo do regime iraniano, que é o de "deslegitimar Israel", tem a ver com a imagem deste país no Médio-Oriente e no mundo árabe "que nunca o aceitou"
Esta polémica conferência tem raízes na crise em torno das caricaturas do profeta Maomé, publicadas em jornais europeus no início deste ano e também da controvérsia causada pelas afirmações do Presidente iraniano que se referiu ao Holocausto como "um mito".Teerão pretende assim desafiar o que considera ser a hipocrisia da "liberdade de expressão" ocidental que permite criticar Maomé, mas não tolera que se questione o Holocausto. Para a vice-presidente da comunidade judaica em Portugal, Esther Mucznik, esta conferência "não surge por acaso". O objectivo do regime iraniano, que é o de "deslegitimar Israel", tem a ver com a imagem deste país no Médio-Oriente e no mundo árabe "que nunca o aceitou"
DANIEL DO ROSÁRIO
correspondente em Bruxelas
in, Expresso, 08 de Dezembro de 2006, p. 35, PRIMEIRO CADERNO
correspondente em Bruxelas
in, Expresso, 08 de Dezembro de 2006, p. 35, PRIMEIRO CADERNO
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