Desabafos, 2014/2015 - X
Os americanos
desinteressaram-se de certa forma da açoriana Base das Lajes. Nada que espante,
dados os avanços tecnológicos na área do armamento, da aviação e mesmo por
razões de ordem económica e estratégica. Era um abandono, melhor, é uma redução
a prazo em meios humanos e de material, que só os mais ‘distraídos’ podem ter sido apanhados desprevenidos.
Mas esta de certa
forma ‘morte anunciada da galinha dos ovos de ouro’ para quem usufruía da
estada dos militares americanos na Ilha Terceira, levou logo à habitual retórica
da necessidade de uma ‘onda de contrapartidas financeiras’ por parte do Governo
da República, num país que apenas conhece a palavra ‘subsidiodependência’,
recusando-se a olhar em frente, e pelos próprios meios construindo o futuro
através do trabalho, do investimento e da inovação.
É conhecida a
importância geomilitar que esta base aérea teve na parte final da Segunda
Grande Guerra para os Aliados, tal como durante o período que se lhe seguiu da
Guerra Fria.
Por essa utilização
os EUA pagaram generosamente ao Governo português de então, e depois nesta
Terceira República também ao Governo Regional dos Açores.
Para que a memória
seja avivada, recorde-se dois acontecimentos históricos, com forte influência
negativa para Portugal, que tiveram lugar na Base das Lages.
O mais recente tem a
data de 16 de março de 2003, e ficou conhecido como a famigerada “Cimeira das
Lajes”, na qual o americano George W. Bush, e os seus lacaios, o inglês Tony
Blair e o espanhol José Maria Aznar, se encontram para acordarem o ataque ao
soberano Iraque, com as consequências que daí advieram para o mundo.
Sendo Portugal,
através de José Manuel Durão Barroso, o anfitrião daquela ignóbil cimeira, o
país e os portugueses foram colocados na mira do terrorismo internacional.
O outro, anterior,
teve lugar em pleno outubro de 1973. A denominada Guerra do Yom Kippur só foi
ganha por Israel graças à ponte aérea, que passava pela Base das Lages, através
da Operação Nickel Grass, com o mais sofisticado armamento americano.
As represálias
árabes, principalmente do cartel dos produtores de petróleo, de imediato se
fizeram sentir. Primeiro o embargo petrolífero, que se manteve mesmo depois de
levantado aos outros países ocidentais, e depois o brutal aumento do preço do
barril de crude que se seguiu, fragilizou a economia portuguesa.
Que se saiba Israel
nunca ressarciu Portugal das importantes perdas económico-financeiras que o
país sofre por se mostrar do lado judaico, e muito menos se mostrou agradecido
ao Governo português de Marcello Caetano. E nos areópagos internacionais Israel
continuou firme opositor da política de Portugal em África.
Seja qual for o
futuro da Base das Lajes, ela será sempre o ‘porta-aviões’ da Europa atlântica.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 26/01/2015
Mário Casa Nova Martins
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http://www.radioportalegre.pt/index.php/desabafos/mario-casanova-martins.html
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