\ A VOZ PORTALEGRENSE: Desabafos, 2014/2015 - XI

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Desabafos, 2014/2015 - XI

A taxa de risco de pobreza em Portugal era 18,7% em 2012. Em 2013 passou para 19,5% a percentagem de pessoas que estavam em risco de pobreza.
Em dois anos, houve, portanto, um aumento de 0,8%. Pode-se dizer que perto de dois milhões de portugueses estavam no limiar da pobreza, número elevado para o total da sua população
É um facto que 2012 e 2013 são os piores anos económicos do período em que Portugal esteve sob tutela de organismos internacionais, a denominada Troika. Contudo, tal não serve de desculpa para este alto valor.
Uma leitura mais atenta do documento do Instituto Nacional de Estatística, revela que apesar de o aumento do risco de pobreza ter abrangido todos os grupos etários, foi superior nos casos dos menores de 18 anos, tendo o risco de pobreza passado de 24,4% em 2012 para 25,6% em 2013.
Também se fica a saber que as famílias monoparentais e os agregados com três ou mais crianças foram os que registaram maiores taxas de risco de pobreza (38,4%), enquanto os agregados com três ou mais adultos e com crianças dependentes viram o seu risco de pobreza aumentar cinco pontos percentuais entre 2012 (23,8%) e 2013 (28,8%).
Outra revelação mostra que há aumentos do risco de pobreza das pessoas com emprego (10,7%, mais 0,3% face a 2012) e dos reformados (12,9%, mais 0,2% face a 2012).
Diferentes conclusões podem ser tiradas do referido documento, mas importa ter sempre o maior cuidado na análise dos números referentes à pobreza, quer pela sensibilidade da temática, quer pelo fácil aproveitamento político, e não só, que muitas vezes se faz da pobreza, a qual tem múltiplas faces.
A par da pobreza material, há outros tipos de pobreza que também geram exclusão social. E não há tempo nem lugar onde ou em que não haja pobreza.
Se é impossível erradicar a pobreza, há formas de a poder minorar. Terá que haver sempre Instituições vocacionadas para a tornar menos dura, o próprio Estado é parceiro nesse combate, mas não se pode substituir à sociedade civil. Ai de quando a ‘boa consciência’ dos políticos pretende ser o elemento principal desse combate. Todavia, as políticas assistencialistas não conseguem resolver todo o problema.
Inquestionavelmente, a maior forma de combate à pobreza é criar-se as condições de a economia se regenerar e criar emprego. O emprego, a sua existência, é a chave para que a pobreza diminua, e, consequentemente, com ele cresce a riqueza do país e das suas gentes.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 09/02/2015
Mário Casa Nova Martins
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