\ A VOZ PORTALEGRENSE: Desabafos

sexta-feira, outubro 20, 2006

Desabafos

Em 9 de Setembro último, o semanário “Expresso” perguntava aos líderes partidários e ao primeiro-ministro quais as prioridades para o ano político que começava, após as férias de Verão. Nenhum falou em corrupção, vá-se lá saber porquê.
Mais tarde, no passado 5 de Outubro, o Presidente da República afirmou no discurso que então proferiu que «a corrupção tem um potencial corrosivo para a qualidade da democracia que não pode ser menosprezado». Ainda nesse discurso, Aníbal Cavaco Silva repetiu a palavra “corrupção” oito vezes.
Agora, a 9 de Outubro, na primeira intervenção pública, o novo Procurador-geral da República, Fernando José Pinto Monteiro, disse quinze vezes a palavra “corrupção”.
Mas, antes ainda, já em Junho, o deputado socialista João Cravinho apresentara, via grupo parlamentar, na Assembleia da República um conjunto de propostas visando o combate à corrupção.
De então para cá, a nível governamental, a temática sobre a corrupção tomou algum lugar na agenda política. Mas é pouco.
A corrupção não tem um rosto nem tem uma área de actuação privilegiada. Ela ocorre em todos os sectores da sociedade, e em todos os seus estratos. Claro que na política é mais referenciada, mas não necessariamente mais generalizada, dada a relevância que esta desempenha na sociedade.
E os casos mais mediáticos continuam em Tribunal, como são os que envolvem os presidentes das Câmaras Municipais de Felgueiras, Gondomar e Oeiras. Certamente outros haverá, como por exemplo ao nível de Juntas de Freguesia, ou em Autarquias cujos líderes não têm o peso mediático dos que acima mencionados, ou ainda outros que só o futuro descobrirá.
Mas, o importante é que a sociedade civil continue vigilante e se mobilize pela luta contra a corrupção.
MCNM
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 20/10/06