Rui Rio
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EM PORTUGAL, a despesa pública representa cerca de 50% da produção nacional, sem entrar em linha de conta com os défices visíveis e invisíveis das diversas empresas públicas. Chegámos a este ponto porque, apesar de haver consciência do problema em largos sectores da sociedade, quem assume cargos políticos não tem, normalmente, coragem de fazer uma verdadeira racionalização estrutural dos gastos do Estado.
Está provado que a evolução negativa que o regime democrático sofreu com um preocupante enfraquecimento do poder político legitimamente eleito, levou a que o Estado tivesse cedido a entrar em demasiados domínios que não deviam dizer-lhe respeito. Dessa forma, asfixiou a denominada sociedade civil, acumulou défices sucessivos e foi aumentando os impostos de uma forma absurda e improdutiva. A agravar, temos todos consciência de que, na maioria dos domínios em que lhe compete actuar, o Estado não é competente e presta, normalmente, um serviço caro, insuficiente e de qualidade inferior.
Por isso, quem estiver consciente destes estrangulamentos e se dispuser a assumir um cargo de responsabilidade política tem a obrigação de ter a coragem necessária para procurar inverter esta grave situação e aumentar o potencial de desenvolvimento da nossa sociedade. Foi essa falta de coragem que levou a uma permanente cedência perante os interesses sectoriais e corporativos em presença e que, por consequência, atirou Portugal para o seu progressivo afastamento da União Europeia e para a degradação do nosso nível de vida, com particular reflexo nos estratos sociais mais desfavorecidos
Tive oportunidade de repetir este discurso vezes sem conta na Assembleia da República. Julgo que não terá valido de muito, mas, uma vez na presidência da segunda cidade do país, tenho a obrigação de ser coerente e de não temer as críticas.
Foi por isso que o executivo portuense decidiu entregar a gestão do Rivoli a uma entidade privada. No meio de alguma mentira que foi escrita e de muita verdade que foi escondida, julgo que faz todo o sentido que, apesar do regime vigente, o presidente da cidade do Porto também tenha algum espaço para explicar as razões da decisão.
Seria bom que se soubesse que a Câmara do Porto gastou, no meu anterior mandato, 13,5 milhões de euros com os dois teatros municipais, o Rivoli e o Campo Alegre. Seria bom que as pessoas tivessem acesso a esta informação complementar: que, no mesmo período de tempo, gastou 5,5 milhões a reabilitar escolas, 6,9 milhões com a acção social, 6,5 milhões com a manutenção de todos os equipamentos desportivos e a promoção da prática desportiva. Números do meu anterior mandato, porque se recuasse mais no tempo o cenário seria bem mais desagradável.
Só o Rivoli custou à Câmara 11 milhões de euros; 1500 contos por dia. E apenas cobriu com a bilheteira 6% das suas despesas. O resto, 94%, foi pago pela Câmara, ou seja, pêlos contribuintes. E pois esta a realidade que deu origem a toda a polémica.
Entre a hipocrisia, a histeria dos subsidiodependentes, os fretes jornalísticos e, acima de tudo, o desprezo pela forma como se gasta o dinheiro público, de tudo voltai a ver um pouco nesta polémica
Fui eleito para cumprir o meu projecto e não o dos que perderam fizesse o contrário estaria, cobardemente, a trair quem em mim votou.
A minha primeira prioridade coesão social; que se faz com investimento em áreas estratégicas que há muito defini e que, com clareza, submeti ao sufrágio dos portuenses. Não se faz gastando mais do dobro em espectáculos sem público que o que se investe na reabilita de escolas ou na intervenção social.
Os que nos jornais e na Assembleia da República têm criticado os 1,8 milhões de euros que a Câmara despendeu com o seu programa Porto Feliz, de combate à exclusão social, dizendo que é muito dinheiro são exactamente os mesmos que, em paralelo, querem continuar a gastar pelo menos, 11 milhões num teatro incapaz de gerar receita própria e de se abrir a toda a cidade.
