Desabafos, 2014/2015 - XI
A taxa de risco de
pobreza em Portugal era 18,7% em 2012. Em 2013 passou para 19,5% a percentagem de pessoas que estavam em risco de pobreza.
Em dois anos, houve,
portanto, um aumento de 0,8%. Pode-se dizer que perto de dois milhões de
portugueses estavam no limiar da pobreza, número elevado para o total da sua
população
É um facto que 2012 e
2013 são os piores anos económicos do período em que Portugal esteve sob tutela
de organismos internacionais, a denominada Troika. Contudo, tal não serve de
desculpa para este alto valor.
Uma leitura mais
atenta do documento do Instituto Nacional de Estatística, revela que apesar de
o aumento do risco de pobreza ter abrangido todos os grupos etários, foi
superior nos casos dos menores de 18 anos, tendo o risco de pobreza passado de
24,4% em 2012 para 25,6% em 2013.
Também se fica a
saber que as famílias monoparentais e os agregados com três ou mais crianças
foram os que registaram maiores taxas de risco de pobreza (38,4%), enquanto os
agregados com três ou mais adultos e com crianças dependentes viram o seu risco
de pobreza aumentar cinco pontos percentuais entre 2012 (23,8%) e 2013 (28,8%).
Outra revelação
mostra que há aumentos do risco de pobreza das pessoas com emprego (10,7%,
mais 0,3% face a 2012) e dos reformados (12,9%, mais 0,2% face a 2012).
Diferentes conclusões
podem ser tiradas do referido documento, mas importa ter sempre o maior cuidado
na análise dos números referentes à pobreza, quer pela sensibilidade da
temática, quer pelo fácil aproveitamento político, e não só, que muitas vezes se faz da pobreza, a qual
tem múltiplas faces.
A par da pobreza material, há outros tipos de pobreza
que também geram exclusão social. E não há tempo nem lugar onde ou em que não
haja pobreza.
Se é impossível erradicar a pobreza, há formas de a
poder minorar. Terá que haver sempre Instituições vocacionadas para a tornar
menos dura, o próprio Estado é parceiro nesse combate, mas não se pode
substituir à sociedade civil. Ai de quando a ‘boa consciência’ dos políticos pretende
ser o elemento principal desse combate. Todavia, as políticas assistencialistas
não conseguem resolver todo o problema.
Inquestionavelmente, a maior forma de combate à pobreza é criar-se as condições
de a economia se regenerar e criar emprego. O emprego, a sua existência, é a chave
para que a pobreza diminua, e, consequentemente, com ele cresce a riqueza do
país e das suas gentes.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 09/02/2015
Mário Casa Nova Martins
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