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domingo, outubro 15, 2006

História e Leis

Negar o genocídio dá cadeia
ARMÉNIOS Qualquer francês que se atreva a repudiar que o povo arménio sofreu “genocídio” às mãos dos turcos (1915) arrisca-se a um ano de prisão e a uma multa. Na quinta-feira, o Parlamento francês aprovou uma lei que criminaliza essa negação. A Turquia ameaçou Paris com sanções económicas.
Expresso, 14 de Outubro de 2006
p. 36 PRIMEIRO CADERNO
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Seria estranha esta lei se na Turquia não existisse lei contrária. Naquele país não-europeu, é crime afirmar que existiu o genocídio de arménios (http://www.genocidioarmenio.org/), e também curdos, na Primeira Grande Guerra.
Fala-se apenas nos arménios, porque têm uma importância económica superior aos curdos.
Aliás, é fácil estabelecer um paralelo com a lei que proíbe a negação do chamado holocausto na Segunda Grande Guerra.
Nos Campos de Trabalho alemães, durante o Nacional-Socialismo, morreu gente de diferentes etnias, profissões e credos. Contudo, apenas se fala do denominado extermínio de seis milhões de judeus.
Tal acontece dada a importância económica deste grupo, aliada a uma situação de natureza política, a criação do Estado de Israel.
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O Mundo não pára, e esta semana foi divulgada a cifra de 650.000 mortos, desde que a força invasora liderada pelos anglo-saxões entrou no Iraque.
Contrapôs os EUA, pela voz do seu presidente, George W. Bush, que tal número era exagerado, pois pelas contas das autoridades iraquianas e americanas, aquele valor andaria à roda de 50.000.
Cremos que ambos os números pecam, o primeiro por excesso e o segundo por defeito. Contudo este dramático pormenor de algarismos leva a falar do número mitológico de “seis milhões”.
Este algarismo “seis milhões” é falado em Portugal como o número de adeptos do Sport Lisboa e Benfica. Todavia, é impossível quantificar com rigor a veracidade desse valor, crendo-se que é mais do que exagerado.
Noutras latitudes, os “seis milhões” é o número de judeus mortos pelos alemães durante o período nazi. Inicialmente, para se chegar a esse número, no campo polaco de Auschwitz, e uma placa exibia-o, morreram quatro milhões. Porém, hoje em dia essa placa foi retirada e outra colocada em seu lugar, reduzindo aquele número para um milhão e quatrocentos mil. Então é impossível atingir-se os tais “seis milhões”, para não falar de outros números de valor mais elevado que também surgiram, mas foram sendo reduzidos com o tempo.
Mas, o algarismo “seis milhões” já tinha surgido em 1919, e também atribuível ao número de judeus polacos e russos à beira de serem mortos, como documenta o livro de Don Heddesheimer “The First Holocaust: Jewish Fund Raising Campaigns with Holocaust Claims During and After World War I”.
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A História relatou e provou o drama arménio e curdo em 1914-1918. Negá-lo, como fazem as autoridades turcas é uma razão de Estado. Nada mais.
Não existe documentação que prove os seis milhões de judeus na eminência de serem mortos, mas prova-se a importância da comunidade judaica na instituição e institucionalização dos Campos de Trabalho na Rússia Soviética, com Trotsky a liderar o processo.
O número de mortes de judeus na Alemanha entre 1933 e 1945 apresenta valores díspares. A abertura de documentação alemã daquele período que os soviéticos levaram da Alemanha e da Polónia no final da segunda Guerra Mundial esclarece muito este ponto, tal como o livro de Walter N. Sanning “The Dissolution of Eastern European Jewry”.
A História é uma ciência, mas a versão menos duradoura será sempre a oficial, porque haverá sempre tempo, com o tempo, para que a Verdade seja conhecida, e então já não é a História de Vencedores ou de Vencidos, mas, História. [mj]
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