Será, no entanto, gente que, sobre isto, tem um argumento mediaticamente fulminante que arrasa tudo o que aqui escrevi: «O Rui Rio passa de um inculto economicista, e nós, como somos de «esquerda», admitimos que se duvide que estamos sempre do lado dos pobres»
Está provado que a evolução negativa que o regime democrático sofreu com um preocupante enfraquecimento do poder político legitimamente eleito, levou a que o Estado tivesse cedido a entrar em demasiados domínios que não deviam dizer-lhe respeito. Dessa forma, asfixiou a denominada sociedade civil, acumulou défices sucessivos e foi aumentando os impostos de uma forma absurda e improdutiva. A agravar, temos todos consciência de que, na maioria dos domínios em que lhe compete actuar, o Estado não é competente e presta, normalmente, um serviço caro, insuficiente e de qualidade inferior.
Por isso, quem estiver consciente destes estrangulamentos e se dispuser a assumir um cargo de responsabilidade política tem a obrigação de ter a coragem necessária para procurar inverter esta grave situação e aumentar o potencial de desenvolvimento da nossa sociedade. Foi essa falta de coragem que levou a uma permanente cedência perante os interesses sectoriais e corporativos em presença e que, por consequência, atirou Portugal para o seu progressivo afastamento da União Europeia e para a degradação do nosso nível de vida, com particular reflexo nos estratos sociais mais desfavorecidos
Tive oportunidade de repetir este discurso vezes sem conta na Assembleia da República. Julgo que não terá valido de muito, mas, uma vez na presidência da segunda cidade do país, tenho a obrigação de ser coerente e de não temer as críticas.
Foi por isso que o executivo portuense decidiu entregar a gestão do Rivoli a uma entidade privada. No meio de alguma mentira que foi escrita e de muita verdade que foi escondida, julgo que faz todo o sentido que, apesar do regime vigente, o presidente da cidade do Porto também tenha algum espaço para explicar as razões da decisão.
Seria bom que se soubesse que a Câmara do Porto gastou, no meu anterior mandato, 13,5 milhões de euros com os dois teatros municipais, o Rivoli e o Campo Alegre. Seria bom que as pessoas tivessem acesso a esta informação complementar: que, no mesmo período de tempo, gastou 5,5 milhões a reabilitar escolas, 6,9 milhões com a acção social, 6,5 milhões com a manutenção de todos os equipamentos desportivos e a promoção da prática desportiva. Números do meu anterior mandato, porque se recuasse mais no tempo o cenário seria bem mais desagradável.
Só o Rivoli custou à Câmara 11 milhões de euros; 1500 contos por dia. E apenas cobriu com a bilheteira 6% das suas despesas. O resto, 94%, foi pago pela Câmara, ou seja, pêlos contribuintes. E pois esta a realidade que deu origem a toda a polémica.
Entre a hipocrisia, a histeria dos subsidiodependentes, os fretes jornalísticos e, acima de tudo, o desprezo pela forma como se gasta o dinheiro público, de tudo voltai a ver um pouco nesta polémica
Fui eleito para cumprir o meu projecto e não o dos que perderam fizesse o contrário estaria, cobardemente, a trair quem em mim votou.
A minha primeira prioridade coesão social; que se faz com investimento em áreas estratégicas que há muito defini e que, com clareza, submeti ao sufrágio dos portuenses. Não se faz gastando mais do dobro em espectáculos sem público que o que se investe na reabilita de escolas ou na intervenção social.
Os que nos jornais e na Assembleia da República têm criticado os 1,8 milhões de euros que a Câmara despendeu com o seu programa Porto Feliz, de combate à exclusão social, dizendo que é muito dinheiro são exactamente os mesmos que, em paralelo, querem continuar a gastar pelo menos, 11 milhões num teatro incapaz de gerar receita própria e de se abrir a toda a cidade.
Será, no entanto, gente que, sobre isto, tem um argumento mediaticamente fulminante que arrasa tudo o que aqui escrevi: «O Rui Rio passa de um inculto economicista, e nós, como somos de «esquerda», admitimos que se duvide que estamos sempre do lado dos pobres»
RUI RIO
PRESIDENTE
DA CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO
in, Expresso – 5 AGOSTO 06 – 1º caderno, p. 14
PRESIDENTE
DA CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO
in, Expresso – 5 AGOSTO 06 – 1º caderno, p. 14
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