\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quarta-feira, outubro 18, 2006

Crónica de Nenhures

Ibéria dos sonhos falhados
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Querem os espanhóis a unidade política da Península Ibérica? Por que não, estão no seu direito. Contudo, será que os Bascos, os Catalães ou os Galegos também assim pensam?
É impossível no tempo presente considerar um “espanhol” como representante da actual entidade política que é a Espanha, unificada pelos Reis Católicos. As nacionalidades e os nacionalismos estão cada vez mais vivos nas denominadas Comunidades Autonómicas, pelo que a Espanha una e indivisível é um anacronismo que somente ferrenhos falangistas ou franquistas defendem.
Para se fazer a afirmação da última frase do anterior parágrafo, é bom ter na memória que José António Primo de Rivera e Francisco Franco Bahamonde eram, como escritos seus o comprovam, defensores da integração de Portugal na Espanha, como, há novamente que lembrar, o fora Afonso XIII.
A Ibéria unificada, com capital em Madrid, além de utopia política, será num futuro uma impossibilidade geográfica.
No hemisfério norte, as alterações climáticas estão a fazer avançar o deserto do Trópico da Câncer para norte, havendo cada vez mais zonas banhadas pelo Mediterrâneo em avançado estado de desertificação. Nestas, incluem-se a parte sudeste da Península Ibérica e, em Portugal, a zona entre o rio Guadiana e a fronteira espanhola.
A par das alterações climáticas, o uso excessivo ou inadequado dos solos, faz com que cada ano que passa a desertificação caminhe para a Meseta Central, onde está implantada Madrid.
À medida que a desertificação do interior avançar, as populações deslocar-se-ão para zonas mais ricas em água, e Madrid sofrerá as consequências directas deste estado de coisas.
MM